Você está na página 1de 5

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES SEMESTRAIS - 2023-1

ALUNA: LÍLIA PORTELA BOELL

DOCENTE: CLEIDE REBOUÇAS

CURSO: PSICOLOGIA TURMA: 34 TURNO: NOTURNO

SAÚDE MENTAL E TRABALHO - TED 01

Unidade I - TRABALHO E SUAS CONDIÇÕES SOCIAIS COMO FATORES CONSTITUINTES DA SAÚDE, IDENTIDADE E
CONSCIÊNCIA DO SUJEITO; Epidemiologia dos transtornos mentais relacionados ao trabalho;

Como reconhecer os fatores e situações de risco para a saúde mental no ambiente de trabalho? Fatores
psicossociais, Assédio moral no trabalho, Risco químico;

AS TRANSFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

 Explicar o desenvolvimento do trabalho dentro da sociedade capitalista: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo.


Relacionar o conceito de trabalho ao conceito de alienação. Analisar as transformações do mundo do
trabalho, diferenciando o conceito de trabalho do conceito de emprego.

No século XIX, Frederick Winslow Taylor já defendia o papel do empresário na gestão das organizações por meio de
métodos científicos, ficando conhecido como o pai da Administração Científica. Naquela época, a dimensão das
empresas aumentava cada vez mais em função do desenvolvimento da indústria e dos bens de capital. O
distanciamento que o empresário tinha dos processos operacionais era cada vez maior, exigindo maior
planejamento e controle e as técnicas científicas seriam grandes aliadas na busca pela eficiência e eficácia produtiva
(RIBEIRO, 2015).

Taylorismo:

 criação de métodos de experimentação do trabalho, regras e padronização das atividades produtivas;


 foco na produtividade do trabalho, ou seja, à eficiência e à eficácia produtiva;
 cada processo deveria ser analisado com cuidado pelos administradores para a melhor combinação entre o
tempo e o movimento;
 estabelecendo padrões de produção, os resultados da empresa melhorariam.

- Para Taylor, era necessário o controle absoluto do administrador nas atividades operacionais para que o objetivo
fosse alcançado. Não importava o conhecimento do trabalhador em determinado processo de produção: devia
seguir rigorosamente a técnica imposta pelo empresário/administrador, o único capaz de realizar essa função
gerencial.

 Aqueles que tinham grande conhecimento técnico, mas que apenas podiam executar a atividade conforme
as regras, apresentavam uma postura de resistência;
 A atitude se devia ao conhecimento que os trabalhadores tinham do interesse do administrador/capitalista
pela maximização dos lucros, mesmo que fosse exigida a exploração do trabalho;
 o aumento da produtividade poderia reduzir postos de trabalho, e a postura de resistência (ou “vadiagem”,
como considerava Taylor) preservaria os empregos (RIBEIRO, 2015).

Por fim, Taylor não se importava com o conhecimento do trabalhador sobre os processos de trabalho o que se
relaciona à baixa importância que se tinha sobre a qualidade do trabalho. Sendo o tempo de produção era a maior
preocupação que o empresário deveria ter, assim como a capacidade de adaptação do trabalhador em relação à
necessidade do bem de capital, em cada etapa do processo produtivo.

Fordismo: Henry Ford ficou conhecido pelas suas contribuições para o processo de administração, na busca pelo
aumento da produtividade.

 Implementou em sua fábrica um novo modo de organização do processo produtivo: a esteira rolante;
 Linha de produção de forma automatizada e intensa, o que permitia um grande controle do empresário
sobre o tempo de produção em cada etapa do processo produtivo, bem como estimulava a adaptação do
trabalhador ao novo ritmo;
 Os trabalhadores passavam a se especializar em apenas uma das etapas da produção do bem, fazendo com
que a repetição do trabalho aumentasse a sua habilidade naquela tarefa e a produtividade;
 Assim, o fordismo permitiu a produção em massa, sem deixar de controlar todas as atividades operacionais,
o que era defendido pelo seu antecessor Taylor.

- Essa nova modalidade exigia mais esforço e resistência física por parte dos trabalhadores. Assim, para evitar
rebeldia e alta rotatividade, a fim de manter a adesão dos funcionários, Ford aumenta os salários e proporciona
novas condições de trabalho em relação à quantidade de horas diárias, que passou a ser menor.

