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Revolução Industrial

Professora Débora Lima


Revolução industrial - Pioneirismo inglês

A Inglaterra foi o primeiro país a consolidar o processo de industrialização, dentre os


fatores que contribuíram para o pioneirismo inglês destacamos:
• Consolidação do poder do Parlamento, após a Revolução Gloriosa. Permitiu que
o Parlamento aprovasse leis que beneficiaram a burguesia, pondo fim a politica
mercantilista, garantindo o direito a propriedade privada e proibindo a atuação
dos trabalhadores. A burguesia consolidou sua posição de classe dirigente da
economia, impulsionando o desenvolvimento do capitalismo inglês.
• A disponibilidade de mão-de-obra, provocada pelos Cercamentos
desencadeando o êxodo rural. Nas cidades o excedente populacional provocou
a formação de um exercito industrial de reserva – mão de obra barata e
disponível.
• Acumulação primitiva de capitais; expansão comercial provocada pelo
expansionismo marítimo e colonial, sistema bancário e de créditos financeiros,
Atos de navegação (1651) e o Tratado de Methuem (1703).
• Grandes reservas de jazidas de carvão mineral e minério de ferro, matérias-
primas essenciais para a indústria.
• Posição geográfica favorável, o fato da Inglaterra ser uma ilha e sua proximidade
com a Europa favoreceram o comércio marítimo, além dos Atos de Navegação
que promoveram a supremacia marítima inglesa.
• A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar
Londres no final do século XVIII. matéria-prima e máquinas e contratar empregados.
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/
• Amplo mercado consumidor.
Processo de produção anterior a Revolução Industrial
Maquinofatura - sec XVIII -
Produção artesanal – sec XV - o
Houve uma redução dos custos
trabalhador conhece todas as Manufatura - sec XVI - a e aumento da margem de lucro
etapas dos meios de produção. produção é realizada em grandes do empresário. Parte do
Trabalha em oficinas, geralmente oficinas, reunindo os processo é feito pela máquina.
num ambiente doméstico, com trabalhadores, que executam O trabalhador não conhece as
poucos empregados ou sozinho. funções especificas. A produção é etapas da produção. O tempo
Usava ferramentas simples. Ele dividida em fases e o trabalhador de trabalho, ritmo da produção
dita o tempo da produção, e a responsável por uma etapa do e o valor do salário é ditado
mesma é feita sob encomenda. processo. pelo dono da fábrica.

ttps://www.ideiademarketing.com.br/2016/06/03/v https://edu.glogster.com/glog/revolucao-
alorizacao-da-producao-artesanal-na-era-digital/ industrial/22b730mt9fa?=glogpedia-source https://www.suapesquisa.com/industrial/maquinofatura.htm
O aumento da
produtividade e a
energia a vapor
O uso das máquinas provocaram um grande impacto
na economia da Inglaterra. Com o aumento da
produção, os preços dos produtos caíram e tornaram-
se mais competitivos no cenário internacional. Os
tecidos ingleses ganharam o mundo. E países como a
Índia, amargaram um grande prejuízo com a
concorrência têxtil da Inglaterra.
As primeiras máquinas foram movidas por
energia a vapor. A Inglaterra que dispunha de
carvão mineral, tinha a matéria prima para garantir
a movimentação do maquinário.
A energia a vapor também foi amplamente utilizadas
nas locomotivas, que foram fundamentais no século
XIX, para o transporte de mercadorias.

https://br.pinterest.com/pin/365002744786606888/
A consolidação do sistema
capitalista
O processo de industrialização promoveu a consolidação do
sistema capitalista. Como vimos, em nosso conteúdo sobre o
Iluminismo, a sociedade acabou sendo moldada seguindo a
lógica capitalista. Dentre as teorias para explicar esse novo
contexto, destacamos o Liberalismo Econômico, que teve como
sua expressão máxima o pensamento de Adam Smith. A rejeição
ao mercantilismo deu o tom e a ideologia da não intervenção do
Estado na economia, que deveria apenas obedecer a lei da oferta
e da procura.
Os iluministas que defenderam com tanto vigor a proteção da
propriedade privada e a responsabilidade pública do Estado, viram
seus ideais ganharem força nos diversos países europeus. A
revolução industrial que iniciou na Inglaterra do século XVIII,
avançou no século seguinte para a Europa, EUA e Japão e
somente no século XX, alcançaria outras regiões.

