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“Calada a boca resta o peito”: Canções de protesto do período da ditadura

civil-militar brasileira (1964-1985)

KEILA MARIA SILVA 1

Resumo

Este artigo tem como objeto de pesquisa as canções de protesto do contexto da


ditadura civil militar brasileira (1964- 1985), no qual foram discutidos a forma de
resistência através das músicas de protesto, e tem como objetivo geral refletir sobre
a relevância das músicas de protesto, como elemento cultural sensível na sociedade
brasileira, no contexto da ditadura civil militar brasileira entre os anos de 1964 a
1985. Para realização do trabalho foi feita uma pesquisa bibliográfica com leitura,
fichamento e análise de autores, de textos que falassem sobre a ditadura civil militar
brasileira, a perspectiva cultural ou sobre as canções de protesto. Dentre os autores
destaco: Smith (2000), Wassermann (2004), Del priory e Venâncio (2001),
napolitano (2014). Por meio da pesquisa foi possível perceber que as canções de
protesto tiveram uma grande repercussão e serviu de pontapé inicial na luta contra
a censura, e continuam fazendo sucesso até hoje, não somente no gosto musical,
quanto no ramo histórico por serem consideradas como um marco importante de
luta em nossa sociedade.

NO RESUMO FALTA APRESENTAR OS OBJETIVOS.


Tente reescrever a conclusão aqui e no final do texto. Busque responder qual a
relevância das canções de protesto para o período?
Palavras-chave: História. Ditadura Civil – Militar. Canções de Protesto. Censura.

Introdução

O período de exceção vivido pela sociedade brasileira entre 1964 e 1985,


conhecida popularmente como Ditadura Civil-Militar, foi marcada por diversos
contextos de resistência ao regime: política, social e cultural. Dessa forma, o estudo
apresentado visa avaliar como se deu a resistência à Ditadura Civil- Militar no
contexto cultural, por meio da analise das músicas ditas como de protesto a esse
regime. Assim, o objeto de pesquisa vincula-se as canções de protesto, concebidas
como elemento cultural sensível na sociedade brasileira, no contexto da ditadura
civil militar brasileira entre os anos de 1964 a 1985.

1 Graduanda em História pelo PARFOR-UFPI. E-mail: mariakeila233@gmail.com


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Nesse contexto, em que o povo, principalmente estudantes e a classe


artística, buscando uma forma de se libertar da repressão que a cada dia que se
passava ia tomando de conta de tudo e todos, usaram suas canções para tentar
mostrar a população que tinha algo de errado se passando ali e serviu de pontapé
para muitos movimentos que começaram a surgir. O recorte temporal da pesquisa
vai de 1968 a 1978, período em que a censura ainda predominava e esses artistas
tentaram a todo custo buscar a liberdade através dessas canções. Já o recorte
espacial procura avaliar a realidade brasileira. 
Temos como objetivo geral refletir sobre a relevância das músicas de
protesto, como elemento cultural sensível na sociedade brasileira, no contexto da
ditadura civil militar brasileira entre os anos de 1964 a 1985. E como objetivos
específicos: Compreender o período da ditadura civil militar a partir do elemento
cultural e da censura; identificar artistas e canções que se destacaram como
representantes e símbolos de manifestações contrarias ao governo ditatorial;
ponderar sobre a influência das canções na busca por liberdade de expressão
durante a Ditadura Militar no Brasil.
Sendo assim, apresenta-se como problemática: Qual a relevância das
canções de protesto, concebidas como elemento cultural sensivel na sociedade
brasileira, no contexto da ditadura civil militar brasileira entre os anos de 1964 a
1985? Responderemos essa questão depois do exposto do significado das
mensagens repassadas e na busca de informações de como era a vida da classe
artística dentro da sociedade na época ditatorial.
Para a realização do estudo foram utilizados os seguintes procedimentos para
a coleta de dados: pesquisa bibliográfica e levantamento das canções de protesto
selecionadas, ambos os recursos foram avaliados por meio da leitura, fichamento e
análise do material, e através deles será possível conhecer um pouco mais da
história, dos exemplos e tudo o que pudermos achar sobre essa época e sobre a
expressão artística e cultural de uma sociedade sedenta pela busca dos seus
direitos e liberdade de expressão.

