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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE TECNOLOGIA EM SEGURANÇA PÚBLICA

Nome do autor
Pólo-Turma

CRIMINOLOGIA

Trabalho apresentado na Universidade


________________como requisito para
obtenção do título de
___________________em sob a
orientação do professor_______________
e do tutor ________________________.

Nome da cidade

2019
1 INTRODUÇÃO

A população carcerária da América Latina tem crescido constantemente nas


últimas décadas. O aperto das leis e políticas antidrogas contra as quadrilhas levou
a um aumento maciço da população carcerária e, consequentemente, a uma
superlotação severa nos sistemas carcerários mal financiados e muitas vezes
negligenciados. A maioria dos presos ainda não foi julgada e poderia esperar anos
para receber uma audiência. Em alguns países, as gangues continuam a operar e
recrutar novos membros dentro das prisões, e seus líderes ordenam extorsão e
homicídios atrás das grades.
Essa situação bruta é claramente vista no Brasil, que recentemente alcançou
a infeliz distinção de ter a quarta maior taxa de encarceramento do mundo. Nos
últimos 15 anos, a taxa de encarceramento do país aumentou 7% ao ano, sendo dez
vezes mais rápida que o crescimento da população. Nos últimos 25 anos, a
população carcerária do Brasil aumentou de 90.000 para mais de 600.000. Prevê-se
que essa população aumente para 1,9 milhão até 2030, se as taxas atuais
persistirem.
Esse aumento maciço está associado a duas tendências inter-relacionadas da
década passada. Primeiro, a expansão do uso de detenção preventiva, mais
freqüentemente associada à segunda tendência - detenções por porte de drogas,
apesar de uma alteração no código criminal em 2006 que descriminalizou a posse
de pequenas quantidades de maconha para uso pessoal Um estudo realizado em
2014 pelo Centro de Estudos de Criminologia e Cidadania (CESeC) indica que 40%
da população carcerária do Brasil aguarda julgamento. Só o Rio de Janeiro é de
39%, ou 11.000 pessoas. Nos estados do nordeste do Piauí e Maranhão, essas
taxas atingem 60%.
Seguindo a tendência das prisões nos Estados Unidos, a maioria dos presos
no Brasil são jovens entre 18 e 29 anos. Destes, 61,6 por cento são
afrodescendentes. Da crescente população carcerária no Brasil, o segmento que
mais cresce é o das mulheres, um fenômeno consistente com tendências
semelhantes na maioria dos países da América Latina. Entre 2005 e 2014, a taxa de
encarceramento feminino aumentou 10,7% ao ano, de 12.925 para 33.793 pessoas
durante o período de nove anos. O tráfico de drogas foi a causa de condenações
para 64% das mulheres encarceradas.
Como muitas das disposições e leis constitucionais adotadas no Brasil, a lei
aprovada em 2011 (Leia Medidas de Precaução), a mais recente das várias leis
sobre sentenças alternativas para crimes não violentos, raramente se aplica. Um
estudo realizado no Rio em 2011 mostrou que a prisão preventiva ainda aplica
73,3% dos casos, enquanto o pagamento da fiança, o monitoramento eletrônico ou
outras alternativas à prisão antes de ir a julgamento são ignorados por A grande
maioria dos juízes. Um sistema de defensores públicos incapazes de atender à
demanda. A grande maioria dos detidos não pode pagar advogados particulares,
deixando-os dependentes de um sistema de defensores públicos precários e com
pessoal limitado. Embora exigido pela Constituição de 1988, o estabelecimento de
defensorias públicas em nível estadual levou tempo para ser implementado. Os
escritórios estaduais mais recentes foram estabelecidos apenas no período entre
2011 e 2013. A demanda excede amplamente a capacidade do sistema - de acordo
com as estatísticas do Ministério da Justiça de 2009, a demanda aumentou 45%
entre 2006 e 2008, enquanto O número de defensores públicos cresceu apenas
4,5%.
2 FUNDAMENTAÇÃO

