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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO

Disciplina: História
Professor: Luiz Felipe Cezar Mundim
Data e Local: Goiânia, dezembro de 2016
Aluno (a): ____________________________________________________________
Turma: __________

ATIVIDADE AVALIATIVA

01. Leia abaixo a definição para o verbete “Ditadura”:

(...) Antes de tudo, podemos definir ditadura como um regime político, uma forma de governo.
Como tal, é sempre um conceito relacionado à própria ideia de Estado. Além disso, a noção mais comum de
ditadura no Ocidente está, paradoxalmente, bastante relacionada à ideia de democracia. Nessa perspectiva, a
ditadura existe por oposição à democracia. Desde o século xix, com a ascensão da sociedade burguesa e dos
Estados liberais no Ocidente, a democracia passou a ser considerada a melhor forma de governo,
principalmente por ser oriunda do projeto político vencedor, o projeto político burguês. Daí em diante, o
termo ditadura passou a designar todos os governos não democráticos, assumindo, para a sociedade
ocidental, um significado negativo, visto que, para os valores burgueses, um regime positivo seria a
democracia, o regime de governo da maioria.
(...) Como a América Latina é um terreno fértil para diferentes tipos de governos ditatoriais, tal
discussão conceitual se torna imprescindível para se compreender a realidade vivida no continente.
Observando o caso específico do Brasil, não devemos esquecer que hoje, mesmo com o regime democrático
brasileiro, a herança cultural, social e econômica da última fase de ditaduras latino-americanas ainda é
bastante visível em nossa sociedade. Os professores de Ensino Médio e Fundamental, ao trabalharem com
ditaduras em sala de aula, estão tocando em um tema bastante sensível para determinados grupos sociais,
pois os atores sociais que participaram contra ou a favor do governo militar no Brasil são pessoas que, em
muitos casos, ainda estão atuantes no cenário político. Além disso, muitas famílias das vítimas da repressão
ainda permanecem sem explicações sobre o destino de seus parentes mortos nas malhas da ditadura, fato que
nos leva a uma das questões mais importantes no trabalho com esse tema: a repressão é característica muito
forte dessa forma de governo.
[SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Verbete Ditadura. In: Dicionário de Conceitos
Históricos. São Paulo: Contexto, 2010, pp. 105-108]

 Os regimes ditatoriais adotados na América do Sul tiveram sucessão durante o chamado período
“Guerra Fria” (1945-1989). A da leitura do trecho, tomando por base a discussão realizada em sala
de aula sobre autoritarismo e democracia, explique o porquê de esses regimes terem sido
implantados, e aponte para algumas consequências na vida cotidiana no caso da Ditadura civil-
militar no Brasil.

02. Leia o seguinte trecho:


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“Como derradeiro acontecimento, em 26 de novembro, pelo Decreto nº 55.082/1964, o presidente Castelo


Branco, com base em todos os argumentos anteriormente imputados ao governador de Goiás pelos generais
linha dura e seus aliados civis, endossou as articulações conspiratórias:

‘Art. 1º - É decretada a intervenção federal no Estado de Goiás para o fim específico


de manter a integridade nacional e eliminar ali as causas que ameaçam’.

Encerrava-se o governo maurista, colocando Mauro Borges Teixeira como um dos atores derrotados pela
ditadura civil-militar de 1964.”

[FAVARO, Tereza Cristina P. O Governo Mauro Borges (1961-1964): O Planejamento Tecnocrático e os


Limites do Personalismo Populista. Tese de Doutorado em História. UFG. Goiânia, 2015, p. 99]

 Que documento autora do texto acima comenta?


 Com base no trecho acima, e a partir do material recebido em sala de aula, explique resumidamente
as causas da retirada de Mauro Borges Teixeira do governo de Goiás.

02. Leia atentamente os seguintes trechos:


Trecho 1
Parte dos invasores é conhecida pela polícia e atua em movimentos considerados radicais
Após levantamentos de praxe, a Polícia Civil apurou que parte dos líderes da invasão é conhecida pela
corporação – alguns têm registros nos arquivos da polícia. Samuel Januário Tavares foi autuado, em agosto
de 2015, por porte de drogas. Rafael Saddi, que é professor na UFG e no IEG, estava presente na primeira
invasão ao prédio, no fim de janeiro. Outro professor preso, Thiago Oliveira Martins, também estava na
primeira ocupação do prédio. Thiago é servidor da Rede Estadual de Educação, pertence ao Movimento
Anarquista de Goiás.
Outro servidor da Rede Estadual, Alexandre de Paula Meirelles é, de acordo com a polícia, membro do
Movimento Anarquista de Goiás. Outro envolvido, Fabio Antonio de Oliveira Junior já foi ativista do
Movimento Estudantil Popular Revolucionário, ocasião em que participou de ações em que ônibus do
transporte coletivo foram incendiados, em Goiânia. Hoje, Fabio integra a União da Juventude Rebelião.
Os menores que participaram da invasão vão responder pelo ato infracional de dano ao patrimônio público.
Eles foram encaminhados para a Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) de Goiânia e liberados
em seguida. Em nota, o Governo de Goiás disse respeitar manifestações democráticas, mas afirma não
compactuar com ações criminosas articuladas por movimentos que manipulam os estudantes com claros
objetivos políticos.
[Diário de Goiás, Cidades, 17/02/2016]

