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Estado do Acre
Localização
- Região Norte
- Estados limítrofes Peru, Bolívia, Amazonas e Rondônia
- Mesorregiões 2
- Microrregiões 5
- Municípios 22
Capital
Rio Branco
Governo
- Governador(a) Tião Viana (PT)
- Vice-governador(a)Nazareth Lambert (PT)
- Deputados
8
federais
- Deputados
24
estaduais
Gladson Cameli (PP)
- Senadores
Jorge Viana (PT)
Sérgio Petecão (PSD)
Área
- Total 164 123,040 km² (16º) [2]
População 2016
- Estimativa 816 687 hab. (23º)[3]
- Densidade 4,98 hab./km² (23º)
Economia 2013[4]
- PIB R$ 11.440.000 bilhões (26º)
- PIB per capita R$ 14.733,50 (21º)
Indicadores 2010/2015[5][6]
- Esper. de
73,6 anos (15º)
vida (2015)
- Mort.
17,6‰ nasc. (8º)
infantil (2015)
-
84,8% (18º)
Alfabetização (2010)
- IDH (2010) 0,663 (21º) – médio [7]
Fuso horário UTC-5
Clima equatorial Af, Am
Site http://www.ac.gov.br
governamental
Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil.[8] Localiza-se no sudoeste da Região Norte e faz divisa com duas unidades
federativas: Amazonas ao norte e Rondônia a leste; e faz fronteira com dois países: a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e a
oeste.[9] Sua área é de 164 123,040 km²,[2] que equivale aproximadamente ao Nepal.[10] Essa área responde inferiormente a 2% de
todo o país.[11] De acordo com os geógrafos, se trata de um dos estados com menor densidade demográfica do Brasil e foi o mais
recente que os brasileiros povoaram de maneira efetiva.[11] Nele localiza-se a extremidade ocidental do Brasil.[nota 1] A cidade onde
estão sediados os poderes executivo, legislativo e judiciário estaduais é a capital Rio Branco.[12] Outros municípios com população
superior a trinta mil habitantes são: Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira e Tarauacá.[13]
Somente em 1877 teve início no Acre — que naquela época pertencia à Bolívia — a chegada da quase totalidade dos migrantes
que, oriundos do Nordeste do Brasil, mais precisamente do Ceará, colonizaram a região para buscar a borracha que se encontrava
na Floresta Amazônica.[nota 2] Nas últimas décadas do século XIX, moravam cinquenta mil brasileiros na região.[11] Os seringueiros,
lutaram com as tropas para realizar a ocupação da região e, em 1903, ao lado do último líder da Revolução Acriana,
o gaúcho Plácido de Castro, foram os autores da proclamação do Estado Independente do Acre.[14]Então, a região foi ocupada
militarmente pelo governo brasileiro e depois o Brasil estabeleceu diálogo diplomático com a Bolívia.[14] Em consequência, o Brasil
assumiria o controle do Acre.[14]
O governo brasileiro decidiu criar o Território Federal do Acre em 1904.[15] Por força da lei federal nº 4.070, o presidente do
Brasil João Goulart elevou o Território Federal do Acre à categoria de Estado em 1962.[16] Foi promovido pela borracha produzida
que o estado tinha sido ocupado e se desenvolveu. A produção de borracha declinou desde 1913.[17] Porém, ainda em tempos
atuais, o Acre é um dos estados brasileiros que mais produzem e exportam borracha (hévea-latex coagulado).[18]
A altitude média de 200 metros, sendo uma forma de relevo com definição de planalto é o relevo dominante da maioria do território
acriano.[19] Juruá, Tarauacá, Muru, Embirá e Xapuri são os rios de maior importância do estado.[19] As principais atividades
econômicas do estado são o trabalho de extrair borracha e castanha, a pecuária e a agricultura.[20] Com duas horas anteriores
ao fuso horário de Brasília (DF), nele está localizada a última localidade brasileira a ter visão do sol nascente, na serra da Moa,
na fronteira com a República do Peru. A intensidade do extrativismo vegetal, que tem atingido o ponto mais alto no século XX,
constituiu-se em atração para os brasileiros que, vindos de uma variedade de regiões, chegaram ao estado. Misturando tradições
vindas da Região Sul do Brasil, de São Paulo, da Região Nordeste do Brasil e dos grupos étnicos indígenas, deu-se o surgimento
de uma culinária com muitas diversidades, que põe junto a carne-de-sol com o pirarucu, peixe característico da região, pratos que
acompanham-se com tucupi, molho cujo ingrediente é a mandioca. O transporte fluvial, que se concentra nos rios Juruá e Moa,
