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Trabalho de

Psicologia da Educação
2017.1
UFF-2017.1
Tema: Frações
para crianças e
adolescentes
Niterói, 05/08/y
Justificativa
Jean Piaget foi um biólogo e psicólogo suíço, que criou uma Teoria do
Desenvolvimento Humano, a qual é dividida em períodos de acordo com o aparecimento
de novas qualidades do pensamento, interferindo no desenvolvimento global. Os períodos
são:
1º: Período Sensório Motor (0 a 2 anos);
2º: Período Pré-Operatório (2 a 7 anos);
3º: Período de Operações Concretas (7 a 11 ou 12 anos);
4º: Período de Operações Formais (11 ou 12 anos em diante).
Em nosso trabalho, englobaremos os períodos Pré-Operatório e Operações
Formais, com aulas sobre a mesma temática e com duração de aproximadamente 50
minutos. Nosso grupo, por ser formado apenas por alunos do Curso de Licenciatura em
Matemática, decidiu apresentar duas aulas diferentes de Matemática para cada faixa
etária proposta, com o mesmo conteúdo, frações.
Mas, o que são frações? Na Matemática, há diversas maneiras de explicar e de
entender esse conteúdo. Um dos significados de frações é que correspondem a uma
representação das partes de um todo, ou seja, elas determinam a divisão de partes iguais
sendo que cada parte é uma fração do inteiro. Uma fração também é um número racional
que representa uma divisão, em que o numerador equivale ao dividendo e o denominador
equivale ao divisor. Portanto, podemos perceber que existem vários significados e
atribuições às frações, que são ensinados de acordo com a faixa etária dos alunos.
A Matemática é uma matéria onde a base é muito importante para o
desenvolvimento futuro, ou seja, para que nossos jovens e adolescentes aprendam com
maior facilidade é importante que tenham tido, em sua fase pré-operatória, um bom
aprendizado da matéria.
A partir disso, resolvemos dividir nosso trabalho em dois segmentos distintos, onde
o primeiro engloba as crianças de 5 e 6 anos e o segundo, adolescentes de 15 e 16 anos.
Essa divisão é um meio de organização e melhor compreensão do nosso trabalho e das
atividades que foram propostas para tais segmentos. Mas, primeiro, vamos explicar como
surgiu a ideia de fração na história.
História das Frações

A história das frações remonta o Antigo Egito (3.000 a.C.) e traduz a necessidade e
a importância para o ser humano acerca dos números fracionários.
Naquela época, o faraó Sesóstris distribuiu algumas terras às margens do rio
Nilo para alguns agricultores privilegiados. Porém, como tinha épocas de inundação, as
marcações eram desfeitas e era necessário remarcar os terrenos de
cada agricultor novamente, quando as águas baixavam.

Os responsáveis por essa marcação eram os agrimensores, que também eram


chamados de estiradores de corda, pois mediam os terrenos com cordas nas quais
uma unidade de medida estava marcada, ou seja, uma corda equivalia a 1.

Essas cordas eram esticadas e se verificava quantas vezes a tal unidade de


medida cabia no terreno, mas nem sempre essa medida cabia inteira nos lados do
terreno.

Desse modo, os egípcios criaram um novo número: o número fracionário. Note que
a palavra Fração é proveniente do latim fractus e significa “partido”. Ele era representado
com o uso de frações, porém os egípcios só entendiam a fração como uma unidade isto
é, frações cujo numerador é igual a 1.

Como os cálculos egípcios eram complicados, só ficou mais fácil trabalhar com as
frações quando os hindus criaram o Sistema de Numeração Decimal, quando elas
passaram a ser representadas pela razão de dois números naturais.

Desde então, as frações foram usadas para a resolução de diversos tipos


de problemas matemáticos. Uma das formas mais correntes de se trabalhar com frações
é a porcentagem, em que se expressa uma proporção ou uma relação a partir de uma
fração cujo denominador é 100.
Primeiro Segmento: Crianças
-Atividades:
Com base na forma como a Matemática deve ser ensinada, e no que Piaget dizia
sobre a “primeira infância”, pensamos em realizar uma atividade em grupo, já que é nessa
fase, 2 a 7 anos, que elas desenvolvem um egocentrismo inconsciente.
A partir daí entra a nossa primeira ideia de atividade, a qual consiste em agrupar
as crianças de modo que elas tenham que trabalhar juntas, desenvolvendo as relações
sociais. Como vamos trabalhar com a ideia de frações, iríamos montar com elas uma
“pizza” de papelão,usando tinta guache e papel crepom ou outro papel colorido, para que
elas simulem uma pizza real, com intuito de trazer o conteúdo para a realidade delas, já
que nessa idade, as crianças precisam manusear e tocar em algo real, para entender o
onteúdo ensinado. A pizza seria como a da imagem abaixo:

Após a montagem por elas de cada uma das “pizzas”, exercitando também a
coordenação motora, a ideia de partes de um inteiro iria ser passada de modo que elas
conseguissem visualizar o que estava sendo aprendido e se sentissem capazes de fazer
tal tarefa e não simplesmente vendo equações e números no quadro, o que seria algo
completamente abstrato para elas, e assim iriam formar as ideias de acordo com aquilo
que elas viram.
Dessa forma, aprenderiam com suas experiências, de maneira construtivista,
formando seus próprios esquemas de pensamento e como consequência disso, estariam
expostos ao mecanismo da teoria da equilibração, assimilando as ideias e também
modificando-se para atender a suas resistências e exigências. Assim, seria possível notar
que haveria um desenvolvimento cognitivo, por meio das trocas entre o meio e o sujeito,
resultando em um estado sucessivo de equilíbrio mutável.

-A testagem da atividade:
Uma das integrantes do grupo, a Amanda, que realiza um trabalho social em uma
Creche Comunitária de Niterói (Creche Minha Querência) propôs a atividade em sala e
teve resultados muito bons que, inclusive, surpreenderam. As crianças demonstraram
enorme interesse, sendo por isso difícil de atender a todas que, ansiosas, queriam
sempre atenção.
Elas foram divididas em duplas e gostaram muito de ter o contato com a tinta. Foi
notado também como eles interagiram bem entre si e até idealizaram que o amarelo seria
o queijo e por intuição (e com a ajuda da Amanda) perceberam que deveria ser a primeira
coisa a colocar na pizza, que estava saborosa, e queriam comê-la, como o aluno da foto
abaixo:

A aprendizagem foi sendo feita de modo que eles construíam o pensamento à

medida que pensavam em quantas fatias eles gostariam de comer, desse modo,
aprenderam se divertindo e até pensando em como conseguiriam dividir a pizza entre
seus amigos.
Segundo Segmento: Adolescentes
A segunda fase na qual trabalhamos, engloba crianças a partir de 12 anos de
idade. Nessa fase, os adolescentes já conseguem realizar o raciocínio hipotético-
dedutivo, ou seja, tipo de raciocínio que se orienta do geral ao particular, isto é, já tem a
capacidade de raciocinar de forma que possam transformar situações concretas em
abstratas para a resolução de problemas em geral (formulam hipóteses sem ter que haver
contato com o real).
Um exemplo que possa ilustrar essa situação é o caso de Análise Combinatória
(disciplina também da matemática). Suponhamos que dispomos de 3 conjuntos de roupa
para nos vestirmos: 2 camisas, 2 calças e 2 sapatos. Temos camisas de cor branca e
preta, calça de cor vermelha e marrom e sapato de cores amarelo e roxo. De quantas
formas uma pessoa pode se vestir tendo essas roupas?
Se fosse uma criança do estágio anterior, ela só conseguiria resolver esse
problema se estivesse em contato com a situação, diferentemente de um adolescente
que, usando o pensamento formal, poderia facilmente responder que existem 8 formas de
se vestir com esse esquema de roupas e cores determinado, porque ele possui raciocínio
lógico, se desprendendo do real e raciocinando sem se apoiar em fatos. O adolescente
não precisa se operacionalizar e moldar toda a realidade para chegar a conclusões, ele é
capaz de realizar abstrações.

-Atividades com os Adolescentes:


O objetivo com os adolescentes é trabalhar de forma meio abstrata a ideia de
fração, desconstruindo as rigorosidades com que ela foi ensinada quando mais novos e
apresentando uma forma alternativa de formar o raciocínio matemático.

De acordo com Piaget, nessa idade (etapa das Operações Formais), o indivíduo já
é capaz de ter raciocínios abstratos, entretanto, o ensino que é dado nas escolas não
colabora com o desenvolvimento desses tipos de pensamentos. Logo, optamos por
ensinar usando números e não letras (como é dado atualmente).

Para essa faixa etária, propomos duas aulas diferentes. A primeira resume-se em
lecionar da forma mais comum: usando o quadro.

Nessa aula, o professor começaria ensinando o básico de frações, para relembrar


as principais propriedades. O básico seriam os numeradores (termo acima da barra das
frações) e os denominadores (termo abaixo da barra das frações). Em seguida, ele
precisa auxiliar os alunos a recordar a ideia de multiplicação entre frações (sendo esse
mais fácil que as demais operações). Depois, começar a apresentar as formas
alternativas de realizar operações com as frações, como a soma e subtração. E assim,
sucessivamente, até expressões um pouco mais complexas, com o uso de incógnitas.