 Na sociedade estadunidense, o aumento da produtividade levou à queda drástica dos custos, permitindo a
redução dos preços de forma tão intensa que o produto passou a ser mais acessível para a população em
geral;
 A produção em massa da fábrica de Ford também influenciou o consumo em massa na sociedade;
 Maiores salários e preços mais baixos levaram ao aumento do consumo em geral, bem como a melhores
condições de vida da sociedade.

- CRISE - Entre as décadas de 1960 e 1970, o método de produção fordista passou a enfrentar períodos de crise,
principalmente devido à insatisfação da classe trabalhadora pelo alto controle do processo operacional bem como
de suas vidas particulares. O desgaste físico dos trabalhadores fora do horário de trabalho, poderia prejudicar a
dedicação e o esforço durante a realização das atividades operacionais – desse modo, colocava-se em questão o
modo de produção capitalista utilizado até então (RIBEIRO, 2015).

- Novo padrão de produção: Toyotismo. Período pós-Segunda Guerra Mundial, o Japão, que sofreu graves
consequências pela guerra, se destacava pelo seu crescimento econômico levando o governo local a apelar pelo
empenho da população em relação à reconstrução do país, de modo a recuperar a economia.

Segundo Ribeiro (2015), as principais contribuições do toyotismo foram:

a) Em relação ao sistema de emprego:


 Criado o emprego vitalício, o trabalhador teria vínculo com a empresa ao longo de sua vida. Porém, essa
questão não constava em nenhum documento informal. As empresas passaram a oferecer promoção ao
trabalhador por tempo de serviço. O trabalhador que era admitido receberia um determinado cargo, e não
mais um posto de trabalho, e seu salário variava conforme o grau de importância.
 Adota-se o sistema de organização e gestão do trabalho chamado just-in-time, ou seja, produção no tempo
certo e na quantidade determinada.
 Uma questão muito importante e que viria modificar a forma de enxergar o trabalhador foi a
implementação de sistemas de qualidade, que ocorreu no sentido de promover o envolvimento dos
trabalhadores para a melhoria da produção.
 O trabalho em equipe recebeu grande atenção: grupos de trabalhadores polivalentes desempenhavam
múltiplas funções.
b) Quanto ao sistema de representação sindical, cada sindicato representante das respectivas empresas passou
a ser integrado à política de gestão do trabalho, minimizando as lutas sindicais a partir da primeira metade
de 1950. Os sindicatos passaram a ser incorporados às empresas, transmitindo ao trabalhador a importância
que as organizações davam à sua ascensão na vida profissional.
c) O sistema de relações interempresas se refere a relações entre as grandes, médias e pequenas empresas,
mesmo que por meio de uma forma bastante hierarquizada, em que as últimas assumiam uma posição de
subordinação. No entanto, a subcontratação de empresas menores para a realização de determinadas
atividades foi fundamental para o modelo de produção do toyotismo.

O sucesso do modelo japonês de produção se espalhou pelo mundo ocidental e passou a ser utilizado em paralelo ao
modelo fordista. O resultado foi um profundo processo de flexibilização do mundo do trabalho, passando a haver
uma maior participação do trabalhador no processo produtivo em relação ao seu conhecimento e à sua capacidade
de iniciativa.
TRABALHO E ALIENAÇÃO

 Modo de produção capitalista: estrutura hierarquizada da sociedade;


 De um lado se encontram os empresários, donos dos meios de produção, apresentam como principal
objetivo o acúmulo de riquezas e, para isso, procuram minimizar os custos de produção e elevar a
produtividade. Do outro, encontram-se os trabalhadores, donos da sua própria força de trabalho, estes
representam um custo de produção para ao proprietário, recebendo salários para a sua subsistência.

- Segundo Marx (apud TRINDADE, 2017), existem três princípios no modo de produção capitalista, os quais são
inconsistentes e contraditórios, tornando o capitalismo propenso a crises: 1. o capitalismo é orientado para o
crescimento; 2. esse crescimento resulta da exploração do trabalho no processo de produção de bens e serviços; 3. o
capitalismo é tecnológica e organizacionalmente dinâmico.

- Século XX: crises na estrutura organizacional do taylorismo e do fordismo, principalmente pós-Segunda Guerra
Mundial. Ambas se complementavam, uma contribuindo pela importância do domínio da força de trabalho pelo
empresário e a outra visando também a adesão do trabalhador.

