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LICENCIATURA DE GESTÃO DE EMPRESAS

ENQUADRAMENTO DAS ISENÇÕES SIMPLES OU INCOMPLETAS EM SEDE DE


IVA
BRUNA SARAIVA

MARTA NEVES

MIGUEL OLIVEIRA

FISCALIDADE 3

VILA NOVA DE GAIA


JANEIRO DE 2023
RESUMO

O presente trabalho está inserido no âmbito da unidade curricular de gestão de


empresas, do 3º ano da licenciatura de Gestão de Projetos, lecionada pelo professor
Joaquim Silva e tem como objetivo a análise e enquadramento das Isenções simples ou
incompletas que se encontram designadas no artigo 9º e 53º do código do IVA.

Neste trabalho serão desenvolvidas competências e aplicação de matéria já


lecionada em regime de sala de aula, assim como competências adquiridas ao longo dos
três anos de licenciatura.

Ao realizar este trabalho tivemos como base de pesquisa o código do IVA assim
como outros autores que fizeram análise de respetivas isenções e, ainda a análise de
artigos referentes à mesma matéria.

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ÍNDICE

RESUMO ............................................................................................................................ 3

ÍNDICE .............................................................................................................................. 4

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6

ISENÇÕES SIMPLES OU INCOMPLETAS ............................................................................ 7

O QUE SÃO ISENÇÕES SIMPLES? .................................................................................. 7

ARTIGO 9º - ISENÇÕES .............................................................................................. 7

ARTIGO 53º - ÂMBITO DE APLICAÇÃO .................................................................... 8

ANÁLISE DE EXEMPLOS E PARECERES ...................................................................... 10

EXEMPLO 1: IVA/ RITI – SUJEITOS PASSIVOS ISENTOS ............................................ 10

EXEMPLO 2: IVA – SERVIÇOS FÚNEBRES .................................................................. 14

EXEMPLO 3: IVA – ISENÇÕES - FATURAÇÃO ............................................................. 19

EXEMPLO 4: IVA – ISENÇÕES – CRIAÇÃO DE SOCIEDADE ........................................ 23

EXEMPLO 5: IVA – ISENÇÃO EM EMPRESA DE ELETRODOMÉSTICOS ....................... 27

EXEMPLO 6: IVA – ISENÇÕES – CONSULTAS DE PSICOLOGIA .................................. 31

EXEMPLO 7: IVA – ISENÇÃO NOS ARTISTAS .............................................................. 35

EXEMPLO 8: IVA – ISENÇÕES NOS FORMADORES ..................................................... 41

EXEMPLO 9: IVA - ISENÇÕES – FISIOTERAPIA E FORMAÇÃO ................................... 44

EXEMPLO 10: IVA – ISENÇÕES E DIREITO À DEDUÇÃO ............................................ 49

EXEMPLO 11: IVA – ISENÇÕES EM ENTIDADE PROFISSIONAL .................................. 54

EXEMPLO 12: IVA – ISENÇÕES – ATIVIDADES DE APOIO ÀS ARTES .......................... 57

CONCLUSÃO ................................................................................................................... 61

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 62

ANEXO 1: ARTIGO 9.º - ISENÇÕES NAS OPERAÇÕES INTERNAS .................................... 64


4
ANEXO 2: ARTIGO 32.º - DECLARAÇÃO DE ALTERAÇÕES ............................................ 70

ANEXO 3: ARTIGO 53.º DO CÓDIGO DO IVA ................................................................... 71

ANEXO 4: ARTIGO 54.º - PASSAGEM DOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO AO REGIME

ESPECIAL DE ISENÇÃO .................................................................................................... 73

ANEXO 5: ARTIGO 14º DO RITI – ISENÇÕES NAS TRANSMISSÕES ................................ 74

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INTRODUÇÃO

Como sabemos o código do Iva está presente em tudo aquilo que compramos
assim como em tudo aquilo que vendemos. Qualquer sujeito passivo está sujeito à taxa
do Iva, 6%, 13% ou 23% porém alguns dos sujeitos passivos encontram-se nas chamadas
exceções as quais apelidamos de Isenções.

Assim sendo, neste trabalho além da análise e explicação do que se trata as


isenções simples ou incompletas, serão analisados diversos exemplos e pareceres do
nosso ponto de vista e em concordância com o código.

Organizamos este trabalho da seguinte forma:

 Resumo: um breve resumo do assunto que será discutido neste documento,


assim como de onde surgiu a elaboração do mesmo.
 Índice
 Introdução
 Desenvolvimento (Isenções Simples ou Incompletas)
o O que são as Isenções Simples ou Incompletas?
o Onde se encontram no código do IVA
o Análise de Exemplos e Pareceres
 Conclusão
 Bibliografia

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ISENÇÕES SIMPLES OU INCOMPLETAS
O QUE SÃO ISENÇÕES SIMPLES?
Como em todos os códigos fiscais, as regras gerais não se aplicam a todos os
consumidores sendo que existem algumas exceções que passaremos a chamar as ditas
isenções. O código do Iva não foge disso, e assim sendo, sabendo que apesar de algumas
operações estarem sujeitas às regras de IVA, algumas destas estão isentas desse imposto.
Ou seja, as chamadas ditas exceções ou isenções.

No caso deste trabalho, estamos a tratar de isenções simples ou incompletas que


se trata dos sujeitos que se encontram isentos deste imposto, ou seja não há lugar à
liquidação do imposto, porém também não há lugar a deduções. Isto é, o sujeito passivo
que se encontra enquadrado nos artigos que tratam das isenções não necessitam de
liquidar nem deduzir IVA.

As isenções referidas acima estão presentes nos artigos 9º e 53º do Código do


IVA.

ARTIGO 9º - ISENÇÕES
O artigo 9º do código do IVA refere-se á isenção de IVA nas operações internas,
isto é, certas atividades profissionais que estão indicadas no artigo estão isentas de
entregar o respetivo imposto ao estado sobre os serviços que realizaram. Qualquer isenção
referida neste mesmo artigo é independente do volume de negócios, ou seja, não depende
do valor faturado ao longo do ano.

Por exemplo, um produto ou serviço que esteja abrangido pelo artigo 9º do IVA e
que tenha o valor de 100€ sem IVA irá custar 123€ à empresa. Mas porquê? Acresce o
IVA a 23% (100x23%= 23€) e a sua soma concretiza os 123€ (100+23= 123). Assim este
sujeito passivo terá de vender esse mesmo produto a 123€ mais a sua margem de lucro,
dado que o mesmo não tem direito á dedução do imposto imputado ao valor do produto
(23€) e não terá de entregar o IVA ao estado.

As atividades que se encontram abrangidas pelo artigo 9º do código do IVA são


as seguintes:

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 Serviços Médicos e sanitários realizados em clinicas e hospitais, bem
como transporte autorizado de doentes e transmissão de órgãos, leite e
sangue humano
 Serviços relacionados com segurança e assistência social, bem como
creches, infantários, lares, centros de dia e de reabilitação
 Serviços em estabelecimentos de ensino e formação profissional
integrados no ministério da educação ou por ministérios competentes
 Serviços de arrendamento de bens imóveis e alojamento, como hotéis e
parques de campismo
 Atividades em empresas públicas de radio e televisão

ARTIGO 53º - ÂMBITO DE APLICAÇÃO


Ao contrário do artigo 9º, o artigo 53º do código do Iva apenas se aplica a pessoas
singulares e que exerçam uma atividade a nível individual, ou seja, são chamados de
empresário em nome individual. Os sujeitos passivos que podem estar englobados neste
artigo deverão possuir certos requisitos para que se possam integrar.

Assim sendo, os sujeitos passivos deverão conter os seguintes requisitos:

- Não necessitam possuir contabilidade organizada;

- Não podem praticar operações de importação, exportação ou atividades conexas;

- Não exercer atividades que consista na transmissão dos bens ou prestação de


serviços mencionados no anexo E do presente código;

- Não tenham atingido um volume de negócios superior a 12.500,00€ no ano civil


anterior.

É importante referir que o valor de volume de negócios foi atualizado no


orçamento de estado de 2020, passando de 10.000,00€ para 12.500,00€ como ocorre
atualmente.

Mas vou iniciar atividade em janeiro de 2023 como saberei o volume de negócios?
Ao iniciar a sua atividade e fazer o registo da mesma nas finanças, irão questionar que

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valor você estima atingir nesse ano, ou seja, que valor acha que pode fatura entre os meses
de janeiro e dezembro de 2023. No caso de abrir atividade em janeiro o valor tem de ser
equivalente a 12 meses do ano, no entanto se abrir apenas atividade em abril apenas
deverá contar com 9 meses. Se a previsão do valor do volume de negócios for abaixo dos
12.500,0€ estará enquadrado no regime de isenção do artigo 53º do código do iva.

“Não estou isento mas possuo requisitos para ter direito à isenção.” Neste caso,
partindo de pressuposto que estamos em abril de 2023, em janeiro de 2024 deverá entregar
uma declaração de alterações de acordo com o artigo 32º e 54º do CIVA e desta forma
passará a estar isento.

O mesmo acontece no caso de estar enquadrado no regime de isenção e ultrapassar


o limite de volume de negócios. Por exemplo, partindo do pressuposto que estamos em
maio de 2022 e estamos normalmente a laborar como trabalhador independente. Acontece
que ultrapassamos os 12.500,00€ na faturação, então de certa forma não estaremos mais
enquadrados no regime de isenção. Para isso e da mesma forma que entregamos uma
declaração de alterações para passar ao regime de isenção, o mesmo acontece quando se
passa para o regime normal de IVA. Então, a janeiro de 2023 deverá ser entregue a
declaração de alterações de acordo com o artigo 32º e 54º do CIVA e a partir de 1 de
fevereiro de 2023 poderá começar a cobrar Iva aos seus clientes.

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ANÁLISE DE EXEMPLOS E PARECERES
EXEMPLO 1: IVA/ RITI – SUJEITOS PASSIVOS ISENTOS

PT19433 - IVA / RITI – Sujeitos passivos isentos

01-07-2017

Uma empresa dedica-se à atividade de medicina dentária, estando


enquadrada no regime de isenção de IVA, ao abrigo do artigo 9.º. No seu cadastro
da AT consta que não efetua aquisições intracomunitárias nem adquire serviços
intracomunitários.

Acontece porém, que passou a recorrer a um fornecedor espanhol para


reparar alguns dos seus equipamentos, nomeadamente, a cadeira de dentista. Sendo
um sujeito passivo totalmente isento, beneficia do regime de derrogação previsto no
artigo 5.º do RITI, enquanto não ultrapassar os 10 000 euros de aquisições
intracomunitárias e, como tal, não tem que liquidar IVA em Portugal.

A dúvida reside no cadastro VIES para efeitos das aquisições


intracomunitárias. A empresa, mesmo estando a beneficiar da derrogação do artigo
5.º do RITI, tem de entregar uma declaração de alterações e comunicar que passou
a efetuar aquisições intracomunitárias e aquisições de serviços intracomunitários
(assinalando o campo 6 do Quadro 8 e o Quadro 27) ou continua como está?

Em termos de IVA, o fornecedor espanhol vai passar a fatura com IVA


espanhol ou isenta de IVA?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

O que está em causa na situação em apreço, é a aquisição de um serviço de


reparação a um sujeito passivo espanhol, por parte de um sujeito passivo isento de IVA
ao abrigo do artigo 9.º do CIVA.

Chamamos à atenção que o artigo 5.º do Regime do IVA nas Transmissões


Intracomunitárias (RITI) é apenas para aquisições de bens e não para aquisição de
serviços.
Posto isto, para se averiguar onde irá ser tributado o serviço de reparação, temos
que verificar as regras de localização vigentes no artigo 6.º do CIVA.

Estando na presença de um sujeito passivo isento de IVA ao abrigo do artigo 9.º


do CIVA, estas isenções caraterizam-se como isenções simples ou incompletas e
traduzem-se na não liquidação do imposto nas operações ativas que realizam. Em
contrapartida, não é permitido deduzir o IVA suportado nas aquisições de bens ou
serviços inerentes à atividade desenvolvida.

E o facto de esta empresa beneficiar da isenção do artigo 9.º do CIVA, não quer
dizer que a mesma não tenha que pagar o imposto aquando das suas aquisições de bens
ou serviços (operações passivas).

Quanto às regras de localização das operações existem duas regras gerais


definidas no n.º 6 do artigo 6.º do CIVA, ou seja, são tributáveis em território nacional as
prestações de serviços a:

- Sujeitos passivos de IVA em território português, cuja sede, estabelecimento estável ou,
na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território
nacional, onde quer que se situe a sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o
domicílio do prestador (artigo 6.º n.º 6 alínea a) do CIVA);

- As pessoas que não sejam sujeitos passivos de imposto (particulares), quando o


prestador tenha no território nacional a sede da sua atividade, um estabelecimento estável
ou, na sua falta, o domicílio, a partir do qual os serviços são prestados (n.º 6 do artigo 6
n.º 6 alínea b) do CIVA).

A localização das prestações de serviços, segue agora, em princípio, a regra do


denominado "princípio do país do adquirente", isto é, a tributação é efetuada onde o
adquirente tiver a sua sede, estabelecimento estável ou domicílio desde que, este seja
sujeito passivo. Ou a localização das prestações de serviços, segue, em princípio, a regra
do denominado "princípio do país de origem", isto é, a tributação é efetuada onde o
prestador tiver a sua sede, estabelecimento estável ou domicílio caso este seja um
"particular".

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Apesar do artigo 6.º comportar algumas exceções à regra geral, no caso das
reparações de bens móveis não existe nenhuma regra especifica.

Assim, no que toca aos serviços prestados sobre um bem imóvel corpóreo, quando
o seu adquirente seja um sujeito passivo de IVA, será de atender à regra geral prevista na
alínea a) n.º 6 do artigo 6.º do CIVA, sendo a operação tributável no local onde for a sede
(ou estabelecimento) desse adquirente.

Nesta circunstância, sendo a operação tributada em território nacional, a empresa


portuguesa terá de entregar o imposto ao Estado português.

Mesmo tendo que fazer a entrega de imposto, não deixa de ser um sujeito passivo
que pratica operações exclusivamente isentas ao abrigo do artigo 9.º do CIVA, não
precisando de fazer qualquer alteração ao seu enquadramento em sede de IVA,
consequentemente não tem que entregar a declaração de alterações.