http://pbmc.coppe.ufrj.br/index.php/en/news/1057-capitalismo-climatico
O termo proletário é de origem latina. Era usado para
descrever o cidadão pobre que só era útil à República para
Relações de
gerar “prole” (filho), que no futuro iria servir à Pátria.
No século XIX, a palavra proletariado passou a ser usada
para identificar a classe sem propriedade, a classe que não
trabalho
possuía meios de produção capazes de gerar seu sustento,
precisando vender sua força de trabalho para aqueles que
possuíam os meios de produção.
https://www.significados.com.br/proletariado/

A burguesia é a classe social detentora dos


meios de produção (comerciantes,
industriais, banqueiros, os proprietários de
terras). Empregam o proletário em troca de
um salário.

https://simpsons.fandom.com/wiki/Charles_Montgomery_Burns
Luta de classes
A revolução industrial, também evidenciou a
luta de classes, entre a burguesia e o
proletariado. Segundo Karl Marx, a luta de
classes sempre existiu, opondo ao longo da
história, o opressor e o oprimido. A luta de
classes, que seria, portanto, o motor das
mudanças sociais, refletiria as diferenças
materiais que se instauram no meio social.
Essas mudanças poderiam ocorrer de forma
gradual ou, em casos extremos de desigualdade,
por meio de revoluções, como a defendida por
Marx, a revolução do proletariado.
No processo de industrialização o conflito
entre proletariado e burguesia evidenciou a
divergência de interesses desses grupos.
Consequências do
processo de
industrialização
O aumento populacional nas cidades foi uma das
consequências do processo de industrialização. As
áreas urbanas da Inglaterra não dispunham de
infraestrutura para abrigar todo o contingente
populacional. Além dos danos ambientais decorrentes
desse processo. A temática ambiental não era uma
preocupação das autoridades nos séculos XVIII e XIX, na
verdade essa discussão é bem recente. Não haviam
politicas sanitárias o que favoreceu a propagação de
doenças.
Embora estejamos abordando o processo inglês, nos
outros países o processo é semelhante, bem como os
problemas.
Observe ao lado as imagens de Londres no final do século
XIX. A primeira imagem, de uma rua de um bairro pobre
da cidade, a segunda da sujeira da cidade e por último o
tráfego de carroças.

http://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2011/12/cidades-infernais_01.html
https://super.abril.com.br/blog/contaoutra/antes-do-carro-o-caos-das-grandes-cidades-
era-o-cavalo/
Consequências do O depoimento abaixo apresenta a utilização do trabalho infantil, em uma fábrica
inglesa, no inicio do século XIX.
processo de
Perante uma comissão do Parlamento em 1816, o Sr. John Moss, antigo capataz
industrialização de aprendizes numa fábrica de tecidos de algodão, prestou o seguinte depoimento
sobre as crianças obrigadas ao trabalho infantil:
Eram aprendizes órfãos?
– Todos aprendizes órfãos.
E com que idade eram admitidos?
– Os que vinham de Londres tinham entre 7 e 11 anos. Os que vinham de
Liverpoll, tinham de 8 a 15 anos.
Até que idade eram aprendizes?
– Até os 21 anos.
Qual o horário de trabalho?
– De 5 da manhã até 8 da noite.
Quinze horas diárias era um horário normal?
– Sim.
Quando as fábricas pararam para reparos ou falta de algodão, tinham as crianças,
posteriormente, de trabalhar mais para recuperar o tempo parado?
– Sim.
As crianças ficavam de pé ou sentadas para trabalhar?
– De pé.
Durante todo o tempo?
– Sim.
Havia as cadeiras na fábrica?
– Não.
Encontrei com frequência crianças pelo chão, muito depois da hora em que
deveriam estar dormindo. Havia acidentes nas máquinas com as crianças?
– Muito frequentemente.
https://mundodahistoriablog.wordpress.com/2017/11/19/trabalho-infantil-na-revolucao-
industrial/ Leo Huberman. História da riqueza do homem, p.191.
Quando eu tinha sete anos de idade fui trabalhar na fábrica do Sr.
Trabalho infantil - Marshall em Shrewsbury. Se uma criança se mostrasse sonolenta o
responsável pelo turno a chamava e dizia, “venha aqui”. Num canto