Diversas teorias surgiram ao longo do tempo acerca de sua conceituação,


desde os filósofos mais antigos já se discutia acerca da natureza do homem, como
um ser bom ou mau por natureza. Assim, temos que até hoje não há uma verdade
absoluta sobre isto. Para a história da evolução da criminologia existe um pai da
criminologia moderna na figura de Cesar Lombroso, o qual provocou uma revolução
no Direito Penal, quando esmagou os princípios da Escola Clássica, atualmente
quase não há referências sobre sua teoria, uma vez que desviou a atenção da
justiça para o homem delinquente. Lombroso criou a teoria do Atavismo
(RODRIGUES, 1995, p. 25 e 26)

Lombroso nunca disse que todos os criminosos eram natos, mas que o
“verdadeiro” delinquente é nato, quer dizer, nasce delinquente semelhante
ao louco moral que tem uma base epilética, cheio de taras degenerativas;
tudo aquilo que se explica pelo ativismo e faz do delinquente um gênero
especial de homem, que ousou designar como “genus homo deliques”, o
que foi pernicioso para a evolução da Criminologia. Segundo esta teoria,
poder-se-iam distinguir famílias que seriam delinquentes e outras que
seriam honradas (RODRIGUES, 1995, p. 26 e 27).

Antigamente, muito se discutia e por vezes acreditava-se que o homem era


mal devido a sua genética, ou seja, que o sujeito já nascia delinquente, pois seus
pais e antepassados eram delinquentes, eram maus por natureza, diante disso,
nada poderia se fazer, era tratado como uma doença, que não tinha cura, a não ser
o seu tratamento.

Sustentava que ao criminoso nato, por sua própria natureza, não cabia a
aplicação da pena, e se é encarcerado, comete-se uma injustiça, porque
para Lombroso, o criminoso nato é um doente. Foi Lombroso quem primeiro
falou da necessidade de segregá-lo da sociedade, isolando-o para que
deixasse de ser perigoso, quer dizer, torná-lo inofensivo. Esta seria uma
medida preventiva, como as que agora são adotadas aos alienados.
(RODRIGUES, 1995, p.34).

A teoria de Lombroso é insustentável, tanto que perdeu credibilidade ao longo


dos anos. “Em meados do século XIX ganham forças as teorias socialistas, as quais
possuem como base que a miséria e a pobreza, influenciam na criminalidade, no
entanto, isso acaba por influenciar o sistema econômico geral” (PINHEIRO, 1973,
p.61). A recíproca mencionada é verdadeira, uma vez que nas periferias brasileiras a
pobreza é alastrada, o governo não consegue amparar os mais pobres, seja por que
não possui recursos suficientes, seja por uma má administração.

Com a sociologia moderna, surgem ainda duas teorias contrapostas acerca


da criminologia. A teoria do Consenso, também chamada de teoria da integração de
Emilé Durkheim, Aline Anzolin, em seu artigo Criminologia do Consenso e do
Conflito cita:

Encabeçadas pelo pensamento filosófico do pensador francês Émile


Durkheim, segundo o qual todos os membros de uma determinada
sociedade se esforçam para atingir objetivos comuns em torno de certos
valores por eles eleitos, independente da classe social a que pertençam. Ou
seja, todos indivíduos trabalham, da melhor maneira possível, dedicando-se
ao máximo que puderem, em prol de objetivos comuns, escolhendo certos
princípios básicos que nortearão a consecução desse objetivos, não
importando o lugar da escala social em que estejam inseridos. Édizer, a
sociedade se estrutura de acordo com as funções exercidas por cada um de
seus membro (funcionalismo) e cada indivíduo recebe as funções que ele
desempenhará de acordo com esta estrutura social (estruturalismo)
(MERTON, 1990, p.20).

A teoria do Consenso possui uma natureza conservadorista, uma vez que


afirma que todo sujeito na sociedade possui uma função, devendo exercê-la para
conquistar objetivos em comum, no entanto aquele que descumpre as normas (leis)
deve ser punido de alguma forma, pois é responsável pelo mal causado.

Já a Teoria do Conflito, baseado nos ideais Marxistas, possui um cunho mais


revolucionário, que nos leva a crer que por mais que a Idade Média tenha passado e
seu sistema de classes em tese não é mais válido, hoje em dia pode-se afirmar que
a classe dominante é de quem está no poder, tendo recursos para conseguir o que
deseja, e a classe dominada, representada pelos pobres, jamais terão a chance de
disputar em igualdade com os mais ricos. Portanto, existe uma constante luta de
classes.