Quanto à entrega da declaração periódica do IVA, o n.º 3 do artigo 27.º do CIVA


dispõe o seguinte "os sujeitos passivos abrangidos pelas alíneas e), g) e h) do n.º 1 do
artigo 2.º, que não estejam obrigados à apresentação da declaração periódica nos termos
do artigo 41.º, devem enviar, por transmissão eletrónica de dados, a declaração
correspondente às operações tributáveis realizadas e efetuar o pagamento do respetivo
imposto, nos locais de cobrança legalmente autorizados, até ao final do mês seguinte
àquele em que se torna exigível."

Esta obrigação de entrega da declaração periódica só se verifica nos períodos em


que haja operações tributáveis (vide n.º 5 do artigo 27.º do CIVA).

Em termos de preenchimento da declaração periódica, sendo a operação tributada


em território nacional, os respetivos valores devem ser inscritos no quadro 06, nos campos
16 (base tributável) e 17 (imposto a favor do Estado).

N/ Enquadramento:

O que está em causa na situação em apreço, é a aquisição de um serviço de


reparação a um sujeito passivo espanhol, por parte de um sujeito passivo isento de IVA

12
ao abrigo do artigo 9.º do CIVA, mais concretamente a alínea 3): As prestações de
serviços efetuadas no exercício da sua atividade por protésicos dentários bem como as
transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários.

Tendo como pressuposto o facto de a operação tributada em território nacional, a


empresa portuguesa terá de entregar o imposto ao Estado português.

Mesmo tendo que fazer a entrega de imposto, não deixa de ser um sujeito passivo
que pratica operações exclusivamente isentas ao abrigo do artigo 9.º do CIVA, não
precisando de fazer qualquer alteração ao seu enquadramento em sede de IVA,
consequentemente não tem que entregar a declaração de alterações.

Em termos de preenchimento da declaração periódica, sendo a operação tributada


em território nacional, os respetivos valores devem ser inscritos no quadro 06, nos campos
16 (base tributável) e 17 (imposto a favor do Estado).

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EXEMPLO 2: IVA – SERVIÇOS FÚNEBRES
IVA – Serviços fúnebres

14-02-2022

Uma agência funerária, com sede no território nacional continental, apenas


presta serviços funerários, mantendo uma atividade isenta de IVA, inserida na
alínea 26 do artigo 9.º do CIVA.

Um serviço de funeral, prestado em território nacional, e faturado a uma


agência funerária sediada nos Açores (local onde o serviço de funeral será concluído
pela mesma), por não ser o consumidor final do serviço, terá de ser sujeito a
liquidação de IVA ou continuará a ser um serviço isento de IVA, considerando que
a agência funerária que assume o serviço do lado da ilha faturará todo o serviço ao
cliente final?

Quando um serviço de funeral é faturado a uma sociedade, como cliente final,


tratando-se de um contribuinte sujeito passivo de IVA, deverá ser um serviço com
liquidação de IVA, ou continuará a ser um serviço isento de IVA?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

Começamos por referir que o Código de IVA deve ser analisado de uma forma
cronológica, designadamente, a sujeição a imposto, a localização e posteriormente, sendo
tributáveis analisar se esses serviços poderão beneficiar de alguma isenção.

Nos termos do artigo 4.º do CIVA, são consideradas como prestações de serviços
as operações efetuadas a título oneroso que não constituem transmissões, aquisições
intracomunitárias ou importações de bens. Desta forma, os serviços fúnebres são
considerados prestações de serviços para efeitos do CIVA, sendo considerados por esse
facto operações sujeitas a IVA.

Verificada a sujeição a tributação, deverão ser analisadas as regras de localização


das prestações de serviços que constam no número 6 do artigo 6.º do Código do IVA.
Nas prestações de serviços que tenham como destinatários sujeitos passivos do
imposto, a regra geral de localização atende ao lugar em que estes disponham da respetiva
sede, de um estabelecimento estável ou do domicílio fiscal (alínea a)).

Quando o destinatário dos serviços não seja um sujeito passivo de IVA, a operação
é tributada no lugar da sede, estabelecimento estável ou domicílio do prestador dos
serviços (alínea b)).

É preciso sempre, no entanto, averiguar se a situação exposta não se encontra


prevista nas exceções (números 7 e 8 para sujeitos passivos e não sujeitos passivos;
números 9, 10 e 11 apenas para não sujeitos passivos; e os números seguintes são para
situações residuais).

Analisando estas regras específicas, verificamos que a prestação de serviços em


causa não se enquadra em nenhuma destas regras, pelo que, estando em causa uma
operação entre dois sujeitos passivos, terá de ser aplicada a regra geral da alínea a) do
número 6 do artigo 6.º do CIVA.

Este enquadramento torna irrelevante o sítio onde o serviço é materialmente


executado, o que faz com que a operação seja tributada no local onde se situe a sede do
adquirente dos serviços, o que, neste caso, será nos Açores. Sendo os Açores também
território nacional, esta será tributada nos termos gerais do CIVA, com as devidas
adaptações à legislação regional da Região Autónoma.

Na prática, no caso em concreto, continuamos perante uma operação localizada e


tributada em Portugal.

Não obstante, será preciso ter em conta a sua natureza e que, nos termos do número
26 do artigo 9.º do CIVA, possam então de facto ser tributadas, mas delas isentas.

Estipula o n.º 26 do artigo 9.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado


(CIVA), que estão isentas de imposto «as prestações de serviços efetuadas por empresas
funerárias e de cremação, bem como as transmissões de bens acessórias aos mesmos
serviços.»

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As isenções do artigo 9.º do CIVA, são designadas por isenções "incompletas" o
que se traduz no facto dos sujeitos passivos por elas abrangidos não liquidarem imposto
nas suas operações, não podendo, no entanto, exercer o direito à dedução do imposto que
lhe é faturado nas respetivas aquisições de bens e serviços.

O ofício-circulado n.º 30 023, de 16/06/2000 veio clarificar quais as operações


que beneficiam da referida isenção, considerando, no seu ponto 5, que as mesmas devem
ser entendidas em sentido restrito. Isto é, só são contempladas pela isenção do imposto as
que se inserem no âmbito dos serviços funerários e de cremação.

As citadas instruções referem ainda que, quando uma empresa funerária ou de


cremação, transmite determinados bens ou prestações de serviços a outros sujeitos
passivos de imposto (incluindo outras empresas funerárias ou de cremação) ou a
particulares, não os incorporando no seu próprio serviço fúnebre ou crematório, tais
transmissões de bens ou prestações de serviços não se consideram abrangidas pela isenção
a que se refere o n.º 26 do artigo 9.º, sendo tributadas à taxa que ao bem ou serviço couber.

«Assim, independentemente a quem as mesmas sejam debitadas, não beneficiam


da isenção as transmissões de bens e prestações de serviços que não sejam incorporadas
no próprio serviço fúnebre», conforme esclarece também a informação vinculativa,
processo n.º 2 522, despacho do SDG dos Impostos, substituto legal do diretor-geral, em
2011-09-29.

A título exemplificativo, o ponto 7 do referido Ofício apresenta algumas


operações que se encontram:

«Abrangidas pela isenção:

- Reparações de urnas, na sequência do funeral efetuado, devido à libertação de gases;

- Transladações de urnas de um jazigo para outro, dentro do mesmo cemitério ou para


outra localidade;

- Exumações (levantamento de ossadas);

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- Venda de urnas para cinzas ou para ossadas, coroas de flores e de outros artigos fúnebres,
quando for a própria agência funerária a tratar da cerimónia fúnebre:

Não abrangidas pela isenção:

- Prestação de serviços de limpeza de jazigos;

- Prestações de serviços efetuadas a outras agências funerárias, a título de apoio logístico


ou administrativo;

- Venda de urnas para cinzas e ossadas, coroas de flores e outros artigos fúnebres, quando
não for a própria agência funerária a tratar da cerimónia fúnebre.»

Tendo por base o acima exposto, pode concluir-se que quando os serviços
prestados interferem diretamente na realização do próprio «serviço fúnebre», e é claro
que as operações contribuem inequivocamente para a concretização da cerimónia fúnebre
que, sem a realização das mesmas, não se mostram completas, as mesmas beneficiam da
referida isenção independentemente da qualidade do sujeito passivo.

Deste modo, em resposta à questão, porque as referidas prestações de serviços se


inseriram no âmbito dos serviços funerários, sendo parte integrante do «serviço fúnebre»,
pois sem estes serviços, o serviço não se mostrava completo, podem beneficiar da isenção
do imposto consagrada no n.º 26.º do artigo 9.º do CIVA, ainda que debitadas a outro
sujeito passivo de imposto (agência funerária) com sede nos Açores.

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N/ Enquadramento:

Estão isentas de imposto, as prestações de serviços efetuados por empresas


funerárias e declamação, bem como as transmissões de bens acessórias aos mesmos
serviços, de acordo com o artigo 9° do Iva n°26
As isenções do artigo 9º são designadas por isenções em incompletas o que se traduz
nos factos sujeitos passivos por elas abrangidos não liquidar o imposto, nem poder exercer
o direito a dedução do imposto que é faturado nas aquisições de bens e serviços.

 Criando um pressuposto que não era isenta de imposto, a operação seja tributada
no local onde se situa a sede do adquirente dos serviços (art 6° n°10 alínea d), que
neste caso é nos Açores.

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EXEMPLO 3: IVA – ISENÇÕES - FATURAÇÃO
IVA – Isenções – Faturação

PT27218 - outubro de 2022

Uma empresa, com o CAE principal e único 86210 - Atividades de prática


médica de clínica geral em ambulatório, pode criar um website próprio com o
objetivo de dar vídeo consultas e manter, tal como presencialmente, a isenção de
IVA ao abrigo do artigo 9.º?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

As questões colocadas referem-se à possibilidade de aplicar a isenção prevista no


artigo 9.º do CIVA para serviços médicos a consultas online.

Ora, de acordo com os números 1) e 2) do artigo 9.º do CIVA, estão isentas deste
imposto:

1) As prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico,


odontologista, psicólogo, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas;

2) As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente


conexas efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares.»

Estas isenções abrangem apenas os serviços relacionados com os cuidados de


saúde que sejam entendidos como uma terapêutica necessária e com um propósito de
prevenção, tratamento e, se possível, cura das doenças ou outros distúrbios de saúde.

As prestações de serviços que não se enquadrem neste conceito ficarão afastadas


do campo de aplicação da isenção, configurando operações sujeitas a imposto e dele não
isentas, passíveis de tributação à taxa normal, de acordo com a alínea c) do número 1 do
artigo 18.º do CIVA.

Este entendimento é corroborado, por exemplo, pelos pontos 19 a 23 da


informação vinculativa referente ao Processo n.º 15 544, por despacho de 2019-10-29, da
diretora de serviços do IVA, (por subdelegação).
Quanto às atividades paramédicas, e dado que não existe no CIVA um conceito
que as defina, há que recorrer ao Decreto-Lei n.º 261/93, de 24 de julho, bem como ao
Decreto-Lei n.º 320/99, de 11 de agosto, uma vez que são estes dois diplomas que contêm
em si os requisitos a observar para o exercício das respetivas atividades.

Chamamos ainda a atenção de que, para certas atividades (terapias não


convencionais), será aplicável o disposto na Lei n.º 71/2013, de 2 de setembro,
relativamente à cédula profissional, na eventualidade de estarmos perante atividades
previstas no seu artigo 2.º.

Ainda neste âmbito, salientamos o disposto no segundo parágrafo da página 18 do


Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo n.º 1/2022, de 20 de janeiro, que passamos
a transcrever integralmente e que refere o seguinte:

«(...)

Assim sendo, é determinante para a aplicação da isenção prevista na alínea 1) do


artigo 9.º do CIVA, que estejam em causa serviços que se consubstanciem na
administração direta dos cuidados de saúde ao utente, pressupondo que os mesmos sejam
efetivamente realizados. Caso os serviços não se insiram no conceito de prestações de
serviços médicos definido na jurisprudência comunitária, ou seja, se tais serviços não
tiverem em vista a assistência a pessoas, a elaboração de diagnósticos e o tratamento das
doenças ou de qualquer anomalia de saúde, mas apenas a disponibilização do direito de
usufruir de um conjunto de serviços (nos quais se podem inserir os serviços médicos ou
paramédicos), os mesmos ficam afastados do campo de aplicação da isenção prevista na
alínea 1) do artigo 9.º do CIVA, configurando operações sujeitas a imposto e dele não
isentas, passíveis de tributação à taxa normal prevista no artigo 18.º do CIVA.

(...).»

Poderá encontrar este acórdão nesta ligação.

Deste modo, terá de se analisar, casuisticamente, à luz do exposto, se determinado


serviço cumpre, ou não, as condições para beneficiar das isenções previstas nos números
1) e 2) do artigo 9.º do CIVA.

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Feitas estas notas introdutórias, tenha-se em conta o seguinte:

De modo a respondermos à questão concreta, socorrer-nos-emos do ponto 47 da


informação vinculativa referente ao Processo n.º 18 244, por despacho de 2020-09-29, da
diretora de serviços do IVA (por subdelegação), que refere o seguinte:

«47. Face a todo o exposto, afigura-se que os serviços designados como "serviços
médicos online" e "médico ao domicílio" prestados pela requerente nos moldes que
descreve e que se encontram explanados nos pontos 8 a 17 da presente informação, podem
beneficiar da isenção consignada na alínea 1) do artigo 9.º do CIVA, desde que sejam
prestados por profissionais de saúde devidamente habilitados nos termos da legislação
aplicável e se insiram no conceito de prestação de serviços médicos, definido na
jurisprudência comunitária.»

Assim, entende a Autoridade Tributária que não é o facto de as consultas serem


prestadas online que afasta, per si, a aplicação da isenção consignada no número 1) do
artigo 9.º do CIVA, sendo sempre necessário, como referido nas notas introdutórias,
confirmar se estão, ou não, em causa serviços relacionados com cuidados de saúde que
sejam entendidos como uma terapêutica necessária e com um propósito de prevenção,
tratamento e, se possível, cura das doenças ou outros distúrbios de saúde.

No caso concreto, estando em causa «atividades de prática médica de clínica geral,


em ambulatório», terá de ser analisado, junto do sujeito passivo, se as mesmas podem, ou
não, ser exercidas em formato online sem que isso prejudique a qualidade do serviço,
nomeadamente o propósito de prevenção, tratamento ou cura das patologias (como será
o caso, por exemplo, de consultas de psicologia).

A confirmar-se que se encontram reunidas as referidas condições, então, somos


de opinião de que as prestações de serviços médicos, mesmo que exercidos online,
poderão, igualmente, usufruir da isenção prevista no número 1) do artigo 9.º do CIVA.

