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II – A trajetória do trabalho no capitalismo e sua precarização

estrutural no mundo globalizado

Definição e história do trabalho

O trabalho sempre foi uma dimensão presente na vida humana, surgido,


inicialmente, como estratégia de sobrevivência. Após a Revolução Industrial, o
trabalho também tornou-se uma dimensão para gerar lucros. Para tanto, seria
necessário a obtenção da mão-de-obra de baixo custo, que terminou sendo
superexplorada através de longas jornadas de trabalho advindas do
aproveitamento da força manual de homens, mulheres e crianças. Apesar das
mudanças que ocorreram ao longo do tempo, sobretudo relativas à legislação
trabalhista, a superexploração do trabalho permanece enraizada como uma
dimensão central do mundo do trabalho no século XXI.

Foi no decorrer do século XX que o trabalho recebeu a


configuração que hoje vem assumindo. Novas formas de
organização do trabalho surgiram para modificar sua
natureza. Observa-se o desaparecimento de empregos
permanentes e duradouros e, simultaneamente, o
surgimento de novas tecnologias e formas inovadoras de
organização do trabalho, assim como novas formas de
trabalho (MORIN apud ANDRADE et al, 2018)

Os indivíduos tentam moldar a sociedade para garantir os seus fins


lucrativos por meio do trabalho, e para isso, arquitetam as diferentes maneiras
de trabalhar. Mas, essas distribuições de organização foram se estabelecendo
ao longo do tempo em distintas formas de pensar ou de aperfeiçoar o anterior.
Porque a criação de cada concepção de trabalho associa-se a interesses
econômicos, ideológicos e políticos (BORGES apud ANDRADE et al, 2018)..

,.
Taylorismo, fordismo e toyotismo
Taylorismo, fordismo e toyotismo foram formas de organização que os
donos dos meios de produção aderiram para organizar racionalmente a
produção nas fábricas e obter lucros de maneira mais rápida e eficiente. O
taylorismo foi a primeira forma de organização e administração implantada,
criada por Frederick Winslow Taylor. Esse sistema de administração científica
tinha o objetivo de racionalizar os trabalhadores individualmente, com intuito de
extrair o máximo possível do operário, na intenção de aumentar o seu
rendimento, focalizando em uma mesma função. O taylorismo queria alcançar
a máxima produção no trabalho, e acabar com movimentos desnecessários
pelos trabalhadores. No entanto, elaborou tarefas individuais cronometradas
para a execução das mesmas no menor tempo possível. O objetivo de Taylor
foi a organização do trabalho para aumentar a produtividade e o lucro, como
afirmamos acima. Taylor determinou como uma necessidade absoluta para a
gerência a imposição ao trabalhador de uma organização rigorosa pela qual o
trabalho deve ser executado (RIBEIRO apud BRAVERMAN, 1987, p. 86).

Diante das ideias de Taylor, o empresário americano Henry Ford foi


estimulado a criar a sua própria forma de produção e organização do trabalho
no setor automobilístico, o fordismo, que foi baseado na produção em massa,
seguindo a forma de racionalização do taylorismo, ou seja, aprimorou as ideias
de Taylor e adaptou à indústria automobilística através da utilização de
técnicas de produção como a esteira rolante, que dava aos trabalhadores uma
produção mais dinâmica. Com a linha de montagem (esteira rolante),
aumentava-se a produção, criava-se estoque, barateava-se o produto e
acumulava-se capital. Esse sistema deixava os trabalhadores com atividades
repetitivas, sem a oportunidade de aprimorar outros saberes. Devido à falta de
conhecimento das outras partes da produção, o operário ficou preso a uma
única função, além de sofrer uma forte pressão através da cronometragem do
tempo durante o processo produtivo, que deveria ser realizado no menor
tempo:

[...] fundamentalmente, com a forma pela qual a indústria e o


processo de trabalho consolidaram-se ao longo deste século,
cujos elementos constitutivos básicos eram dados pela
produção em massa, através da linha de montagem e de
produtos mais homogêneos; através do controle dos tempos e
movimentos pelo cronômetro taylorista e da produção em série
fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela
fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e
execução no processo de trabalho; pela existência de unidades
fabris concentradas e verticalizadas e pela constituição-
consolidação do operário-massa, do trabalhador coletivo fabril,
entre outras dimensões [...] (ANTUNES, 2005, p.25)

No entanto, ao final da década de 1970 o sistema fordista entrou em


decadência por diversos acontecimentos, dentre os mais importantes a crise do
petróleo e a atuação dos japoneses no mercado automobilístico com novas
técnicas de trabalho.

