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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESPECIALIZAÇÃO


GESTÃO EM SAÚDE MENTAL - EAD

ACADÊMICA: Eliza Afonso de Freitas

RESENHA CRÍTICA FILME: DOCUMENTÁRIO DEMOCRACIA EM VERTIGEM

É um Documentário do gênero político, lançado em 19 de junho de 2019, pela Netflix, com


duração de 2h1min. Uma produção brasileira sob a direção da cineasta Ana Petra Costa que é uma
cineasta brasileira, membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas desde 2018.Ela é
filha de militantes políticos, Manoel Costa e Marília Andrade, neta de um dos fundadores da
construtora Andrade Gutiierrez, os pais foram perseguidos pela Ditadura Militar. O nome da cineasta
foi dado em homenagem a um dos militantes dos movimentos sociais de trabalhadores e estudantis
da época e mentor de seus pais, o Pedro Pomar, morto pela perseguição dos militares na época. Aa
cineasta tem sido conhecida no universo cinematográfico pelas produções de caráter ensaístico e, já
dirigiu filmes de repercussão como Olhos de Ressaca, Elena, Olmo e a Gaivota e, também o
Democracia em Vertigem – este, por sua vez, relatando fatos marcantes da política brasileira,
intercalando com reflexões sobre o passado sombrio da Ditadura Militar e enfatizando o trajeto
histórico político desde o primeiro mandado do presidente Luís Inácio Lula da Silva (2002/2006) até
o processo do golpe de 2016 impetrado pelo impeachment da presidente Dilma Roussef.
Democracia em Vertigem: O documentário vem provocar uma reflexão sobre a fragilidade
de uma democracia relativamente recente (tomando como base a Constituição Federal Brasileira de
1988) e a polarização política entre a direita e a esquerda que proporciona um ambiente para
a ascensão da extrema-direita no Brasil. Para tanto, os pontos de reflexões em que o cenário político
ganha evidência traz como ponto de partida os anos de 1980, mais precisamente com o marco de Lula
na criação e liderança do Partido dos Trabalhadores – PT. Ele foi candidato por três campanhas
presidenciais consecutivas (1989, 1994 e 1998) perdendo em todas e se elegendo apenas em 2002,
vale ressaltar de que somente depois de haver uma conciliação com o mundo empresarial e não mais
com debates eminentemente opositor ao capital. Portanto, em 2002 Lula venceu as eleições com 61%
dos votos válidos. Sendo reeleito na eleição seguinte. Em 2010 no final do segundo mandato, ele
apresentou Dilma Rousseff (ex-presidente atualmente) como sua sucessora. Ela uma ex-guerrilheira
e líder dos movimentos sociais nos anos da ditadura militar, inclusive, sendo presa e torturada nos
anos 1970 aos 22 anos de idade. Em outubro de 2010 Dilma Rousseff venceu as eleições e se tornou
a primeira mulher presidente do Brasil. E em 1 de janeiro de 2011, Lula deixou o cargo com 87% de
aprovação dos brasileiros. E, deixou a aliança com o PMDB – considerado um casamento arranjado
entre PT e PMDB do ex-presidente Michel Temer, um político conservador e elitista, que foi o vice-
presidente de Dilma. Lula na época declarou a necessidade das alianças políticas no cenário político.
Em 2014, numa busca pela reeleição de Dilma Rousseff, ela venceu com pouca vantagem o neto do
ex-presidente, o Aécio Neves (PSDB) e, não aceitou os resultados das eleições e o partido iniciou
uma batalha durante nove meses em defesa do impeachment da então presidente. Em dezembro de
2015, os chamados “batedores de panela” comemoram a abertura do processo de impeachment de
Dilma no congresso. E a partir de março de 2016, o país vivenciou as mobilizações, acusações e
veiculação nas redes sociais e mídias de uma “luta” pelo retrocesso do país envolvendo Dilma e Lula.
E em 17 de abril de 2016, com a decisão de seiscentos parlamentares o destino do Brasil é fixado,
com a votação do impeachment e, em 12 de maio de 2016, retiram da presidência a primeira
presidente mulher eleita democraticamente. E Temer assumiu a regência do país (com um ministério
formado por homens e todos brancos, conservadores). E, no congresso as bancadas da extrema-direita
ganham forças. Em 02 de agosto de 2017 aparece a primeira denúncia contra Temer e o discurso
muda e o caso arquivado. Estima-se que a votação de arquivamento custou 4 bilhões em emendas
para os deputados protegerem o presidente. Seis meses antes das eleições de 2018, Lula liderava com
31% das intenções de votos, seguido por Bolsonaro com 15%, que fazia declarações antidemocráticas
nas redes sociais e mesmo assim uma parte significativa da elite começou a vê-lo como melhor
alternativa para defender os interesses do mercado. E no documentário a autora retrata a história
política do país das últimas décadas, mergulhando pelos porões sombrios vividos na época da ditadura
militar e a democracia brasileira posta em vertigem. Observa-se que o documentário revela que
durante toda sua história, o Brasil foi permeado por corrupção e desigualdades. O documentário
também denuncia as fragilidades das instituições de poder através do desmonte de instituições
públicas. Retrocessos na ciência e cultura, retratada pelo partidarismo da imprensa através de seus
ataques frequentes aos governantes de esquerda. Causando um colapso social no campo das ideias e
consequentemente a polarização de lideranças políticas e candidatos. Analisando as reflexões
advindas do documentário em paralelo com os debates e conteúdos abordados no módulo de estudo,
verifica-se que a relação entre Estado e sociedade civil e dos seus entes entre si, que predominam no
Brasil, estão, o clientelismo, o corporativismo, o insulamento burocrático e o universalismo de
procedimentos. Especialmente, porque a Unidade II destacou as questões sobre Direitos Sociais e
Políticas Públicas no Brasil, abordando temas que deslocam a discussão sobre o Estado, o Governo e
os Direitos Sociais do cenário global e clássico para um cenário nacional e atual, principalmente,
diante do cenário político no período ditatorial-militar no Brasil e suas consequências até os dias
atuais e toda polarização política que impacta na garantia de direitos sociais já conquistados. Para
Cintra (2017) as elites políticas e econômicas importam o discurso liberal moderno, principalmente,
do grande empresariado. De acordo com Bobbio (1987) a democracia pode ser definida como a forma
de governo na qual o poder é exercido por todo o povo, entretanto, com o golpe de 2016 a democracia
se apresentou em vertigem. Movimento que foi o responsável pelo início da instabilidade na garantia
de direitos sociais que estão assegurados em constituição, em especial na saúde. O atual cenário
político brasileiro configura-se delicado, como visto nos textos e debates da Unidade II. A partir do
golpe de 2016 a todo momento o que se presenciou foram as tentativas de retirada de direitos,
motivadas por interesses econômicos e disputas políticas. Se tornando um cenário político
pulverizado, multipartidário e com fortes indícios de polarização afetiva. Por fim, o documentário
possibilita que haja uma análise crítica e reflexivo acerca do Estado, do governo e dos direitos sociais
e, neste sentido, os direitos à saúde e sobretudo a saúde mental.

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade. Para uma teoria geral da política. Marco Aurélio
Nogueira. — Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

CINTRA, Wendel Antunes. Estado e Sociedade. Salvador: UFBA, Faculdade de Direito, 2017. 76
p. il.20.

COSTA, Ana Petra. Democracia em Vertigem. Documentário. Netflix, 2019.

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