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Trabalho de sociologia:

SLIDE 1

-O ano de 2006 foi um marco. O evento que ficou conhecido como “ataques de
maio” tornou público o domínio do PCC nas cadeias estaduais e a sua
presença em centenas de localidades de todo o estado de São Paulo.

-Hegemonia do PCC em solo paulista.

-Em paralelo, o ano de 2006 inaugurou a primeira unidade prisional que


compunha o Sistema Penitenciário Federal, um novo desenho na política
prisional brasileira com a participação direta da União. O projeto havia sido
anunciado três anos antes pelo recém-eleito presidente Lula, diante de uma
das mais graves crises da segurança do Rio de Janeiro.

SLIDE 2

-A cultura do crime e das disputas entre gangues, fomentada nas prisões,


transcendeu as grades e os muros para chegar ao lado de fora, nas cidades
mais violentas. A conexão decisiva entre prisões e quebradas, que se
intensificou depois de meados dos anos 2000, acabou criando um novo campo
de interação entre jovens e adultos que transitam por esse mundo. O espírito
de soldados em guerra, em disputa por mercados e poder, que até os anos
1990 parecia restrito aos integrantes dos grupos criminosos fluminenses,
acabou se replicando entre jovens brasileiros em diferentes quebradas.

-A disposição da polícia para responder ao crime com violência mostra


fragilidade em vez de força. O ano de 2018 seguiu sem controle, com grupos
rivais se destruindo e apavorando os bairros. Na pior das ocorrências, catorze
pessoas foram mortas em janeiro numa casa de forró em Cajazeiras, periferia
de Fortaleza. As investigações apontaram para uma retaliação do GDE contra
os rivais do CV, que organizavam a festa. Oito das vítimas eram mulheres. A
conexão cadeia-quebradas produziria um efeito dominó dois dias depois,
quando dez presos foram assassinados na Cadeia Pública de Itapajé, a duas
horas de Fortaleza. Segundo as autoridades, eles seriam membros do PCC,
aliados do GDE, e foram mortos por integrantes do CV.

SLIDE 3

-Seja como for, é importante ressaltar que, embora o PCC esteja entre as
facções com mais membros presos no sistema federal, a maioria quase
absoluta desses presos não é proveniente do sistema prisional de São Paulo
nem da estrutura paulista do PCC. Em sua quase totalidade eles pertencem à
sintonia dos Estados e Países ou à Sintonia dos Estados – ou seja, são
provenientes, atuam e cumprem pena em outros estados brasileiros que não
São Paulo. Eles são membros do PCC, mas pertencem aos quadros da
organização fora do território paulista, na expansão que se deu na última
década.

SLIDE 4

Há, contudo, duas exceções a essa regra. Os primeiros presos do alto escalão
do PCC paulista transferidos para o sistema federal foram Abel Pacheco de
Andrade, o Vida Loka, e Roberto Soriano, conhecido como Betinho Tiriça. As
transferências ocorreram em meio à crise de 2012, quando mais de cem
policiais foram executados em retaliação à atuação da Polícia Militar paulista.

Abel foi transferido em razão da Operação Leviatã, realizada pela Polícia


Federal durante o ano de 2011, após ser flagrado atuando no tráfico de drogas
e armas e ordenando homicídios fora das prisões. Soriano foi apontado como
autor de um bilhete com dados de um policial militar – nome, mãe, pai,
endereço, RG, matrícula – e a ordem expressa para matá-lo. Por causa do
bilhete, foi transferido inicialmente para Presidente Bernardes e em seguida
para a Penitenciária Federal de Porto Velho. Desde essa época, ambos se
encontram presos no SPF, tendo passado pelas quatro penitenciárias desse
sistema e criado problemas e tensões em todas elas.

Soriano foi o responsável pelo primeiro motim de uma unidade federal, em


setembro de 2013, em Porto Velho. Escutas o flagraram articulando presos de
diversas facções e defendendo a indisciplina. Pela primeira vez, pias, chuveiros
e vasos sanitários das celas foram quebrados. Em outras ocasiões, Soriano
fora acusado de incitar os presos a rejeitar a comida – os alimentos eram
atirados nos agentes penitenciários. Desde 2012, Soriano foi incluído treze
vezes no Regime Disciplinar Diferenciado. Agentes penitenciários afirmam que
ele não se submete às regras, é agressivo e exerce liderança negativa pelos
lugares por onde passa. As inúmeras intercorrências disciplinares de Soriano
fogem à regra do sistema federal. Ele ousou desafiar um regime rígido em seus
procedimentos disciplinares e no ordenamento social. O tensionamento entre
Soriano e o SPF explica o fato de as lideranças do PCC serem exceções nesse
sistema. Esses presos não admitem ser tratados com tanta rigidez. O PCC –
ao menos na sua sintonia Geral Final de São Paulo – não admite se submeter
a diversos procedimentos que fazem parte da rotina do SPF.

SLIDE 5

A imprensa acompanhava as operações de longe. Desde 2002, quando o


jornalista da Rede Globo Tim Lopes tinha sido morto por traficantes na Vila
Cruzeiro, uma das comunidades do Alemão, as redações fizeram um pacto
para não entrar nas favelas e assim preservar a vida de seus profissionais. A
cobertura no Rio sempre foi atípica, diferentemente da que é feita em outras
cidades. Por causa dos tiroteios, os arredores dos morros exigiam dos
jornalistas colete à prova de bala e capacete. Cabia às entidades de direitos
humanos denunciar os abusos contra os moradores da região. Durante quase
dois meses, morreram nessas operações ao menos 23 pessoas. “Tudo que
gostaríamos era ganhar essa guerra sem derramamento de sangue. Mas
temos uma criminalidade militarizada, muito bem armada, por razões históricas
que não cabe aqui avaliar”, justificava Cabral.

SLIDE 6

A expansão do PCC e a transformação do mercado de drogas foram efeitos


colaterais de uma abordagem equivocada na área da Justiça e da Segurança
Pública. A guerra que, supunham as autoridades, ajudaria a controlar o crime
promoveu a criação e a organização das facções criminosas, que assumiram
papel de inimigos e partiram para a ofensiva, cada vez mais endinheiradas e
dispostas ao embate. A vitória nessa disputa é mais difícil porque não depende
da violência, mas da capacidade de atrair pessoas em torno de projetos
voltados para o bem comum. Existe, no fundo, uma disputa de almas a ser
travada. Cada indivíduo, ao longo da vida, vive momentos de escolhas
decisivas que podem definir sua trajetória. Nesse mundo masculino que o livro
descreveu, existem muitas encruzilhadas. Os benefícios oferecidos pelo crime
são sedutores, mesmo que ilusórios – uma vida repleta de aventuras, mulheres
sensuais, dinheiro, carros, motos, drogas e baladas. Cobra-se um preço alto:
provavelmente a morte prematura ou a prisão. O crescimento do mercado de
drogas mostra que os jovens são levados a seguir essa trilha. Os discursos em
defesa da “vida bandida”, como forma de resistência ao “Sistema Opressor”,
contribuem para forjar um sentido coletivo e político para a decisão – mesmo
que, no fundo, o criminoso continue buscando principalmente ganhar dinheiro,
com menos esforço, em benefício próprio.

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