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(~) JOGOS

COM
-
FRAÇOES
Maria Cristina S. de A. Maranhão
Faculdade de Filosofia , Ciências e Letras
de Santo André - SP

Luiz Márcio P. Imenes


Fundação Brasileira para o Desenvo lvimento
do Ensino de Ciências - FUNBEC

Com alguns jogos, a criança pode desenvolver


a noção de fração e a idéia de equivalência ;
pode somar e subtrair frações elementares,
exercitar o cálculo mental e resolver
alguns problemas simples que
envolvem frações .

Revista de Ensino de Ciências n° 14 - Setembro 1985 47


Muitos professores de matemática que atuam no 1· grau têm manifestado
preocupação com o mau desempenho dos alunos no trabalho com frações.
Conscientes da importância do tema, procuram orientação e sugestões para
uma nova maneira de abordar essa parte do programa .
Este artigo é o primeiro de uma série em que se procura atender a essas
solicitações. Apresenta algumas reflexões sobre o ensino de frações , junta-
mente com um conjunto de atividades concretas. Os jogos e materiais aqui
sugeridos são resultado de um longo trabalho de pesquisa e aplicação
desenvolvido pela professora Maria Cristina S. de Albuquerque Maranhão ,
em classes de 1· grau.

Construindo Idéias a criança vai mais longe


Tradicionalmente, pelo menos a nível de progra- classificação, nomenclatura, notações, maneiras
mas, a criança toma contato com as frações na 3' de ler as frações etc.
série. Até a 4' série, já ensinamos as quatro opera- Na 5' série, repetimos tudo o que fo i apresenta-
ções fundamentais com frações, o que pressupõe do nas séries anteriores, acrescentando a poten-
algumas noções : a própria noção de fração, equi- ciação e enfatizando os cálculos e OS problemas
valência , simplificação, comparação, mínimo múl- com frações . Na 6' série, ensinamos o conjunto Q .
tiplo comum etc. Até a 4' série já trabalhamos Repete-se tudo, operando agora também com fra-
também com as frações decimais (números com ções negativas. Nova ênfase nos cálculos, nas ex-
vírgula) e suas regras operatórias. Convém não pressões númericas com frações , como esta por
esquecer que, além de tudo isto, ainda ensinamos : exemplo :

Oa ·7' série em diante, assumimos


que as crianças já deveriam saber frações ... e pronto!
Essa linha de trabalho parece estar baseada na Em primeiro lugar, devemos perceber que " dar
concepção de que devemos repetir uma mesma todo o programa", de modo algum , é garantia de
coisa, de um mesmo modo, várias vezes, até que que o aluno vai aprender tudo.
ela " entre" na cabeça dos alunos. Em segundo lugar, toma-se como " programa ",
Não nos parece ser esse o melhor caminho para em geral, o que está posto nos livros didáticos.
a aprendizagem, sem pretendermos, com isto, ne- Cabe perguntar : por que o " programa" deve ser
gar a importância que a repetição possa ter no esse? Será que não há falhas nessa " progra-
processo. mação " ?
Não será mais educativo construir pouco a pou- Em terceiro lugar, e também de um modo geral ,
co o conceito de fração e a noção de equivalência? esses " programas " valorizam apenas o domínio de
Por que não caminhar passo a passo com as regras técnicas . Por exemplo : " para multiplicar frações,
de cálculo, num crescendo, retomando a cada ano multiplicamos seus numeradores e multiplicamos
as idéias fundamentais dos anos anteriores, apro- seus denominadores " . Salvo exceções, essa regra
fundando-as, avançando mais, apresentando mais não é apresentada como o final de um processo em
problemas, num enfoque espiral? que ela foi construída. Em geral, a multiplicação de
Entre nós, professores, é bastante comum a con- frações aí começa e aí termina.
cepção de que, usando materiais concretos, pro- Finalmente, em quarto lugar, devemos avaliar a
pondo atividades ·aos alunos, trabalhando da ma- qualidade de um curso com outrcis olhos . É preciso
neira como estamos aqui recomendando, não será perceber que trabalhando concretamente, cons-
possível " dar todo o programa". Esta preocupa- truindo as idéias, compreendendo as regras de
ção, embora justa, é conseqüencia de alguns equí- cálculo, a criança vai mais longe. Nesse processo,
vocos. ela é capaz de fazer relações, perceber regras,