Caso contrário, estarão as referidas operações sujeitas a IVA e dele não isentas,
devendo o sujeito passivo proceder à liquidação de IVA nos termos gerais.

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N/ Enquadramento:

De acordo com o n.º 2 do artigo 9º do CIVA, “as prestações de serviços médicos


e sanitários e as operações com elas estreitamente conexas efetuadas por estabelecimentos
hospitalares, clínicas, dispensários e similares” esta operação está enquadrada nos
motivos de isenção do iva, isto é, esta atividade não terá direito a dedução do Iva nem a
liquidação.

A questão que é colocada é se a criação de um website para proceder à realização


de consultas via online, estará isenta ou não isenta de Iva. Após análise, e dado que o
website destina-se apenas e só à realização de vídeo consultas deverá manter-se a isenção
prevista no n.º 2 do artigo 9º do CIVA.

Caso não se enquadrasse no artigo referido, deveria ser aplicada a taxa de iva
normal.

22
EXEMPLO 4: IVA – ISENÇÕES – CRIAÇÃO DE SOCIEDADE
IVA – Isenções

PT27223 – outubro de 2022

Determinado sujeito passivo, que exerce a atividade de explicação e beneficia


da isenção do IVA com base no artigo 9.º do CIVA, pretende criar uma sociedade
unipessoal, dado o volume de negócios estar a ficar elevado. É verdade que a fatura
do serviço prestado em sede de IRC tem de ter IVA a 23 por cento, a qual não vai
ter dedução no IRS dos clientes?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

Um explicador pretende criar uma sociedade unipessoal e questiona qual o


enquadramento em IVA da atividade de explicação.

No caso em concreto pretende-se esclarecer se um explicador que atua a título


pessoal (trabalhador independente) ao criar uma sociedade não poderá beneficiar da
isenção de IVA nas explicações, bem como os formandos da dedução à coleta de IRS.

A atividade exercida por explicadores (explicações) vem regulada no n.º 11 do


artigo 9.º do Código do IVA que refere estarem isentas de imposto as prestações de
serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal sobre matérias do ensino
escolar ou superior.

Mais, a referida isenção do n.º 11 do artigo 9.º do CIVA apenas se aplica quando
as lições são ministradas a título pessoal, isto é, quando efetuadas diretamente pelo
professor ao explicando, pressupondo uma relação direta explicador/explicando, sem
interferência de qualquer outra entidade, devendo, as referidas lições, versar sobre
matérias do ensino escolar ou superior.

No entanto importa referir que quando as lições ministradas (explicações) não se


efetuem diretamente ao explicando, mas sim indiretamente, ou seja, os serviços são
prestados e faturados ao explicando por uma entidade, não podem, tais serviços beneficiar
do enquadramento na isenção referida no n.º 11 do artigo 9.º do CIVA, ficando desta
forma a atividade sujeita a IVA e dele não isenta à taxa de 23 por cento, de acordo com a
alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do CIVA.

De forma a suportar a resposta apresentada, transcrevermos um excerto das


seguintes informações vinculativas:

«Processo: n.º 3 366, despacho do SDG dos Impostos, substituto legal do diretor-geral,
em 2012-07-17.

(...)

17. Quanto às explicações, refere-se que nos termos do n.º 11 do artigo 9.º do Código do
IVA, estão isentas de imposto "as prestações de serviços que consistam em lições
ministradas a título pessoal sobre matérias do ensino escolar ou superior.”

18. Decorre do teor da citada norma, que esta isenção só se aplica quando as lições,
versando sobre matérias do ensino escolar ou superior, são ministradas a título pessoal,
isto é, quando efetuadas diretamente pelo professor ao explicando, pressupondo uma
relação direta entre ambos sem interferência de qualquer outra entidade.

19. Quando as explicações não se efetuem diretamente ao explicando, sendo prestadas e


faturadas por outra entidade, não se verificando a relação direta explicador/explicando,
não podem beneficiar do enquadramento na citada isenção, ficando a atividade sujeita a
IVA e dele não isenta, à taxa normal, prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do Código
(23% taxa em vigor no território do continente).»

«Processo: I301 2007010 - despacho do SDG dos Impostos, substituto legal do Diretor-
Geral, em 09-02-2009

(...)

7. Na prática, este tipo de isenção, só se aplica quando as lições, sobre matérias do ensino
escolar ou superior, são ministradas pelo explicador/professor diretamente ao explicando,
isto é, sem dependência de qualquer outra entidade.

24
No caso em apreço, os serviços do explicador/professor são prestados à
"sociedade" para com a qual existe uma subordinação inicial decorrente de um contrato
de prestação de serviços, sendo a "A" quem presta o serviço ao explicando.

8. Assim, a atividade de explicações desenvolvida pela consulente não tem


enquadramento na isenção prevista no n.º 11 do artigo 9.º do CIVA, constituindo uma
atividade tributada à taxa normal, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do
CIVA.»

No que se refere às deduções à coleta do IRS dos explicandos, constata-se no artigo 78.º-
D do CIRS que: «(...) é dedutível um montante correspondente a 30 por cento do valor
suportado a título de despesas de formação e educação por qualquer membro do agregado
familiar, com o limite global de 800 euros:

a) Que conste de faturas que titulem prestações de serviços e aquisições de bens, isentos
do IVA ou tributados à taxa reduzida, comunicadas à Autoridade Tributária e Aduaneira
nos termos do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, enquadradas, de acordo com a
Classificação Portuguesa das Atividades Económicas, Revisão 3 (CAE - Rev. 3),
aprovada pelo Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de novembro, nos seguintes setores de
atividade:

i) Secção P, classe 85 - Educação;

ii) Secção G, classe 47610 - Comércio a retalho de livros, em estabelecimentos


especializados;

iii) Secção G, Classe 88910 - Atividades de cuidados para crianças, sem alojamento.»

Em modo de conclusão, caso a atividade de prestação de serviços de explicações seja


efetuada por intermédio de uma sociedade, ou seja, é a sociedade que fatura ao
explicando, então a operação não beneficiará da isenção referida e, consequentemente,
não poderá ser dedutível à coleta do IRS dos explicandos.

25
N/ Enquadramento:

A atividade exercida por explicadores (explicações) vem regulada no n.º 11 do


artigo 9.º do Código do IVA que refere estarem isentas de imposto as prestações de
serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal sobre matérias do ensino
escolar ou superior.

A referida isenção do n.º 11 do artigo 9.º do CIVA apenas se aplica quando as


lições são ministradas a título pessoal, isto é, quando efetuadas diretamente pelo professor
ao explicando, pressupondo uma relação direta explicador/explicando, sem interferência
de qualquer outra entidade, devendo, as referidas lições, versar sobre matérias do ensino
escolar ou superior.

Em modo de conclusão, caso a atividade de prestação de serviços de explicações


seja efetuada por intermédio de uma sociedade, ou seja, é a sociedade que fatura ao
explicando, então a operação não beneficiará da isenção referida e, consequentemente,
não poderá ser dedutível à coleta do IRS dos explicandos.

26
EXEMPLO 5: IVA – ISENÇÃO EM EMPRESA DE

ELETRODOMÉSTICOS
IVA – Isenções
PT27078 - julho de 2022

Uma empresa tem por atividade principal o comércio de eletrodomésticos e vende


extensões de garantia aos seus clientes.
A contabilização está a ser feita do seguinte modo:
Aquisição da extensão de garantia: conta 621 - Subcontratos - Isento ao abrigo do
artigo 9.º do CIVA.
Venda da extensão de garantia: conta 72 - Prestação de serviços, pelo valor de
aquisição - Isento ao abrigo do artigo 9.º do CIVA.
Está correto levar à conta 72 ou seria mais correto levar a uma conta 78, já que é
uma atividade acessória? A venda de extensões de garantia só existe porque a
atividade da empresa é venda de eletrodomésticos.
Está correto a isenção de IVA, ao abrigo do n.º 28 do artigo 9.º do CIVA?
Comissões por intermediação: conta 78 - Outros rendimentos, isenção de IVA, ao
abrigo do n.º 28 do artigo 9.º do CIVA
Declaração de IVA:
Q06 - C09, declara-se o valor da 72 + 78
Q06A - C104, declara-se o valor da 78
Está correto ou devia declarar-se o valor da 72+78 no Q06A - C104?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

A questão colocada refere-se ao enquadramento contabilístico e fiscal, em sede de IVA,


da venda de extensões de garantia por uma empresa cuja atividade principal consiste no
comércio de eletrodomésticos.
Se bem entendemos, a extensão da garantia resulta de um contrato de seguro através do
qual a empresa de seguros garante ao adquirente (consumidor), em caso de sinistro, a
reparação do artigo adquirido ou, eventualmente, a sua substituição, durante um período
que vai para além do coberto pela garantia prestada pelo fabricante.
Em princípio, este contrato de seguro é celebrado entre uma empresa de seguros e os
adquirentes dos artigos vendidos pela empresa que comercializa os eletrodomésticos.
Enquanto intermediária na venda de produtos de seguros, a empresa que comercializa os
eletrodomésticos fatura ao cliente, como contrapartida da extensão da garantia subscrita,
um montante que acresce ao preço do artigo comprado.
A atividade de venda de extensões de garantia ocorrerá, assim, no momento da venda de
artigos (eletrodomésticos).
Neste sentido, em termos contabilísticos, consideramos que esta atividade poderá ser
reconhecida como rédito decorrente de prestações de serviços (conta 72x - Prestações de
serviços). Poderá eventualmente utilizar-se a conta 725 - Serviços secundários, na qual
se registam os serviços prestados que não se refiram às principais atividades da entidade.
Quanto ao enquadramento em sede de IVA, o Tribunal de Justiça da União Europeia
(TJUE) já analisou esta temática na sequência de um pedido apresentado no âmbito de
um litígio que opôs a Rádio Popular-Eletrodomésticos, S.A. à Autoridade Tributária e
Aduaneira (AT) a respeito da dedução, pela Rádio Popular, do IVA pago a montante pela
realização de operações de venda de extensões de garantia.
Recomenda-se a consulta deste Acórdão do TJUE n.º C-695/19, de 8 de julho de 2021,
através desta ligação.
A alínea 28) do artigo 9.º do CIVA determina que são isentas de IVA, «as operações de
seguro e resseguro, bem como as prestações de serviços conexas efetuadas pelos
corretores e intermediários de seguro.»
Vinha sendo entendimento da AT que esta isenção prevista na alínea 28) do artigo 9.º do
CIVA se aplicava desde que as operações fossem efetuadas por agentes, corretores ou
intermediários de seguros, pessoas singulares ou coletivas, que se encontrassem inscritas
no Instituto de Seguros de Portugal (conforme decorre do ponto 16 da Informação
Vinculativa n.º 4 686, por despacho de 2013-05-15, do SDG do IVA, por delegação do
diretor-geral).
Porém, parece que a AT terá alterado este entendimento, na medida em que não contestou
a qualificação da extensão de garantia como uma operação de seguro isenta de IVA ao
abrigo da alínea 28) do artigo 9.º do CIVA, efetuada pela Rádio Popular, conforme
decorre do Processo n.º 53/2019-T, de 2019-09-10, do CAAD.
Poderá consultar este processo do CAAD através desta ligação.
Similarmente, no âmbito do Acórdão n.º C-695/19, de 8 de julho de 2021, o TJUE

28
também considerou que as extensões de garantia prestadas pela Rádio Popular se
qualificam como operações de seguro isentas de IVA (de acordo com o artigo 135.º, n.º
1 alínea a) da Diretiva IVA, transposto para a alínea 28) do artigo 9.º do CIVA).
Adicionalmente, o TJUE legitimou o entendimento preconizado pela AT de que os
seguros não qualificam como operações financeiras e, como tal, não são suscetíveis de
serem consideradas acessórias para efeitos da sua exclusão do cálculo do pro-rata,
conforme se transcreve de seguida:
«(...) O artigo 174.º, n.º 2, alíneas b) e c), da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28
de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado,
lido em conjugação com o artigo 135.º, n.º 1, desta diretiva, deve ser interpretado no
sentido de que não se aplica a operações de intermediação na venda de extensões de
garantia efetuadas por um sujeito passivo no âmbito da sua atividade principal que
consiste na venda de aparelhos eletrodomésticos e de outros artigos de informática e
telecomunicações aos consumidores, pelo que o montante do volume de negócios relativo
a essas operações não deve ser excluído do denominador da fração utilizada no cálculo
do pro rata de dedução previsto no artigo 174.º, n.º 1, da mesma diretiva. (...)»
Embora o TJUE não tenha analisado a eventual acessoriedade da extensão de garantia,
refira-se que no âmbito do Processo n.º 53/2019-T, de 2019-09-10, do CAAD, a AT
manifestou o entendimento de que o carácter de habitualidade daquelas operações, exclui
por completo a possibilidade de virem a ser consideradas acessórias à atividade do sujeito
passivo.
A AT entendeu que as operações de seguro «(...) mais não são do que um prolongamento
da atividade (...)» do sujeito passivo (Rádio Popular) e, nesse sentido, «(...) não parece
que as mesmas fossem consideradas de carácter acessório (...).»
Em face do exposto e respondendo concretamente às questões colocadas em sede de IVA:
- As extensões de garantia qualificam-se como operações de seguro isentas de IVA ao
abrigo da alínea 28) do artigo 9.º do CIVA;
- Deste modo, trata-se de operações isentas sem direito a dedução e, como tal, devem ser
inscritas no campo 9 do quadro 06 da declaração periódica de IVA;
- Tendo em conta que a AT entende que as extensões de garantia são um prolongamento
da atividade do sujeito passivo e que, por esse motivo, nunca seriam acessórias, então,

29
consideramos que não devem ser inscritas no campo 104 do quadro 06-A da declaração
periódica de IVA.

N/ Enquadramento:

A extensão da garantia é um contrato de seguro de uma empresa com o


consumidor (B2C). A atividade de venda de extensões de garantia só ocorre no momento
de venda do artigo. Uma vez que é considerada uma atividade acessória em termos
Contabilísticos é reconhecida como rédito de prestações de serviços.

No Código do IVA artigo 9° alínea 28) determina que são isentas do imposto, as
operações de seguro e resseguro bem como as prestações de serviço conexas efetuadas
pelos corretores intermédios do seguro.

 Criando um pressuposto que poderá eventualmente utilizar-se a conta “serviços


secundários” na qual se registam os serviços prestados que não se refiram as
principais atividades da empresa.

