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Documentário é um gênero do cinema que tem como objetivo documentar e

apresentar uma visão da realidade por meio de uma tela. Dessa forma, ele utiliza
arquivos históricos, imagens, entrevistas com pessoas relacionadas e outros
recursos, e se desenvolve ao longo do processo de produção, sendo finalizado
apenas na edição. Nesse sentido, o longa-metragem que será tratado neste roteiro,
que é “Democracia em Vertigem”, da diretora Petra Costa, se encaixa dentro dessa
descrição.
Petra Costa começou com seu interesse por dirigir quando foi estudar
antropologia na Barnard College, em Nova Iorque, no ano de 2003, ao visitar
diversas cidades dos Estados Unidos para fazer pesquisas sobre a segregação
social e racial, ela se apaixonou pelo modo como a câmera permitia a sua entrada
na vida das pessoas desconhecidas. Ainda incerta sobre o rumo que queria tomar,
Petra fez mestrado em Londres, onde começou a abordar o conceito de trauma, que
permanece em seu trabalho até hoje. Produziu “Elena”, seu primeiro
longa-metragem, em 2012, onde conta a história de sua irmã mais velha, Elena
Andrade, que se mudou para Nova Iorque para tentar ser atriz, seu próximo trabalho
foi em 2015, com “Olmo e a gaivota”, que estreou no Festival de Locarno.
Em 2019, lançou seu longa-metragem “Democracia em Vertigem”, uma
produção original da Netflix, o documentário estreou no Sundance Film Festival de
2019 e foi selecionado para diversos outros festivais internacionais, além disso, foi
muito bem recebido pela crítica internacional e foi indicado a diversos prêmios sendo
eles, em 2019, o Gotham Independent Film Award nas categorias Melhor
Documentário e Prêmio de Audiência, e, em 2020, o Oscars, o Peabody Award e o
Platino Awards também na categoria Melhor Documentário, e ganhando nos dois
últimos eventos.
No longa, ela explora um dos momentos mais turbulentos da história do
Brasil. Utilizando de vídeos antigos de sua infância e de sua família, ao longo de
gravações próprias dentro do Congresso Nacional, Petra apresenta o cenário
político brasileiro durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff e cita personalidades políticas importantes, como Sérgio Moro, Aécio
Neves, Eduardo Cunha, Michel Temer e os partidos PT e PMDB, além de conceder
momentos e entrevistas exclusivos com os ex-presidentes, Lula e Dilma, e também
com o atual presidente, Jair Bolsonaro.
Assim, Petra narra a relação de sua família com a política, sua criação e
opinião perante a esse tópico, de maneira que ela é capaz de entrelaçar sua história
de vida com a história da política brasileira, desde a Ditadura Militar até as
manifestações, os acontecimentos dentro do Congresso Nacional, os pensamentos
do povo brasileiro no momento e demonstra o que seria o começo de uma grande
polarização política dentro do Brasil. Dessa forma, ela consegue combinar o pessoal
com o político dando uma visão única para o documentário.
Portanto, mesmo trazendo uma visão completa dos fatos, Petra também
transmite sua opinião pessoal sobre os acontecimentos que assolaram o Brasil,
tendo em vista que mesmo as pessoas que tentam lutar contra o sistema acabam se
rendendo para ao menos entrar dentro dele e, no final, tomados pela sede de poder
se tornam o que uma vez antes eles criticaram, tendo como exemplo, Lula, que se
candidatou a presidência diversas vezes, mas só ganhou quando abriu mão de seu
discurso totalmente contra os empresários. O que levanta outro grande ponto da
questão, as pessoas no poder não são apenas os candidatos escolhidos pelo povo,
mas também, os detentores de dinheiro que tentam se manter sempre em sua
posição elevada na hierarquia, tendo ajuda de políticos que foram ajudados por eles
em suas eleições e sempre cedem aos seus “pedidos” e quando intimidados de não
terem mais esse lugar, eles fazem do possível para afastar essa ameaça.

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