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manipular noções, que vão até além de tais " pro- As atividades propostas neste artigo têm sido
gramas" tradicionais. Por exemplo , com os jogos desenvolvidas a partir da 3' série. Se o colega e a
aqui apresentados, as crianças já realizam mental- colega que atuam na 5' série, perceberem que seus
mente, na 3' série, algumas operações com frações alunos não dominam os fatos básicos sobre fra-
que, normalmente, são estudadas mais adiante. ções, que deveriam ter sido construídos nas séries
Queremos esc larecer que a preocupação com a anteriores , poderão desenvolver estas atividades
compreensão das idéias não é incompatível com o na 5' série . Em resumo , a idéia é: se não foi possível
domínio das técn icas de cálculo. Propomos , isto fazer antes, que se faça agora!
sim, que as técn icas sejam , sempre que possível, o
resultado de um processo de construção.
Enfim nossa proposta é substituir a preocupa- Finalizando estas considerações, queremos es-
ção de, em cada série, " dar tudo" sobre frações, clarecer que, ao propor jogos, não estamos fazen-
pela consciência de que, trabalhando com mais do a apologia do espírito de competição, do indivi-
cuidado a compreensão das idéias, aprofundando dualismo. Trata-se de aproveitar o que o lúdico tem
cada noção, construindo conceitos, respeitando o de positivo . Importante é o que ele desencadeia no
desenvolvimento da criança, na verdade chegamos grupo. Motivadas pela vontade de ganhar o jogo,
muito mais longe. Trabalhando dessa forma, não as crianças descobrem uma porção de coisas im-
será necessário, a cada ano, refazer tudo, ao cons- portantes sobre as frações. É isso que devemos
tatar '1ue os alunos não aprenderam o que deviam valorizar no processo: as coisas que os alunos
na série anterior. Ganha-se tempo , portanto! aprendem e não quem termina primeiro.

O.scrlçio do material e conslderaç6es sobre o seu uso


o material completo, para cada grupo de 4 alu- mental de operações com frações de denominado-
nos, consiste num conjunto de 20 discos de cartoli- res iguais ou diferentes.
na, dois dos quais brancos e os demais coloridos Durante a fase de pesquisa com esse material,
(de cores diferentes- por exemplo : vermelho, azul "ganhamos" muitas atividades inventadas pelas
e amarelo). Os coloridos são divididos e recortados crianças. Muitas vezes essas atividades eram me-
em partes iguais, apresentando : lhores que as nossas, sob o ponto de vista da
aceitação pelas crianças. A atividade criativa sobre
• meios, quartos, quintos e décimos (frações usa- este material, sem delimitação de regras, é muito
das com maior freqüência nos sistemas deci- importante para a faixa etária com que estamos
mais, ligados principalmente às ullidades de me- trabalhando. A liberdade para que as crianças
didas habituais: 1/4 de quilo de carne, = 250g ; criem isenta-nos do risco de propor atividades que
1/5 de quilo de manteiga = 200g); não acompanhem o desenvolvimento natural do
pensamento da criança em cada série. Portanto, é
fundamental que as crianças tenham liberdade pa-
• terços, sextos, doze-avos (usados nas unidades ra repetir, inventar e variar os jogos quantas vezes
de medida de tempo: ano, semestre, mês). quiserem.
Para cada conceito atingido através de ativida-
A seqUência em que as ativldades são apresenta- des concretas, deve-se passar a recortes, dobradu-
das, bem como a disposição das cores dos mate- ras, desenhos no papel, que são representações
riais, foi organizada levando em consideração fato- (fase semi-simbólica) dos conceitos adquiridos
res ligados ao desenvolvimento da criança e outros com as atividades concretas. Somente depois dis-
ligados ao conteúdo "matemático. A disposição das so é que convém passar às atividades tradicionais,
cores n08 diversos materiais facilita a memoriza- apresentadas normalmente nos livros didáticos, as
ção das equivalências e propicia o rápido cálculo quais correspondem à fase simbólica.

