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FILHO”
Resenhas Antropologia
FRANCA
2019
1) Minority Report – Diretor: Steven Spilberg – Estados Unidos: 2002
Tudo parece até que o chefe da Divisão Pré-Crime (Tom Cruise) entra na lista dos
futuros assassinos e sabendo que será preso por isso, ele começa uma corrida contra o
tempo para descobrir o que irá acontecer e porque irá matar alguém.
Todo o filme dirá em torno desta investigação que termina com o assassinato que ele
mesmo previu. Ele é preso e depois sua esposa o ajuda a sair e identificar outro líder do
sistema como sendo o culpado e manipulador do sistema.
A discussão no âmago do filme está centrada na questão: alguém pode ser realmente
condenado antes mesmo de ter cometido um crime¿ Nessa linha de raciocínio podemos
chegar a duas conclusões: sim ou não. Ao se pensar no enredo do filme percebe-se que os”
pre-cogs”, aqueles que preveem os crimes não falham e que, portanto, pode se assumir sua
previsão como uma prova de um crime. Porém, se desligar da frase: mas a pessoa não
cometeu um crime, fica difícil. Pensando no nosso ordenamento jurídico atual, as leis e,
portanto, as sanções só podem ser previstas após o acontecimento de um crime, nunca
antes, bem como uma pessoa só pode ser presa caso seja condenada por um crime, fique
provado que ela o cometeu, com isso, considerando a nossa mentalidade jurídica atual,
julgo que não seria provável que a sociedade e em particular os juristas aceitassem essa
condição de condenação Pré-Crime. Contudo, deve se levar em consideração que o Direito
está sempre em constante movimento, evoluindo conjuntamente à sociedade, assim, não
seria impossível, que em um futuro onde os crimes fossem realmente previsíveis, que o
ordenamento jurídico e a própria sociedade modifiquem-se para aceitar essa condição.
Atrás dessa carteira estavam diversos policiais já que, o papel dentro da carteira
continha uma informação sensível sobre dinheiro sujo que havia sido roubado de um
político importante. Dessa forma, como capangas do político, a polícia corrupta faz de tudo
para encontrar essa carteira, passando por cima de direitos fundamentais e da dignidade da
pessoa humana.
Mais uma vez esse filme está gritando para chamar atenção a diversos problemas de
ordem social, político e econômicos do Brasil. Primeiramente devemos olhar para a
situação das crianças que deixam de ir à escola para ficar catando objetos no lixão para
talvez conseguirem arranjar algum dinheiro para comprar comida. Admitir que uma
situação como essa ocorra é admitir a falta de um futuro sólido para o país, um futuro
melhor, um futuro em que a miséria e as condições pelas quais esses meninos e toda uma
população tem de passar para que possam sobreviver.
Esse filme futurista trata da vida na terra no ano de 2154, em que boa parte da terra já foi
consumida de forma predatória e então, a elite mundial “cria” para eles um novo mundo,
Elysium, uma espécie de satélite que orbita a terra. Porém, de certa forma eles não
abandonam a terra, continuam a explorar todos os seus recursos, principalmente os
humanos; continuando a abusar da terra como uma gigante fábrica, enquanto essa elite vive
segura, saudável e confortavelmente alguns quilômetros na órbita da terra.
De certa forma essa situação se assemelha de forma atormentadora ao que hoje se passa
entra a Europa e a África, em que uma quantidade enorme de refugiados procurando uma
vida melhor tenta fazer a travessia através do Mar Mediterrâneo e são muitas vezes
impedidos por autoridades de países europeus que mandam de volta as embarcações a seus
países de origem. Ainda, muitos morrem tentando fazer essa travessia, afogados com os
naufrágios ou das péssimas condições que são obrigados a acatar para conseguir chegar a
Europa.
Ainda o filme contém uma feroz crítica a divisão estamental que se tem na sociedade atual,
em que os donos dos meios de produção se veem com direito de explorar a força humana
para o seu enriquecimento, se apropriando da produção de outros e vivendo
confortavelmente em cima desse fato, enquanto que aqueles que realmente produziram
estão marginalizados e vivendo em péssimas condições. Aponta também ao fato de que a
elite guarda tudo aquilo que é de melhor para ela, saúde, alimentos, segurança e
esquece/ignora o resto do mundo, o que infelizmente é uma prática muito comum
atualmente, em que se tem classes extremamente marginalizadas, vivendo na miséria e com
pouca ou nenhuma perspectiva de ajuda por parte daqueles que condicionam sua posição
como “excluído”.