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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DE SERRA TALHADA

FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO


CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

HELLEN CAROLINE SIQUEIRA SANTOS

RESENHA CRÍTICA: MARIGHELLA

SERRA TALHADA- PE
ABRIL DE 2022
1. INTRODUÇÃO

Muito se tem discutido acerca da luta contra as forças que oprimem e desenganam os
direitos de todos, todas e todes. É de suma importância trazer para nossa discursão
“Marighella”, obra de gênero narrativo, drama e bibliográfico, transformado em filme com
direção de Wagner Moura. Com sucesso de bilheteria em 2021, Marighella retrata com total
luminosidade a vida e trajetória do militante de esquerda contra a ditadura militar brasileira,
político, guerrilheiro e poeta. Lutou pelos direitos humanos durante a década de 60 em são
Paulo. Carlos Marighella, militante do Partido Comunista Brasileiro e fundador da Ação
Libertadora Nacional, ALN. O maior grupo armado de oposição à ditadura militar de 1984.
Nesta narrativa repleta de revelações, o jornalista Mário Magalhães, autor do livro
“Marighella – o guerrilheiro que incendiou o mundo”, que investiga as várias facetas de sua
trajetória. Que são retratados no filme.  Em ritmo de thriller do cantor Michael Jackson, e Elza
Soares com suas letras significativas e inteligentes que dramatiza e reconstitui com o realismo
as passagens de Marighella pela prisão, resistência à tortura, operações de espionagem na
Guerra Fria e assaltos da guerrilha a bancos, carros-fortes e trem-pagador. Obra feita com
classificação indicativa para maiores de 16 anos.
Conhecer esta narrativa e ver as cenas, os transporta para um cenário de lutas e
relutas pela marcha contra os fascistas, que desenvolviam e promoviam discórdia pela
classe negra e pobres de periferia no brasil na década de 80. Além disso, a obra analisada
propõe uma ressignificação diante do biografado: de um personagem esquecido à um
protagonista da resistência no período da ditadura militar brasileira. A vida de Carlos
Marighella (1911-69) foi tão frenética quanto surpreendente. Militante comunista desde a
juventude, deputado federal constituinte e fundador do maior grupo armado de oposição à
ditadura militar, esse mulato de Salvador era também um talentoso poeta irreverente e
brincalhão.  A obra se faz com narração, contada pelo escritor e jornalista Mário
Magalhães que se interessou pela história do brasileiro. O valor que foi a vida e trajetória
de Marighella é instigante e influencia para história cultural e social que temos nos dias
atuais. Essa obra tanto cinematográfica quanto literária, de pessoas que se preocuparam em
descrever com riquezas e detalhes os diversos perigos e torturas que o protagonista e seus
amigos sofreram naquela década, recorte que remete ao presente contexto pelo qual
estamos passando no Brasil. “O capitalismo é marcado por contradições internas que o
tornam propensos a crises. A sua história registra crises periódicas de repercussões
diversas. Desde o final da década de 1960, início da década de 1970, uma crise estrutural
de grandes proporções é vivenciada mundialmente pelos países capitalistas (MÉSZÀROS,
2009).”

