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A Correlação Entre a Filosofia, a

Matemática e a Ciência e Seus


Designados Papéis
Por Israel Kardozo Rabelo Matos

Escopo: Mostrar as semelhanças, diferenças e interações entre a


Filosofia, a Matemática e a Ciência, colocando cada um em seu
respectivo espaço, função e aspecto.

Meio: Será mostrada, além da dissertação, uma alegoria e uma


representação em linguagem algébrica, trazendo uma visão simples,
porém rica, do tema abordado.
A Filosofia
Por Filosofia, entende-se como o ramo do qual partem todas as
coisas, o saber humano, tendo como a origem de nossa própria
existência. E é por meio de nossa consciência - um resultado da
experiência que, por sua vez, é gerada pela mente em interação para
com algo externo - que conseguimos pensar, agir, refletir, interagir,
construir e et cetera. Enfim, sem ela não somos capazes de fazer
absolutamente nada. Por isso, teremos a Filosofia como a “pedra
angular” de nossa existência.
Pelo consciente, é possível construirmos ideias – i.e, juntarmos
fragmentos de coisas o qual já experimentamos – sem precisarmos
enxergá-las fisicamente em nossa realidade, (p.ex: Dragão, que é a
junção de animais reptilianos com aves). Esse ato é denominado
abstrato.
Ademais, utilizando o intelecto (abstrato), é possível unir elementos
o qual enxergamos em nossa realidade e criarmos padrões neles. Por
exemplo, desde criança, quando interagíamos com um brinquedo,
víamos que o comportamento de um boneco não era o mesmo de
um carro, pois tinham essências díspares. Cada essência tem sua
forma de lidar. Logo, pelo abstrato, compreendemos desde cedo que
as coisas tendem a agir a um determinado padrão: os peixes nadam,
os cachorros latem, os gatos miam, os seres humanos são mortais,
Homem-Aranha é um personagem fictício e etc. Por essas
construções entre o ente (identidade) e o aspecto (ação) aderimos a
lógica.

Obtendo nós a consciência, que, por sua vez, geram o abstrato e a


lógica, passamos a atribuir valores aos objetos em nossa volta, sejam
valores dimensionais, quantitativos, comparativos e interpretativos.
Atingindo este patamar, acabamos que criando uma ferramenta
espetacular, e ela é:
A Matemática