Trecho 2
Professores continuam presos após protesto
Três professores e mais 18 manifestantes permanecem detidos na Deic e no 14º Distrito Policial
Três professores da rede pública de ensino continuam presos na Delegacia Estadual de Investigações
Criminais (Deic) após ação da Polícia Militar na Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte
(Seduce) na noite da última segunda-feira. Sobre Thiago Oliveira, Alexandre de Paula Meirelles e Rafael
Saddi – professores de escola estadual, da Universidade Estadual de Goiás e Universidade Federal de Goiás,
respectivamente – recaem suspeitas de dano qualificado (por ser ao patrimônio público) e corrupção de
menores.
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Além deles, mais 18 manifestantes – entre eles, estudantes universitários e secundaristas – seguem detidos na
Deic, sendo que três mulheres estão no 14º Distrito Policial. Também foram apreendidos 13 adolescentes. O
último foi entregue aos responsáveis na tarde de ontem.
No caso de Rafael Saddi, o advogado do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás
(Adufg), Hugo Esher, garantiu que não existe prova contra o professor. De acordo com Esher, Rafael estava
fora do prédio da Seduce no momento da ocupação, tentando negociar com a PM a saída dos estudantes. O
professor contou ter sido convidado a entrar no prédio para acompanhar a saída dos manifestantes, mas assim
que o fez recebeu voz de prisão.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que as prisões ocorreram “no cumprimento da legislação,
inclusive com acompanhamento de representante da OAB”. De acordo com secretaria, as prisões e
apreensões ocorreram devido a “atos de vandalismo”, além de ter havido descumprimento de acordo para
desocupação pacífica do prédio.
(...)
[Sarah Teófilo, O Popular, 17/02/2016]

Trecho 3
Desarquivando a ditadura: memória e justiça no Brasil (apresentação do volume II)
Este é o segundo volume de Desarquivando a Ditadura, cujos temas – a memória política e a justiça – são de
extrema relevância e atualidade para a sociedade brasileira. Como referido na Apresentação ao Volume I, a
tortura e outras graves violações aos direitos humanos foram institucionalizadas pelo Estado e
operacionalizadas pelos órgãos oficiais de repressão. A transição política foi feita com base em um consenso
que negou caráter público à memória dos horrores da ditadura. A publicidade desta memória foi reduzida ao
âmbito privado, à memória de indivíduos ou grupos identitários, não incluídos na negociação do pacto
político que estabeleceu os parâmetros da redemocratização. O advento do período democrático ainda está
marcado pela herança autoritária que se revela na sociedade e no Estado. Essa herança se reatualiza
diariamente em torturas, execuções sumárias, desaparecimentos forçados, no ocultamento dessas práticas e
na permanência de leis e instituições antidemocráticas.
A livre constituição de sujeitos políticos e jurídicos de memória é necessária não apenas para que se faça
justiça aos que diretamente sofreram – e ainda sofrem – a violência praticada pelo Estado ou sob o manto
protetor da conivência de seus agentes. A própria construção da democracia, com a transformação do legado
autoritário presente na sociedade e no Estado, depende do conhecimento do passado e do reconhecimento de
como a herança de violência se manifesta e é avaliada nos dias atuais.
(SANTOS, Cecília MacDowell; TELES, Edson; TELES, Janaína de Almeida (org.). Desarquivando a
ditadura: memória e justiça no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2009, v. 2, p. 341-342.)

 Com base na leitura dos trechos, responda as seguintes questões:


Questão 1: Qual o gênero textual dos trechos 1 e 2?
Questão 2: Quais as diferenças que você consegue identificar entre os trechos 1 e 2?
Questão 3: O trecho 3 menciona a permanência do autoritarismo na sociedade e no Estado. De onde
vem essa herança? Como ela se manifesta atualmente?
Questão 4: O trecho 3 fala sobre a importância do “conhecimento do passado e do reconhecimento
de como a herança de violência se manifesta e é avaliada nos dias atuais”. A partir desse trecho, e do
que foi discutido em sala, qual seria a importância da memória e do reconhecimento do nosso
passado de ditadura na construção da democracia?

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