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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI –

CAMPUS DEP. JESUALDO CAVALCANTI


CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL IV
CARGA HORÁRIA: 60 HORAS/AULA – PERÍODO: 2020/2
DOCENTE: ALCIR ROCHA
DISCENTE: GIOVANA PEREIRA, NAIARA RIBEIRO E VANESSA AMORIM

Resenha crítica: Guerras do Brasil.doc – Episódio 5: Universidade do crime.

Em cinco episódios, "Guerras do Brasil.doc", série dirigida por Luiz Bolognesi ("Ex-
Pajé"), retrata os principais conflitos armados brasileiros: as Guerras da Conquista, as Guerras
dos Palmares, a Guerra do Paraguai, a Revolução de 30 e a Guerra do Tráfico.
No episódio 5 é apresentado “A Guerra do Tráfico” que traz uma guerra
contemporânea: A guerra das ruas brasileiras, onde morrem cerca de 60 mil pessoas todos os
anos. Relata a gênese das organizações criminosas que dominam os presídios Brasileiros e
organizam o tráfico de drogas. O episódio conta a origem, no Rio de Janeiro, do Comando
Vermelho, organização que nasceu no Presídio da Ilha Bela e cresceu nos demais presídios. O
CV surge como um meio dos presos resistirem a precária realidade do sistema prisional,
unindo os presos em coletividade e acabando com a exploração de preso contra preso. O CV
organizou o crime e o tráfico nas comunidades cariocas.
Conta, em São Paulo, o nascimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) na década
de 90, como foi estruturado, como ele financia os crimes, suas regras e o seu fortalecimento e
ascensão na ausência total do Estado. Nos anos 60 houve um crescimento urbano acelerado e
consequentemente aumento de crimes e a população se tornou vulnerável. Em 1968 surge o
Esquadrão da morte que tinha como finalidade o extermínio e homicídio para controlar o
crime, nada era punido pela lei. Entre 1960 e 1999 a taxa de homicídio era de 900%. Em
1992, acontece o massacre do Carandiru, expondo a péssima situação do sistema carcerário e
como preso era (ou ainda é...) tratado no Brasil.
O PCC surge reproduzindo o que foi feito em Ilha Grande, mobilizando a população
carcerária, usando como lema “Paz entre nós, guerra aos sistemas”. Um estatuto é criado e o
PCC é apresentado ao país em fevereiro de 2001. Ligada a expansão do PCC, a taxa de
homício cai para 76%.
Em 2006, o Estado tenda desarticular o PCC. Acontece um caos na cidade. Aos grupos
externos, dividas eram perdoadas para que ataques a autoridades estaduais e militares
acontecessem. Após uma reunião entre a liderança do PCC e os representantes do Estado de
SP, os ataques cessaram. Até hoje o governo nega que existiu um acordo.
Surgem as UPP’s, com uma ideia de acabar com tráfico e crime organizado. A ideia
inicial era excelente, novos comandantes e cadetes eram escalados, mas com o tempo foram
submetidos a corrupção e acabavam até mesmo financiando ou incentivando os crimes na
região que era pra hoje estar pacificada.
Em 2016, o PCC e CV se unem para assumir o controle do tráfico nas fronteiras. A
união não deu muito certo e o rompimento entre as facções causou rebeliões e ataques nos
presídios.
Nenhuma autoridade tomou a frente, não foi solicitada uma intervenção. Que definição
melhor se encaixaria para o que ocorreu : falta de interesse político ou ninguém queria
assumir a responsabilidade? Ou os dois?
Temos hoje a 3ª maior população carcerária do mundo. Todas as facções fora do Brasil
tiveram origem de um forma diferente, no nosso país as facções foram criadas em unidades
públicas que deveriam servir para ressocializar e não somente punir de qualquer maneira.
Nossa forma de encarceramento não educa, não socializa e não cumpre o papel que
deveria cumprir. O problema é que, mesmo com a pena de prisão sendo considerada pena
principal, esta não foi desenvolvida propriamente como deveria. Nota-se a total falta de
avanço, de infraestrutura, superlotação, dificuldade de reinserção do preso na sociedade, entre
inúmeros outros problemas, ou seja, a completa falência de um sistema carcerário mal
organizado.
A mídia envolve diversos meios de comunicação com a finalidade de transmitir as mais
diversas informações e pluralidade de conteúdo. Pode ser considerada hoje um Quarto Poder,
junto ao Executivo, Legislativo e Judiciário, pois quase tudo acontece por força das
informações recebidas. Acredita-se naquilo que é imposto pelos meios de comunicação e
julga-se com base nos mesmos.
Não é à toa que o povo brasileiro acredita que “bandido bom é bandido morto”, “quanto
mais presos, melhor”. O Brasil, ao invés de abrir escolas, abre presídios, tudo por conta de
uma sociedade influenciada pela mídia.
É preciso entender e ressaltar que o infrator, por qualquer que tenha sido seu crime, não
perde seus direitos, não perde a sua condição de humano, portanto deve ter sua dignidade e
seus direitos fundamentais preservados, por mais que a sociedade não se conforme com
aquele que não respeita as leis de convivência.
São de conhecimento geral da população as condições caóticas das prisões brasileiras.
Todo dia uma notícia nova, uma indignidade nova, principalmente quando se mostra a
quantidade de pessoas que se consegue colocar dentro de uma cela no nosso país. São
imagens, sem dúvida alguma, chocantes e que talvez ensejam ao cidadão uma reflexão acerca
do funcionamento do sistema penitenciário do Brasil.
A superlotação traz consigo grandes problemas, é desumana e cruel, e vai contra toda a
dignidade do ser humano em sua essência, pois os detentos vivem em situação de pura
calamidade e insalubridade, ou seja, dificilmente algum detento escapará de suas
consequências, pois não tem acesso a uma condição de vida sadia.
Podemos constatar que o problema exposto em relação ao sistema penitenciário
brasileiro está longe de ser solucionado, uma vez que a sociedade atual é controlada por uma
mídia que não expõe toda a verdade, e ainda insere nessa sociedade características machistas e
preconceituosas a respeito dos encarcerados.
A qualidade de vida de homens e mulheres dentro dos presídios, com suas péssimas
condições estruturais não fornecem o mínimo de elementos necessários à sobrevivência do
homem e de uma vida saudável, e, principalmente, de uma vida com dignidade. Uma vida
sem dignidade não traz esperança e nem motivação para que os presos evoluam como pessoa
e reconheçam seus erros, permitindo que eles cumpram sua pena com expectativa de um dia
ser reinseridos na sociedade. O encarceramento inadequado e sem condições básicas, como
higiene, boa alimentação, assistência médica e políticas de ressocialização, apenas gera
revolta e falta de esperança de uma vida melhor fora das cadeias, possibilitando que os presos
voltem a delinquir, justamente por não haver outra alternativa, uma vez que, fora da prisão,
ninguém mais se importa com o destino daquele indivíduo.

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