Você está na página 1de 11

Colégio Pedro II – Duque de Caxias

Disciplina: Sociologia
Professor: Fabio Braga

Do fordismo à acumulação flexível


Fordismo
Para aperfeiçoar a produção industrial, o empresário Henry Ford (1863-1947) idealizou uma forma de
produção em massa que veio a ficar conhecida como fordismo.
Esse sistema de produção intensificou a divisão do trabalho e aumentou a produtividade dos
trabalhadores, através do uso da linha de montagem e da aplicação dos princípios da administração
científica idealizados por Frederick Taylor (1856-1915).
O quadro abaixo traz cinco características fundamentais do fordismo.

• Vigência da produção em massa, realizada por meio da linha de montagem e produção mais homogênea;
• Controle dos tempos de trabalho e dos movimentos dos operários por meio do cronômetro taylorista e
da produção em série fordista;
• Existência do trabalho parcelar e da fragmentação das funções;
• Separação entre a elaboração, cuja responsabilidade era atribuída à gerência científica, e a execução do
processo de trabalho, efetivada pelo operariado no chão da fábrica;
• Existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas.

Obs.1. Obs.2. Em alguns textos podem aparecer os


Início: década de 1910/20. termos fordismo-taylorismo ou taylorismo-
Declínio: década de 1970/80. fordismo. Trata-se de sinônimos.
Fordismo

Linhas de
montagem no início
do século XX

Na perspectiva fordista, a produção em massa deve ser acompanhada pelo consumo em


massa.
Observação sobre o trabalho parcelar

No século XVIII, o economista Adam Smith já observava que a produtividade do trabalho


aumenta à medida que a divisão do trabalho avança.
• Quanto mais um operário executa apenas uma tarefa, de modo repetitivo e simples, mais ele se
especializa. Sua destreza aumenta na mesma proporção que sua produtividade.
• A divisão do trabalho gera uma economia de tempo, pois o trabalhador, ao executar uma única
tarefa, reduz o tempo de locomoção dentro da fábrica (na passagem de uma atividade a outra).

Porém, a simplificação do trabalho tem efeitos negativos sobre o operário:


• Torna o trabalho monótono e desinteressante;
• Torna o trabalho tão simples que fica fácil substituir um trabalhador com pouco treinamento por
outro;
• Faz com que o operário perca o conhecimento sobre o conjunto do processo de produção e, por
conseguinte, o controle sobre como o produto deve ser feito (esse é um aspecto da alienação do
trabalho).
A crise econômica da década de 1970

• Baixas taxas de crescimento econômico e altas taxas de inflação;


• Crise do petróleo, originada pela decisão dos países da OPEP de aumentar o preço do produto e
do embargo árabe às exportações para o Ocidente durante a guerra com Israel, em 1973.
• “Problema fiscal”;
• Avanço das políticas neoliberais;
• Passagem do fordismo à acumulação flexível.
A crise econômica da década de 1970

No contexto de crise, o fordismo passou a ser visto como um modelo de produção marcado
pela rigidez.

1. Rigidez dos investimentos nos sistemas de produção em massa que impediam a


flexibilidade de planejamento e presumiam crescimento estável em mercados de
consumo invariantes;

2. Rigidez nos mercados e nos contratos de trabalho;

3. Rigidez dos compromissos do Estado (seguridade social, direitos de pensão etc.) num
momento em que a classe empresarial exigia restrições dos gastos públicos.
Rumo à acumulação flexível

A chamada acumulação flexível se apoia em três tipos de flexibilidade:


• Flexibilidade dos processos de trabalho, com a automação (computadores, robôs e
máquinas tecnologicamente avançadas) e a consequente redução do trabalho manual
nas empresas.
• Flexibilidade dos mercados de trabalho: como a produção está condicionada pelo
mercado de consumo, a empresa mantém um quadro mínimo de funcionários que, de
acordo com a necessidade, trabalham horas extras e, se houver interesse, completa-se
o quadro de funcionários com trabalhadores temporários ou subcontratados.
• Flexibilidade dos produtos e dos padrões de consumo, para tornar as mercadorias
cada vez mais descartáveis. A vida útil dos produtos que compramos diminui e,
paralelamente, a propaganda nos estimula a trocá-los por outros novos.

Na literatura especializada, o modelo


mais citado de acumulação flexível é o
toyotismo (ver próximos slides).
Toyotismo
O toyotismo, idealizado pelos engenheiros Eiji Toyoda e Taiichi Ohno, ganhou expressividade
internacional na década de 1970, mas suas ideias e práticas existiam muito antes no Japão (1950).

No toyotismo a produção de mercadorias é horizontal e baseada em processos de subcontratação e


terceirização de grande parte das atividades, com a intenção de “encolher” a empresa e reduzir custos. O
trabalhador passa a ser polivalente (que desempenha múltiplas tarefas). Outras características
importantes são:
• Produção por demanda, com estoques mínimos;
• Flexibilização da produção, a fim de torná-la variada, ao contrário do fordismo, que produzia em série
o mesmo tipo de produto;
• Sistema just-in-time (tempo certo), no qual a matéria-prima, peça ou acessório chega ao local de
produção apenas no momento em que será utilizada, evitando o acúmulo de produtos no estoque;
• O kanban, um sistema de etiquetas que leva a informação sobre a necessidade de reposição do produto
no estoque;
• Os CCQs (Círculos de Controle de Qualidade), grupos de trabalhadores que supervisionam a
qualidade dos produtos, completando um processo de responsabilização por cada etapa de produção,
que deve atingir uma qualidade preestabelecida.
Toyotismo

Automação da linha
de montagem no
modelo toyotista.
Bibliografia

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do trabalho. São
Paulo: Cortez, Campinas, SP: EdUNICAMP, 2003.

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista – a degradação do trabalho no século XX. Rio de
Janeiro: Editora Guanabara, 1987.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

OLIVEIRA, Luiz F. & COSTA, Ricardo C. R. Sociologia para jovens do século XXI. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Imperial Novo Milênio, 2016.

MACHADO, Igor J. R.; AMORIM, Henrique J. D.; BARROS, Celso F. R. Sociologia Hoje. 1ª ed. São Paulo:
Ática, 2013.

Você também pode gostar