A Ditadura Civil Militar no Brasil


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Podemos dizer que a Ditadura Militar no Brasil durou cerca de 21 anos (1964-
1985), composta por um regime autoritário que teve início com o golpe militar em 31
de março de 1964, com a deposição do então presidente João Goulart. Tinha como
objetivo principal evitar o avanço das organizações populares do Governo de João
Goulart, acusado de comunista, pelo fato de ter apoiado a URSS.
Jango teve suas políticas trabalhistas de pronto desagradaram os setores
mais conservadores da sociedade brasileira, que, quando sua tentativa de buscar
apoio junto às massas para suas “reformas de base” ganhava força, optaram por
derrubá-lo, apoiados nas Forças Armadas e na “experiência histórica em intervenção
política”. por parte do Exército Brasileiro. (WASSERMAN, 2004). É importante
ressaltar que o golpe de estado foi saudado por ampla camada da população
brasileira, como os militares que comemoraram a queda de Jango e o fim da
“ameaça comunista, mas o restante da população mal sabia eles do que iria
acontecer com drásticas mudanças na sociedade que iria desgostar muitos deles.
(Ditadura, Brasil1891,202p)
Primeiro entre os presidentes/generais, o governo de Castelo Branco tomou
decisões que deram início à anos de muita turbulência onde o país viveu sob um
regime autoritário que visava o total controle da sociedade, ocasionando repressão
política, censura, exilamentos, torturas, e assassinatos, que estiveram presentes nos
governos militares desde o princípio, e eram colocados por “debaixo dos panos” da
sociedade.
Smith (2000) nos diz que com relação a repressão sofrida pela sociedade:

Considera-se em geral que a divisão básica nas forças militares era a


existente entre os partidários da linha dura, identificados com o
presidente Médici (1969-74), e a ala mais moderada, identificada
com o presidente Castelo Branco (1964-67) ou com o presidente
Geisel (1974-79). Esses dois rótulos por vezes são entendidos com
referentes a posições quanto a, por exemplo, o grau de repressão
considerado necessário ou o nível apropriado de consulta à
sociedade civil. (SMITH, 2000, p. 8.)

Já em 1967, se assiste a um aumento no nível de repressão, com objetivo de


garantir a “segurança nacional”, conforme sustentam Del Priore e Venâncio (2001):

Alegando a ameaça comunista e acentuando uma tendência de


endurecimento, que vinha desde o ano anterior – com a eleição do
general Costa e Silva em 25 de maio de 1966 -, o governo militar
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tende a se tornar cada vez mais ditatorial. Nesse contexto é


fortalecida a doutrina de segurança nacional, que tornava prioridade
entre as forças armadas a luta contra a ameaça interna e não mais a
defesa contra inimigos estrangeiros. (DELE PRIORE E
VENÂNCIO,2001, 37.)

A respeito da Doutrina de Segurança Nacional, esta já era ensinada durante a


formação do Regime Militar, e buscava, Segundo SERBIN (2001) apud BORGES,
“resgatar o desejo secular do Brasil de se tornar uma potência mundial e colocar as
Forças Armadas como defensoras da civilização cristã ocidental contra o
comunismo”.
Segundo GASPARI (2002), embora todo o período seja denominado de
ditadura, ele reforça o termo com a qualificação escancarada para os anos de 1968
a 1974 devido à intensificação do mecanismo da tortura. Com isso, ameniza o
trabalho dos ditadores Castello Branco, Costa e Silva, Geisel e da junta militar. Se
Médici foi quem mais baniu, exilou, torturou e matou, coube aos demais preparar as
forças repressoras para atuar nos porões do regime e inocentá-las posteriormente.
Por isso, não há mais ou menos ditador nessa longa noite sem luar de nossa
história.
Mas a sociedade reagia às arbitrariedades do governo, como por exemplo no
mundo das artes, onde foi encenada a peça "Liberdade, Liberdade", de Millôr
Fernandes e Flavio Rangel, que criticava o governo militar em 1965. Então os
festivais de música brasileira foram cenários importantes para atuação dos
compositores, que escreviam canções de protesto, que conheceremos agora.