30
EXEMPLO 6: IVA – ISENÇÕES – CONSULTAS DE
PSICOLOGIA
Consultas de psicologia

02-08-2021
Um centro de estudos tem uma funcionária que é psicóloga inscrita na ordem
respetiva e passou a fazer consultas de psicologia lá no centro. A faturação aos
clientes destas consultas é isenta de IVA segundo o artigo 9.º ou é com IVA à taxa
de 23 por cento? As consultas que são administradas no centro tanto são para
crianças como para adultos.
Uma outra questão: uma empresa envia pacientes para as consultas de psicologia e
o centro fatura as consultas a essa empresa. Essas consultas continuam isentas?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

As questões colocadas referem-se ao enquadramento, em sede de IVA, de prestações de


serviço de psicologia.
No caso concreto, estamos perante um centro de estudos que contratou, recentemente,
uma psicóloga (inscrita na respetiva Ordem) para prestar serviços de psicologia nas suas
instalações (tanto a crianças como a adultos).
Pretende-se saber, neste sentido, o enquadramento em sede de IVA destas operações.
De acordo com os números 1) e 2) do artigo 9.º do CIVA, estão isentas deste imposto:
«1) As prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico,
odontologista, psicólogo, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas;
2) As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente
conexas efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares.»
Estas isenções abrangem apenas os serviços relacionados com os cuidados de saúde que
sejam entendidos como uma terapêutica necessária e com um propósito de prevenção,
tratamento e, se possível, cura das doenças ou outros distúrbios de saúde.
As prestações de serviços que não se enquadrem neste conceito ficarão afastadas do
campo de aplicação da isenção, configurando operações sujeitas a imposto e dele não
isentas, passíveis de tributação à taxa normal, de acordo com a alínea c) do número 1 do
artigo 18.º do CIVA.
Este entendimento é corroborado, por exemplo, pelos pontos 19 a 23 da Informação
Vinculativa referente ao processo n.º 15 544, por despacho de 2019-10-29, da diretora de
serviços do IVA, (por subdelegação), que poderá encontrar na seguinte ligação.
Feito o enquadramento geral, refira-se que, com a entrada em vigor da Lei n.º 2/2020, de
31 de março, referente ao Orçamento do Estado para 2020, passou a constar
explicitamente da redação do número 1) do artigo 9.º do CIVA as prestações de serviços
efetuadas por psicólogos.
Com esta alteração, passou, então, a estar vertido na letra da lei o entendimento que a
Autoridade Tributária sempre assumiu e aplicou no tratamento destas operações até
agora.
Poderá encontrar este entendimento, por exemplo, na informação vinculativa referente ao
processo n.º 13 014, por despacho de 2018-03-06, da diretora de serviços do IVA, (por
subdelegação), que poderá encontrar na seguinte ligação.
Vide ainda, por exemplo, a informação vinculativa referente ao processo n.º 15 544, por
despacho de 2019-10-29, da diretora de serviços do IVA, (por subdelegação), que poderá
encontrar na seguinte ligação.
Ora, no seguimento da entrada em vigor da já referida Lei n.º 2/2020 foi emitido o Ofício-
Circulado n.º 30 219/2020, de 2 de abril, cujo objetivo foi mitigar eventuais dúvidas que
poderiam surgir das alterações e adições efetuadas ao Código do IVA.
Poderá encontrar este Ofício-Circulado na seguinte ligação.
Neste sentido, passamos a transcrever, na sua íntegra, o ponto 1.1 da parte A deste Ofício-
Circulado, que refere o seguinte:
«Com a alteração aqui preconizada, a alínea 1) do artigo 9.º passa a abranger as prestações
de serviços efetuadas no exercício da profissão de psicólogo vertendo, assim, na letra da
lei o entendimento que vem sendo propugnado pela Autoridade Tributária e Aduaneira
desde o início da vigência do Código do IVA.
São, assim, isentas do imposto as prestações de serviços efetuadas por psicólogos no
âmbito da psicologia clínica, sendo excluídos os atos ligados ao ensino, seleção e
recrutamento de pessoal, testes psicotécnicos ou funções relacionadas com a organização
do trabalho.»
Concluímos, assim, conforme o entendimento da Direção de Serviços do IVA, o qual
reflete a jurisprudência comunitária sobre as fronteiras da isenção aplicável a serviços

32
prestados por profissionais no âmbito de atividades de saúde, que esta isenção abrange
apenas as prestações de serviços no âmbito da psicologia clínica propriamente dita, uma
vez que apenas esta cumpre a condição principal de «prevenção, tratamento e, se possível,
cura das doenças ou outros distúrbios de saúde.»
Quaisquer outros serviços, como testes psicotécnicos ou seleção e recrutamento de
colaboradores, não serão, na nossa opinião, passíveis de se enquadrarem nesta isenção
sendo, por isso, sujeitas a IVA e dele não isentas.
Uma vez que não é referido o propósito das consultas de psicologia efetuadas e tendo em
conta os trâmites desta operação, aconselhamos, deste modo, a que seja averiguado junto
da psicóloga se os requisitos mencionados anteriormente se encontram, ou não,
cumpridos (nomeadamente, se estamos perante psicologia clínica ou outro tipo de
avaliações que não poderão beneficiar da isenção prevista no número 1) do artigo 9.º do
CIVA).
De modo a facilitar esta análise, recomendamos a leitura das seguintes Informações
Vinculativas:
- Referente ao processo n.º 19 925, por despacho de 01-04-2021, da diretora de serviços
do IVA (por subdelegação), que poderá encontrar através da seguinte ligação.
- Referente ao processo n.º 14 709, por despacho de 2019-10-29, da diretora de serviços
do IVA, (por subdelegação), que poderá encontrar através da seguinte ligação.

N/ Enquadramento:

Este centro de estudos está isento de Iva de acordo com o n.º 11 do artigo 9º do
Civa 11 “As prestações de serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal
sobre matérias do ensino escolar ou superior” ou seja, pratica uma atividade de ensino em
que presta ajuda a alunos que necessitam. Contendo uma funcionária que dá consultas de
psicologia no seu estabelecimento e que a mesma se encontra inscrita na ordem, a mesma
se enquadra na isenção prevista no n.º 1 do artigo 9º do CIVA.

Porém é necessário saber se a própria psicóloga trabalha a título independente ou


se está nos quadros de pessoal do centro de estudos. Ou seja, a título independente, esta
psicóloga deve preencher os requisitos do artigo 53º para se encontrar isenta de Iva e
assim as faturas seriam sem a aplicação da taxa de 23%.

33
No caso de pertencer aos quadros deste centro de estudos, será aplicada a isenção
prevista no n.º 1 do artigo 9º do CIVA e as faturas que irão ser realizadas não deverão
conter a taxa de 23% mas sim a menção de que estará aplicada a respetiva isenção.

Quanto às faturas que são emitidas à empresa que envia os seus colaboradores
para consultas de psicologia, deverão nas mesmas constar a isenção do iva.

34
EXEMPLO 7: IVA – ISENÇÃO NOS ARTISTAS

PT24585 – Artistas – Isenção de IVA

24-03-2020

Como proceder relativamente à isenção de IVA ao abrigo do artigo 9.º do


Código do IVA (CIVA) na seguinte situação:

Uma trabalhadora independente, com as atividades da tabela de atividades do art.º


151.º do CIRS: 2010 – Artistas de Teatro, Bailado, Cinema, Rádio e televisão e 8012
– Professores, celebrou no início de 2020 um contrato de prestação de serviços com
o município da sua cidade.

O serviço prestado é de artista de dança, em coadjuvação com os professores


titulares de turma do primeiro ciclo nas escolas da cidade, e pretende promover o
auxílio necessário, aos professores, para o ensino da dança e a preparação de um
espetáculo a realizar no fim do ano letivo.

Tendo declarado exercer operações que conferem direito à dedução do


imposto e operações isentas que não conferem esse direito constitui-se, para efeitos
de IVA, um sujeito passivo misto que, pelo exercício das atividades tributadas, se
encontra enquadrado no regime de tributação, com periodicidade trimestral, desde
1 de fevereiro de 2020.

Qual a possibilidade de beneficiar de isenção ao abrigo do artigo 9.º do


Código do IVA (CIVA), na realização das operações referidas?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

Na situação em análise é colocada a questão sobre o enquadramento em sede de


imposto sobre o valor acrescentado (IVA) de um trabalhador independente, exercendo a
atividade enquadrada na tabela de atividades do artigo 151.º CIRS com o código 2010 –
Artistas de teatro, bailado, cinema, rádio e televisão e também com o código 8012 –
Professores. Em concreto é questionado qual o enquadramento em IVA dos serviços de
artista de dança, em coadjuvação com os professores titulares de turma do primeiro ciclo
nas escolas do município em questão, pretender promover o auxílio necessário, aos
professores, para o ensino da dança e a preparação de um espetáculo a realizar no fim do
ano letivo.

Começamos por referir que os motivos de isenção de IVA encontram-se em


múltiplos artigos e Decretos-Lei da legislação nacional. Os artigos mais comuns
referentes à isenção de IVA são o artigo 53.º e o artigo 9.º do CIVA.

Relativamente ao artigo 9.º do CIVA, neste artigo encontram-se elencadas todas


as atividades, que pela sua natureza, independentemente dos valores recebidos, se
encontram automaticamente isentas de IVA.

As isenções previstas no artigo 9.º do Código do IVA são vulgarmente


denominadas de incompletas, isto é, não há liquidação de imposto, contudo o sujeito
passivo também não pode exercer o direito à dedução do imposto suportado para a sua
realização.

As isenções previstas no artigo 9.º do Código do IVA são de aplicação obrigatória,


sem prejuízo dos casos de renúncia devidamente previstos no Código do IVA. A renúncia
à isenção do IVA nas transmissões de imóveis é possível, conforme n.º 5 do artigo 12.º
do Código do IVA. De igual modo, é possível a renúncia à isenção no arrendamento, nos
termos do n.º 4 do mesmo artigo.

Relativamente à atividade de artista, o disposto na alínea a) do n.º 15 do artigo 9.º


do Código do IVA (CIVA) isenta de imposto «as prestações de serviços efetuadas aos
respetivos promotores:

a) Por atores, chefes de orquestra, músicos e outros artistas, atuando quer


individualmente quer integrados em conjuntos, para a execução de espetáculos teatrais,
cinematográficos, coreográficos, musicais, de music-hall, de circo e outros, para a
realização de filmes, e para a edição de discos e de outros suportes de som ou imagem.»

O Ofício-Circulado n.º 30 109, de 9 de março de 2009 emanado pelos Serviços do


IVA vem esclarecer dúvidas referentes a esta isenção, nomeadamente, o que é entendido
por promotor.

36
Sendo este qualquer entidade singular ou coletiva, sujeito passivo do imposto, que
no exercício da sua atividade económica tributada promova ou organize espetáculos de
natureza artística, financiando a sua produção e assumindo as responsabilidades inerentes
à realização dos espetáculos, garanta a divulgação e exibição dos artistas junto do público
espectador (consumidor final do espetáculo, ainda que este seja de acesso livre), bem
como as entidades que exerçam atividades no âmbito da realização de filmes, edição de
discos e de outros suportes de som ou imagem.

Para um correto enquadramento dos sujeitos passivos suscetíveis de beneficiar da


isenção estabelecida na alínea a) do n.º 15 do art.º 9.º do CIVA, deve ter-se em conta o
seguinte:

- Caso os artistas prestem os serviços aos respetivos promotores (considerando promotor


o referido no parágrafo anterior), tais serviços estão isentos de IVA;

- Quando os artistas prestam serviços a entidades que atuam como intermediários, tais
operações configuram prestações de serviços sujeitas a IVA, aplicando-se a taxa normal
do imposto. Sem prejuízo de lhes ser aplicável o regime especial de isenção previsto no
art.º 53.º do CIVA, se reunidas as condições ali previstas;

- Quando os artistas prestam serviços a entidades diferentes do promotor dos espetáculos,


ou seja, quando efetuados a entidades que atuam como intermediários, tais operações
configuram prestações de serviços sujeitas a IVA e dele não isentas, havendo, neste caso,
lugar à liquidação de imposto à taxa normal, sem prejuízo de lhes ser aplicável o regime
especial de isenção previsto no artigo 53.º do CIVA, se reunidas as condições ali referidas.

Para que este sujeito passivo possa usufruir da isenção do IVA na emissão das
faturas, terá que prestar serviços a um promotor de eventos, e ter as caraterísticas acima
indicadas, nomeadamente, promover e organizar espetáculos de natureza artística,
financiar a sua produção e assumir as responsabilidades com a realização dos espetáculos,
garantir a divulgação e exibição dos artistas junto do público espetador.

Só nestas condições é que esta prestação de serviços pode configurar na isenção


do IVA prevista no n.º 15 do artigo 9.º, não preenchendo os requisitos a fatura é emitida
com IVA à taxa normal em vigor.
37
Aconselhamos a consulta e análise do Ofício-Circulado n.º 30109, de 09 de março
de 2009, para que, face a cada situação concreta se possa aferir da aplicação, ou não, da
isenção do n.º 15 do artigo 9.º do CIVA.

Quanto à atividade de enquadrada na atividade 8012 – Professores, para efeitos de


IVA, dispõe o n.º 9 do artigo 9.º do Código do IVA que estão isentas de imposto «(...) as
prestações de serviços que tenham por objeto o ensino, bem como as transmissões de bens
e prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de alojamento e
alimentação, efetuadas por estabelecimentos integrados no Sistema Nacional de
Educação ou reconhecidos como tendo fins análogos pelos ministérios competentes (...).»

Relativamente às atividades extracurriculares, de acordo com o Despacho n.º 14


460/2008, de 26 de maio, alterado pelo Despacho n.º 8 683/2011, de 28 de junho do
Ministério da Educação e no âmbito do conceito de atividades de enriquecimento
curricular, o n.º 9 do citado despacho engloba as atividades que incidam nos domínios
desportivo, artístico, científico, tecnológico e das tecnologias de informação e
comunicação, de ligação da escola com o meio, de solidariedade e voluntariado e da
dimensão europeia de educação, nomeadamente as atividades de apoio ao estudo, ensino
do inglês, ensino de outras línguas estrangeiras, atividade física e desportiva, ensino da
música, outras expressões artísticas e outras atividades que incidam nos domínios
identificados.

Assim, todas as atividades de enriquecimento curricular que se encontrem


elencadas no n.º 9 do citado Despacho, passaram a estar integradas nos objetivos do
Sistema Nacional de Educação, ficando, consequentemente, abrangidas pela isenção do
n.º 9 do artigo 9.º do Código do IVA.