Esta é, sem dúvida, a ferramenta mais subestimada e


desnecessariamente perturbadora para muitas pessoas. No entanto,
iremos desconstruir essa falácia e mostrar o quanto ela é vigente e
prática em nosso cotidiano (e não apenas nos papéis).
A priori, devemos estar cientes que, sem a Filosofia, não existe a
Matemática, pois ela é fruto de padrões modelados pela nossa
consciência. A rigor, Matemática nada mais é do que uma coisa:
CRIATIVIDADE. Isso mesmo, criatividade.
Para Ghiselin, criatividade "é o processo de mudança, de
desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva".
Segundo Flieger, é quando "manipulamos símbolos ou objetos
externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso
meio". Essas são as melhores explicações que alguém pode dar para
a Matemática. Dando ênfase a essas definições, podemos nos
aprofundar de maneira mais segura.
Reparem que, dentre as palavras que eu marquei em negrito
(organização e produção), elas são respectivamente referentes à
lógica e ao abstrato, pois é pela lógica que conseguimos conectar o
ente ao aspecto (consequentemente organizando-o) e pelo abstrato
que somos capazes de produzir uma ideia (consequentemente um
evento). Sob esse viés, vemos que esses dois pontos filosóficos são
indispensáveis para a Matemática. Todavia, ter apenas eles não serão
o suficiente para a formarmos.
Observem as palavras sublinhadas. Vejam que, se eu as tirar da
frase, a palavra “organização” e “produzir” perdem o seu sentido,
pois elas estão conectadas. Sendo assim, precisamos compreender
essas palavras tão intrínsecas à lógica e ao abstrato para
estruturarmos corretamente.
● “Manipular símbolos ou objetos externos”: Para extrair mais
informações dessa frase, façamos uma leve desconstrução:
manipular= manusear, dar forma, feição; símbolo=
representação de algo abstrato; objeto= coisa material que
pode ser percebida pelos sentidos. Desta forma, concluímos
que o significado é dar formas a coisas representadas pelo
nosso intelecto e por coisas materiais. Ora, não há melhor
exemplo em dar sobre isso do que senão a álgebra e a
geometria. A álgebra nada mais é do que a representação de
valores, e o valor nada mais é do que algo subjetivo. Logo, a
álgebra representa o nosso intelecto por meio de formas (1,
2, 3, x, y, z, Δ, ☺ ...). No tocante à geometria, seu principal
aspecto é o estudo das propriedades espaciais, ou seja, é a
percepção espacial dos objetos que é analisada por nós
(medida, grandeza, distância).
● “Processo de mudança, desenvolvimento”: Por mudança,
entendemos que é a transferência de um objeto indo de um
local para o outro, seja físico ou metafísico. Se os objetos estão
sendo transferidos, logo eles estão saindo de um lugar e
entrando para o outro, que, por sua vez, está ocorrendo um
processo de subtração e adição. Esta subtração e adição está
relacionada à quantia, que nada mais é do que uma variação,
um aspecto totalmente subjetivo. Suponha que você esteja em
uma praia e queira contar o número de conchas encontradas
em um certo local. Perceba que quem realiza a soma de uma
concha com a outra é apenas você, realizando uma
transferência dos objetos da praia para a sua consciência. A
concha, por si só, sempre será apenas uma.
● “Um evento para nós ou para o nosso meio”: Por evento,
podemos entender como um fenômeno, isto é, uma
representação observável na realidade, que só pode ser
compreendido pela estatística. A estatística significa o estudo
da coleta, organização e análise de dados, ou seja, ela é o
resultado de todos os aspectos supracitados da criatividade
unidos harmonicamente. Por exemplo:

Vejam que os números, por si só, não passam de rabiscos. Todavia,


ao colocarmos um certo valor nele, ele passa a representar aquele
denominado valor (álgebra). Comparando o número de quantidades
(quantia) de bicicletas vendidas em 2009, vemos uma diferença de
valores entre os meses, como por exemplo o mês de fevereiro, que
possui um valor maior que o de janeiro (variedade). E por último,
mas não menos importante, vemos uma medida feita no gráfico,
tendo um determinado valor crescente a cada vez que a barra vai
subindo (geometria). Unindo todos esses pontos, temos a estatística.

Agora, já que conseguimos desconstruir e extrair todas as


informações acerca da criatividade, chegamos na seguinte
conclusão: Matemática é a representação do intelecto e do objeto
através das formas, propriedades espaciais, variedades e
estatísticas.
É graças à nossa queridíssima Matemática (ou Criatividade, se você
preferir) que conseguimos estudar o mundo em que vivemos. E,
através dessa técnica, podemos imergir em um novo nível:

A Ciência
Classificar a Ciência neste ranking pode parecer um pouco polêmico,
ou até mesmo confuso. Mas, ao decorrer da dissertação, espero
tornar nítido o porquê de a Ciência ser fundada pela Matemática, e
não o contrário.
Primeiramente, quero deixar claro que a Ciência não é um elemento
pertencente ao conjunto da Matemática, e sim que a Matemática é
a “fôrma” da Ciência, ou seja, ela é a sua estabilizadora.
E a prova é simples: Tente aplicar um experimento ou estudo
científico sem Matemática, ou seja, sem a lógica e o abstrato ligado à
quantia, percepção espacial, noção de variedade e muito menos
métodos estatísticos. O experimento não vai passar puro achismo,
algo totalmente relativo. No entanto, precisamos estar cientes que
apenas a Matemática em si não será o suficiente para realizar tal
análise científica. E é a partir dessa observação que poderemos
atribuir os elementos específicos à Ciência.
Quase desde sempre passamos a acreditar que a Ciência é a
maneira mais segurar de se estudar o mundo, o que é verdade.
Contudo, deve-se estar ciente de três fatores importantes:
1. Ao formular algo cientificamente aceitável, é necessário
estudar sob a suspensão de julgamento (epokhé), ou seja, sem
preconceito. Uma crítica imparcial.
2. É necessário haver intersubjetividade, i.é, um senso comum
entre o maior número possível de pessoas. Caso contrário, tal
tese será mais propícia ao imaginário, que é uma ideia
particular.
3. As hipóteses, teorias e até mesmo leis científicas não devem
ser consideradas verdades absolutas. Elas, portanto, devem
sempre estar sujeitas a serem falsas. Caso já seja considerada
falsa, ela é denominada uma ciência negativa. Caso contrário,
permanecerá sujeita à falseabilidade.