O que ocorre no fim dos anos 60 é uma saturação do mercado,


o que leva uma taxa decrescente de consumo desses bens.
Isso tem um impacto profundo sobre os níveis de lucro e
produtividade das empresas. Além do choque do petróleo em
1973 – que contribuiu para o processo inflacionário –, são
indicadores da crise do fordismo. (RIBEIRO, 2015, p. 73)

Devido aos fatores supracitados, a crise do fordismo contribuiu para a


formulação do Toyotismo que, por sua vez, iria modificar profundamente a
forma de organização do trabalho e produção. O toyotismo, nome utilizado
para denominar a nova forma de organização do trabalho, foi criado pelo
engenheiro japonês TaiichiOhno, que inicia a fábrica automobilística Toyota.
Este modelo de gerenciamento da produção é baseado em mão de obra
multivalente e bem qualificada, e requer do trabalhador um produto final de
qualidade. Na qual se expandiu e se ocidentalizou, a partir dos anos 1980
(ANTUNES e DRUCK, 2015, p.21) O operário era preparado para entrar na
fábrica, sendo educado e treinado, e, assim, possibilita a atuação nos diversos
setores da produção, atendendo as exigências do cliente e do mercado. O
operário também não acumulava estoque como as formas de organização
anteriores. Esse modelo de produção atendia a demanda do mercado, não
desperdiçava tempo e nem produto, pois eles eram fabricados de acordo com
os pedidos realizados pelos clientes ( ANTUNES e DRUCK, 2015, p. 22).
Para Antunes e Druck (2015, p.23), O toyotismo se estabelebe pela
acumulação flexível, evitando o desperdício na produção. As novas técnicas
são meios que aceleram a produção e permitem a um funcionário
desempenhar diversas funções, diferente do fordismo, em que o trabalhador
exercia tarefas repetitivas. Diante disso, as novas tecnologias já estavam
avançadas e desempenhavam funções de vários trabalhadores.

Segundo Harvey (1993), o toyotismo surgiu como uma solução


alternativa para os que detêm os meios de produção e para a crise de
produção em massa do modelo fordista. Grandes avanços surgem com o
modelo toyotista, como o crescimento das tecnologias, a implantação da
robótica, da microeletrônica e a mecanização do sistema, que acabou
acarretando a substituição da mão de obra para a produção mais ligeira e
eficaz.

A técnica que o toyotismo aderiu para o manejo das suas atividades,


Just in time, fez com que as mercadorias fossem produzidas no tempo certo e
sem desperdício de matéria-prima ( ANTUNES E DRUCK, 2015, p.23).. Diante
disso, o toyotismo e a globalização se estabeleceram lado a lado, pois a
globalização deu ao toyotismo a fragmentação de mercado, dando autonomia
para os empresários que independem do estado, articular o seu sistema de
trabalho (GORZ, 2004, p.760).

O processo da globalização acarretou conflitos no mundo do trabalho,


pois com as novas tecnologias no mercado as máquinas acabaram
desempenhando a função do proletariado que vendia a sua força de trabalho,
além da necessidade de formação para utilizar as ferramentas da nova forma
de produção. ..

O novo padrão da produção baseado na microeletrônica tem


modificado não só a forma de produção, agora flexível e
diversificada, mas imposto um conjunto de conhecimentos e
habilidades ao trabalhador, que deve ser capaz de trabalhar
em ambientes de constantes mutações. (ARAÚJO e BORGES,
2000, p.10)
Gorz (2004 apud MACIEL, 2018, p. 757) afirma que a questão central é
que a revolução tecnológica altera radicalmente a capacidade de produção e
de dominação do capitalismo.

A precarização estrutural do trabalho

.A lógica do sistema é intrinsecamente excludente, pois, ainda que todos


os trabalhadores se qualifiquem da mesma maneira, não será possível a
inserção nos melhores postos (MACIEL, 2018, p. 766). Maciel ( 2018 p. 756)
faz um comparativo entre o Brasil e a Europa, sobre a precarização do
trabalho, para sustentar que ela se tornou uma questão global.

O conceito de trabalho precário significa um trabalho incerto,


explorado, arriscado e que causa diversas consequências simbólicas e
materiais nos trabalhadores (KALLEBERG, 2009, p.21). A precarização inclui
atividades nos setores formal e informal. Em países industriais desenvolvidos,
os aspectos-chave do trabalho precário estão associados diretamente a
diferenças em empregos na economia formal, como desigualdade de salários,
desigualdade de segurança e vulnerabilidade a demissões (MAURIN e
POSTEL-VINAY apud KALLEBERG, 2009). Esse fenômeno ocorre, sobretudo,
devido à falta de oportunidades de empregos e a insegurança dos
trabalhadores:

O crescimento do trabalho precário tem surgido como uma


preocupação contemporânea central no mundo inteiro desde
os anos de 1970. Por “trabalho precário” quero dizer trabalho
incerto, imprevisível, e no qual os riscos empregatícios são
assumidos principalmente pelo trabalhador, e não pelos seus
empregadores ou pelo governo. Exemplos de trabalho precário
incluem atividades no setor informal e empregos temporários
no setor formal. O trabalho precário não é novidade e existe
desde o início do trabalho assalariado. No entanto, forças
sociais, econômicas e políticas que têm operado durante várias
décadas tornaram o trabalho mais precário no mundo inteiro
(KALLEBERG, 2009, p.21).
Segundo Kalleberg (2014) o trabalho precário não é novidade, pois
existe desde o início do trabalho assalariado. Os sindicatos foram muito
importantes como mecanismo de proteção social dos trabalhadores. Hoje, eles
vêm perdendo a sua autonomia no Brasil e no mundo. Sendo assim, os
sindicatos dos trabalhadores não encontram forças para que possam combater
de maneira efetiva a precarização do trabalho (BRAGA,2013, p.47).