A Ditadura Civil-Militar por um viés cultural

A Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) teve um impacto significativo no


cenário cultural do país, especialmente na música popular brasileira. Assim vamos
discutir um pouco sobre o papel das músicas de protesto na resistência ao regime
ditatorial, destacando seus principais artistas e canções.
No período da Ditadura Militar, houve censura em vários víeis como na
imprensa no geral e no setor cultural do país, essa questão impactou a liberdade de
expressão dos indivíduos que tinham suas vidas controladas pelo governo. Como já
relatado acima, uma das formas de reação popular foram às músicas, suas letras
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tinham alto teor de critica social à medida que denunciavam a violência empregada
pelo Estado, as desigualdades presentes na sociedade e a ausência da democracia,
por ser um período de exceção.
Um dos principais artistas da música de protesto no período da ditadura foi
Chico Buarque, que compôs canções que se tornaram verdadeiros hinos da
resistência popular, como "Apesar de Você", "Cálice" e "Roda Viva". As letras de
suas músicas retratavam o clima de repressão e perseguição política vivido no país,
e a resistência da população contra o autoritarismo.
Geraldo Vandré também se destacou na época com a música "Pra Não Dizer
Que Não Falei das Flores" um dos marcos da luta pela democracia. Tendo
participado no Festival Internacional da Canção de 1968, marcando a história como
símbolo de resistência cultural ao regime ditatorial. Além de ser utilizada em várias
manifestações populares.
Além de Chico Buarque e Geraldo Vandré, outros artistas e grupos musicais
também contribuíram para a música de protesto no período da ditadura, como Elis
Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, entre outros. As canções desses
artistas expressavam a insatisfação e a indignação da população brasileira com o
autoritarismo, a censura e a violência do Estado.
A música de protesto não se limitou apenas às letras das canções. Os artistas
também utilizavam sua imagem e performance no palco para transmitir mensagens
políticas e sociais. Um exemplo disso foi a apresentação de Caetano Veloso e
Gilberto Gil no Festival da Canção de 1968, que se apresentaram vestidos com
roupas de presidiários, em protesto contra a perseguição política e a censura à
liberdade de expressão.
De acordo com Napolitano, nos quatro primeiros anos do regime no que diz
respeito a cultura tem-se a sensação de que o mesmo adotou uma forma mais
branda, destacando a necessidade de análise mais ampla desse contexto. A
ditadura teve como desafio o aspecto cultural de forma que “o fato é que a ‘questão
cultural’ foi o calcanhar de Aquiles da ditadura, expressão das suas grandes
contradições e impasses, mesmo que ela não tenha se limitado a uma política
cultural meramente repressiva.” (NAPOLITANO, 2014)
Por questões estratégicas, a ditadura não podia abandonar ou romper com a
classe média do país, considerada a sua base social, por esse motivo precisa
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manter dois aspectos relevantes para essa classe, a cultura e a liberdade de


expressão, conforme defende Napolitano.

A cultura e a liberdade de expressão eram os pontos mais sensíveis


para amplos setores dessa classe, da qual provinham os artistas e
quadros intelectuais mais reconhecidos da época. Não por acaso, o
Ato Institucional e a perseguição a intelectuais foi prontamente
criticada, mesmo por vozes liberais que não tinham simpatia pelo
governo deposto em 1964. (NAPOLITANO, 2014)

Contudo, aspectos como a censura e a repressão tornariam essa relação


cada vez mais complexa com o passar dos anos do regime. A relação entre a
ditadura e a cultura se deu tanto de forma direta como indireta ainda segundo o
mesmo autor. Esta relação se deu de forma direta e indireta.