No entanto, esta isenção só se aplica aos estabelecimentos/entidades e não aos


professores que prestem serviços a tais estabelecimentos/entidades.

Por outro lado, o n.º 11 do artigo 9.º do CIVA isenta de imposto «as prestações de
serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal sobre matérias do ensino
escolar ou superior.»

38
A condição necessária para a verificação desta isenção é que se trate de lições
ministradas a título individual, excluindo-se, portanto, quaisquer prestações de serviços
que consistam em lições ministradas a mais do que um destinatário.

Assim, no caso de o professor prestar serviços que consistam em lições


ministradas diretamente ao aluno, isto é, sem dependência de qualquer outra entidade,
fica isento de IVA ao abrigo do n.º 11 do artigo 9.º do CIVA.

No caso em que os serviços são prestados a uma entidade para com a qual existe
uma subordinação inicial decorrente de um contrato de prestação de serviços, a atividade
desenvolvida não tem enquadramento na isenção prevista no n.º 11 do artigo 9.º do CIVA,
constituindo uma atividade tributada à taxa normal de 23 por cento, nos termos da alínea
c) do n.º 1 do artigo 18.º do CIVA, sem prejuízo de ser aplicável o regime especial de
isenção previsto no artigo 53.º do CIVA, se reunidas as condições ali referidas

No caso em concreto, é referido que o sujeito passivo presta de serviços de ensino


de dança para uma apresentação pública, mencionando que o ensino é ministrado a uma
turma. Assim, não sendo aulas particulares, somos do entendimento que neste caso não
se aplica nenhuma das isenções previstas no artigo 9.º do CIVA. Assim, nas faturas a
emitir deverá ser liquidado IVA à taxa normal.

N/ Enquadramento:

Relativamente à atividade de artista, o disposto na alínea a) do n.º 15 do artigo 9.º do


Código do IVA (CIVA) isenta de imposto «as prestações de serviços efetuadas aos
respetivos promotores:

a) Por atores, chefes de orquestra, músicos e outros artistas, atuando quer


individualmente quer integrados em conjuntos, para a execução de espetáculos
teatrais, cinematográficos, coreográficos, musicais, de music-hall, de circo e
outros, para a realização de filmes, e para a edição de discos e de outros suportes
de som ou imagem.»

39
Partindo do pressuposto que os artistas prestem os serviços aos respetivos promotores
(considerando promotor o referido no parágrafo anterior), tais serviços estão isentos de
IVA;

Quanto à atividade de enquadrada na atividade 8012 – Professores, para efeitos de


IVA, dispõe o n.º 9 do artigo 9.º do Código do IVA que estão isentas de imposto «(...) as
prestações de serviços que tenham por objeto o ensino, bem como as transmissões de bens
e prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de alojamento e
alimentação, efetuadas por estabelecimentos integrados no Sistema Nacional de
Educação ou reconhecidos como tendo fins análogos pelos ministérios competentes (...).»

Esta isenção só se aplica aos estabelecimentos/entidades e não aos professores que


prestem serviços a tais estabelecimentos/entidades.

Por outro lado, o n.º 11 do artigo 9.º do CIVA isenta de imposto «as prestações de
serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal sobre matérias do ensino
escolar ou superior.»

A condição necessária para a verificação desta isenção é que se trate de lições


ministradas a título individual, excluindo-se, portanto, quaisquer prestações de serviços
que consistam em lições ministradas a mais do que um destinatário.

Assim, no caso de o professor prestar serviços que consistam em lições ministradas


diretamente ao aluno, isto é, sem dependência de qualquer outra entidade, fica isento de
IVA ao abrigo do n.º 11 do artigo 9.º do CIVA.

No caso em que os serviços são prestados a uma entidade para com a qual existe uma
subordinação inicial decorrente de um contrato de prestação de serviços, a atividade
desenvolvida não tem enquadramento na isenção prevista no n.º 11 do artigo 9.º do CIVA

40
EXEMPLO 8: IVA – ISENÇÕES NOS FORMADORES

PT19663 - IVA - Isenções e formadores

01-09-2017

Determinado empresário em nome individual com o CAE 8011, Formadores, presta


serviços de formação a uma entidade formadora Ao passar as faturas a entidade
formadora pode estar isento de IVA ao abrigo do artigo 9.º do Código do IVA?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

Entendemos da descrição estar em causa a prestação de serviços efetuada por


pessoa singular, enquadrável nos rendimentos empresariais e profissionais (categoria B
do IRS), o que qualifica o contribuinte como sujeito passivo de IVA [artigo 2.º n.º 1 alínea
a) do CIVA].

Consistindo a atividade na prestação de serviços efetuada a título oneroso, esta


fica abrangida pelas normas de incidência do IVA, conforme resulta da conjugação do
artigo 1.º n.º 1 alínea a) com o artigo 4.º n.º 1, ambos do CIVA. Donde, a atividade em
causa está sujeita a IVA e, nessa medida, será suscetível de beneficiar de qualquer das
isenções previstas no Código do IVA, desde que reúna as condições previstas na isenção
que pretenda invocar.

Estabelece a alínea 10) do artigo 9.º do CIVA que se encontram isentas de imposto
"As prestações de serviços que tenham por objeto a formação profissional, bem como as
transmissões de bens e prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de
alojamento, alimentação e material didático, efetuadas por organismos de direito público
ou por entidades reconhecidas como tendo competência nos domínios da formação e
reabilitação profissionais pelos ministérios competentes;"

Vem a Informação Vinculativa, Processo n.º 5266, por despacho de 2013-09-06,


do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral nos n.º 12 e n.º 13 esclarecer: "Consiste
pressuposto obrigatório para aplicação da isenção prevista na alínea 10) do n.º 9 do CIVA,
que as entidades em causa sejam reconhecidas como competentes nos domínios da
formação e reabilitação profissionais. Este reconhecimento, designado por
acreditação/certificação encontra-se atualmente regulado pela Portaria n.º 851/2010, de 6
de setembro....","O organismo a quem compete a certificação das entidades formadoras é
a Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), nos termos do
Decreto-Lei n.º 210/2007 de 29 de maio."

Assim, e em conformidade com o explanado no Ofício-Circulado n.º 30083/2005,


de 20 de Dezembro, quanto ao regime aplicado aos formadores, os sujeitos passivos
mesmo que acreditados para o exercício de formação profissional através da CAP
(Certificado de aptidão Profissional), não se encontram em condições de beneficiar da
isenção prevista na alínea 10) n.º 9 do CIVA.

Em termos gerais, e face aos dados disponíveis, parece-nos que apenas poderá
beneficiar do regime especial de isenção, previsto no artigo 53.º do CIVA, desde que
reúna os pressupostos para tal:

"Beneficiam da isenção do imposto os sujeitos passivos que, não possuindo nem sendo
obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou IRC, nem praticando
operações de importação, exportação ou atividades conexas, nem exercendo atividade
que consista na transmissão dos bens ou prestação dos serviços mencionados no anexo E
do presente Código, não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios
superior a 10.000 euros".

A respeito da aplicação deste regime aconselhamos a análise do Ofício-Circulado


n.º 30138/2012, de 27/12/2012, disponível aqui

Pelo atrás exposto, nos termos em que é exercida a atividade, não têm aplicação
as isenções previstas nos n.ºs 9 e 10 do artigo 9.º do CIVA, que seriam as isenções que
poderiam ser ponderadas dada a área de atuação, não estando, desta forma, reunidos os
requisitos exigidos em cada um daqueles normativos.

42
N/ Enquadramento:

Pessoa singular -> rendimentos empresariais categoria B do IRS, qualificando-o como


sujeito passivo de IVA (CIVA art2° n1° alínea a))

Sim. Segundo o art.9° alínea 10) está isento de Iva serviços que tenham por objeto
a formação de profissionais, assim sendo, tendo em conta que a entidade formadora
usufrui dos serviços de formação está mesma estará isenta de IVA ao abrigo do artigo 9°
- "As prestações de serviços que tenham por objeto a formação profissionais"

43
EXEMPLO 9: IVA - ISENÇÕES – FISIOTERAPIA E
FORMAÇÃO
PT22257 – Subsídios – Fisioterapeuta e formador
26-03-2019
O caso em apreço prende-se com uma situação de enquadramento de IVA no
que diz respeito ao preenchimento da declaração de alterações por ter ultrapassado
os 10 mil euros de volume de negócios. Um fisioterapeuta, isento de IVA ao abrigo
do artigo 9º do CIVA, presta também serviços de formação como atividade
acessória, que por não ter atingidos os 10 mil euros, está também isento de IVA ao
abrigo do artigo 53.º do CIVA. Em dezembro de 2018, os somatórios das duas
atividades ultrapassaram os 10 mil euros, sendo que as faturas de formação foram
apenas de 5 mil euros.
A questão foi colocada depois do prazo para a declaração de alteração de
atividade.
Numa primeira apreciação, o que parece provável é que o fisioterapeuta não
terá que entregar a declaração de alteração de atividade, nem terá que efetuar
retenção na fonte e liquidar IVA, visto que o volume de negócios, segundo artigo 81º
do CIVA, pode calcular o seu volume de negócios tendo em conta, apenas o
rendimento com formação, que neste caso é de 5 mil euros.
Com 5 mil euros como limite, o fisioterapeuta não é sujeito a IVA por não ter
ultrapassado os 10 mil euros no ano anterior e pelo mesmo motivo não está obrigado
a liquidar o IVA da atividade acessória.
Qual é o vosso entendimento?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

A questão coloca-se relativamente ao enquadramento em sede de IVA de um


sujeito passivo de IRS, residente, sem contabilidade organizada para efeitos de IRS, que
pratica duas atividades distintas, na qualidade de fisioterapeuta e de formador, em virtude
de o seu volume de negócios ter ultrapassado o montante de 10 mil euros em 2018.
Adicionalmente questiona-se também sobre a aplicabilidade da dispensa de
retenção na fonte de imposto sobre o rendimento, presumimos que no âmbito da
possibilidade dada pela alínea a) do n.º 1 do art.º 101.º-B do CIRS, que dispõe da seguinte
forma:
1 - Estão dispensados de retenção na fonte, exceto quando esta deva ser efetuada
mediante taxas liberatórias:
a) Os rendimentos da categoria B, com exceção das comissões por
intermediação na celebração de quaisquer contratos, e da categoria F, quando o
respetivo titular preveja auferir, em cada uma das categorias, um montante anual
inferior ao fixado no n.º 1 do artigo 53.º do Código do IVA”.
Começando por responder a esta segunda questão, destacamos o facto de, apesar
da norma acima fazer referência ao art.º 53.º do Código do IVA, esta apela apenas ao
valor que dele consta, não dependendo a aplicação da dispensa do enquadramento que o
sujeito passivo tenha para efeitos de IVA.
Ou seja, não é relevante tratar-se de um sujeito passivo que liquida IVA nas suas
operações ou que beneficie de alguma isenção, bastando apenas que se reúnam as
condições previstas naquele art.º 101.º-B, entre as quais o facto de o montante anual de
rendimentos da categoria B (que não configurem comissões) não terem ultrapassado, no
ano anterior, o valor de 10 mil euros.
No caso, este valor foi ultrapassado no conjunto das atividades exercias na
categoria B, pelo que, não haverá lugar à aplicação desta dispensa de retenção durante o
ano de 2019, devendo os pagadores do rendimento – desde que a isso obrigados –
proceder à respetiva retenção independentemente do enquadramento em IVA do
prestador do serviço.
Lembramos que, nos termos do n.º 1 do art.º 101.º do CIRS, apenas estão
obrigadas as efetuar a retenção as entidades que disponham ou devam dispor de
contabilidade organizada, o que exclui, obviamente, os particulares.
No que se refere à primeira questão, e como bem refere, o art.º 81.º do CIVA prevê
que os sujeitos passivos que pratiquem operações isentas, sem direito a dedução, e
desenvolvam simultaneamente uma atividade acessória tributável podem calcular o seu
volume de negócios, para efeitos de aplicação do art.º 53.º do CIVA, tendo em conta
apenas os resultados relativos à atividade acessória.
O regime especial de isenção, previsto no art.º 53.º do CIVA aplica-se aos sujeitos
passivos que:

45
- Não tenham nem sejam obrigados a ter contabilidade organizada para efeitos do IRS
ou IRC;
- Não pratiquem importações, exportações ou atividades conexas com alguma destas
operações;
- Não exerçam atividades que consistam em transmissões de bens ou prestações de
serviços do setor de desperdícios, resíduos e sucatas recicláveis, mencionados no anexo
E do CIVA;
- Não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a 10
mil euros.
Esta é uma isenção administrativa que, atendendo a razões de simplificação (de
obrigações para os sujeitos passivos, mas também de controlo e cobrança do imposto),
tem em conta a reduzida dimensão do contribuinte.
As isenções contempladas no art.º 9.º do CIVA são estabelecidas em razão da
atividade em si, e sem atender à dimensão do contribuinte em causa: é o caso dos serviços
médicos e paramédicos (onde está abrangido o fisioterapeuta) que constam do n.º 1 deste
art.º 9.º que ficarão sempre abrangidos nesta isenção, independentemente da dimensão
contribuinte ou volume de serviços prestados.
Nesta medida, existindo operações (prestações de serviços ou transmissões de
bens), praticadas por um sujeito passivo agindo como tal, que se encontrem previstas
neste artigo 9.º do CIVA – como é o caso dos serviços de fisioterapia - ficam as mesmas
abrangidas nesta isenção.
Reduzindo-se a atividade a operações desta natureza, o contribuinte, não obstante
praticar exclusivamente operações isentas que não lhe conferem direito à dedução (com
a simplificação de obrigações inerentes a esse enquadramento), não fica abrangido pelo
regime especial de isenção (art.º 53.º) para a mesma atividade.
Quando pratique conjuntamente outras operações, e para aferir qual o volume de
negócios a considerar para efeitos de enquadramento em IVA, há que ter em conta o
disposto no art.º 42.º do CIVA, que define volume de negócios como sendo constituído
pelo valor, com exclusão do imposto, das transmissões de bens e prestações de serviços
efetuadas pelo sujeito passivo, com exceção:
a) Das operações referidas nos n.ºs 27) e 28) do artigo 9.º, quando constituam operações
acessórias;

46
b) Das operações referidas nos n.ºs 29) e 30) do artigo 9.º, quando relativamente a elas
se não tenha verificado renúncia à isenção e constituam operações acessórias;
c) Das operações sobre bens de investimento corpóreos ou incorpóreos.
Ou seja, se o contribuinte reúne todos os restantes pressupostos contidos no art.º
53.º do CIVA para aplicação deste regime especial de isenção, para avaliação do quesito
relativo ao volume de negócios poderá considerar apenas aqueles que não ficam
abrangidos pela isenção do art.º 9.º do CIVA, considerando (no caso) aqueles que provêm
da formação e não da atividade de fisioterapeuta.
Pelo que entendemos do exposto, já era este o enquadramento que constaria do
cadastro do contribuinte – isenção art.º 9.º do CIVA para os rendimentos provenientes
dos serviços de fisioterapeuta e isenção art.º 53.º do CIVA para os provenientes dos
serviços de formação. Se assim é, o facto de os rendimentos provenientes da formação
terem atingido o montante de 5 mil euros, resultando que o valor global dos rendimentos
ultrapassa os 10 mil euros não determina qualquer alteração no enquadramento do
contribuinte, visto que a atividade não abrangida pela isenção do art.º 9.º do CIVA
continua a situar-se abaixo dos 10 mil euros.
Donde, e pressupondo que os restantes requisitos continuam a verificar-se, não há
que proceder à entrega de qualquer declaração de alterações, visto que o enquadramento
do contribuinte se mantém.
A alteração a ter em conta é a não aplicabilidade da dispensa de retenção na fonte
para efeitos de IRS durante o ano de 2019, pelos motivos já anteriormente referidos, mas
esta situação não é refletida na declaração de alterações.