- Fordismo: o trabalhador passou a ser visto como fundamental no processo produtivo, pela oferta de maiores
salários em relação ao mercado da época. Até os dias atuais uma das grandes lutas sindicais é a busca por melhores
salários em todas as áreas representadas.
 Consequências do fordismo para a população: maior poder de compra, passou-se a ter um novo estilo de
vida, com mais produtos à disposição com preços mais acessíveis.
 Esse avanço de questões sociais e a produção em massa exigiram do governo, maiores investimentos em
relação a melhorias na infraestrutura - melhor escoamento da produção, mais incentivos políticos para
estimular a produção privada e, com isso, o crescimento econômico. Tudo isso em função do maior poder de
consumo e, também, do nível de exigência da população, que aumentava devido às novas condições de vida.
 Novas necessidades são criadas e estimuladas pela indústria de produção em massa, bem como novos
desejos, como a aquisição da casa própria e do automóvel.

- Evolução nas questões sociais e a insatisfação dos trabalhadores em relação às condições de trabalho e ao elevado
controle que as empresas tinham tanto durante quanto depois do horário de trabalho. A vida particular também era
controlada, de modo que os trabalhadores não sofressem desgaste físico e perdessem o ritmo de produtividade
(RIBEIRO, 2015).

 A insatisfação se refletiu no absenteísmo, na alta rotatividade de pessoal, nas sabotagens e nas greves, o que
provocou queda na produtividade e, portanto, nos lucros dos empresários (DRUCK, 1999; BIHR, 1999 apud
RIBEIRO, 2015). Luta sindical pela manutenção dos salários, que se viam ameaçados pela queda na
lucratividade.

- Episódios como esse denunciam uma crise do capitalismo, representado pelo modo de produção do binômio
taylorismo/fordismo, que, caracterizado pela automatização dos processos e pela disciplina excessiva em relação à
vida profissional e pessoal, tornava o trabalhador alienado.

 As atividades desempenhadas estavam de tamanha forma padronizadas que reduziam a capacidade de


senso crítico por parte do operário em prol do enriquecimento do empresário.

- Marx utilizava a questão da alienação em sua obra “O Capital”, aplicando-a à noção de trabalho. Para a sua
sobrevivência, os homens ofereciam no mercado a sua força de trabalho, submetendo-se aos processos
padronizados e limitando os seus pensamentos. A consequência era a divisão de classes e desigualdades sociais – daí
a necessidade do ser humano de examinar a realidade que o cerca, emancipar o seu pensamento, consciência e
subjetividade (VANNUCCHI, 2017).

- Na mesma época em que a crise do capitalismo ocorria no mundo ocidental: o toyotismo, através desse modelo, o
indivíduo poderia expor a sua opinião acerca do processo de produção em qualquer de suas etapas, recuperando a
unidade entre concepção e execução.
 O trabalhador passou a poder usar sua capacidade de iniciativa e criatividade e tinha a sua importância
considerada nos diferentes níveis salariais entre os cargos.
 Deixou de ser apenas mais um em uma organização, e o seu valor para o crescimento da empresa passou a
ser considerado.
 Estimula-se dedicação do trabalhador e os resultados foram significativamente positivos, levando o
toyotismo a ser utilizado em outras grandes organizações do país.