depoimentos do século da sala havia uma cisterna de ferro cheia de água. Ele pegava a
criança pelas pernas e a mergulhava na cisterna para depois
manda-la de volta ao trabalho.
XIX (Jonathan Downe foi entrevistado por um representante do
parlamento britânico em junho de 1832)

“A primeira tarefa dada a Robert Blincoe foi a de apanhar o algodão


que caía no chão, embaixo do tear mecânico.Aparentemente, nada
poderia ser mais fácil, mas ele estava muito apavorado pelo
movimento giratório e pelo barulho da maquinaria, ele também não
suportou o pó e a fumaça que o deixavam sufocado. Ele logo se
sentiu doente e constantemente parava de trabalhar, pois suas
costas doíam de tanto agachar. Blincoe achava que era livre para
sentar e descansar, mas logo descobriu que isso era estritamente
proibido nas fábricas têxteis. O seu inspetor, Sr. Smith, lhe disse
que tinha que ficar em pé […].”

(BROWN, John. Trecho da biografia de Robert Blincoe, publicado


no jornal The Lion, 15 de janeiro de 1828)
Fragmentos do texto: Trabalho infantil durante a
Revolução Industrial Inglesa
Por: CAROLYN TUTTLE tradução: ARMANDO MARTINS

(...) Dado o papel do trabalho infantil na Revolução Industrial Britânica, muitos historiadores econômicos tentaram explicar como o trabalho infantil
se tornou tão prevalente. Um modelo competitivo do mercado de trabalho para crianças tem sido usado para examinar os fatores que influenciaram
a demanda de crianças para empregadores e a oferta de crianças das famílias. A maioria dos acadêmicos argumentam que era a abundante oferta
de crianças que aumentou o emprego nos locais de trabalho industrial, tornando o trabalho infantil um problema social. A explicação mais comum
para o aumento na oferta era a pobreza – a família enviava suas crianças para trabalhar porque eles estavam desesperadamente necessitando da
renda. Outra explicação comum era que o trabalho era um componente tradicional e costumeiro na vida das pessoas comuns. Pais haviam
trabalhado quando eram jovens e exigiam que suas crianças fizessem o mesmo. A visão prevalecente da infância para a classe trabalhadora era
que as crianças eram consideradas “pequenos adultos” e era esperado delas a contribuição para a renda ou para a empresa da família. Outros
menos comumente argumentavam que as fontes de um aumento na oferta de trabalho infantil era que os pais seriam ou gananciosos e queriam
mais da renda para gastar consigo mesmos ou as crianças queriam estar fora de casa porque seus pais eram emocionalmente e fisicamente
abusivos. Seja qual for a razão para o aumento na oferta, acadêmicos concordam que enquanto as leis de educação obrigatória não haviam
passado até 1876, mesmo pais bem-intencionados tinham poucas alternativas.
(...)
Outras explicações contundentes argumentam que era a demanda, não a oferta que aumentou o uso de trabalho infantil durante a Revolução
Industrial. Uma explicação veio dos industrialistas e donos de fábrica – crianças eram uma fonte barata de trabalho que permitiam eles se
manterem competitivos. Administradores e feitores viam outras vantagens de contratar crianças e apontavam que eram os trabalhadores fabris
ideais porque elas eram obedientes, submissas, propensas a responder a punições e improváveis de formarem sindicatos. Adicionalmente, uma
vez que as máquinas tinham reduzidos muitos procedimentos para tarefas simples, trabalhadores sem habilidade poderiam substituir trabalhadores
capacitados. Finalmente, alguns acadêmicos argumentam que os dedos ágeis, baixa estatura e a flexibilidade das crianças eram especialmente
próprias para o novo maquinário e as situações de trabalho. Eles argumentam que as crianças tinham uma vantagem comparativa com as
máquinas que eram pequenas e montadas perto do chão, assim como nos túneis subterrâneos estreitos das minas de carvão e metal. A Revolução
Industrial, neste caso, aumentou a demanda de trabalho infantil por criar condições de trabalho onde elas poderiam ser muito produtivas.
https://www.sociedadeaberta.com.br/trabalho-infantil-durante-a-revolucao-industrial-inglesa/
Ludismo (1811-1816)