N/ Enquadramento:

O sujeito passivo em questão encontra-se enquadrado no regime de isenção do n.º


1 do artigo 9º do CIVA que engloba “As prestações de serviços efetuadas no exercício
das profissões de médico, odontologista, psicólogo, parteiro, enfermeiro e outras
profissões paramédicas” assim sendo em nenhuma ocasião a atividade de fisioterapeuta
interfere com a isenção do artigo 53º do CIVA.

47
Porém este mesmo fisioterapeuta tem uma atividade suplementar como formador
e todos os rendimentos obtidos a partir dessa atividade apenas os mesmos conta para o
volume de negócios a ter em conta. Ou seja, o sujeito passivo para se confirmar se está
em regime de isenção do artigo 53º apenas engloba os rendimentos obtidos da atividade
suplementar e não a soma das duas atividades que pratica, fisioterapeuta e formador.

Dado à questão colocada ter sido realizada em 2018, o volume de negócios que o
sujeito deve respeitar seria abaixo de 10.000,00€ e neste caso respeitaria o mesmo limite
dado que apenas possuía 5.000,00€ como volume de negócios. De salientar que este
sujeito não deverá apenas respeitar o volume de negócios, bem como os restantes
requisitos solicitados no n.º 1 do artigo 53º.

48
EXEMPLO 10: IVA – ISENÇÕES E DIREITO À DEDUÇÃO

PT19661 - IVA - Isenções e direito à dedução

01-09-2017

Uma empresa pretende desenvolver a sua atividade para os seguintes códigos


de CAE:

- 86210: Atividades Prática Médica em Clínica Geral

- 86220: Atividades Prática Médica em Clínica Especializada

- 70220: Outras Atividades de Consultoria Para os Negócios e a Gestão

- 93192: Outras Atividades Desportivas Não Especificadas

Estas atividades estão isentas ou sujeitas à liquidação de IVA?

Os Códigos 86210 e 86220 como são atividades médicas estão isentos ao


abrigo do artigo 9.º do CIVA. E os Códigos 70220 e 93192, estão sujeitos a IVA, e se
sim, a que taxa?

A empresa foi inscrita no regime misto normal trimestral do IVA com


operações que conferem o direito à dedução e operações isentas que não conferem o
direito à dedução com afetação real de todos os bens e serviços utilizados.

Isto significa que só poderá deduzir o IVA na aquisição de bens ou na


prestação de serviços que digam respeito às atividades sujeitas à liquidação de IVA?

Quanto às atividades isentas (códigos 86210 e 86220), na aquisição de bens ou


prestação de serviços que tenham a ver com estas atividades não se pode deduzir o
IVA?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

Em sede de IVA, no que concerne às atividades de prática médica em clínica geral


e em clínica especializada, importa analisar o seguinte:
Resulta dos números 1 e 2 do artigo 9.º do Código do IVA, que estão isentas do
imposto:

1) As prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico,


odontologista, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas;

2) As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente


conexas efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares;"

Estas isenções previstas no n.º 1 e n.º 2 do artigo 9.º do CIVA não estão
diferenciadas de forma jurídica como estão a ser prestados os serviços médicos. No caso
de um conjunto de médicos que exerça a sua profissão através de uma sociedade, a
isenção aplicável continua a ser prevista no n.º 1 do artigo 9.º do CIVA, como aliás resulta
das várias informações vinculativas já emitidas (Ex: Despacho de 2012/05/30 - Processo
n.º 3225).

A isenção prevista no n.º 2 do artigo 9.º cinge-se apenas às prestações de natureza


médica, bem assim as operações com elas estritamente conexas, efetuadas em meio
hospitalar.

Esta isenção decorre da transposição das Diretivas de IVA aplicáveis.

Dispõe o artigo 132.º da Diretiva 2006/112/CE, tal como dispunha o artigo 13.º,
A, n.º 1, alínea b) da Sexta Diretiva, que os Estados membros isentam "A hospitalização
e a assistência médica, e bem assim as operações com elas estreitamente relacionadas,
asseguradas por organismos de direito público ou, em condições sociais análogas às que
vigoram para estes últimos, por estabelecimentos hospitalares, centros de assistência
médica e de diagnóstico e outros estabelecimentos da mesma natureza devidamente
reconhecidos".

Ou seja, deve considerar-se inserido no n.º 2 do artigo 9.º do CIVA apenas as


prestações de natureza médica, bem como as operações com elas estreitamente
relacionadas, efetuadas em meio hospitalar.

Por outro lado, poderão as prestações efetuadas pelas entidades prestadores de


serviços de saúde ser consideradas como "estreitamente conexas" quando prestadas como
50
prestações acessórias da hospitalização ou da assistência médica e que constituem a
prestação principal.

Assim, só as prestações de serviços que se inscrevem logicamente no âmbito do


fornecimento dos serviços de hospitalização e de assistência médica e que constituem
uma etapa indispensável no processo de prestação desses serviços para atingir as
finalidades terapêuticas prosseguidas por estes são suscetíveis de constituir operações
"estreitamente conexas" (vide Acórdão do TJUE, de 16/06/2010, CopyGene A/S - Proc:
C-262/08), o que poderá ser o caso dos serviços a faturar pela entidade em causa se
efetivamente cumprirem o atrás disposto.

Neste sentido, se a entidade em causa, presta serviços médicos e de clínica geral


e especializada, beneficia da isenção estabelecida no n.º 1 do artigo 9.º. do CIVA.

Relativamente às atividades de consultadoria para os negócios e a gestão e outras


atividades desportivas não especificadas, são prestações de serviços sujeitas a IVA, de
acordo com o conceito residual de prestação de serviços previsto no n.º 1 do artigo 4.º do
CIVA. Para estas atividades, não é aplicável nenhuma isenção prevista no artigo 9.º do
CIVA.

A taxa de IVA aplicar às prestações de serviços acima indicadas é a constante da


alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º do CIVA.

Tratando-se de um sujeito passivo de IVA do regime misto (pratica operações


sujeitas a IVA e operações isentas de IVA que não conferem direito à dedução), este
deverá ter em conta na dedução do imposto suportado as regras estabelecidas no artigo
23.º do CIVA, bem como as instruções da Autoridade Tributária sobre a aplicação das
regras deste artigo que constam do Ofício-Circulado n.º 30103, 23/04/2008.

A forma de atestar ou comprovar a utilização dos bens ou serviços terá de atender


à operação em causa, não podendo ser avaliada de forma genérica, sob pena de se
estabelecerem procedimentos ou regras não compatíveis com a situação real.

Em termos muitos simplitas, podemos dizer que é dedutível o IVA das despesas
suportadas relacionadas exclusivamente com a atividade tributada (que confere direito à

51
dedução) e não é dedutível o IVA das despesas relacionadas exclusivamente com a
atividade isenta (que não confere direito à dedução). Apenas em relação a bens ou
serviços que sejam utilizados, em simultâneo, em ambas as atividades será necessário
recorrer a um dos métodos referidos no artigo 23.º do CIVA: afetação real ou pro-rata.

O n.º 2 do artigo 23.º refere que: "Não obstante o disposto da alínea b) do número
anterior, pode o sujeito passivo efetuar a dedução segundo a afetação real de todos ou
parte dos bens e serviços utilizados, com base em critérios objetivos que permitam
determinar o grau de utilização desses bens e serviços em operações que conferem direito
a dedução e em operações que não conferem esse direito, sem prejuízo de a Direcção-
Geral dos Impostos lhe vir a impor condições especiais ou a fazer cessar esse
procedimento no caso de se verificar que provocam ou que podem provocar distorções
significativas na tributação".

Pelo que, será ao sujeito passivo que compete estabelecer e comprovar esse
critério, de acordo com os elementos de que disponha, que, mesmo na impossibilidade de
ser exato, deverá ser o mais aproximado possível da real repartição da utilização dos bens
e serviços comuns.

Não sendo possível estabelecer essa relação, isto é, não conseguindo o


contribuinte encontrar um critério objetivo, poderá recorrer ao método do pro rata, que
consiste em deduzir o imposto com base em uma percentagem provisória, fazendo-se as
regularizações devidas no último período de tributação do ano civil (mês ou trimestre)
com base na percentagem definitiva desse ano (o que implicará também a entrega de
declaração de alterações dando informação sobre a mudança do método usado).

Aconselhamos a leitura do Ofício indicado onde se esclarece a utilização destes


métodos.

52
N/ Enquadramento:

Em sede de IVA, no que concerne às atividades de prática médica em clínica geral


e em clínica especializada, importa analisar o seguinte que vai de encontro ao caso em
questão:

Resulta dos números 1 e 2 do artigo 9.º do Código do IVA, que estão isentas do
imposto:

1) As prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico,


odontologista, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas;

2) As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente


conexas efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares;"

Relativamente às atividades de consultadoria para os negócios e a gestão e outras


atividades desportivas não especificadas, são prestações de serviços sujeitas a IVA, de
acordo com o conceito residual de prestação de serviços previsto no n.º 1 do artigo 4.º do
CIVA. Para estas atividades, não é aplicável nenhuma isenção prevista no artigo 9.º do
CIVA.

53
EXEMPLO 11: IVA – ISENÇÕES EM ENTIDADE
PROFISSIONAL

IVA – Isenções em entidade de formação profissional

PT27085 - julho de 2022

Determinada empresa passou a entidade de formação certificada pela


Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT). Pode enviar-se a
alteração da atividade com enquadramento em sede de IVA, também com isenção
nas formações, mantendo em paralelo a taxa de IVA normal, visto ter agora de
faturar serviços na área da formação? Qual o artigo do IVA relativo a esta isenção?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

As questões colocadas referem-se às implicações, em sede de IVA, da obtenção de


certificação da DGERT aplicável à formação profissional.
No caso concreto, estamos perante um sujeito passivo que «é agora uma entidade de
formação certificada pela DGERT.»
Pretende-se saber, neste sentido, as implicações em sede de IVA deste enquadramento.
Refere o número 10) do artigo 9.º do CIVA que beneficiam de isenção de IVA:
«10) As prestações de serviços que tenham por objeto a formação profissional, bem como
as transmissões de bens e prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de
alojamento, alimentação e material didático, efetuadas por organismos de direito público
ou por entidades reconhecidas como tendo competência nos domínios da formação e
reabilitação profissionais pelos ministérios competentes.»
No âmbito deste reconhecimento, passamos a citar o ponto 35 da informação vinculativa
referente ao processo n.º 13 317, por despacho de 07-05-2018, da diretora de serviços do
IVA, (por subdelegação), que refere:
«35. Reúne a condição enunciada na última parte da citada alínea 10) do artigo 9.º do
CIVA, a entidade formadora que esteja certificada pela DGERT (entidade que, face ao
quadro legal vigente, é competente para essa certificação, nos termos da Portaria n.º
851/2010, de 06/09, na atual redação (dada pela Portaria n.º 208/2013, de 26/06), nas
áreas indicadas no certificado.»
Concluímos, deste modo, que, desde que se encontrem reunidos os requisitos enunciados,
nomeadamente que se esteja na posse de acreditação para formação profissional emitido
pela DGERT, as prestações de serviços efetuadas neste âmbito estão isentas nos termos
do n.º 10 do artigo 9.º do CIVA, a partir da data do despacho da acreditação.
Não possuindo o sujeito passivo em causa tal acreditação, não poderá ser aplicada a
isenção do número 10) do artigo 9.º do CIVA, devendo o sujeito passivo liquidar IVA à
taxa normal.
Salientamos que os certificados CCP (ex-CAP) não relevam para a aplicação da isenção
prevista no número 10) do artigo 9.º do CIVA, pois não estamos perante uma certificação
atribuída por uma entidade com competências no domínio da formação.
Este entendimento é corroborado pelo Ofício-Circulado n.º 30 083/2005, de 2 de
dezembro.
Sem prejuízo do referido, será preciso ter em conta que, no caso concreto, é indicado
desde logo que estamos perante um sujeito passivo que, atualmente, se encontra
devidamente certificado pela DGERT, pelo que poderá, de facto, beneficiar da isenção
prevista no número 10) do artigo 9.º do CIVA relativamente às prestações de serviços de
formação.
Deste modo, passando o sujeito passivo a praticar, simultaneamente, operações que
conferem e operações que não conferem direito à dedução, tornar-se-á o mesmo num
sujeito passivo misto, devendo ser entregue, para esse efeito, tal como sugerido, uma
declaração de alterações, nos termos do artigo 32.º do CIVA.
A dedução do IVA suportado na aquisição de bens e serviços de utilização mista deverá
ser feita, doravante, de acordo com os artigos 23.º e seguintes do CIVA.
Por outro lado, o IVA suportado na aquisição de bens e serviços exclusivamente afetos à
atividade de formação certificada pela DGERT, passará a não ser integralmente dedutível.
Recomendamos, neste âmbito, a leitura do Ofício-Circulado n.º 30 103/2008, de 23 de
abril.

55
N/ Enquadramento:

Estamos perante o sujeito passivo inscrito na DGERT.

De acordo com o artigo 9° do Código do IVA n°10 “ as prestações de serviço que


tenham por objeto a formação profissional bem como as transmissões de bens e as
prestações de serviços conexas..”
Deste modo, desde que se encontrem reunidos os requisitos na posse de acreditação
para a formação profissional emitido pela DGERT, as prestações de serviços efetuados
neste âmbito estão isentas.