No caso brasileiro, a debilidade dos sindicatos e dos trabalhadores, em


particular, foi ainda mais forte com a aprovação da reforma trabalhista. A
reforma trabalhista foi responsável por generalizar a precariedade das relações
de trabalho, pois os trabalhadores ficaram em uma posição de grande
insegurança quanto às condições e permanência em seus postos de trabalho,
formando colocados em uma situação de vulnerabilidade permanente.

O trabalho precário na economia informal se refere a atividades que se


desenvolvem fora da regulamentação do Estado, como vendedores
ambulantes, pequenos varejistas ou artesãos, onde oferecem todo o tipo de
trabalho pessoal. (BECK apud KALLEBERG, 2000, p. 1-2). Os trabalhadores
que se dedicam ao trabalho informal são relativamente inexperientes e, muitas
vezes, se dedicam a várias atividades. Os trabalhadores da economia informal
não possuem os mesmos níveis de proteção social que recebem os
trabalhadores do setor formal. A informalidade do trabalho é um traço marcante
na América Latina. Todos os países da América Latina enfrentam a expansão
do mercado de trabalho informal e as consequências de seu impacto na
previdência social. (KALLEBERG, 2009, p.25).

O trabalho no Brasil – reforma trabalhista

Em decorrência do processo de globalização neoliberal houve a


facilitação para a burguesia de acesso à mão de obra farta e barata. Com isso,
a competitividade por uma vaga no mercado de trabalho tornou-se bastante
acirrada, tal como a exploração e precarização de suas condições. No Brasil, o
trabalho braçal sempre foi desvalorizado e mal remunerado, e essa situação se
perdura até hoje.
A desvalorização deste tipo de trabalho é fruto da herança escravista,
pois o trabalho braçal necessita apenas da tração muscular, prescindindo do
conhecimento especializado que caracteriza o trabalho intelectual. Cardoso
(2008) afirma que a transição para a sociedade de classes, foi marcada pela
herança de estruturais do regime escravista na construção da sociedade
capitalista, que podem ser visto através da associação do trabalho manual com
o negro e a indiferença das elites perante os pobres, ou seja, como a
exploração do trabalho braçal foi reproduzida na sociedade de classes:

Homens e mulheres já não eram escravos no sentido de não


mais serem propriedades de outrem, mais continuavam a ser
"escravos da necessidade". O que também constituía o
horizonte cultural no qual se forjavam as aspirações e os
projetos de vida. O fim da escravidão não mudou esse quadro:
em meio à generalizada pobreza no campo e a inacessibilidade
das posições superiores, interditadas pela rígida hierarquia
social. (CARDOSO, 2008, p.88).

A sociedade brasileira contemporânea ainda reproduz uma estratificação


social rígida que faz com que a elite econômica continue a impor seus
interesses ao conjunto da sociedade. A escravidão foi abolida há 130 anos,
mas a mentalidade ultraconservadora da classe dominante diante da
exploração do trabalho desqualificado e braçal permaneceu, fazendo com que
a sociedade brasileira reproduza uma grande desigualdade social. O trabalho
formal tem como principal característica a assinatura de carteira de trabalho de
acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e alguns benefícios
como vale transporte, férias e 13º salário. A economia formal envolve a
regulamentação do estado, o que a diferencia da economia informal.

Em dezembro de 2017, a população brasileira informal ultrapassou o


setor formal, contando com mais de 34,2 milhões de brasileiros trabalhando
sem carteira ou por conta própria. Devido ao duro golpe contra a classe
trabalhadora, a reforma trouxe consigo um desmonte dos direitos sociais
conquistados pelos trabalhadores brasileiros nesses últimos 100 anos.

A reforma trabalhista busca ajustar o padrão da regulamentação do


trabalho de acordo com as normas do capitalismo financeiro e, de certa forma,
legalizar práticas já existentes no mercado de trabalho. Esse padrão de
regulamentação torna o trabalho cada vez mais inseguro, principalmente em
relação às condições de contratação. Uma das principais consequências da
reforma trabalhista é a colocação do A característica comum é deixar o
trabalhador em uma condição de maior insegurança e vulnerabilidade em
relação ao trabalho e à renda, para que ele se sujeite à lógica da concorrência
permanente com outros para poder se inserir no mercado e auferir alguma
renda. (KREIN, 2017, p.7).