Ou seja, ao contrário do que preconiza as Teorias do Consenso, as Teorias


do Conflito entendem que a sociedade, que vive em constante tensão, é
organizada de acordo com os interesses da classe dominante em prejuízo
da classe dominada, por meio da coerção e da violência de quem detém o
poder. Em outras palavras, os que estão no topo da pirâmide social e, por
consequência, usufruem do poder político, fazem de tudo para lá se manter
eafastar qualquer tipo de subversão da ordem social, evitando que as
classes populares assumam as rédeas da sociedade. (MARX, 1990, p.30).
A criminologia crítica foi concebida por Baratta (1992, p. 197), a qual afirma
que, “ela se remete ao processo de criminalização, dos desvios dos
comportamentos socialmente negativos e da criminalização, a qual há uma política
de classes subalternas, atualmente das classes subordinadas”.

Enquanto a classe dominante está interessada na contenção do desvio em


limites que não prejudiquem a funcionalidade do sistema econômico-social e
os próprios interesses e, por consequência, na manutenção da própria
hegemonia no processo seletivo de definição e perseguição da
criminalidade, as classes subalternas, ao contrário, estão interessadas em
uma luta radical contra os comportamentos socialmente negativos, isto é, na
superação das condições próprias do sistema- econômico capitalista, as
quais a própria sociologia liberal não raramente tem reportado os
fenômenos da “criminalidade”(BARATTA, 1992, p. 197 e 198).
3 ARGUMENTAÇÃO

O Estado Paralelo como já fora mencionado encontra-se intimamente ligado


com a criminologia e o Direito Penal.

A palavra Criminologia etimologicamente deriva das raízes mistas- latina


“crimen”: delito e grega “ logos”: tratado. Existem muitas definições de
Criminologia , todas diferentes entre si . Para alguns, é o estudo do homem
que delinque. Definindo a criminologia como o tratado do delito, confunfí-la-
emos com o Direito Penal, que trata do delito, do delinquente e da pena
(CASTRO, 1993, p.75).

A criminalidade sempre existiu, para tentar diminuir seus índices de incidência


surge na Legislação o Direito Penal, codificado no Código Pena e no Processo
penal, “a criminalidade é tratada como algo normal, uma vez que sempre esteve
presente, no entanto, o sujeito que o pratica é tratado na sociedade como um ser
anormal” (CASTRO, 1993, p.76).

Há discussões no que refere ao que compreende a criminologia. Parece


estar em luta com o Direito Penal, ou poderia considerar-se como parte
deste, porém não é uma coisa nem outra. O direito penal se preocupa com
as ações ou omissões que constituem delito e à Criminologia importa saber
as causas pelas quais devam ser consideradas como delitos (CULLEN,
2003, p. 04).

Muito se discutiu acerca de sua definição e diferenciação acerca do direito


penal, mas sabe-se que o Direito Penal comina os delitos e as penas, sendo a
criminologia o próprio crime.

A diferença entre o Direito Penal e a Criminologia, é que enquanto o


primeiro nos indica que os atos merecem uma pena, a segunda nos indica
as causas destes atos. Como segunda diferença, temos que considerar, que
enquanto ambas as ciências estudam o delinquente, o Direito Penal só
indaga o grau de responsabilidade do mesmo (autor, cúmplice, co-autor);
enquanto que à criminologia interessa conhecer o homem delinquente,
aspecto que mais tem preocupado às escolas filosóficas, ou seja, trata de
compreender a personalidade do homem (CASTRO, 1993, p.75).

Ademais, Barratta ainda critica o Direito Penal, que para ele tende a privilegiar
os interesses das classes dominantes, e a não punir os comportamentos sociais
danosos típicos destes, e o direito tende a criminalizar as classes subalternas, para
o autor isso ocorre, porque a própria formulação técnica dos tipos legais possui esse
viés tendencionista. Se for analisada ainda a população criminosa, temos que de
fato, os sujeitos que se encontram nos níveis mais baixos da escala social, estão
marginalizados.

