Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Introdução
Podemos dizer que a Ditadura Militar no Brasil durou cerca de 21 anos (1964-
1985), composta por um regime autoritário que teve início com o golpe militar em 31
de março de 1964, com a deposição do então presidente João Goulart. Tinha como
objetivo principal evitar o avanço das organizações populares do Governo de João
Goulart, acusado de comunista, pelo fato de ter apoiado a URSS.
Jango teve suas políticas trabalhistas de pronto desagradaram os setores
mais conservadores da sociedade brasileira, que, quando sua tentativa de buscar
apoio junto às massas para suas “reformas de base” ganhava força, optaram por
derrubá-lo, apoiados nas Forças Armadas e na “experiência histórica em intervenção
política”. por parte do Exército Brasileiro. (WASSERMAN, 2004). É importante
ressaltar que o golpe de estado foi saudado por ampla camada da população
brasileira, como os militares que comemoraram a queda de Jango e o fim da
“ameaça comunista, mas o restante da população mal sabia eles do que iria
acontecer com drásticas mudanças na sociedade que iria desgostar muitos deles.
(Ditadura, Brasil1891,202p)
Primeiro entre os presidentes/generais, o governo de Castelo Branco tomou
decisões que deram início à anos de muita turbulência onde o país viveu sob um
regime autoritário que visava o total controle da sociedade, ocasionando repressão
política, censura, exilamentos, torturas, e assassinatos, que estiveram presentes nos
governos militares desde o princípio, e eram colocados por “debaixo dos panos” da
sociedade.
Smith (2000) nos diz que com relação a repressão sofrida pela sociedade:
tinham alto teor de critica social à medida que denunciavam a violência empregada
pelo Estado, as desigualdades presentes na sociedade e a ausência da democracia,
por ser um período de exceção.
Um dos principais artistas da música de protesto no período da ditadura foi
Chico Buarque, que compôs canções que se tornaram verdadeiros hinos da
resistência popular, como "Apesar de Você", "Cálice" e "Roda Viva". As letras de
suas músicas retratavam o clima de repressão e perseguição política vivido no país,
e a resistência da população contra o autoritarismo.
Geraldo Vandré também se destacou na época com a música "Pra Não Dizer
Que Não Falei das Flores" um dos marcos da luta pela democracia. Tendo
participado no Festival Internacional da Canção de 1968, marcando a história como
símbolo de resistência cultural ao regime ditatorial. Além de ser utilizada em várias
manifestações populares.
Além de Chico Buarque e Geraldo Vandré, outros artistas e grupos musicais
também contribuíram para a música de protesto no período da ditadura, como Elis
Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, entre outros. As canções desses
artistas expressavam a insatisfação e a indignação da população brasileira com o
autoritarismo, a censura e a violência do Estado.
A música de protesto não se limitou apenas às letras das canções. Os artistas
também utilizavam sua imagem e performance no palco para transmitir mensagens
políticas e sociais. Um exemplo disso foi a apresentação de Caetano Veloso e
Gilberto Gil no Festival da Canção de 1968, que se apresentaram vestidos com
roupas de presidiários, em protesto contra a perseguição política e a censura à
liberdade de expressão.
De acordo com Napolitano, nos quatro primeiros anos do regime no que diz
respeito a cultura tem-se a sensação de que o mesmo adotou uma forma mais
branda, destacando a necessidade de análise mais ampla desse contexto. A
ditadura teve como desafio o aspecto cultural de forma que “o fato é que a ‘questão
cultural’ foi o calcanhar de Aquiles da ditadura, expressão das suas grandes
contradições e impasses, mesmo que ela não tenha se limitado a uma política
cultural meramente repressiva.” (NAPOLITANO, 2014)
Por questões estratégicas, a ditadura não podia abandonar ou romper com a
classe média do país, considerada a sua base social, por esse motivo precisa
6
Músicas de protesto
A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, foi uma
época em que a liberdade de expressão foi cerceada, travada, proibida, e o modo de
vencer e derrubar essa marcação cerrada seria usar a arte, e expressar desejos e
anseios através da música. Com isso, as músicas se tornaram hinos e verdadeiros
gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar
como desejo. As letras eram consideradas complexas e repletas de metáforas, mas
elas traduziam tudo o que as pessoas sentiam, pensavam e gostaria de falar e se
expressar livremente, mas não podiam, pois corriam risco de serem presas,
torturadas e mortas.
Embora existissem indizíveis atos de censura e opressão que esses músicos
tiveram que enfrentar, suas composições continuam sendo marcos na história e na
cultura nacional.