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Depend~ndo da série em que estamos traba- A fim de que os colegas se familiarizem com o
lhando e respeitando-se o estágio de desenvolvi- material e os jogos propostos, sugerimos que, em
mento das crianças, o material aqui proposto per- conjunto, numa reunião da escola por exemplo,
mite outras explorações envolvendo geometria, "brinquem" com o material, desenvolvendo as ati-
proporções, problemas simples de contagem (aná- vidades aqui apresentadas e criando outras.
lise combinatória), probabilidades etc.
Conatruçio do material
É necessário construir um conjunto de figuras Os pedaços de círculo assim obtidos são chama-
de cartolina para cada grupo de alunos. É um dos setores circulares ou , simplesmente, se tores.
pouco trábalhoso , mas .c onvém lembrar que, se o Para jogar, cada grupo de alunos precisa ainda
material for bem conservado, poderá ter vida lon- de um dado , diferente dos habituais. Para esse
ga, sendo utilizado durante vários anos. I: funda- jogo , nas faces do dado devem estar os números O,
mentai contar com a colaboração dos alunos da 6' O, 1,1,1 ,1. Basta colar pedacinhos de fita adesiva,
série : eles preparam o material. sobre as faces de um dado comum e escrever nelas
Essa é uma boa oportunidade para trabalhar um os números acima.
pouco com a geometria, ensinando-os a desenhar
a circunferência e a dividi-Ia em partes iguais.
Os discos podem ter raio igual a 10 cm .
Para obter os discos coloridos, podemos pintar
a cartolina branca ou usar cartolina colorida ou ,
ainda, colar papéis daquelas cores sobre a cartoli-
na branca. Uma boa idéia é pedir a ajuda do profes-
sor de artes .
Neste artigo, apresentaremos apenas um primei- Finalmente, são necessárias 100 fichas para ca-
ro conjunto de peças que, por comodidade, desig- da grupo. No lugar das fichas, eles podem usar
naremos por FI: botões, grãos ou pedrinhas.
Será mais fácil compreender este artigo tendo à
mão o material descrito.
2 discos brancos inteiros, com o centro Em todos os jogos que serão apresentados nes-
demarcado te número da revista, as crianças trabalham em
grupos de quatro, jogando duas contra duas.
E agora que vamos iniciar as atividades, quere-
2 discos azuis divididos e recortados mos lembrar mais uma vez : é importante que as
em 5 partes iguais cada um crianças tenham liberdade para repetir e variar os
jogos quantas vezes quiserem .
ATlVIDADES

f.jf;j'lll
·~ 2 discos amarelos divididos e
recortados em 10 partes iguais Jogo 1: jogo livre
~~v cada um
Material: peças do F{, sem o dado.
A divisão do círculo em partes iguais precisa ser O professor sugere que as crianças brinquem
feita com algum cuidado, usando os instrumentos aos pares, cada par com a metade do material: 1
de desenho. Para dividir o círculo em 5 partes círculo branco, 5 setores azuis, 10 setores amare-
iguais, desenhamos 5 ãngulos centrais d~2· cada . los. Elas devem manusear livremente o seu mate-
um: rial.

Comentários
Com o jogo livre, os alunos têm oportunidade de
manusear as peças do material , descobrindo rela-
ções entre elas . Em geral, iniciam construindo ·' ca-
ta-ventos ", " bolos " , " circos", etc., passando a re-
cobrimentos , contagens e, finalmente, estabele-
Para dividir o disco em 10 partes iguais é só cem relações entre as partes do material (" 2 amare-
desenhar 10 ângulos centrais de 36· cada um. las formam uma azul " ). Esta é uma fase importante,

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que leva à melhor participação e compreensão nos - Quantas peças amarelas podem ser juntadas
jogos seguintes. para formar uma peça do tamanho da azul?
- Quantas peças amarelas são necessárias para
~'~~
if7
& •. recobrir duas azuis juntas?

1
~r AÉi E, assim por diante, o professor pode ir criando
\i1r'~~ questões em cima das atividades dos alunos.
~\r' '\"t- Comentários

Jogo 2: formeçio do Inteiro Com este jogo e as questões propostas, estamos


iniciando o trabalho de comparação e equivalência
Material : o mesmo do jogo 1. destas frações, além, é claro , de desenvolver o
Com os mesmos grupos de trabalho do jogo 1, o próprio conceito de fração.
professor pede às crianças que, usando as peças, Após estas atividades pode-se " batizar" as pe-
formem circulos coloridos, de uma só cor, e depois ças como quintos, décimos, inteiro e indicar as
de duas cores. representações: 1/5, 2/5, 1/10 etc .
O próximo passo é apresentar aos alunos dese-
nhos de figuras de formas variadas (retângulos,
Comentários
pentágonos regulares, decágonos regulares, círcu-
o objetivo deste jogo é garantir que as crianças los) divididos em 5 ou 10 partes iguais.
estabeleçam relações entre as partes e o inteiro. Pintando , recortando ou dobrando esses dese-
Este pode ser formado usando peças de uma só nhos, a criança representa as frações aqui traba-
cor ou de duas cores. Muitas vezes as crianças lhadas.
tentam diversas possibilidades de formação do in-

mEI !,
teiro, variando a posição ou a quantidade de peças
de cada cor. Com isso preparam o terreno para .l,
jogos posteriores.
"

~.
tü 1='1
,0

Jogo 4: Jogo do dedo

Material : peças do F1 , com o dado.