A consolidação da reforma trabalhista trouxe consigo consequências


negativas que afetam de forma direta a vida do trabalhador. Antes da reforma,
os acordos trabalhistas eram firmados entre sindicatos, trabalhadores e
empregadores, tendo a Justiça do Trabalho como dimensão decisiva. Agora os
conflitos podem ser resolvidos diretamente entre patrões e empregados. Além
desta mudança bastante expressiva, a reforma apresenta outras sensíveis
modificações na legislação trabalhista. As formas de contratação (1): além do
sentimento de vulnerabilidade contratual, passou a ser aderido à ampliação de
contratos atípicos (por tempo parcial, temporários e intermitentes), o que acaba
gerando uma redução de custos bem maiores para o empregador, além de
maior facilidade às empresas dispensarem; (2) Jornada de trabalho: com essa
nova mudança a possibilidade de as empresas utilizarem a força de trabalho
para além das 8 horas diária, de acordo com a “necessidade” da empresa.
Pausas para a amamentação a partir da reforma ficará como livre objeto de
negociação com o empregador. O parcelamento das férias poderá ser dividido
em até três períodos; (3) Remuneração: de acordo com a nova
regulamentação, poderá ocorrer a redução salarial por meio da negociação
individual; (4) Condição de trabalho: diante de uma das mudanças enunciadas
afetam as condições de trabalho e de forma direta à jornada de trabalho e ao
descanso, possuindo relação direta com acidentes de trabalho e doenças
profissionais.

Podemos citar, como exemplo, o trabalho de vendedor em lojas de


vestuário. Nesse setor de trabalho, já existia a pressão do patrão para com os
funcionários, estimulando-o a produzir cada vez através da concorrência entre
os mesmos. A produção do vendedor se dá através de metas estipuladas pelo
gestor do comércio, uma vez que o salário do vendedor é composto de acordo
com o que é vendido por ele. Com isso, o vendedor é estimulado a alcançar as
metas para que seu salário seja maior, além de ser uma forma de garantia de
emprego. Agora através da insegurança, essa situação se torna mais abusiva.

As mulheres foram ainda mais prejudicadas com a nova reforma


trabalhista. Anteriormente, as trabalhadoras gestantes e lactantes poderiam ser
afastadas do trabalho de quaisquer atividades ou locais insalubres. Agora, o
afastamento da gestante se dá somente diante de atividades consideradas
insalubres em grau máximo. Durante a lactação, o afastamento de atividades
insalubre em qualquer grau é condicionado a atestado de saúde.

A mulher no mercado de trabalho

Por muito tempo, a mulher foi vista como sexo frágil, e o homem como
sexo forte. De acordo Pinheiro et.al. (2014, p. 2, apud CALIL, 2000).A
presença da mulher no mercado de trabalho sempre foi marcada por lutas de
igualdade pelos seus direitos. A mulher não tinha espaço para desempenhar
nenhuma função que não fosse à de constituir uma família. Era vista como
objeto sexual dos homens, não havia oportunidade nenhuma de ocupar cargos
de destaque sempre sendo hostilizada e sofrendo preconceito.

No início da humanidade, as mulheres eram criadas e educadas para


satisfazer os desejos dos homens através do casamento, ou seja, dos papeis
de esposa e mãe. Nesse sentido, as mulheres desempenhavam como as
tarefas domésticas como suas atividades centrais.

A mulher era completamente dependente inicialmente do pai, e após ao


casamento, ficava dependente do marido. Toda as tarefas as quais eram
desempenhadas, eram através da sua permanência dentro da própria casa.
No final do século XIX, as mulheres passaram a ter direito a frequentar
escolas, onde eram preparadas para o magistério. Era a única profissão
admissível para as mulheres naquela época. (PINHEIRO; BATISTA; FREITAS
2014, p. 2, apud ROCHA-CAUTINHO, 1994)

Durante a I e II guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945), as mulheres


passaram a desenvolver algumas atividades que eram designadas aos
homens, tomando a frente das funções, até mesmo administrando os negócios
da família, enquanto os maridos estavam nas batalhas. Mesmo com essa
oportunidade que as mulheres tiveram na época de assumir papéis que não
cabiam para o “sexo frágil”, enfrentaram bastante dificuldades, pois a jornada
de trabalho ficou muito intensa e exaustiva, porque além da administração do
trabalho, ainda tinham os afazeres domésticos. (PINHEIRO; BATISTA;
FREITAS 2014, p. 2, apud LESKINEN 2004)

A Partir de então, o paradigma que distinguia homens e mulheres, foi


quebrado pois, os mesmos eram postos para trabalhar nas mesmas máquinas
e lhes eram cobrados o trabalho da mesma forma.Com isso, foi despertando
nas mulheres, um impulsionamento libertador, á maneira de vestir e seu
comportamento. Lançado pelo movimento feminista norte-americano e o
liberalismo francês, modificando o modelo vigente do Brasil. (PINHEIRO;
BATISTA; FREITAS 2014,p. 3, apud BERTOLINI, 2002).