 Pressuposto: se um sujeito passivo não possuir a acreditação (não estar inscrito na


DGERT) não poderá ser aplicada a isenção do artigo 9° n°10 do IVA devendo
assim o sujeito passivo liquidar IVA à taxa normal.

56
EXEMPLO 12: IVA – ISENÇÕES – ATIVIDADES DE APOIO ÀS
ARTES
IVA – Isenção
04-08-2021

Uma empresa com CAE 90020 (Atividades de apoio às artes do espetáculo)


pode passar faturas isentas de IVA para instituições públicas (autarquias, comissões
de festas, juntas de freguesias) ao abrigo do artigo 9º. Se puder, o IVA dedutível terá
de ser calculado pela afetação real de todos os bens?

Parecer da Ordem dos Contabilistas:

A questão colocada está relacionada com o enquadramento em sede de IVA nas


prestações de serviços realizadas por uma empresa com a atividade de apoio às artes do
espetáculo, a instituições públicas (ou a autarquias, comissões de festas, juntas de
freguesias).
No que se refere à incidência subjetiva, a alínea a), do n.º 1 do artigo 2º do CIVA
determina que são sujeitos passivos do imposto:
"a) As pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com carácter de
habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços,
incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres, e, bem assim, as
que, do mesmo modo independente, pratiquem uma só operação tributável, desde que
essa operação seja conexa com o exercício das referidas atividades, onde quer que este
ocorra, ou quando, independentemente dessa conexão, tal operação preencha os
pressupostos de incidência real do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares
(IRS) ou do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC);”
O Código do IVA determina no seu art.º 2.º, n.º 2, que: "o Estado e demais pessoas
coletivas de direito público não são, no entanto, sujeitos passivos do imposto quando
realizem operações no exercício dos seus poderes de autoridade, mesmo que por elas
recebam taxas ou quaisquer outras contraprestações, desde que a sua não sujeição não
origine distorções de concorrência".
Tais entidades (como o caso da junta de freguesia) só ficam, assim, excluídas da
definição de sujeito passivo deste imposto pela prática de operações desenvolvidas no
âmbito do exercício dos seus poderes de autoridade. E mesmo assim, apenas quando tal
não origine distorções de concorrência, e não se tratem das operações referidas no n.º 3
do mesmo art.º 2.º do CIVA.
De notar que, em termos de IVA, estão previstas algumas isenções,
nomeadamente no artigo 9º do CIVA, em operações específicas e, outras quando
realizadas por entidades com determinadas características (sendo que tais entidades não
são consideradas automaticamente entidades isentas em termos de IVA, poderão, no
entanto, praticar operações isentas de IVA).
Neste sentido, realçamos que a operação realizada pela empresa configura, face
ao carácter residual constante do artigo 4.º do Código do IVA, uma prestação de serviços,
independentemente da qualificação do seu adquirente.
No entanto, as prestações de serviços referentes atividades culturais,
nomeadamente de atores, chefes de orquestra, músicos e outros artistas, atuando quer
individualmente quer integrados em conjuntos, para a execução de espetáculos teatrais,
cinematográficos, coreográficos, musicais, de music-hall, de circo e outros, podem ser
consideradas como isentas de IVA, quando sejam efetuadas aos respetivos promotores,
conforme previsto na alínea a) do n.º 15 do artigo 9.º do CIVA.
De acordo com o ponto 3 do Ofício-Circulado n.º 30109/2009, de 3 de setembro,
para efeitos da isenção prevista na referida alínea a) do n.º 15 do artigo 9.º do CIVA,
entende-se por promotor, qualquer entidade singular ou coletiva, sujeito passivo do
imposto, que no exercício da sua atividade económica tributada promova ou organize
espetáculos de natureza artística, financiando a sua produção e assumindo as
responsabilidades inerentes à realização dos espetáculos, garanta a divulgação e exibição
dos artistas junto do público espetador (consumidor final do espetáculo, ainda que este
seja de acesso livre), bem como as entidades que exerçam atividades no âmbito da
realização de filmes, edição de discos e de outros suportes de som ou imagem.
Assim, apenas se as entidades adquirentes dos serviços de espetáculos artísticos,
estiverem enquadradas como promotores nos termos referidos no parágrafo acima, essa
prestação de serviços pode ser considerada isenta nos termos do n.º 15 do artigo 9.º do
CIVA.
Se essas entidades adquirentes, não forem consideradas como promotores de
espetáculos, a prestação de serviços deve implicar a liquidação de IVA à taxa normal.

58
Não obstante, realçamos que, a venda de bilhetes de entrada para espetáculos, que
não sejam sessões de teatro (cedência de bandas de música ou ensino de ballet e de
música), é uma operação sujeita e não isenta, podendo-se aplicar a taxa intermédia de
13% prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 18.º do CIVA, quando se enquadrar na verba
2.6 da Lista II anexa ao CIVA, ou seja, quando se tratem de entradas em espetáculos de
canto, dança, música, teatro, cinema, tauromaquia e circo. Excetuam-se as entradas em
espetáculos de caráter pornográfico ou obsceno, como tal considerados na legislação
sobre a matéria.
Assim, de acordo com o exposto, se estamos perante um sujeito passivo misto, ou
seja, sujeito passivo, que no exercício da sua atividade, efetua operações tributáveis que
conferem direito a dedução e operações isentas que não conferem esse direito, a dedução
do imposto suportado na aquisição de bens e serviços que sejam utilizados na realização
de ambos os tipos de operações será determinada de acordo com os métodos de dedução
previstos no artigo 23.º do CIVA: pro rata ou afetação real.
No caso de utilização da afetação real, obrigatória ou facultativa, e ainda segundo
o n.º 2 do artigo 23.º do Código do IVA, os critérios a que o sujeito passivo recorra para
determinar o grau de afetação ou utilização dos bens e serviços à realização de operações
que conferem direito a dedução ou de operações que não conferem esse direito, podem
ser corrigidos ou alterados pela Autoridade Tributária, com os devidos fundamentos de
facto e de direito, ou, se for caso disso, fazer cessar a utilização do método, se se verificar
a ocorrência de distorções significativas na tributação.
O Ofício-Circulado n.º 30103 de 23/04/2008, no capítulo V, vem indicar alguns
critérios objetivos que podem ser utilizados na determinação do montante de imposto
suportado a deduzir pela aplicação da regra do n.º 2 do artigo 23.º do CIVA.
Os critérios objetivos podem ser a área ocupada no edifício por cada uma das
atividades (isenta e tributada), a massa salarial ou as horas de utilização de determinado
bem.
Neste sentido, a entidade em análise utilizando o método da afetação real, deverá
dispor de algum sistema contabilístico ou extra contabilístico de forma a conseguir
separar claramente as aquisições de bens e serviços relativas à atividade tributada com
direito à dedução, da atividade isenta sem direito à dedução, sendo que poderá deduzir na
totalidade o IVA suportado nas aquisições para a atividade tributada e não poderá deduzir

59
qualquer valor de IVA suportado nas aquisições de serviços para atividade isenta,
conforme o n.º 2 do artigo 23.º do CIVA.
O IVA suportado nas aquisições de bens e serviços que possam ser utilizados em
ambas as atividades (tributada e isenta), como será exemplo as aquisições relativas a
serviços administrativos e outros, haverá que determinar um critério objetivo de utilização
desses bens ou serviços adquiridos em cada atividade.
No âmbito da afetação real, os critérios objetivos devem ser escolhidos de forma
a representar o mais aproximadamente possível da afetação dos bens e serviços adquiridos
aos vários setores de atividade, e aqueles que mais representem a utilização desses bens
e serviços nesses setores.

N/ Enquadramento:

Nesta situação apenas podemos considerar como isenção no caso de as atividades


praticadas por promotores que estejam enquadrados na alínea a) n.º 15 do artigo 9º do
CIVA. Entende-se como promotor qualquer entidade singular ou coletiva, sujeito passivo
do imposto, que no exercício da sua atividade económica tributada promova ou organize
espetáculos de natureza artística, financiando a sua produção e assumindo as
responsabilidades inerentes à realização dos espetáculos, garanta a divulgação e exibição
dos artistas junto do público espetador. Ou seja, apenas numa situação em que exista um
promotor esta entidade se insere nas isenções previstas do artigo 9º do CIVA.

De realçar ainda que este sujeito passivo pratica duas atividades, uma isenta de
Iva e outra em que se aplica a taxa de Iva em vigor bem como a venda de bilhetes de
espetáculos. Estamos perante um sujeito passivo misto em que com duas atividades, uma
com direito a dedução (a venda de bilhetes) e outra sem direito a qualquer dedução como
indica o artigo 23º do CIVA.

60
CONCLUSÃO
O trabalho realizado teve como propósito a melhor compreensão e conhecimento
da matéria lecionada em sala de aula, bem como a aplicação da mesma, nomeadamente
as Isenções Simples ou Incompletas.

De forma a fundamentar este trabalho, a realização do mesmo baseou-se em


pesquisa na internet de informação teórica e exercícios como exemplos de aplicação,
nomeadamente, pareceres da Ordem dos Contabilistas, e ainda a utilização do Código do
Iva.

Concluímos assim, que as isenções aqui tratadas são apenas exceção à regra do
código do Iva bem como outras isenções presentes neste código, e dessa forma tem um
tratamento especial do que outros casos que estejam incluídos no Iva.
BIBLIOGRAFIA

Certificados, O. d. (1 de Julho de 2017). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-riti-sujeitos-passivos-isentos/

Contabilistas, O. d. (1 de Setembro de 2017). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-isencoes-e-formadores/

Contabilistas, O. d. (26 de março de 2019). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/subsidios-fisioterapeuta-e-formador/

Contabilistas, O. d. (24 de março de 2020). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/artistas-isencao-de-iva/

Contabilistas, O. d. (14 de Fevereiro de 2022). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-servicos-funebres/

Contabilistas, O. d. (Outubro de 2022). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-isencoes-faturacao/

Contabilistas, O. d. (Outubro de 2022). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-isencoes-2-2-2-2/

Contabilistas, O. d. (Julho de 2022). Occ. Obtido de Notícias - IVA - Isenções - OCC -


Ordem dos Contabilistas Certificados

Contabilistas, O. d. (2 de agosto de 2022). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/consultas-de-psicologia/

Contabilistas, O. d. (Julho de 2022). Occ. Obtido de https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-


isencoes-em-entidade-de-formacao-profissional/

Contabilistas, O. d. (4 de Agosto de 2022). Occ. Obtido de


https://www.occ.pt/pt/noticias/iva-isencao/
Moura, M. (26 de Fevereiro de 2021). Mário Moura. Obtido de https://mmc.pt/iva/

Portugal, V. (19 de Janeiro de 2022). Viseeon. Obtido de https://viseeon.pt/regime-de-


isencao-do-artigo-53-o-do-civa/

Vieira, P. (6 de Abril de 2021). Economias. Obtido de


https://www.economias.pt/isencao-de-iva-ao-abrigo-do-artigo-53/

63
ANEXO 1: ARTIGO 9.º - ISENÇÕES NAS OPERAÇÕES INTERNAS
CAPÍTULO II

Isenções

SECÇÃO I

Isenções nas operações internas

Artigo 9.º
Isenções nas operações internas

Estão isentas do imposto:

1) As prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico, odontologista,


psicólogo, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas; (Redação da Lei n.º 2/2020, de 31
de março)

2) As prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas estreitamente conexas


efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares;

3) As prestações de serviços efetuadas no exercício da sua atividade por protésicos dentários bem
como as transmissões de próteses dentárias efetuadas por dentistas e protésicos dentários; (Redação
da Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro)

4) As transmissões de órgãos, sangue e leite humanos;

5) O transporte de doentes ou feridos em ambulâncias ou outros veículos apropriados efetuado por


organismos devidamente autorizados;

6) As transmissões de bens e as prestações de serviços ligadas à segurança e assistência sociais e as


transmissões de bens com elas conexas, efetuadas pelo sistema de segurança social, incluindo as
instituições particulares de solidariedade social. Da mesma isenção beneficiam as pessoas físicas ou
jurídicas que efetuem prestações de segurança ou assistência social por conta do respetivo sistema
nacional, desde que não recebam em troca das mesmas qualquer contraprestação dos adquirentes
dos bens ou destinatários dos serviços;

7) As prestações de serviços e as transmissões de bens estreitamente conexas, efetuadas no exercício


da sua atividade habitual por creches, jardins-de-infância, centros de atividade de tempos livres,
estabelecimentos para crianças e jovens desprovidos de meio familiar normal, lares residenciais,
casas de trabalho, estabelecimentos para crianças e jovens deficientes, centros de reabilitação de
inválidos, lares de idosos, centros de dia e centros de convívio para idosos, colónias de férias,
albergues de juventude ou outros equipamentos sociais pertencentes a pessoas coletivas de direito
público ou instituições particulares de solidariedade social ou cuja utilidade social seja, em qualquer
caso, reconhecida pelas autoridades competentes, ainda que os serviços sejam prestados fora das
suas instalações; (Redação da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro)

8) As prestações de serviços efetuadas por organismos sem finalidade lucrativa que explorem
estabelecimentos ou instalações destinados à prática de atividades artísticas, desportivas, recreativas
e de educação física a pessoas que pratiquem essas atividades;

9) As prestações de serviços que tenham por objeto o ensino, bem como as transmissões de bens e
prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de alojamento e alimentação, efetuadas
por estabelecimentos integrados no Sistema Nacional de Educação ou reconhecidos como tendo fins
análogos pelos ministérios competentes;

10) As prestações de serviços que tenham por objeto a formação profissional, bem como as
transmissões de bens e prestações de serviços conexas, como sejam o fornecimento de alojamento,
alimentação e material didático, efetuadas por organismos de direito público ou por entidades
reconhecidas como tendo competência nos domínios da formação e reabilitação profissionais pelos
ministérios competentes;

11) As prestações de serviços que consistam em lições ministradas a título pessoal sobre matérias do
ensino escolar ou superior;

12) As locações de livros e outras publicações, partituras musicais, discos, bandas magnéticas e
outros suportes de cultura e, em geral, as prestações de serviços e transmissões de bens com aquelas
estreitamente conexas, desde que efetuadas por organismos sem finalidade lucrativa;