Jogo 3: recobrimentos Em cada grupo as crianças jogam duas contra
duas. Cada par fica com um círculo branco e as
Material : o mesmo do jogo 1. outras peças ficam sobre o centro da mesa. O
O professor explica que recobrir uma figura com objetivo do jogo é recobrir totalmente o círculo
outras , significa cobri-Ia totalmente , sem deixar branco .
vãos, sem remontar e sem passar das beiradas. Cada par joga o dado e retira do centro da mesa
Pede então às crianças que façam recobrimentos o número de peças amarelas indicado na face de
das peças do material , de diversos modos, livre- cima do dado, colocando-as sobre o círculo bran-
mente. Depois de certo tempo , deve propor que co. Procedem assim até que um dos pares recubra
respondam algumas questões: o circulo branco. Este será o par vencedor.

Variações

1) Toda vez que um par obtiver duas peças amare-


las, pode trocá-Ias por uma azul e tem direito de
jogar outra vez.
2) Colocar no dado os números O, O, 1, 1, 1, 2 e
repetir o jogo 4.
- As peças a'marelas são todas do mesmo tama- 3) Com o dado modificado repetir a variação 1.
nho? E as azuis? Observe que, nessas condições, existe a possi-
- Quantas peças amarelas são necessárias para bilidade do jogo ficar, o tempo todo, numa
recobrir o círculo? E quantas azuis? criança só.

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Comentários l' perte
O professor pede que cada par forme um círculo
Este jogo ilustra, em parte, a espiral referida com as peças azuis e distribua 20 fichas sobre as
anteriormente. No jogo 3 já foi introduzida a per- partes, dando a cada parte o número de fichas a
cepção das equivalências e das " somas " possíveis que " ela tem direito ".
para formar o inteiro. Nesta atividade, isso é apro-
fundado. Pela vontade de jogar outra vez, para ter
mais chance de ganhar o jogo, as crianças ficam, o
tempo todo, fazendo cálculos. Na variação 3 dizem :
" já tenho 3 azuis e 1 amarela ; se tirar mais uma
amarela, posso jogar outra vez . Então, ~reciso que
saia 2 no dado, para ganhar!" .
~ importante ressaltar que 05 cálculos e rela-
ções referidos estão sendo feitos naturalmente pe-
las crianças, sem a interferência do professor. Para
se garantir um bom trabalho deve-se seguir com 05 Como as partes são iguais, devem receber quan-
jogos sem interrupção. Não vale a pena, neste tidades iguais de fichas.
momento, passar ao trabalho simbólico, nem res- Em seguida, o professor pergunta: " Quantas
saltar 05 conceitos que estão sendo trabalhados, fichas foram distribuídas igualmente? Quantas fi-
nesta atividade. chas ficaram sobre cada parte?"
No decorrer das atividades alguns alunos desig-
nam o que já tem ou o que falta ter, pelos termos : 2' parte
três quintos, dois décimos etc . Estudam também a Cada par repete a primeira parte usando, desta
chance que têm para ganhar : "Há pouca chance de vez, as peças amarelas. O professor repete as mes-
obter 2/10 numa jogada". Percebem também que mas perguntas.
há mais chance de sair 1 do que O no dado.