Também com a guerra as mulheres puderam exercer tarefas


que antes ara apenas feita por homens, como dirigir bondes,
táxis, ingressar em usinas e concertar peças, mas com o fim da
guerra elas são obrigadas a voltar para seus lares e retomar
seus papeis (PINHEIRO; BATISTA; FREITAS 2014, p. 3, 
apudPERROT, 1998)

Na década de 1960, ainda era papel principal da mulher cuidar da


família, porém, podia exercer da função de professora de escolaridade
primária. Ainda com a inserção da mulher no mercado de trabalho, a
desigualdade se mostrava presente desde então comparado aos homens,
principalmente no que se refere á salários. Abusos sexual, e olhares de
julgamento também era se fazia bem presente apesar da evolução.
Segundo (HOFFMANN; LEONE 2004),A década de 1970 foi marcada
pela intensificação da participação das mulheres na atividade econômica com o
acelerado processo de industrialização e urbanização e prosseguiu até a
década de 80, apesar da estagnação da atividade econômica. Já a década de
1990, caracterizada pela intensa abertura econômica, baixos investimentos e
pela terceirização da economia, continuou com a tendência crescentede
incorporação da mulher na força de trabalho.
A consolidação da participação da mulher no mercado de trabalho, contudo,
deixou ainda mais evidente as desigualdades de gênero. Além de receberem
os menores salários, as mulheres são a maioria nos postos de trabalho mais
precários, principalmente em relação à terceirização. As jornadas de trabalho
duplas e intensas acabam trazendo consequências perversas para a vida das
mulheres.

Podemos dizer que as mulheres são duplamente exploradas, pois além


de trabalhar fora para ganhar um salário inferior ao dos homens, ainda
desempenham tarefas domésticas mesmo depois de um dia intenso de
trabalho. E, com isso, além de receberem os menores salários, as mulheres
são a maioria nos postos de trabalho mais precários., A jornada de trabalho
dupla e intensa acaba trazendo consequências perversas na vida das
mulheres.

Tal processo contém características de um contexto histórico e


social de submissão feminina em relação ao homem, somadas
ao acirramento e difusão da precarização do trabalho. A
conjunção desses dois fatores tende a gerar impactos na vida
de mulheres e acentuar a dupla (às vezes tripla) jornada de
trabalho (conciliação entre atividade no mercado de trabalho e
trabalho doméstico). (SALES E MATHIS, 2015, p.10)

(FAZER UM PARÁGRAFO CONCLUSIVO E QUE LIGUE AO CAPÍTULO


POSTERIOR)
Capítulo III – teórico-metodológico

Diante do objetivo do nosso estudo, utilizamos três referencias


metodológicos. O primeiro referencial é a sociologia à escola individual do
sociólogo francês Bernard Lahire. O autor aborda o processo de socialização a
partir de uma perspectiva plural, que permite construir uma análise sociológica
à escala individual, bem como nos permite analisar a trajetória de nossas
entrevistadas a partir da construção de quadros de socialização..Segundo
Lahire (2015, p. 2), a noção de socialização reveste-se de um sentido
específico, de modo que designa o movimento pelo qual o mundo social molda
de maneira difusa os indivíduos que vivem nele.

Podemos dizer que, no que se refere aos indivíduos, é possível afirmar


que a socialização é o processo em que um ser biológico é transformado, sob
o efeito das múltiplas interações (BRUNER e DORNES apud LAHIRE, 2015).
Segundo Lahire(2015, p.4), é preciso pesquisar, analisar e descrever os
quadros (universo, instâncias, instituições), as modalidades (maneiras, formas,
técnicas ), os tempos (momentos em um percurso individual, duração das
ações e o grau de intensidade dessas ações) e os efeitos (disposições a
acreditar, a sentir, a julgar, a se representar, a agir, mais ou menos
duradouras) de socialização.
A partir do momento em que o conceito de socialização é visto como um
conceito científico é importante que conduzam estudos de caso precisos, ou
seja, uma pesquisa aprofundada no âmbito social escolhido para investigação.
abordagem. É preciso, então, descrever os quadros de socialização com os
atores principais e suas grandes propriedades, mostrando que o quadro
familiar, por exemplo, se distingue dos quadros escolar, profissional, lúdico,
esportivo, político, religioso, entre outros(LAHIRE, 2015, p.4).

Logo após, trata-se de estudar a maneira pela qual se organiza e se


desenvolve o processo de socialização dentro de cada um desses casos
citados acima. Diante disso, podemos classificar os diferentes processos que
tomam lugar na história social dos indivíduos e, através disso, colocar em
evidência os efeitos mais ou menos duradouros que exercem sobre esses
últimos, o convívio mais ou menos longo, mais ou menos precoce, mais ou
menos intensivo com esses diferentes quadros de socialização (LAHIRE,
2015).

Segundo Lahire (2015), os momentos da socialização na vida de um


indivíduo não são equivalentes. Sendo assim, a sociologia se esforça em
diferenciar os tempos e os quadros da socialização, separando o período da
socialização primária, que é familiar, e a secundária, que são as escolas,
grupos profissionais, instituições religiosas, políticas, culturais, esportivas. Essa
distinção é importante, pois nos primeiros momentos da socialização a criança
tem o início dos laços afetivos com a família e incorpora a maior dependência
sócio efetiva com relação aos adultos que o cercam (LAHIRE, 2015, p.4).

O trabalho de Lahire apresenta uma discussão importante sobre o


caráter múltiplo do processo de socialização, pois nos mostra a importância de
se contextualizar as trajetórias individuais e de forma cuidadosa, a fim de
conseguir aprimorar de maneira concreta as experiências, as decisões e as
posições que os indivíduos tomam ao longo dos percursos sociais, bem como
construir uma análise plural destes mesmos indivíduos.