Ao finalizar o conteúdo, organizaríamos a turma em pequenos grupos de no


máximo 5 pessoas e entregaríamos listas de exercícios para que eles resolvessem as
questões juntos, assim, um aluno com mais dificuldade poderia ter o auxílio de um outro
com mais facilidade na matéria, o que seria excelente não só para as relações sociais
como também para que houvesse uma troca de conhecimento entre quem explica, e
precisa organizar seu pensamento daquela maneira, e de quem aprende que por sua vez
escuta a matéria numa linguagem própria de sua faixa etária.

De acordo com o psiquiatra americano William Glasser (1925-2013): “o


professor é um guia para o aluno e não um chefe”. Em sua Teoria da Escolha,
Glasser explica ainda que não se deve trabalha apenas com memorização,
porque a maioria dos alunos simplesmente esquece os conceitos após a
aula. Por isso, ele cria a pirâmide de aprendizagem. Nesta pirâmide, podemos ver
que aprendemos 95% quando ensinamos uns aos outros, observe:
Após a realização dessa atividade, faríamos uma atividade extra, fora de sala, com
intuito de quebrar a rotina da sala de aula, que, na maioria das vezes, é exaustiva. Essa
atividade seria uma outra forma de aprendizagem e conhecimento, além de explorar a
construção de um raciocínio lógico mais rápido.
Nessa atividade extra, montaríamos, com os alunos, uma Amarelinha de fração.
Nela, cada estágio, ao invés de escrevermos números inteiros (1,2,3...), colocaríamos
seus equivalentes em frações. Por exemplo, o número 2, seria ¼ ou 2/8, e assim
sucessivamente, de acordo com a quantidade de estágios da amarelinha criada.
Como vimos, a fração nada mais é do que um número racional, e é justamente isso
que gostaríamos de apresentar aos alunos de outra maneira, além da sala de aula.
A Amarelinha é outra forma de visualizar frações, mostrando que números inteiros
podem ser representados como uma parte de um todo, ou seja, fração. Esse método de
ensino contribui com a interação entre os alunos e estimula uma competição saudável.
Ademais, a Amarelinha é uma brincadeira lógica e com a colocação de frações, ela fica
mais difícil, mas ajuda os alunos a compreenderem tal conteúdo.
Como podemos ver na imagem abaixo, foi criada uma Amarelinha de oito partes,
onde cada números é representado em diferentes frações:
Conclusão
De acordo com as pesquisas feitas pelos integrantes do grupo, essas não são as
únicas formas de lecionar este conteúdo. Entretanto, acreditamos que são as mais
eficazes de trabalhar com os alunos, visto que “foge” da rotina de sala de aula e torna a
aula mais divertida e interessante, com ambas faixas etárias.
Esperamos que esse tabalho nos ajude a buscar, sempre, novas maneiras de criar
aula e ensinar, pois será esta a nossa profissão no futuro.
Portanto, nossas atividades, em geral, seriam distintas abordagens de apresentar
um mesmo conteúdo para crianças de diferentes faixas etárias. Como disse William
Glasser: “a boa educação é aquela em que o professor pede para que seus alunos
pensem e se dediquem a promover um diálogo para promover a compreensão e o
crescimento dos estudantes”.
REFERÊNCIAS:

I. PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. 24. ed. Rio de Janeiro:


Forense Universitária, 1999. 136 p.

II. MILEO, Claudia; CARTER, Chris; CRESPO, Antonio González. Fração é


brincadeira de criança. 2015. Disponível em:
<https://www.matific.com/bra/pt-br/blog/2015/09/27/fracao-e-brincadeira-de-
crianca/>. Acesso em: 06/05/2017.

III. BUONO, Regina del. A Pirâmide de Aprendizagem de William


Glasser. 2016. Disponível em:
<http://www.abntouvancouver.com.br/2016/11/a-piramide-de-aprendizagem-
de-william.html>. Acesso em: 06 maio 2017.

IV. PERISSÉ, Gabriel. A teoria da escolha. 2011. Disponível em:


<http://www.revistaeducacao.com.br/a-teoria-da-escolha/>. Acesso em: 07
maio 2017.

V. SILVA, Luiz Paulo Moreira. "O que é fração?"; Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/matematica/o-que-e-fracao.htm>.
Acesso em 07 de maio de 2017.

VI. STABILE, Nayda. Vocês sabem como surgiram as


frações?: História: Origem das Frações. 2013. Disponível em:
<http://clubemate.blogspot.com.br/2013/06/voces-sabem-
como-surgiram-as-fracoes.html>. Acesso em: 07 maio 2017.

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