Fração e divido
No conceito de fração, há um aspecto muito
importante : é o da divisão em partes iguais. Note
que até aqui apresentamos e sugerimos materiais
que têm o inteiro Já dividido em partes iguais.
Ainda não propusemos às crianças que dividissem,
elas mesmas, o todo em partes iguais. Entretanto
precisamos notar que dividir figuras em partes
iguais pode acarretar dificuldades, desde motoras 3' parte
até conceituais, no sentido matemático. Um exem- Cada par repete as duas primeiras partes, usan-
plo: " Como dividir um retângulo de 28cm x 12cm do 40 e depois 50 fichas . As mesmas perguntas são
em 5 partes iguais?" As dificuldades são muitas: repetidas .
não há um processo simples de dobradura, a crian-
4' parte
ça tem dificuldades para compreender que basta Cada grupo de quatro crianças repete as duas
dividir por 5 uma das dimensõs da figura, a criança primeiras partes, utilizando 100 fichas. O professor
tem dificuldade em trabalhar com números deci- repete as perguntas anteriores .
mais etc.
Trabalhando com a divisão de fichas, Cã ntorna-
mos estas dificuldades. Entretanto, em geral, nem Comentários
mesmo a divisão, em quantidades iguais, de oble-
tos (botões, bolinhas, fichas etc) . é conseguida Depois de garantida a compreensão da divisão
facilmente pelos alunos. O próximo jogo ajuda o envolvida no conceito de fração, pode-se trabalhar
aluno a realizar essa operação . apenas com as fichas, sem as partes do disco,
formulando questões do tipo: " calculem 1/5 de 100
Jogo 5: logo daI fichas fichas" . Num outro momento, essas mesmas ques-
tões podem ser propostas com desenhos e, poste-
Material : peças do F1 , sem o dado e as 100 riormente, sem material algum. Apresentamos, a
fichas (ou grãos, ou pedrinhas, ou botões) . seguir, alguns exemplos com desenhos:

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I- Contornos
a) Desenhar 40 bolinhas, separando-as igual-
mente em 5 contornos.
b) Completar : 1/5 de 40 bolinhas são ..... boli- 00
000
nhas.
c) Refazer as atividades com 100 bolinhas em
10 contornos.
II - No desenho
a) Contornar bolinhas, separando-as igualmen-
te em 5 contornos. o o o o o o o o o o o
b) Completar: 1/5 de ...... = ...... , de arordo com o o o o o o o o o o o
o desenho. o o o o o o o o o o o
o o o o o o o o o o o

Trabalho em grupo e desenvolvimento do raciocínio

Nas atividades propostas, os alunos trabalham Os alunos iniciam as atividades com brigas , dis-
aos pares e em grupos. Isto é sugerido, tendo em cussões, imposição de idéias. Tudo isso tem um
vista a grande importância do aspecto social no a.specto muito positivo, pois contribui para o de-
desenvolvimento do raciocínio, para esta faixa etá- senvolvimento da clara verbalização das idéias.
ria. Para maiores esclarecimentos recomendamos A troca obrigatória com seu par aliado leva à
que o professor leia o livro de Nélio Parra: O Ado- tentativa de adaptaçio, integração e síntese das
lescente segundo Piaget, editado pela Livraria Pio- idéias para, juntos, vencerem .
neira Editora, Série " Cadernos de Educação". Por outro lado, a busca de regras que sejam
aceitas pelo par adversário ensina a ceder para que
Para trabalhar em grupos é necessária uma real o acordo seja possível.
colaboraçlo entre as crianças. Todas devem estar Colaboração, trabalho ativo, interferência no
em trabalho atlvo. É preciso que discutam suas momento adequado, teste, verificação e análise de
idéias, sem imposição das mesmas ao grupo, mas hipóteses, obtenção de sínteses, verbalização clara
Integrando-a. às idéias dos colegas. Devem fazer do que está pensando, adaptação, são fatores do
interferência nos momentos adequados. Precisam desenvolvimento que contribuem para a aquisição
fazer an4lll.e de hlpóte.... verificando-a., testan- de aspectos importantes do raciocínio lógico, ma-
do-as no intuito de se obter uma sínte •• das idéias temático. É muito difícil atingir tudo isso sem o
do grupo, síntese esta que norteará os trabalhos. trabalho ativo em grupo.

Continua no próximo capítulo

Com o conjunto de peças do Fl, temos ainda não só quanto ao raciocínio que elas exigem , mas
mais três atividades interessantes a sugerir. Uma também quanto à troca de idéias nos grupos. De-
delas é o " jogo da feira " , que provoca uma grande vem ser feitas, portanto, após outras atividades, do
atividade nas crianças, envolvendo cálculos men- mesmo nível das apresentadas neste artigo, com os
tais com frações, cálculos de preços de partes demais conjuntos de peças. Nesses novos conjun-
dado o preço do inteiro, ou do preço do inteiro, tos trabalharemos com outros conjuntos de fra-
conhecido o preço de uma parte. Esta atividade ções (1 /2, 1/4, 1/8; 1/2, 1/3, 1/6 etc ... ) que possibili-
facilita bastante o trabalho do aluno na resolução tam outras relações entre as partes.
de problemas. As demais visam o trabalho com
proporções e o raciocínio combinatório . É isso que faremos nos próximos números da
Entretanto estas atividades são mais difíceis, revista.

Revlst. de Ensino de Ciências no 14 - Setembro 1985 53

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