A constante industrialização e as péssimas condições dos


trabalhadores, desencadearam ao longo dos séculos XVIII e XIX,
movimentos que contestavam a sociedade capitalista, denunciando
a exploração do proletariado pela burguesia. Esses movimentos iam
da reivindicação por maiores direitos políticos aos trabalhadores à
proposta de revolução para por fim ao capitalismo e as
desigualdades.
Na Inglaterra, uma das primeiras formas de resistência, contra a
exploração a qual os trabalhadores eram submetidas, foi o
Ludismo, que consistiu na destruição das máquinas, que eram
acusadas de serem as responsáveis pelo desemprego e as
péssimas condições de trabalho.
O nome Ludismo, seria uma homenagem ao líder Ned Ludd, porém
não sabe-se afirmar se era um personagem real, fato é que os
rebeldes, chamavam seu lider por esse nome.
O objetivo era eliminar as máquinas das fábricas. Obviamente o
movimento não alcançou seu objetivo e o governo para coibir essas
práticas, determinou uma lei que punia com a morte os destruidores
https://www.novacultura.info/single-post/2019/03/16/Breve-Historia-do-Movimento-Operario- das máquinas. As lideranças foram presas, julgadas e enforcadas.
Ludismo
Cartismo

Em 1838, outro movimento operário surgiu na Inglaterra.


O Cartismo, consistiu num conjunto de reinvindicações
(voto secreto, direito universal de votos aos homens, direito
de operários a se candidatar a cargos no Parlamento) que
foram encaminhamento ao Parlamento. Diante da recusa
da Assembleia, uma onda de protestos desencadeou sobre
o país. Em 1840, um novo documento com 3,3 milhões de
assinaturas foi entregue ao Parlamento, exigindo aumento
salarial e redução da jornada de trabalho.
Em 1848, novas manifestações ocorreram e dessa vez
conseguiram que o Parlamento atendesse parte das
reivindicações. Esse movimento acabou influenciando a
luta operária por toda a Europa.

Gravura do livro de 1886 True Stories of the Reign of Queen Victoria, de Cornelius Brown
Sindicatos (trade unions)

O termo trade unions significa sindicatos. Essas organizações


começaram a existir a partir de 1720 e ganharam impulso ao longo do
processo de industrialização inglesa. Os trabalhadores passaram a se
ver como uma classe social, o que fortaleceu o movimento sindical
que passou a defender os direitos trabalhistas e demonstrar
resistência a exploração capitalista.
Os conflitos entre patrões e operários tornaram intensos, levando o governo
a reprimir as manifestações com truculência, efetuar prisões e criar leis
antissindicais. Somente em 1824, o Parlamento inglês aprovou a primeira
lei que permitiu a organização sindical dos trabalhadores. Com a nova lei,
houve uma explosão de greves e associações operárias em toda a
Inglaterra, concentradas principalmente na indústria têxtil e na atividade
siderúrgica.
A partir de 1833, muitas conquistas foram alcançadas, como a diminuição
da jornada de trabalho para as crianças (10 a 13) em 48h semanais, em 69
horas semanais para as crianças de 13 a 18. Parece absurdo esse
números, mas imaginem que era muito pior. Em 1834, surgiu a primeira
central de trabalhadores, chegando a ter cerca de 100 mil membros.
Somente em 1847, que a jornada de trabalho foi reduzida em 10 horas
diárias em todo o país.
http://revolucaoindustrialcap07.blogspot.com/2010/05/reacao-dos-trabalhadores.html

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