2. DESENVOLVIMENTO
É possível buscar flashes do período trazido no filme e apontar diversos recortes do
tempo passado. O Brasil enfrentou as crises de modo diferenciado ao longo dos anos e os
seus efeitos repercutiram na economia e na condição estrutural do trabalho, mais
fortemente, nos anos 1990, confirmando características já notadas no país, desde a década
anterior, como o desemprego prolongado, a baixa massa salarial e o grande percentual de
atividades informais no total das atividades econômicas. Ainda que alguns indicadores do
trabalho tenham melhorado, no início do século XXI, especialmente entre 2004 e 2008,
estas características não foram modificadas. Além disso, o ano de 2009 trouxe indicadores
pessimistas, revelando os reflexos do aprofundamento da crise, a partir da crise do setor
imobiliário nos Estados Unidos, que eclodiu em 2008 e se expandiu para outras áreas da
economia e para outros países. Assim, apesar de o governo brasileiro vir adotando medidas
desde 2008, com vistas a reduzir os impactos dessa crise, nos últimos anos suas iniciativas
não foram suficientes para manter elevados os indicadores do trabalho, nem para retomar a
taxa de crescimento econômico, “no ano passado [2014] o resultado primário do governo
central fechou negativo em -0,34% Produto Interno Bruto (PIB). Tal situação provocou
forte pressão do mercado financeiro pela retomada de uma política fiscal de corte de gastos
públicos” (SALVADOR; SILVA, 2015, p. 26).
O contexto traz: A ditadura militar opressora da década de 64 a 85, percorre vastos
anos de medo e revolta. Os militares brasileiros, com apoio de civis, conduziram o país
mediante eleições indiretas de presidentes tendo como chefes do executivo federal homens de
altas patentes de forças armadas. Nesse período foram criados atos institucionais que colocam
em prática a censura, a perseguição política, a supressão de direitos constitucionais, a falta
total de democracia e a repressão àqueles que eram contrários ao regime militar. (Alice Leão
da silva, Fabiana Katarina Fartolino de almeida, Maria Clara silva de Souza, e Rayra
Torquato de lima, 2019)
O parágrafo acima nos remete a forma como foram tratadas as pessoas que se opuseram
à ditadura e como podemos imaginar que também ocorreu com Marighella ao tentar lutar
pelo certo.
A Política vigente é e sempre foi homogeneizada por aqueles querem poder em si e não
em decisões democráticas.
Este trabalho ativista de políticas de liderança do Partido do Brasil (PCB) e de
militantes ligados aos processos sociais, com o comunista de movimentos relacionados ao
objetivo de operacionalização de ideias sobre a raça e nacionalidade que pelos dois grupos,
durante o período de abertura democrática seguinte ao final do Estado Novo, resultando em
estratégias diferenciadas. De um concurso, eles enfatizam sua própria condição racial ao se
apresentarem como representantes dos dois, o voto dessa opção, parcial ativista, o que
resultaria no fenômeno negro no lado eleitoral, o que resultaria no fenômeno negro no lado
eleitoral, enquanto fenômeno racial. Por comunistas o povoam, no entanto, diferentemente
sua construção político-partidária, sem, contudo, ignorar o debate sobre a situação da
população negra na sociedade brasileira. A hipótese central para política das experiências de
comunistas e negros foi de que eles concorreram na cena nacional com variações da noção
que negro é povo no Brasil. Como fontes utilizadas para realizar uma pesquisa foram
exclusivamente documentais: jornais, revistas, correspondências, registros elaborados ou
arquivados por órgãos do Estado (exemplo do Superior Tribunal Eleitoral e do Departamento
de Ordem Política e Social), documentos de circulação interna e de divulgação tanto de
partidos políticos quanto de organizações negras. O uso de fontes variadas pode contribuir
para a revelação de como alguns acontecimentos foram reforçados e outros apagados do
passado. (SOTERO, 2015)
Existe a necessidade da questão racial atrelada ao filme e a realidade nos traz a mente
que o antes não está diferente do agora. Imaginar ser negro e ainda existe opressão mesmo
que cristalizada, por mais que tenhamos acessos aos direitos e aos deveres. O filme retrata a
quebra dos principais direitos. Segundo a Declaração Universal dos Direitos humanos (1948,
p.1,2.): apresenta em seus artigos 1, 2 e 3 que:
Art. 1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.
Art.2. Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades
proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de
cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou
social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será
feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou
do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob
tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Art.3. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
3. CONCLUSÃO
Ao assistir o filme, as indagações dos porquês foram surgindo, porém, é necessário
entender o contexto histórico e social latente que perpassa ao longo de trama que se
apega ao presente. Apresenta com luminosidade os fatos históricos da nossa sociedade
brasileira. E conta com detalhes e emoção em linha tênue os processos mais dolorosos da
nossa história. Conhecer nunca é demais. O saber é semente e fruto. Recomenda-se
Marighella, para a construção social e democrática da cultura e do entendimento.
Enquanto o mundo brasileiro é arrastado pelo nazifascismo, vendo aqueles que
lutaram pela mesma causa morrerem, existiu e que continue o cuidado para que todos
pudessem e possam ter voz e vez para seguir em frente com dignidade. Ver a cena do
filme, em que Marighella observa de longe seu filho Carlos e não pôde abraçá-lo ou
protegê-lo de tudo ou todos, porque a luta pela democracia o impediu e o fez ser
perseguido. Por trás de um homem de luta tem um pai preocupado e amoroso que batalha
pelo aguardado futuro logo ali adiante. Impossível não citar as cenas de violência e
torturas presentes na obrar e o quão doloroso é entender que muitos precisaram passar
pela dor para provar que existe igualdade e honra em se reerguer por todos os direitos
humanos. E como cantou Elza Soares em Pequena memória para um tempo sem
memória:

Memória de um tempo onde lutar


Por seu direito é um defeito que mata
São tantas lutas inglórias

São histórias que a história


Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens

São sementes espalhadas nesse chão.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA LEÃO, A.; FARTOLINO DE ALMEIDA, F. K.; SILVA DE SOUZA, M. C.;


TORQUATO DE LIMA, R. MULHERES, HOMOSSEXUAIS, INDÍGENAS E NEGROS
NA DITADURA CIVIL MILITAR: UMA ANÁLISE SOBRE AS MINORIAS NO
REGIME POLÍTICO. Das Amazônias, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 45–58, 2019. Disponível em:
https://periodicos.ufac.br/index.php/amazonicas/article/view/3232. Acesso em: 25 mar.
2022.

DA SILVA, Maria Lucia Lopes. Trabalho e previdência social no Brasil no


contexto de crise do capital. O Social em Questão, v. 18, n. 34, p. 137-160, 2015.

FERREIRA, Muniz. Radicalizando a política: a crítica de Marighella às posições do


PCB no imediato pós 64. Revista Novos Rumos, v. 50, n. 2, 2013.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Edições Vértice, 1990.

KARAM, Francisco José Castilhos. Jornalismo, ética e liberdade. São Paulo: Summus, 1997.

KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo. 2ª ed. São Paulo: Geração
Editorial, 2004.

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: O livro-reportagem como extensão do jornalismo


e da literatura. São Paulo: Manole, 2009.

LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo


artista. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LIPPMANN, Walter. O mundo exterior e as imagens em nossas mentes. In: Opinião pública.
Petrópolis: Vozes, 2004.

MAGALHÃES, Mário. Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo. São Paulo:


Companhia das Letras, 2012.

MIGUEL, Luis F; BIROLI, Flávia. A produção da imparcialidade. A construção do discurso 

SOTERO, Edilza Correia. Representação política negra no Brasil pós-Estado


Novo. 2015. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
https://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/carlos-marighella/

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