Os principais representantes dos movimentos eram os estudantes e
percebemos a inclusão de alguns artistas que começaram a ocupar espaço em meio
aos movimentos e foi através deles que esses movimentos foram ganhando mais
força e apesar da repressão continuaram sendo símbolo de resistência, não
desistindo de suas lutas. As músicas estavam entre os principais alvos da censura,
pois além de dar voz os artistas e a população ela também assustava os inimigos.
8
A Canção “Cálice”
Cálice é uma canção com muitas metáforas nas quais Chico Buarque e
Gilberto Gil usaram para contar sobre a situação em que vivia a sociedade durante a
ditadura militar. Essa música foi escrita para expressar as desigualdade social no
Brasil naquele período, a música foi censurada antes de ser lançada, devido a letra
conter denuncia e crítica social, e só foi lançada cinco anos depois.
Foi uma obra escrita em 1973 e em dose dupla, onde Chico Buarque e Gilberto
Gil, lançada somente em 1978, se tornando um dos mais belos hinos de resistência a
forma de tratamento do regime militar. Por esse motivo é considerada uma canção de
protesto, que tem metáforas, duplos sentindo e repressão ao regime de governo que
era demasiadamente autoritário e contra a violência. Conforme a letra abaixo
9
Nessa parte percebe-se uma parte da Bíblia, que é como se tivesse pedindo
ajuda para não chegar perto de algo ruim, trazendo ideias e sentido de perseguição
e sofrimento.
Nessa parte vemos o problema de ter que ficar calado, vendo tudo de ruim
ocorreu ao seu redor, dia e noite e não poder falar nada, somente aceitar e ficar
quieto. E que a qualquer momento poderia se tornar vítima, e perante o cenário de
horror, a vontade de gritar e fazer algo para mudar a situação, ir ao combate e a luta.
Sem contar a vontade de ter nascido em outro lugar, em outra realidade. Segundo
Marcello (2022):
10
A segunda música escolhida: "Pra não dizer que não falei das flores" foi
escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, como já destacado anteriormente.
Foi uma música censurada pelo regime, e tendo o autor da letra fugir do país para
não ser preso, torturado e morto. A letra incentivava os brasileiros a se revoltarem
contra a ditadura. A música virou um hino de objeção para a polução daquela época,
obtendo o 2º lugar no Festival da Canção em 1968, conhecido como “Caminhando”
tornando-se um dos hinos mais usados na época militar. Com a seguinte letra:
Nessa estrofe lemos a ideia de uma passeata ou protesto onde todos são
iguais, não importando a cor, raça, condição social, estavam juntas pela mesma
causa, onde todos devem se unir e lutar pela liberdade.
Nessa parte vemos o convite a ir à luta, a buscar pelos seus direitos, que não
fiquem vendo tudo acontecer e não ter atitudes, não fazer nada, só olhar.
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
simbologia deles, a imagem de flores como força contra o governo mostrando seus
ideais de paz e sua ideia de bom relacionamento entre todos.
Nessa estrofe final temos a ideia repassada de que todos somos cidadãos,
temos os mesmos direitos e deveres dentro da sociedade, então se faz tipo um
convite para que todos se juntem e possam ir à luta para vencer essa desigualdade
e realizar um movimento revolucionário para lutarem e vencerem. Que deveriam
fazer isso em homenagem as pessoas que sofreram e morreram devido a opressão
do regime nessa época. Que só dependia deles, a população para mudar a então
situação do nosso país, que estavam cansados de sofrer injustiças, que não
12
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Considerações Finais
13
Referências
MARCELLO, Carolina. Música Para não dizer que não falei das flores, de
Geraldo Vandré (análise da música). 2023. Site Cultura Genial. (Carolina Marcello
– Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos
Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
Disponível em: < https://www.culturagenial.com/musica-pra-nao-dizer-que-nao-falei-
das-flores-de-geraldo-vandre//>. Acesso em: 20 fev. 2023.
MARCELLO, Carolina. Música Apesar de você, de Chico Buarque (12 melhores
músicas de Chico Buarque - analisadas). 2023. Site Cultura Genial. (Carolina
Marcello – Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em
Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do
Porto). Disponível em: < https:// https://www.culturagenial.com/musicas-chico-
buarque//>. Acesso em: 20 fev. 2023.
MONTEIRO, José Fernando Saroba. Canções de Protesto: O avanço da esquerda
para e pelas artes. 17 p. IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV
ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE O CINQUENTENÁRIO DO
15
XAVIER, Lucas. Por que a Guerra Fria tem este nome? 29 de maio de 2018.
UNIFEBE. É nossa. É daqui. Disponível em:
<https://www.unifebe.edu.br/site/blog/por-que-guerra-fria-tem-este-nome/
#:~:text=Porque%20recebeu%20esse%20nome%3F,vit%C3%B3ria%20em
%20uma%20batalha%20nuclear.> Acesso em: 02 ago. 2022.