Assim, acreditamos que a sociologia à escala individual de Bernard


Lahire nos dará condições de traçarmos perfis das mulheres que trabalharam
nas lojas de vestuário do Boulevard Shopping, bem como apresentar suas
percepções sobre as consequências materiais e simbólicas que cercam o
trabalho precário que executam. A sociologia de Lahire permitirá que
realizemos um estudo individualizado e denso através da abordagem de
diversos aspectos e particularidades de cada uma de nossas entrevistas. O
intuito é absorver as diversas formas de viver e observar as disparidades
sociológicas que todo ser humano constitui ao longo do tempo. (2015 apud
LAHIRE, 2004, p. 560).

Entrevistas semiestruturadas

Para a produção dos perfis das trabalhadoras do setor do vestuário do


Boullevard Shopping, utilizamos como ferramenta complementar a entrevista
semiestruturada e a etnografia. Através dos métodos citados sustentaremos
metodologicamente a investigação que propomos com quatro vendedoras de
duas lojas de vestuário, pois permitem a construção de uma análise plural e
densa.

As pesquisas qualitativas trabalham com: significados,


motivações, valores e crenças e estes não podem ser
simplesmente reduzidos ás questões quantitativas, pois que,
respondem a noções muito particulares. Entretanto, os dados
quantitativos e qualitativos acabam complementando dentro de
uma pesquisa ( MINAYO, 1996, apud BONI E QUARESMA,
2005, p.70)

A ênfase na pesquisa qualitativa é justificada na busca de respostas


profundas dos entrevistados.pelo pesquisador.De acordo com Haguette (1995,
p. 81), a entrevista pode ser definida como um processo de interação social
entre pessoas, sendo que uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a
obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado.

Para a realização da entrevista qualitativa é necessário organização,


como levantamento de dados para o seu objetivo final de informações. Nesta
metodologia, a entrevista diretamente com o indivíduo permite absorver
informações, mas a observação também faz o pesquisador absorver
informações qualitativas.

Os dados da entrevista por sua vez proporciona a relação dos valores,


dàs atitudes e dàs opiniões dos sujeitos entrevistados, buscando uma
afinidade para chegar ao objetivo central da pesquisa, na qual é absorver o
máximo de informações construtivas para o resultado final de qualidade.

O resultado de qualidade, consiste na elaboração do roteiro de


perguntas para a entrevista, na qual tem que ser realizada com cautela, pois
não podem fazer perguntas que possa ofender, constrangir ou qualquer outro
tipo de acontecimento que saia da rota da entrevista, ocasionando a perca do
fator principal da entrevista que é o entrevistado. As perguntas devem ser
feitas levando em conta a seqüência do pensamento do pesquisado,
procurando dar continuidade na conversação, conduzindo a entrevista à um
certo sentido lógico para o entrevistado (BONI E QUARESMA, 2005, p. 72).

Para Manzini (1990/1991, p. 154),a entrevista semiestruturada pode


fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não
condicionadas a uma padronização de alternativas previamente definidas. As
vezes surgem perguntas fora do roteiro da entrevista que possibilitam uma
construção concreta e enriquecedora de informações. A entrevista tem enfoque
mostrar as diferentes perspectivas dos entrevistados, de modo que cada um
evidencie o seu posicionamento, através das suas múltiplas relações que
constituem em esferas como trabalho, família e religião.

Segundo Manzini, uma boa entrevista começa com a formulação de


perguntas básicas, que deverão atingir o propósito da pesquisa. É necessário
deixar claro para os entrevistados que estamos coletando dados para uma
pesquisa acadêmica, e que a mesma não irá prejudicar a sua vida profissional,
pois de acordo com Haguette (1995, p. 84) a falta de confiança do entrevistado
pode interferir na qualidade dos dados, porque pode pensar que a sua resposta
irá influenciar de alguma forma a sua vida futura.

Este tipo de entrevista faz com que o pesquisador tenha possibilidades


de coletar respostas densas que são diferentes, por exemplo, de um
questionário, no qual os entrevistados se limitam a escolher uma opção entre
algumas possíveis ou, no máximo, emitem respostas curtas.

O contato direto entre o entrevistador e o entrevistado possibilita tocar


em assuntos mais complexos e delicados, devido as pontas soltas de
respostas que o entrevistador percebe no momento da entrevista, entretanto,
quanto menos estruturada e formal for as perguntas da entrevista maior será o
favorecimento de uma troca afetiva entre ambas partes. (BONI E QUARESMA,
2005, p. 75).

Os entrevistado que passa por alguma má situação em sua vida, e


tendo confiança no entrevistador, aproveitará deste momento como um escape
para desabafar e explicar questões que eles não entendem ou que não
conseguem expressar para determinadas pessoas do seu convívio. Todavia,
estes momentos podem ser intensos, dolorosos e denso, que dão certo alívio
para o pesquisador, pela confiança do entrevistado. (BOUDIEU, 1999 apud
BONI E QUARESMA, 2005, p. 77).

