Você está na página 1de 3

Discente: Taise Ernestina Prestes Nogueira Duarte

Jornalismo Noturno

RESENHA DO DOCUMENTÁRIO “DEMOCRACIA EM VERTIGEM”

O documentário Democracia em vertigem foi produzido pela antropóloga Petra


Costa e lançado pela Netiflix no ano de 2019. O filme foi exibido em 190 países e indicado ao
Oscar de melhor documentário em 2020.

Nas palavras de Petra, “democracias frágeis tem uma vantagem sobre as sólidas, elas
sabem quando acabam. Generais fecham congressos, fecham emissoras de tv e todo mundo
percebe o que aconteceu, mas, democracias podem acabar lentamente...”. Nesta perspectiva, a
autora apresenta fatos da história recente que corroboram para a confirmação de sua tese
central: A democracia brasileira passa por um processo lento e gradativo de enfraquecimento
que pode levar ao seu fim.

No longa-metragem, Petra aparece como personagem principal e narradora da trama.


Sua mãe Marilia Andrade, foi presa no Presídio Tiradentes em São Paulo durante a ditadura
militar na mesma época em que Dilma Roussef também foi presa. Petra nasce no ano de 1992,
nos primeiros anos da democracia após o golpe militar.

Sua história pessoal é apresentada intercalando cenas marcantes da sua vida


intercalada a momentos importantes da política brasileira, envolvendo o espectador na
narrativa dos fatos históricos, mas também despertando sentimentos de preocupação com o
desenrolar da história e com o futuro próximo da democracia.

Para produzir o documentário, Petra utilizou o arquivo pessoal da família com


imagens feitas por sua avó Vera Andrade, pela mãe Marília Andrade, cenas do coletivo Mídia
Ninja que mostram as manifestações no governo Dilma Roussef, cenas feitas pelo fotógrafo
Ricardo Stuckert, que acompanhou o ex-presidente Lula por 17 anos, além de cenas realizadas
por sua equipe durante três anos de filmagens.

A narrativa central tem culminância no impeachment de Dilma Roussef e na prisão


de Lula desvendando para o espectador como esses fatos foram arquitetados e na ameaça que
tais fatos representam para a democracia.
Após sucessivas derrotas, Luiz Inácio Lula da Silva que era metalúrgico, sindicalista
e filiado ao partido dos trabalhadores decide se aliar ao PMDB e vence as eleições de 2022, se
reelege em 2006 e segundo as palavras de Petra “a alegria tomou conta das ruas”. Lula deixa
o poder depois de dois mandatos com índice de aprovação histórico, 87%, uma das maiores
do mundo.

O governo de Lula consegue avanços importantes para os mais pobres, em seu


governo 20 milhões de pessoas saíram da pobreza no País com o Programa Bolsa Família.
Mas, para conseguir estes avanços, teve que se aliar ao congresso, realizando ações que ele
próprio condenava e logo começaram a surgir os escândalos do mensalão. Sucedendo Lula, e
com seu apoio assume Dilma Roussef ao lado de Michael Temer, onde mais uma vez, uniram-
se ao PMDB para chegar ao planalto e ter maioria no congresso.

No entanto, esta aliança é quebrada com um plano arquitetado de Temer o


impeachment de Dilma é votado pela maioria do congresso. Temer assume o poder em 2016 e
o que marca seu governo é o esfacelamento de direitos trabalhistas e reformas impopulares.

Nas eleições de 2018, Lula é o favorito nas pesquisas, mas é preso na Operação Lava
Jato e é impedido de concorrer as eleições daquele ano. Jair Bolsonaro vence e o juiz que
condenou lula assume como seu ministro.

Com a vitória de Bolsonaro, as preocupações com a democracia se intensificam


devido às suas falas em apoio a tortura e homenagens a torturadores da ditadura miliar. Além
disso, a polarização começou a se firmar no Brasil entre os militantes de esquerda e os de
direita e extrema direita mesmo depois das eleições presidenciais.

Em espírito de total desesperança diante do cenário que se instalou no País, Petra


questiona: “Como lidar com a vertigem de lidar com o futuro, que parece mais sombrio como
o nosso passado mais obscuro? O que fazer quando a máscara da civilização cai e o que se
revela é uma imagem ainda mais assustadora de nós mesmos? De onde tirar forças para
caminhar entre ruínas e começar de novo?”

Através das narrativas de Petra, é possível compreender que o filme se trata de uma
tentativa de trazer luz aos fatos e mostrar à população como os acontecimentos políticos
atuais foram orquestrados e manipulados. E mais, a autora faz um alerta de algo que acontece
diante de nossos olhos, o enfraquecimento e início do fim da democracia.
Ainda, Petra afirma que existe uma lógica pela qual o fim da democracia é almejado,
“os ricos não gostam da democracia”. Assim Petra finaliza: “[...] uma democracia só funciona
porque os ricos se sentem ameaçados. De pais para filho, de filho para neto, de neto para
bisneto, e assim sucessivamente. Somos uma república de famílias, umas controlam a mídia,
outras controlam os bancos, umas tem a areia, o cimento, a pedra e o ferro e de vez em
quando acontece delas se cansarem da democracia de direito.”

Você também pode gostar