Direta, pois o regime desenvolveu várias políticas culturais ao longo


de sua vigência. Indireta, pois a cultura se beneficiou também das
políticas gerais de desenvolvimento das comunicações e do estímulo
ao mercado de bens simbólicos, visando à “integração nacional”.
Para os militares, a cultura era subsidiária de uma política de
integração do território brasileiro, reforçando circuitos simbólicos de
pertencimento e culto aos valores nacionais, ou melhor,
nacionalistas. (NAPOLITANO, 2014)

Contudo, a censura e a repressão tornariam essa relação bem mais difícil


com o passar dos anos do regime. A relação entre a ditadura e a cultura se deu
tanto de forma direta como indireta, como afirma o mesmo autor

Combinação de produção de informações, vigilância-repressão


policial por meio das Delegacias de Ordem Política e Social (DOPS),
das inteligências militares e do sistema Codi/DOI(Centro de
operações de Defesa interna-Destacamento de operações e
informações) e censura, a cargo da Divisão e Serviços de Censura
às Diversões Públicas do Departamento de Polícia Federal
(DPF/DCDP) e do Gabinete do Ministério da Justiça, especificamente
no caso do controle da imprensa. (NAPOLITANO, 2014)

Todas as ações citadas acima, conseguiram atuar na cultura de forma a


manter o silenciamento sobre temas e abordagens que deveriam ser evitados pelo
povo, a política cultural do governo Jango de certa forma foi conservada no governo
ditatorial, até 1968, a cultura crítica e de esquerda se estivesse dentro das relações
de mercado e dos aspectos culturais da classe média, mesmo assim não significa
que ações repressivas não tivessem sendo realizadas conforme destacado acima.
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Nos anos que se seguiram a repressão e ações políticas ao cultural se


intensificaram, mesmo assim cultura de oposição resistiu e se consolidou como um
importante instrumento de luta pela democracia e pelos direitos humanos no Brasil.
As canções compõem um legado cultural importante, que retrata a resistência
popular e a busca pela liberdade em um período sombrio da história do país.
Assim, as músicas de protesto desempenharam um papel fundamental na
resistência cultural à ditadura militar no Brasil. Os artistas utilizaram a música como
forma de denunciar as violações dos direitos humanos e a repressão política,
contribuindo para a construção de um movimento de resistência popular que
culminou na redemocratização do país.

Músicas de protesto

A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, foi uma
época em que a liberdade de expressão foi cerceada, travada, proibida, e o modo de
vencer e derrubar essa marcação cerrada seria usar a arte, e expressar desejos e
anseios através da música. Com isso, as músicas se tornaram hinos e verdadeiros
gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar
como desejo. As letras eram consideradas complexas e repletas de metáforas, mas
elas traduziam tudo o que as pessoas sentiam, pensavam e gostaria de falar e se
expressar livremente, mas não podiam, pois corriam risco de serem presas,
torturadas e mortas.
Embora existissem indizíveis atos de censura e opressão que esses músicos
tiveram que enfrentar, suas composições continuam sendo marcos na história e na
cultura nacional.
Os principais representantes dos movimentos eram os estudantes e
percebemos a inclusão de alguns artistas que começaram a ocupar espaço em meio
aos movimentos e foi através deles que esses movimentos foram ganhando mais
força e apesar da repressão continuaram sendo símbolo de resistência, não
desistindo de suas lutas. As músicas estavam entre os principais alvos da censura,
pois além de dar voz os artistas e a população ela também assustava os inimigos.
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Ao definir o tema específico para análise dessa pesquisa no caso músicas de


protesto na ditadura civil militar brasileira, não possuíamos noção  da
extensa. Quando cheguei a conclusão que iria trabalhar com as músicas de protesto
na ditadura civil militar brasileira não tinha noção de como extensa a variedade de
músicas que denunciavam o período de exceção vivenciado pelo povo brasileiro   e
dentre muitas delas houve a seleção de três para fazer uma breve apresentação
sobre elas mostrar a importância tanto da música quanto do artista no contexto da
ditadura civil militar brasileira. A censura no Brasil estava presente desde 1968, e
por isso, as letras de várias canções precisavam ser cheias de figuras de linguagem
que conseguissem esconder todas as críticas contrarias ao governo a fim de
enganar os militares.
Dessa forma, ficou definido que o trabalho irá discutir e realizar uma análise de
três canções tidas como de protesto no período avaliado. Já a escolha das músicas
estão relacionadas a memória afetiva da pesquisadora, sendo elas: “Cálice”; “Pra
não dizer que não falei das flores” e "apesar de você