A Alegoria do Tatame
De acordo com a imagem acima, vê-se a representação de cada
categoria: O tatame (Filosofia), no qual todas as coisas convergem
nele; as fôrmas (Matemática); e a própria massa de modelar, a qual
adquire uma forma estática dentro da fôrma (Ciência) e uma forma
instável e indefinida fora da fôrma (Pseudociência).
Analisando bem, percebe-se que a Matemática está contida na
Filosofia e a Ciência está unida com a Matemática (ressaltando que
um não está no grupo do outro, e sim que eles agem
harmonicamente), diferente da Pseudociência que está excluída da
fôrma. Algebricamente, podemos denominar desta forma:
F ⊂ Pc ∧ M ∧C ⇔ M ∪C

F= Filosofia; Pc= Pseudociência; M=Matemática; C=Ciência; ⊂=Contém;


∧=e (conjunção aditiva); ⇔=Se e somente se ; ∪=União.

Resumo Pela Linguagem Algébrica


Agora, será resumido a tese de cada área, a Filosofia, a Matemática e
a Ciência, por meio da equação algébrica.
Filosofia: Em suma, entendemos que a Filosofia é a consciência
humana, que é um produto da experiência, sendo ela gerada graças
à mente em interação com o objeto. Algebricamente, temos:
F=Σ⋅[ε ⋅ ( μ+ Α ) ]

F= Filosofia; Σ=Consciência( sineídis); ε =Experiência( empeiría);


μ= Mente(myaló)

Α = Objeto (antikeímeno)

Matemática: A lógica e o abstrato vinculados à representação


quantitativa, produto da variedade, e espacial através de formas e
objetos, sendo estes pontos também interpretados por estatísticas.
Com isso, obtemos:
M =( λ +α ) ∪ [(π ) ⋅ Π + χ ]⋅ σ
M= Matemática; λ=Lógica ( logikós );α = Abstrato(afiriméni); ∪=União;
π=Quantia ( posó); Π=Variedade (parallagí ); χ =Espaço(chorós );
σ =Estatística (statistikós)

Ciência: Pensamento, no qual a matemática é a sua mediadora,


exigindo-se uma alta crítica acerca da realidade, tomando um rumo
direto à intersubjetividade e oposto ao imaginário, sendo também
sujeito à falseabilidade.
Assim, nós representamos como:
[( M )¿¿ e ⋅ δ ]±Ψ
C= ¿
i

C=Ciência; M=Matemática; e=Crítica suspensa de julgamento


(epokhé); δ =intersubjetividade (difpokeimenikó ); Ψ =Falso ( pseudoís);
i=imaginário .

Caso queira se sentir mais inteligente, podemos desconstruir o


cálculo, resultando nisso:
{[ ( λ+ α ) ∪(( π)⋅ Π + χ )⋅ σ ]e ⋅ δ }± Ψ
C=
i

Em suma, esta é a representação algébrica da Ciência.

Conclusão
Espero que, com isso, nossa compreensão acerca da realidade e de
cada uma das 3 áreas estudadas nesta tese tenha as tornado mais
tangíveis.

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