A entrevista semiestruturada utilizam meios para a absorção de


respostas, o pesquisador no momento da entrevista, tem que dar toda atenção
possível ao entrevistado. Podem reconhecer sustentações invisíveis por parte
do entrevistado, por isso que o pesquisador tem que está em total alerta
mediante as respostas de outrem, pois os indivíduos podem definir e
argumentar situações de forma consciente e inconsciente, ou seja, tentar
passar uma imagem diferente da sua própria vida, tentando mostrar ao
pesquisador um personagem que não condiz com a sua realidade, mesmo que
não seja de maneira direta e sim involuntária.

A entrevista não consiste em concordância ou discordância por parte


das informações posta do entrevistado, uma vez que o entrevistador tem que
se impor como sujeito imparcial e coletor de materiais para a sua pesquisa.
GOLDENBERG (1997 apud BONI E QUARESMA, 2005, p. 78) assinala que
para se realizar uma entrevista bem sucedida é necessário criar uma atmosfera
afetuosa e de confiança, não discordar das opiniões do entrevistado, tentar ser
o mais neutro possível, que levará ao resultado almejado.
Etnografia

Além da entrevista semiestruturada, utilizamos a etnografia como


técnica de pesquisa complementar à sociologia à escola individual, pois ela nos
permite descrever de forma cuidadosa os elementos presentes no campo. Ao
que se refere a entrevista, Bourdieu (1999 apud BONI E QUARESMA, 2005, p.
78) faz apontamento a transcrição, não é só passar o discurso gravado do
informante, tem que apresentar os silêncios, os gestos, os risos, a entonação
de voz durante a entrevista, pois mostrará sentimentos que não passam pela
gravação e que são importantes na hora da avaliação, pois acaba
complementando as informações. De acordo com GEERTZ (1989, p. 20), a
etnografia é uma descrição densa, ou seja , entrevistar informantes, observar
rituais, traçar as linhas de propriedades, fazer o censo doméstico... escrever
seu diário. Assim, a etnografia nos permite observar o seu comportamento e
reação mediante as perguntas citadas.

Deve atentar-se para o comportamento e com exatidão; pois é


através do fluxo de comportamento, ou mais precisamente da
ação social, que as formas culturais encontram articulação.
Elas encontram-na também, certamente, em várias espécies
de artefatos e vários estados de consciência. Todavia, nestes
casos emerge do papel que desempenham no padrão de vida
decorrente, não de quaisquer relações intrínsecas que
mantenham uma com as outras. (GEERTZ, 1989, p. 27)

De fato o método etnográfico encontra sua especificidade em ser desenvolvido


no âmbito da disciplina antropológica, sendo composto por técnicas e de
procedimentos de coleta de dados associados a uma prática do trabalho de
campo (ROCHA E ECKERT, 2008).

A pesquisa etnográfica se consiste no visual e pelos conteúdos que o


individuo o passa, segundo Rocha e Eckert (2008) o pesquisador se permite
sair da sua própria cultura para se localizar no outro e participar afetivamente
por meio da sociabilidade que as informações apresentadas representam.
Todavia, ao ver e ao ouvir o mundo do outro, você constrói um ser social com
especificações existentes vividas.
Rocha e Eckert (2008) sustentam que para fazer a pesquisa, é
necessário se aproximar da pessoa na qual vai ser estudada, não somente por
um dia, mas criar uma relação de tempo, para que assim o outro se sinta
confortável com a presença para observar a sua prática social
cotidianamente.A etnografia não é algo para ser feito com pressa, pois exige
paciência e vontade para fazer um estudo de qualidade. A prática etnográfica
se baseia na disponibilidade de pesquisar a partir do método que o coloque
direto com o indivíduo e situações de vida diversas (ROCHA E ECKERT, 2008,
p.6).

Após a aceitação do indivíduo que vai ser estudado, o pesquisador já


passa a estudar o outro como um todo. Ao recorrer as ideias cientificas
podemos nos atentar as nossas descobertas em uma lógica inteligente que
provoca o conhecimento intelectual sobre o observado, sobre a situação
pesquisada, sobre as dinâmicas sociais investigadas ( ROCHA E ECKERT,
2008, p.4), sendo importante a reciprocidade pra interagir com as emoções e
intenções que provêm do cotidiano do pesquisado.

A cada experiência vivida em campo, o pesquisador precisa aprender a


conquistar mais e mais o que está estudando, ou seja, o pesquisado, porque
assim os constrangimentos e as falhas que são presenciadas em campo
acabam sendo superadas, e os objetivos em questão alcançados. Diz-se então
que a prática etnográfica permite interpretar o mundo social aproximando-se o
pesquisador do outro “estranho”, tornando-o “familiar” (DA MATTA, 1978 apud
ROCHA E ECKERT, 2008, p.6).

A busca pela afinidade é o que facilita o trabalho em campo, porque o


ser humano é desconfiado e pode ter o seu momento de desconfiança com o
estudante que busca as informações, sendo que um dos papéis da etnografia é
a busca pela reciprocidade, para que deixe o indivíduo na maneira que ele
queria se sentir caso fosse o contrário.