O mercado de trabalho, atrelado a falta de qualificação profissional, a falta


de escolaridade fundamental e até mesmo a falta de oportunidades, bem
como os defeitos de socialização na família e na escola, são características
comuns da maioria dos indivíduos pertencentes a classe mais precária da
sociedade, isso para a criminologia liberal são indicados como as causas da
criminalidade, são conotações sobre o status dos criminosos (BARATTA,
1992, p. 165).

A teoria lombrosiana fundou a chamada criminologia científica, conhecida


como a “Escola da Antropologia Criminal”. Seus conceitos imprimiram novos rumos
ao direito penal, possibilitando, entre outros pontos, a individualização das penas, os
livramentos condicionais, os indultos, as medidas de segurança, a criação dos
manicômios judiciários, a segregação indeterminada para criminosos habituais, o
trabalho agrícola e as oficinas de reeducação.

No Brasil, o maior defensor desta linha teórica foi o médico baiano Nina
Rodrigues. Segundo o seu ponto de vista, “a criminalidade no Brasil só poderia ser
estudada em profundidade a partir da constatação da chamada criminalidade étnica,
que provinha do resultado da coexistência, numa sociedade, de raças diferentes ”
(DIAS, 1984, p.58).

Ainda nesta vertente determinista do conceito de crime encontramos as


teorias psicanalísticas, que são originárias da doutrina freudiana da neurose.

Entretanto ao partirem do princípio da existência de indivíduos mais


propensos ao comportamento delituoso, estas teorias não ultrapassam os limites da
criminologia lombrosiana, principalmente porque “a definição de origem do
comportamento criminoso não compreende a análise das relações sociais e
econômicas, onde se aplicam as leis e os mecanismos de criminalização ” (BARATTA,
1992, p.406).

No nível das relações sociais, cujas teorias conformam uma segunda


vertente do conhecimento do fenômeno criminal, o conceito de crime desloca o foco
do sujeito criminalizado para a reação social do desvio.
4 CONCLUSÃO

Podemos estabelecer uma correlação entre a pobreza e o crime, uma vez que
a pobreza aliada à limitação de oportunidades são elementos bastante fortes para
produzirem uma alta proporção de comportamentos delituosos.

O crime é um produto de atos individuais combinados a fatores sócio-


culturais. Mas, a análise do crime sem um componente histórico nos remete ao
estudo de crimes e criminosos célebres. Não é isso que pretendemos. Nosso
objetivo é analisar o crime organizado. Esta hipótese se baseia na afirmação de que a
concentração urbana moderna constitui-se em modelo de ambientes com os
maiores índices de criminalidade. Desde então, a cidade tem sido objeto de estudos
sobre a criminalidade, com destaque para a chamada “Escola de Chicago”, cujos
trabalhos tratam justamente da relação entre a urbanização e o urbanismo com o
comportamento criminoso.

Nosso estudo também se apóia na posição do historiador Peter Linebaugh


(DURKHEIM,1999), que propõem uma análise do aumento da criminalidade na Grã-
Bretanha, a partir do século XVIII, através do fator “modernizador”, extraído da
industrialização e da emergente das cidades.
REFERÊNCIAS

BARATTA, Alessandro. Criminologia e critica do direito penal. Rio de Janeiro,


Revan Editora, 1992; p.406.

CASTRO, Lola. Criminologia da reação social. Rio de Janeiro: Forense, 1993.

CULLEN, Francis e AGNEW, Robert. Criminological theory: past to present. 2ed.


Los Angeles: Roxbury Publishing Company: 2003.

DIAS, Jorge de Figueiredo, ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia: O Homem


Delinquente e a Sociedade Criminógena. Coimbra Editora, 1984. p. 5.

DURKHEIM, Émile, Da divisão do Trabalho social. SP, Martins Fontes, 1999.

MARX, Karl, ENGELS, Frederich. A ideologia alemã, in MARX, Karl. Sociologia.


Trad. Maria Elisa Mascarenhas, Ione de Andrade e Fausto N. Pellegrini. São Paulo:
Ática, 1980. p. 25

MERTON, Robert K. Sociologia: teoria e estrutura. Tradução de Miguel Maillet, SP,


Ed. Mestre Jou, 1990.p.203

PINHEIRO, R. A história do direito penal. SP, FEDUSP, 1973.

RODRIGUES, Carlos. A cor e o crime. Rio de Janeiro. Ed: UFRJ, 1995.p.58

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