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Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ)

Alunas: Ana Vitória e Maria Clara


Disciplina: Sociologia

1)- O pensamento de Gilberto Freyre significou uma ruptura com as ideias


racistas que vigoram no Brasil até o início do século XX, cuja perspectiva
contribuiu para instituição de uma política do branqueamento de cunho
eugenista. Apresente a interpretação de Freyre sobre a formação do povo
brasileiro e a questão racial, relacionando-a a imagem acima (2 pontos).
Para entendermos as teorias de Gilberto, precisamos lembrar o cenário político da
época, seu livro " Casa-Grande & Senzala" foi escrito em 1930, momento em que
nazismo estava em plena consolidação na Alemanha e suas ideias de “pureza” racial
ganhavam cada vez mais adeptos ao redor do globo.

A principal teoria de Freyre foi revolucionária e vista por muitos como uma ameaça, sua
tese defendia a mestiçagem e agregava aspectos positivos ao contrário de vários
pensadores do momento. A união das raças gerou uma sociedade original e inovadora,
o brasileiro seria uma junção cultural e mestiça dessas raças, um povo diferente, mais
forte e intelectualmente mais capaz que outros.

Na visão de Gilberto, a mestiçagem no Brasil foi aceita, e integrou os africanos, índios e


brancos em um só povo, algo totalmente diferente da realidade. Em seu livro, existe
alguns pontos de violência, logo são resolvidos e a "paz" entre as raças prevalece, por
ter muito contato com o sociólogo alemão Boas, as teorias de Freyre acabam sendo
influenciadas, e seu livro acaba defendendo um ponto que hoje é discutido em
diferentes ramos de estudo, a democracia racial. Seu livro traz um olhar diferente para
o Brasil colonial, podemos até considerar uma visão ilusória, pois a forma como ele
relata uma certa democracia entre as relações senhores e escravos é totalmente
inexistente, os escravos naquela época não possuíam direitos e nem eram
considerados seres humanos.

A partir desses pontos, podemos entender a imagem acima, a mesma possui relação
com os pensamentos propagados por Freyre, de existir uma harmonia entre as raças
no Brasil, sem julgamentos e distinções, igualando todos por meio da miscigenação. A
sociedade “superior” surgiria dessa mistura de povos.

2)- A charge acima faz uma crítica à ideologia da democracia racial que ganhou
força no Brasil especialmente a partir das obras de Gilberto Freyre. Desenvolva
um pequeno texto relacionando a crítica exposta na charge com autores
discutidos no curso (Roberto Da Matta e/ou Florestan Florestan Fernandes) que
também se posicionaram de maneira crítica em relação à ideia de democracia
racial (2 pontos).
Para Gilberto Freyre, a miscigenação tornava um povo mais forte e capaz de maior
desenvolvimento. Contudo, o conceito do sociólogo pode ser considerado um tanto
precipitado, já que ele promove a romantização da relação entre escravos e senhores,
quando afirma que a mesma se desenvolvia de maneira cordial, desconsiderando o
espírito de subordinação, uso de violência (inclusive de cunho sexual, que resultaram
grande parte da miscigenação do Brasil).
A charge ilustra e ironiza a hipocrisia da elite brasileira, bem como Gilberto Freyre, ao
afirmar que existe democracia racial no país, baseada no sacrifício da classe de maior
número negra e pobre.
Em compensação, Florestan Fernandes denuncia o conceito da democracia racial no
Brasil, apontando a escravidão e seus reflexos, que perduram na sociedade até os dias
atuais. Florestan acredita que a democracia racial seja um mito já que os negros não
foram ressocializados, visto que estes, em sua maioria, possuem sua realidade muito
distinta em relação a massa da população branca, por exemplo no âmbito profissional,
financeiro e político; sendo tudo isso, grande parte, consequência do regime
escravagista instaurado.

3)- O trecho da reportagem acima evidencia como uma novela brasileira, gravada
e transmitida em 2021, reforça o racismo estrutural. Escreva um pequeno texto
discutindo como a sugestão de racismo reverso, tal como apareceu na novela, é
uma negação do racismo estrutural, conceito discutido por Silvio Luiz de Almeida
(1 ponto)
Quando falamos sobre racismo estrutural, entramos em conflito com o conhecimento
popular e a realidade, pelo Brasil não ter tido leis de segregações raciais e possuir uma
lei específica para tratar desse crime (Lei 7.716/89), considerar esse ato ilícito, além de
trata- ló como imprescritível e inafiançável, o senso comum não consegue visualizar a
existência de preconceito racial.

O preconceito existe e o tempo todo pessoas brancas tentam apagar ou invalidar a luta
racial, e um desses modos de deslegitimar é através da tentativa de se apoderar da dor
das vítimas dessa forma de discriminação. Essa “teoria” tenta desvirtuar o foco do real
problema, a desigualdade racial, que atormenta negros, indígenas e outros grupos.
Esse tipo de atitude prejudica o movimento negro, o branco não sente na pele o
tormento presente diariamente na vida dessas pessoas, o medo de andar na rua e ser
confundido por policiais, a dor de ser uma mulher preta e só ser vista como objeto de
prazer, o sofrimento de voltar para casa depois do trabalho e descobrir que seu filho foi
vítima de bala perdida, o peso de incapacidade por não possuir o mesmo
reconhecimento que os brancos no ambiente de trabalho, entre outras aflições
presentes no cotidiano negro.

Em uma cena específica dessa novela, Pilar, uma mulher branca que sonha em ser a
primeira médica do Brasil, e Samuel, um ex- escravo, conversam sentados em um
banco da praça, o rapaz comenta que os moradores da pequena África, não podem
excluir a moça, pois estariam tendo as mesmas ações que os brancos. Precisamos
lembrar que os negros não eram considerados seres humanos, automaticamente, não
poderiam passear livremente pela cidade e muito menos, sentar-se em uma praça para
jogar conversa fora, pois isso seria considerado um ato de vadiagem. A partir desse
ponto, conseguimos visualizar o problema gerado pela novela, muitas pessoas com
pouco conhecimento e acesso à internet assistem essa telenovela diariamente, e
tomam as cenas presentes como verdade única, isso gera um problema para a luta
contra a discriminação, pois invalida a mesma ao gerar uma falsa ideia de “igualdade”
perante as raças.

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