As relações de reciprocidade, mesmo que oscilantes em


dias de pesquisa, ditos mais produtivos e outros
permeados de dificuldades de toda ordem (o informante
que deu “bolo”, a desconfiança de um entrevistado sobre
a finalidade de suas concepções etc, são construídas em
situações de entrevistas livres, abertas, semi-guiadas,
repletas de trocas mútuas de conhecimento ( ROCHA E
ECKERT, 2008, p.14).

Sendo assim, demonstrará ser confiável mediante a qualquer circunstancia


vivenciada em campo, passando-os que será um diário social da sua vida e
que hipótese nenhuma o conteúdo da pesquisa comprometerá a sua vida em
diante.

O desafio da etnografia é compreender e interpretar tais


transformações da realidade desde seu interior. Mas,
sabendo também, que toda produção de conhecimento
circunscreve o trajeto humano, com o compromisso de
ampliar as possibilidades de re-conhecimento das
diversas formas de participação e construção da vida
social (ROCHA E ECKERT, 2008, p. 22).

A etnografia é um desafio tanto para o pesquisador quanto para o


pesquisado, pois os dois saem da sua “zona de conforto”, para relatar
vivências coisas que nem sempre os estudados estão preparados para expor.
O estudante tem que passar confiança e deixar claro que a etnografia é uma
produção de aprendizado para os seus estudos. Levando-se em consideração
essas questões, as transformações é inerente ao próximo. Cada individuo tem
a sua história, a sua cultura, o seu modo de ver a vida, e adéqua os seus
costumes ao seu dia a dia de maneira diferente de cada pessoa.

Capítulo IV O trabalho em Campos dos Goytacazes - Herança escravista

Neste capítulo abordaremos as relações de trabalho da agricultura, a


agroindústria (sucroalcooleira) e o petróleo.

A agricultura é o meio que os indivíduos utilizam para cultivar a terra e obter


produtos. No entanto, o meio rural sofreu mudanças na metade do século XX e inicio do
século XXI, com o avanço das tecnologias, essas transformações desencadearam a
redução dos lugares para o cultivo e aumentou a automatização deste setor agrícola,
acarretou na falta de oportunidades do trabalhou rural, como a falta de saúde e
qualificação. A medida necessária para esses trabalhadores, foram se migrar para os
centros urbanos, na busca por empregos que se superem as suas condições de campo.
Dando inicio ao ciclo de baixa oferta de mão de obra. (FLECK et al 2019, p. 22)

Outro setor de serviço que desencadeou para condições de trabalho precário é o


da agroindústria: produção de cana, sendo comparado ao sistema atualmente do trabalho
escravo, as pessoas trabalhavam demais e não recebia o justo pela sua força de trabalho.
O salário dos trabalhadores da indústria sacroalcooleira, se atrela a quantidade de cana
que colhem no dia a dia, e isso proporciona uma rotina intensa de trabalho. E nessas
circunstâncias, os empresários se beneficiam, pois quanto mais intensa for a sua rotina
de trabalho, mais ele ganhará, diferente do trabalhador que recebe o valor fixo, pela sua
jornada de trabalho (ANTUNES, 2014, p.45).

Os trabalhadores que trabalham em lojas de vestuário recebem pela quantidade


de mercadorias que vendem, e isto é uma hereditariedade que vem se concretizando
desde décadas passadas, pois na indústria sacroalcooleira, buscam tornar os
trabalhadores mais produtivos, dessa mesma forma, Tendo sobre os mesmos, o controle
e a disciplina em suas funções. E o seu pagamento é referente ao que produz,
remuneração esta que já foi padronizada antes da década de 1970 (ANTUNES, 2014,
p.45).

A contabilidade atualmente é feita por uma pessoa capacitada para a função, o


calculo do que era produzido nas usinas, eram feitos pelos próprios funcionários das
usinas, e acarretava na falta do salário válido, e sendo assim, acaba provocando um
desgaste precoce nos indivíduos. (ANTUNES, 2014, p.45)

Antunes (2014, p.45) trás em seu texto, depoimentos de trabalhadores que sofre
essa precarização do trabalho: “Eu mesma entrei nessa cobrança deles e já no primeiro
mês de trabalho tive que pegar atestado porque machuquei o pulso [...] Eu mesmo
estourei o pulso... fui tentar acompanhar os outros e estourei o pulso (Maria,
trabalhadora rural).”

Cada trabalhador se doa para conseguir manter no emprego e busca por um


salário melhor. Juliana Guanais (2013 apud ANTUNES, 2015, p. 45) enfatiza em suas
palavras que os salários que estão vinculados a produção, acaba esgotando a saúde
mental e física do trabalhador rural. A superexploração é evidente pela longa jornada de
trabalho e pelo seguimento que um tem para com o outro. Mas as pessoas são diferentes
e o que um agüenta, talvez o outro pode não agüentar. O trabalho precário
contemporâneo é reflexo da precarização dos trabalhadores rurais nas indústrias
socroacooleira, os mesmos eram submetidos ao esforço máximo ou até mesmo
excedente para a produção.

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