Canções de protesto: uma breve avaliação de canções que repercutiram no


período da Ditadura Civil-Militar brasileira

Nessa parte do trabalho, escolhemos mais três músicas para trabalhar em


cima delas e mostrar a linguagem utilizada e a real mensagem que os autores das
músicas queriam repassar com suas interpretações.

A Canção “Cálice”

Cálice é uma canção com muitas metáforas nas quais Chico Buarque e
Gilberto Gil usaram para contar sobre a situação em que vivia a sociedade durante a
ditadura militar. Essa música foi escrita para expressar as desigualdade social no
Brasil naquele período, a música foi censurada antes de ser lançada, devido a letra
conter denuncia e crítica social, e só foi lançada cinco anos depois.
Foi uma obra escrita em 1973 e em dose dupla, onde Chico Buarque e Gilberto
Gil, lançada somente em 1978, se tornando um dos mais belos hinos de resistência a
forma de tratamento do regime militar. Por esse motivo é considerada uma canção de
protesto, que tem metáforas, duplos sentindo e repressão ao regime de governo que
era demasiadamente autoritário e contra a violência. Conforme a letra abaixo
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Pai, afasta de mim esse cálice


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Nessa parte percebe-se uma parte da Bíblia, que é como se tivesse pedindo
ajuda para não chegar perto de algo ruim, trazendo ideias e sentido de perseguição
e sofrimento.

Como beber dessa bebida amarga


Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
[...]

É como se a bebida amarga trouxesse dor, e não aceitar o martírio e o


sofrimento como algo normal. Se refere a opressão e ao trabalho exaustivo quando
ele fala em “engolir a labuta”. E na parte que diz “mesmo calada a boca, resta o
peito" e tudo o que ele continua sentindo, ainda que não possa se expressar
livremente, ele sente e deve ficar calado, falando somente no seu coração.

Como é difícil acordar calado


Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Nessa parte vemos o problema de ter que ficar calado, vendo tudo de ruim
ocorreu ao seu redor, dia e noite e não poder falar nada, somente aceitar e ficar
quieto. E que a qualquer momento poderia se tornar vítima, e perante o cenário de
horror, a vontade de gritar e fazer algo para mudar a situação, ir ao combate e a luta.
Sem contar a vontade de ter nascido em outro lugar, em outra realidade. Segundo
Marcello (2022):
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Devido ao seu conteúdo de denúncia e crítica social, foi censurada


pela ditadura, sendo liberada cinco anos depois. Apesar do
desfasamento temporal, Chico gravou a canção com Milton
Nascimento no lugar de Gil (que tinha mudado de gravadora)e
decidiu incluir no seu álbum homônimo.(MARCELLO, 2022, p.)

Mostrando um pouco da realidade vista e vivida por muitos na época da


ditadura. A vontade de lutar e ir contra tudo e todos, e ter que ficar calado somente
esperando o que ia acontecer, de bom ou ruim.

A canção "Pra não dizer que não falei das flores"

A segunda música escolhida: "Pra não dizer que não falei das flores" foi
escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, como já destacado anteriormente.
Foi uma música censurada pelo regime, e tendo o autor da letra fugir do país para
não ser preso, torturado e morto. A letra incentivava os brasileiros a se revoltarem
contra a ditadura. A música virou um hino de objeção para a polução daquela época,
obtendo o 2º lugar no Festival da Canção em 1968, conhecido como “Caminhando”
tornando-se um dos hinos mais usados na época militar. Com a seguinte letra:

Caminhando e cantando e seguindo a canção


Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Nessa estrofe lemos a ideia de uma passeata ou protesto onde todos são
iguais, não importando a cor, raça, condição social, estavam juntas pela mesma
causa, onde todos devem se unir e lutar pela liberdade.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nessa parte vemos o convite a ir à luta, a buscar pelos seus direitos, que não
fiquem vendo tudo acontecer e não ter atitudes, não fazer nada, só olhar.
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Essa parte mostra a exploração dos camponeses e a miséria que as pessoas


são submetidas a passar, é colocando o lema dos Hippies, Paz e Amor, e como
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simbologia deles, a imagem de flores como força contra o governo mostrando seus
ideais de paz e sua ideia de bom relacionamento entre todos.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Há soldados armados, amados ou não


Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão

Já aqui cita os soldados, que obedecem à ordem dos governantes, matam,


maltratam, espancavam, torturavam, e nem sabiam o motivo e o porquê, apenas
faziam. Foi considerado por muitos estudiosos como uma lavagem cerebral em toda
a população, inclusive os soldados, dedicando suas vidas e morrendo por uma
causa que nem sabiam direito se era correta ou não.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções


Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber


Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Nessa estrofe final temos a ideia repassada de que todos somos cidadãos,
temos os mesmos direitos e deveres dentro da sociedade, então se faz tipo um
convite para que todos se juntem e possam ir à luta para vencer essa desigualdade
e realizar um movimento revolucionário para lutarem e vencerem. Que deveriam
fazer isso em homenagem as pessoas que sofreram e morreram devido a opressão
do regime nessa época. Que só dependia deles, a população para mudar a então
situação do nosso país, que estavam cansados de sofrer injustiças, que não
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poderem expressar suas opiniões, dividindo opiniões quando a decisão de lutar ou


não.

A canção “Apesar de você”

A terceira e última música é referente ao título: Apesar de você, de Chico


Buarque. Essa canção foi reconhecida por Chico Buarque como escrita por ele
mesmo para servir de base de luta para enfrentar o regime militar, sendo composta
em uma época bem delicada do Governo Médici e o Brasil como Tricampeão
Mundial, tudo ao mesmo tempo mexendo com a cabeça das pessoas. Sua letra é a
seguinte:

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

O interessante dessa música é que não viram maldade ou metáforas nela,


então foi autorizada sua gravação e divulgação. Teve grande repercussão e foi
considerada uma homenagem ao presidente de época, onde teve represálias e a
gravadora foi invadida e destruída e seus discos também. Sem contar que exigiram
explicações do autor com relação a mensagem da música, se era crítica ou não?! O
cantor negou e assim continuaram as lutas sociais.
Nas análises das músicas você usa muito “nessa parte” tente substituir por
sinonimos.

Considerações Finais
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O estudo é baseado somente em bibliografias que falem do tema e da análise


e discussão dos dados em cima de músicas que possam mostrar como era o
tratamento dado durante o período na Ditadura Militar em nosso país.
A pesquisa mostrou que somos cidadãos, temos os mesmos direitos e
deveres dentro da sociedade, então se faz tipo um convite para que todos se juntem
e possam ir à luta para vencer essa desigualdade e realizar um movimento
revolucionário para lutarem e vencerem. Que deveriam fazer isso em homenagem
as pessoas que sofreram e morreram devido a opressão do regime nessa época.
Que só dependia deles, a população para mudar a então situação do nosso país,
que estavam cansados de sofrer injustiças, que não poderem expressar suas
opiniões, dividindo opiniões quando a decisão de lutar ou não.
Toda a pesquisa foi extremamente enriquecedora, só venho acrescentar na
formação do discente. Posso concluir que essa pesquisa funciona como forma de
inclusão dos estudantes universitário, visto que a pesquisa foi de fundamental
importância para a formação profissional de um acadêmico.
Reescreveria as considerações finais:
Seu foco são as músicas de protesto.
O que você aprendeu sobre elas?
Alcançou seu objetivos, geral e específico. respondeu sua pergunta inicial?
Qual a relevância das músicas de protesto nesse período?
Sugestões para novas pesquisas.

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