TRABALHO E EMPREGO
Em meio à crise do fordismo e do taylorismo e ao surgimento do Toyotismo: surgem as primeiras teorias em relação
à importância do capital humano para o sucesso das organizações.
 O principal motivo foi a procura pela explicação dos ganhos de produtividade que eram resultado do “fator
humano” no processo de produção. Esse estudo identificou que a qualificação do trabalho humano por meio
da educação era um dos principais motivos do aumento da produtividade econômica, ou seja, do
crescimento das taxas de lucro (MINTO, 2006).
 A educação se tornou sinônimo de valorização do próprio indivíduo, na mesma lógica em que se valoriza o
capital. A ideia de que a educação poderia influenciar tanto o desenvolvimento econômico quanto o
desenvolvimento do próprio indivíduo se disseminou, sendo um fator econômico fundamental para o
desenvolvimento, os investimentos em educação passaram a ser considerados como um dos critérios do
investimento capitalista (MINTO, 2006)
 As exigências do trabalhador passaram a ser cada vez maiores e o fortalecimento do poder sindical
contribuiu para que isso acontecesse.
 No Brasil, ao longo dos anos 1980, em meio ao processo de democratização da economia, a possibilidade de
o cidadão poder votar de forma direta nos candidatos políticos elevou os esforços por parte dos governantes
no sentido de conquistar os seus eleitores.
 A luta pelas questões trabalhistas envolveu entidades patronais e sindicatos em muitos debates durante os
trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Na época, a resistência por parte do empresariado se devia
ao temor de que os benefícios trabalhistas pudessem inviabilizar o crescimento econômico do país (que
enfrentava períodos de grande instabilidade nos anos 1980).
 O resultado da luta foi a inclusão de direitos inéditos dos trabalhadores na Constituição de 1988 (ALTAFIN,
2008). Grande passo para a criação de direitos e garantias essenciais para a classe trabalhadora, os quais
eram inéditos para a época e surtem efeitos até os dias atuais, pois passaram a ser incorporados
definitivamente no cotidiano das relações formais de trabalho, como: licença-maternidade; licença-
paternidade; redução da jornada de trabalho de 48 horas semanais para 44 horas; autonomia sindical;
direito ao décimo-terceiro salário; direito ao aviso prévio; direito de greve para trabalhadores da iniciativa
privada e do setor público; mecanismos contra a demissão arbitrária e contra a redução de salário;
liberdade de organização sindical (inclusive para servidores públicos).
 Essas relações formais se referem ao trabalhador que possui algum vínculo empregatício, ou seja, um
emprego com carteira assinada, através do regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (Lei N.º 5.452,
de 1943). O que não apresenta vínculo empregatício não se enquadra nas relações de emprego, mas sim nas
relações de trabalho; verifica-se, assim, que existe diferença entre os termos “trabalho” e “emprego”
(FARACHE, 2011).

- Essas relações formais se referem ao trabalhador que possui algum vínculo empregatício, ou seja, um emprego com
carteira assinada, através do regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (Lei N.º 5.452, de 1943). O que não
apresenta vínculo empregatício não se enquadra nas relações de emprego, mas sim nas relações de trabalho;
verifica-se, assim, que existe diferença entre os termos “trabalho” e “emprego” (FARACHE, 2011).

 A intervenção do governo nas relações trabalhistas foi fundamental para a valorização do trabalhador nas
empresas. Os direitos mínimos passaram a ser garantidos pela justiça, minimizando os abusos e a exploração
trabalhista por parte do empregador. Além disso, cada vez mais a opinião do trabalhador era considerada,
bem como a atenção pelos seus objetivos pessoais e profissionais, pois as empresas começaram a se dar
conta de que quanto maior a satisfação do funcionário, melhor a sua dedicação, produtividade e qualidade
nos resultados.
 A introdução do setor de Recursos Humanos (RH) nas organizações representa essa evolução em relação à
importância do trabalhador nos resultados. A sua função consiste em adquirir, desenvolver, usar e reter os
colaboradores da organização, o que pode ser realizado por uma pessoa ou por um departamento
(profissionais em recursos humanos). Todas essas tarefas devem estar alinhadas à “estratégia” da
organização. Assim, o foco dessa área passou a ser o trabalhador como um ser que pensa, que tem sonhos,
desejos, expectativas e que é dotado de inteligência – diferentemente do que se observava ao longo do
século XX, quando o trabalhador era apenas uma mão de obra física, como se fosse uma extensão das
máquinas (MARTINS; MACHADO; FERREIRA, 2014).
 Para o empresário, a introdução do departamento RH foi feita devido ao que essa área poderia agregar de
valor a seu capital financeiro e econômico; para o trabalhador, refere-se ao valor que vai ser agregado à sua
carreira, à sua vida e à vida de sua família (MARTINS; MACHADO; FERREIRA, 2014).
 As necessidades de pensar, agir e propor dos trabalhadores são orientadas pelos objetivos propostos pela
empresa, os quais aparecem, muitas vezes, mascarados pela necessidade de atender ao mercado
consumidor. Porém, como o consumo é o que sustenta o sistema produtivo de capital, defender o
consumidor e sua satisfação é fundamental para preservar a própria continuidade da empresa no mercado
(ANTUNES, 2002)

Você também pode gostar