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O livro de Giovanni Alves dá destaque aos complexos mecanismos atuantes na dinâmica do

modo de produção capitalista, em uma de suas vertentes: o capitalismo neoliberal. As


questões apresentadas são de grande densidade e remetem para uma reflexão profunda
acerca de causas e efeitos que, na grande maioria das vezes, carecem de transparência.
Trabalho e subjetividade são as palavras – chave, e é em torno destas que o autor
desenvolve um meritório esforço de reflexão, apresentando uma síntese esclarecedora e
com propostas de trabalho acerca daquela que é, seguramente, a dinâmica mais complexa
e decisiva da era.
O livro de Giovanni Alves representa um contributo importante a vários níveis. Em primeiro
lugar, a reflexão teórica que empreende é, sem sombra de dúvida, rica e, simultaneamente,
suficientemente clara. Apesar da grande complexidade teórica da teoria marxista e das suas
categorias de análise, o autor logra tornar mais inteligíveis conceitos de grande densidade,
nomeadamente através da análise do contexto do mundo do trabalho atual. Esclarece as
dinâmicas intrínsecas ao modo de produção do capitalismo contemporâneo, pondo a
descoberto os mecanismos pelos quais se institui e dissemina a precariedade laboral. Em
segundo lugar, o seu livro fornece uma abordagem inovadora no que toca à análise da
subjectividade. A sua utilização das categorias freudianas conduz uma melhor compreensão
da forma como, apesar da vocação destrutiva e das contradições que o permeiam, o
capitalismo continua a levar a cabo a sua ofensiva sem enfrentar uma oposição consistente.
A presente obra constitui uma ferramenta de grande utilidade uma vez que expõe os
mecanismos ocultos que garantem a sobrevivência e persistência do capitalismo na sua
vertente neoliberal.

“Força e fragilidade do modelo japonês”, de Helena Hirata e Philippe Zarifian, demonstra que
o modelo japonês de organização e de relações industriais se tornou uma referência aos
países ocidentais, pois são de fácil entendimento. O termo “competência tecnológica” é
muito mais adequado para explicá-la, pois é um conjunto de conhecimentos,
comportamentos e práticas sociais que asseguram o desenvolvimento concreto das ciências
e das técnicas na parte principal dos processos industriais e seu desenvolvimento refere-se
a todas as categorias de assalariados.
A trajetória adotada pelo Japão em inovações que, partindo de técnicas já existentes,
permitem a força de constantes melhorias, alcançando performances superiores às dos
concorrentes. É necessário admitir a inteligência de ter percebido uma estreita combinação
entre tecnologia e desempenho: não basta criar técnicas, é preciso saber utilizá-las da
melhor maneira nos processos concretos. Os japoneses começaram a entender as
tecnologias dos países europeus de industrialização mais avançadas, mas não se limitaram
a isso e estabeleceram um rigoroso processo de seleção e readequação dessas
tecnologias, aperfeiçoando seu uso. Assim, os princípios do “Just in time” são maneiras de
colocar novos critérios de performance, que só podem ser alcançados graças a uma
qualidade inédita de organização e de comprometimento dos trabalhadores.
Partindo da estratégia de inovações diferenciais, as indústrias japonesas investiram em
inovações radicais, gerando uma renovação na qualidade das técnicas e dos processos de
produção nos diferentes setores. Tendo aprendido a dominar e aperfeiçoar as técnicas
existentes, as indústrias japonesas acumularam um conjunto de conhecimento e de práticas
sociais orientadas para a inovação. O ponto fundamental dessa organização é o caráter
legítimo e valorizado da transferência dos conhecimentos.
O vídeo “Sistemas Flexíveis de Produção” mostra que com a crise econômica global dos
anos de 1970 e 1980 provocou uma reorientação nas indústrias em relação ao mercado
consumidor, que se tornou mais segmentado e começou a exigir mais oferta, mais qualidade
e menor preço. O modelo fordista, que é um modelo feito para atender um mercado em
massa com produtos padronizados e com pouca perspectiva de flexibilização, começa a ser
criticado justamente por essa rigidez no sistema e pela falta de personalização. Assim, esse
modelo passa a decair e a ser substituído por modelos mais enxutos, primeiramente, pelo
taylorismo e depois pelo toyotismo.

O toyotismo promove a passagem dos sistemas de produção estáticos para os flexíveis,


essa flexibilidade na produção está ligada à ideia de fabricar só o necessário, rompendo
com o modelo de produção em série que necessitava de muitos trabalhadores. Esse
modelo tem a possibilidade de fazer pedidos muito pequenos de mercadorias que são feitas
especialmente para um único cliente, bem como a customização em massa.
As principais características do toyotismo são a flexibilidade da produção, ou seja, produzir
apenas o necessário, reduzir os estoques ao mínimo, a automatização utilizando máquinas,
que desligam automaticamente caso ocorra qualquer problema, um funcionário pode
manusear várias máquinas ao mesmo tempo diminuindo os gastos com pessoal, e também
os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos orientados por um líder com objetivo de
ganhar tempo ou eliminar os tempos mortos e o controle de qualidade total todos os
trabalhadores em todas as etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto
e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade. A
ideia de qualidade total também atinge diretamente os trabalhadores que devem ser
qualificados para serem contratados, dessa lógica nascem os certificados de qualidade, que
gera outro fenômeno, o sindicalismo de empresa, no qual o sindicato estabelece uma
relação que favoreceu a aplicação de uma política sindical que tende a alinhar se com a
estratégia de negócios da empresa gerando uma espécie de convergência de objetivos pode
se dizer que as características do toyotismo alteraram profundamente a matriz da empresa
por disto e gerar novos fenômenos no âmbito da flexibilização do trabalho embora possa
parecer que o modelo toyotista de produção valorize mais o trabalhador do que os modelos
anteriores foi distrital horista tal impressão é uma ilusão na realidade da fábrica o que ocorre
o aumento da concorrência entre os trabalhadores que disputam melhores índices de
produtividade entre si nas disputas sacrificam cada vez mais o trabalhador e tem como
consequência além do aumento da produtividade o aumento do desemprego em suma a
lógica do mercado continua sendo a mesma aumentar a exploração de mais valia do
trabalhador

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