13) As prestações de serviços que consistam em proporcionar a visita, guiada ou não, a bibliotecas,
arquivos, museus, galerias de arte, castelos, palácios, monumentos, parques, perímetros florestais,
jardins botânicos, zoológicos e semelhantes, pertencentes ao Estado, outras pessoas coletivas de
direito público ou organismos sem finalidade lucrativa, desde que efetuadas única e exclusivamente
por intermédio dos seus próprios agentes. A presente isenção abrange também as transmissões de
bens estreitamente conexas com as prestações de serviços referidas; (Redação da Lei n.º 83-C/2013,
de 31 de dezembro)

14) As prestações de serviços e as transmissões de bens com elas conexas, efetuadas por pessoas
coletivas de direito público e organismos sem finalidade lucrativa, relativas a congressos, colóquios,
conferências, seminários, cursos e manifestações análogas de natureza científica, cultural, educativa
ou técnica;

15) As prestações de serviços efetuadas aos respetivos promotores:

65
a) Por atores, chefes de orquestra, músicos e outros artistas, atuando quer individualmente quer
integrados em conjuntos, para a execução de espetáculos teatrais, cinematográficos, coreográficos,
musicais, de music-hall, de circo e outros, para a realização de filmes, e para a edição de discos e de
outros suportes de som ou imagem;

b) Por desportistas e artistas tauromáquicos, atuando quer individualmente quer integrados em


grupos, em competições desportivas e espetáculos tauromáquicos;

16) A transmissão do direito de autor ou de direitos conexos e a autorização para a utilização da obra
intelectual ou prestação, definidas no Código dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos, quando
efetuadas pelos próprios titulares, seus herdeiros ou legatários, ou ainda por terceiros, por conta
deles, ainda que o titular do direito seja pessoa coletiva, incluindo a consignação ou afetação, imposta
por lei, dos montantes recebidos pelas respetivas entidades de gestão coletiva, a fins sociais, culturais
e de investigação e divulgação dos direitos de autor e direitos conexos; (Redação da Lei n.º 7-A/2016
de 30 de março)

17) A transmissão de exemplares de qualquer obra literária, científica, técnica ou artística editada
sob forma bibliográfica pelo autor, quando efetuada por este, seus herdeiros ou legatários, ou ainda
por terceiros, por conta deles, salvo quando o autor for pessoa coletiva;

18) A cedência de pessoal por instituições religiosas ou filosóficas para a realização de atividades
isentas nos termos deste diploma ou para fins de assistência espiritual;

19) As prestações de serviços e as transmissões de bens com elas conexas efetuadas no interesse
coletivo dos seus associados por organismos sem finalidade lucrativa, desde que esses organismos
prossigam objetivos de natureza política, sindical, religiosa, humanitária, filantrópica, recreativa,
desportiva, cultural, cívica ou de representação de interesses económicos e a única contraprestação
seja uma quota fixada nos termos dos estatutos;

20) As transmissões de bens e as prestações de serviços efetuadas por entidades cujas atividades
habituais se encontram isentas nos termos dos nos 2), 6), 7), 8), 9), 10), 12), 13), 14) e 19) deste
artigo, aquando de manifestações ocasionais destinadas à angariação de fundos em seu proveito
exclusivo, desde que esta isenção não provoque distorções de concorrência;

21) As prestações de serviços fornecidas aos seus membros por grupos autónomos de pessoas que
exerçam uma atividade isenta, desde que tais serviços sejam diretamente necessários ao exercício da
atividade e os grupos se limitem a exigir dos seus membros o reembolso exato da parte que lhes
incumbe nas despesas comuns, desde que, porém, esta isenção não seja suscetível de provocar
distorções de concorrência;

66
22) Para efeitos do disposto no número anterior considera-se que os membros do grupo autónomo
ainda exercem uma atividade isenta, desde que a percentagem de dedução determinada nos termos
do artigo 23.º não seja superior a 10 %;

23) As prestações de serviços e as transmissões de bens conexas efetuadas pelos serviços públicos
postais, com exceção das telecomunicações;

24) As transmissões, pelo seu valor facial, de selos do correio em circulação ou de valores selados, e
bem assim as respetivas comissões de venda;

25) O serviço público de remoção de lixos;

26) As prestações de serviços efetuadas por empresas funerárias e de cremação, bem como as
transmissões de bens acessórias aos mesmos serviços;

27 *) As operações seguintes:

a) A concessão e a negociação de créditos, sob qualquer forma, compreendendo operações de


desconto e redesconto, bem como a sua administração ou gestão efetuada por quem os concedeu;

b) A negociação e a prestação de fianças, avales, cauções e outras garantias, bem como a


administração ou gestão de garantias de créditos efetuada por quem os concedeu;

c) As operações, compreendendo a negociação, relativas a depósitos de fundos, contas correntes,


pagamentos, transferências, recebimentos, cheques, efeitos de comércio e afins, com exceção das
operações de simples cobrança de dívidas;

d) As operações, incluindo a negociação, que tenham por objeto divisas, notas bancárias e moedas,
que sejam meios legais de pagamento, com exceção das moedas e notas que não sejam normalmente
utilizadas como tal, ou que tenham interesse numismático;

e) As operações e serviços, incluindo a negociação, mas com exclusão da simples guarda e


administração ou gestão, relativos a ações, outras participações em sociedades ou associações,
obrigações e demais títulos, com exclusão dos títulos representativos de mercadorias e dos títulos
representativos de operações sobre bens imóveis quando efetuadas por um prazo inferior a 20 anos;

f) Os serviços e operações relativos à colocação, tomada e compra firmes de emissões de títulos


públicos ou privados;

g) A administração ou gestão de fundos de investimento;


67
28 *) As operações de seguro e resseguro, bem como as prestações de serviços conexas efetuadas
pelos corretores e intermediários de seguro;

29 *) A locação de bens imóveis. Esta isenção não abrange:

a) As prestações de serviços de alojamento, efetuadas no âmbito da atividade hoteleira ou de outras


com funções análogas, incluindo parques de campismo;

b) A locação de áreas para recolha ou estacionamento coletivo de veículos;

c) A locação de máquinas e outros equipamentos de instalação fixa, bem como qualquer outra locação
de bens imóveis de que resulte a transferência onerosa da exploração de estabelecimento comercial
ou industrial;

d) A locação de cofres-fortes;

e) A locação de espaços para exposições ou publicidade;

30 *) As operações sujeitas a imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis;

31 *) A lotaria da Santa Casa da Misericórdia, as apostas mútuas, o bingo, os sorteios e as lotarias


instantâneas devidamente autorizados, bem como as respetivas comissões e todas as atividades
sujeitas a impostos especiais sobre o jogo;

32 *) As transmissões de bens afetos exclusivamente a uma atividade isenta, quando não tenham sido
objeto do direito à dedução e bem assim as transmissões de bens cuja aquisição ou afetação tenha
sido feita com exclusão do direito à dedução nos termos do n.º 1 do artigo 21.º;

33) (Revogada.) (Redação da Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, a vigorar a partir de 1/04/2013)

34 *) As prestações de serviços efetuadas por cooperativas que, não sendo de produção agrícola,
desenvolvam uma atividade de prestação de serviços aos seus associados agricultores;

35 *) As prestações de serviços a seguir indicadas quando levadas a cabo por organismos sem
finalidade lucrativa que sejam associações de cultura e recreio:

68
a) Cedência de bandas de música;

b) Sessões de teatro;

c) Ensino de ballet e de música;

36 *) Os serviços de alimentação e bebidas fornecidas pelas entidades patronais aos seus


empregados;

37 *) As atividades das empresas públicas de rádio e televisão que não tenham carácter comercial.

38) As prestações de serviços efetuadas por intérprete de língua gestual portuguesa. (Redação da Lei
n.º 2/2020, de 31 de março)

69
ANEXO 2: ARTIGO 32.º - DECLARAÇÃO DE ALTERAÇÕES
Artigo 32.º
Declaração de alterações

1 - Sempre que se verifiquem alterações de qualquer dos elementos constantes da


declaração relativa ao início de atividade, deve o sujeito passivo entregar a respetiva
declaração de alterações.

2 - A declaração prevista no n.º 1 é entregue em qualquer serviço de finanças ou noutro


local legalmente autorizado, no prazo de 15 dias a contar da data da alteração, se outro
prazo não for expressamente previsto neste diploma.
ANEXO 3: ARTIGO 53.º DO CÓDIGO DO IVA
SECÇÃO IV
Regimes especiais

SUBSECÇÃO I
Regime de isenção

Artigo 53.º
Âmbito de aplicação

1 - Beneficiam da isenção do imposto os sujeitos passivos que, não possuindo nem sendo
obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRS ou IRC, nem
praticando operações de importação, exportação ou atividades conexas, nem exercendo
atividade que consista na transmissão dos bens ou prestação dos serviços mencionados
no anexo E do presente Código, não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume
de negócios superior a 12 500 (euro). (Redação da Lei n.º 2/2020, de 31 de março) (*)

Nota - (*) Nos termos do art.º 337.º, n.º 2, da Lei n.º 2/2020, de 31 de março, o montante
a que se refere o n.º 1 do artigo 53.º do Código do IVA,, é de 11 000 (euro) em 2020.

2 - Não obstante o disposto no número anterior, são ainda isentos do imposto os sujeitos
passivos: (Redação da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro)

a) Com um volume de negócios superior a 10 000 €, mas inferior a 12 500 €, que, se


tributados, preencheriam as condições de inclusão no regime dos pequenos
retalhistas; (Redação da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro)

b) Que, não tendo atingido um volume de negócios superior a 12 500 € no ano civil
anterior e nos três anos civis precedentes, tenham cumprido as condições previstas no
n.º 1. (Redação da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro)

3 - No caso de sujeitos passivos que iniciem a sua atividade, o volume de negócios a


tomar em consideração é estabelecido de acordo com a previsão efetuada relativa ao
ano civil corrente, após confirmação pela Direcção-Geral dos Impostos.

4 - Quando o período em referência, para efeitos dos números anteriores, for inferior ao
ano civil, deve converter-se o volume de negócios relativo a esse período num volume de
negócios anual correspondente.
5 - O volume de negócios previsto nos números anteriores é o definido nos termos do
artigo 42.º

72
ANEXO 4: ARTIGO 54.º - PASSAGEM DOS REGIMES DE
TRIBUTAÇÃO AO REGIME ESPECIAL DE ISENÇÃO
Artigo 54.º
Passagem dos regimes de tributação ao regime especial de isenção

1 - Se, verificados os condicionalismos previstos no artigo anterior, os sujeitos passivos


não isentos pretenderem a aplicação do regime nele estabelecido, devem apresentar a
declaração a que se refere o artigo 32.º

2 - A declaração referida no número anterior só pode ser apresentada durante o mês de


Janeiro do ano seguinte àquele em que se verifiquem os condicionalismos referidos no
artigo anterior, produzindo efeitos a partir de 1 de Janeiro do ano da apresentação.
ANEXO 5: ARTIGO 14º DO RITI – ISENÇÕES NAS TRANSMISSÕES
CAPÍTULO II
Isenções

Artigo 14.º
Isenções nas transmissões

1 - Estão isentas do imposto: (Anterior proémio do artigo - Lei n.º 49/2020, de 24 de


agosto, com produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

a) As transmissões de bens, efetuadas por um dos sujeitos passivos referidos na alínea a)


do n.º 1 do artigo 2.º, expedidos ou transportados pelo vendedor, pelo adquirente ou por
conta destes, a partir do território nacional para outro Estado-Membro com destino ao
adquirente, quando este seja uma pessoa singular ou coletiva registada, para efeitos do
imposto sobre o valor acrescentado, em outro Estado-Membro, que tenha utilizado e
comunicado ao vendedor o respetivo número de identificação para efetuar a aquisição e
aí se encontre abrangido por um regime de tributação das aquisições intracomunitárias
de bens; (Redação da Lei n.º 49/2020, de 24 de agosto, com produção de efeitos desde 1
de janeiro de 2020)

b) As transmissões de meios de transportes novos previstas na alínea e) do artigo


1.º; (Anterior alínea b) do proémio do artigo - Lei n.º 49/2020, de 24 de agosto, com
produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

c) As transmissões de bens referidas no n.º 1 do artigo 7.º que beneficiariam da isenção


prevista na alínea a) deste artigo se fossem efetuadas para outro sujeito
passivo; (Anterior alínea c) do proémio do artigo - Lei n.º 49/2020, de 24 de agosto, com
produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

d) As transmissões de bens sujeitos a impostos especiais de consumo, efetuadas por um


sujeito passivo dos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º, expedidos ou
transportados pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes a partir do território
nacional para outro Estado membro, com destino ao adquirente, quando este seja um
sujeito passivo isento ou uma pessoa coletiva estabelecida ou domiciliada em outro
Estado membro que não se encontre registada para efeitos do IVA, quando a expedição
ou transporte dos bens seja efetuado em conformidade com o disposto no Código dos
Impostos Especiais sobre o Consumo. (Anterior alínea d) do proémio do artigo - Lei
n.º 49/2020, de 24 de agosto, com produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

2 - A isenção prevista na alínea a) do número anterior não tem aplicação quando o


sujeito passivo transmitente não cumprir a obrigação prevista na alínea c) do n.º 1 do
artigo 23.º, salvo se o sujeito passivo, em casos devidamente justificados, corrigir a falta
detetada, sem prejuízo da penalidade aplicável ao caso. (Redação da Lei n.º 49/2020, de
24 de agosto, com produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

3 - Quando os mesmos bens sejam objeto de transmissões sucessivas e sejam expedidos


ou transportados a partir do território nacional para outro Estado-Membro, diretamente
do primeiro fornecedor para o último destinatário na operação em cadeia, a expedição
ou transporte são imputados à transmissão de bens efetuada ao sujeito passivo
intermédio. (Redação da Lei n.º 49/2020, de 24 de agosto, com produção de efeitos desde
1 de janeiro de 2020)

4 - Não obstante o disposto no número anterior, quando o sujeito passivo intermédio


comunique ao fornecedor o respetivo número de identificação para efeitos de imposto
sobre o valor acrescentado, emitido em território nacional, a expedição ou transporte
são exclusivamente imputados à transmissão de bens efetuada pelo sujeito passivo
intermédio. (Redação da Lei n.º 49/2020, de 24 de agosto, com produção de efeitos desde
1 de janeiro de 2020)

5 - Para efeitos dos nos 3 e 4, entende-se por «sujeito passivo intermédio» um sujeito
passivo que não seja o primeiro fornecedor na operação em cadeia e que proceda à
expedição ou transporte dos bens por si ou por sua conta. (Redação da Lei n.º 49/2020,
de 24 de agosto, com produção de efeitos desde 1 de janeiro de 2020)

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