no oeste do estado, e Tarauacá e Envira, no noroeste, é um dos mais importantes meios de transporte, junto à BR-364, ligando de
Rio Branco até Cruzeiro do Sul e que o governo brasileiro recentemente asfaltou e construiu as pontes onde antigamente era
preciso atravessar por meio de balsas.[21]
Etimologia
O topônimo Acre, que foi passado do rio para o território federal, em 1904, e para a unidade federativa, em 1962, é derivado,
talvez, da palavra tupi a'kir ü que significa "rio verde" ou de a'kir, do verbo ker que tem o significado de "dormir, sossegar", mas é
quase certeza de que essas raízes etimológicas são as que deformam a palavra Aquiri, que é a corruptela do vocábulo do dialeto
Ipurinã Umákürü, Uakiry, feita pelos exploradores que chegaram à região. Também existe a opinião da raiz etimológica de Aquiri a
partir das palavras Yasi'ri, Ysi'ri, que significam "água corrente, veloz".[22][23]
Na viagem feita por João Gabriel de Carvalho ao rio Purus, em 1878, foi escrita uma carta pelo colonizador que teve como
destinatário o comerciante paraense visconde de Santo Elias. Na carta que o colonizador nordestino escreveu, registra-se o pedido
de mercadorias que chegaram à "boca do rio Aquiri".[22] Devido à incapacidade de entendimento pela letra de João Gabriel na
observação do proprietário e das pessoas que trabalhavam no estabelecimento comercial sediado em Belém, ou por causa da
grafia errônea desse colonizador que escreveu às pressas como Acri ou Aqri, no lugar de Aquiri, o destino de chegada das
mercadorias e das faturas foi o Rio Acre.[22][23]
O Acre possui alguns apelidos: Extremo do Brasil, Estado das Seringueiras, Estado do Látex e Extremo Oeste.[24]
Os habitantes naturais do Acre são denominados acreanos pela lei estadual,[1] embora o acordo ortográfico defina a grafia
como acrianos.[25] Até a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, a grafia correta era acreano no singular e
no plural acreanos.[25] Em 2009, com o novo acordo ortográfico, a mudança do gentílico gerou polêmica entre a Academia Acriana
de Letras e a Academia Brasileira de Letras, alegando que a mudança significaria a negação das raízes históricas e culturais do
estado, mudando a última letra do topônimo de "E" para "I".[26] A mudança gerou discussões sobre o assunto, e é notório que a
imensa maioria da população do estado não gostou e não adotou o "novo" gentílico, continuaram a se
autodenominarem acreanos,[24] e então foi oficializado localmente a grafia com "E" pelo governo do estado do Acre como
patrimônio histórico e cultural.[1]
História
Tendo sido unificado em 1920, em 15 de junho de 1962 foi elevado à categoria de estado, sendo o primeiro a ser governado por
uma brasileira, a professora Iolanda Fleming.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os seringais da Malásia foram ocupados pelos japoneses. Na mesma época,
a Tailândia, um grande produtor de borracha, participou da guerra ao lado do Eixo. Assim, o Acre representou a principal fonte de
borracha dos Aliados durante a guerra. (Ver: Segundo ciclo da borracha). Em reconhecimento à contribuição produtiva do Acre em
prol da vitória aliada, dentre outras motivações, o Brasil conseguiu recursos norte-americanos para construir a Companhia
Siderúrgica Nacional, e assim alavancar a industrialização até então estagnada do Centro-sul, que não possuía ainda indústrias
pesadas de base (Ver: Acordos de Washington).
Em 4 de abril de 2008, o Acre venceu uma questão judicial com o Estado do Amazonas em relação ao litígio em torno da Linha
Cunha Gomes, que culminou na anexação de parte dos municípios de Envira, Guajará, Boca do Acre, Pauini, Eirunepé e Ipixuna.
A redefinição territorial consolidou a inclusão de 1,2 milhão de hectares do complexo florestal Liberdade, Gregório e Mogno ao
território do Acre, o que corresponde a 11 583,87 km².
Povoamento inicial
As secas nordestinas e o apelo econômico da borracha — produto que, no fim do século XIX, começava sua trajetória de preços
altos nos mercados internacionais — inscrevem-se entre as causas predominantes na movimentação de massas humanas em
busca do Eldorado acriano.[28] As penetrações portuguesas do período colonial já haviam atingido seus pontos máximos
no Brasil durante o século XVIII.[29] Conseqüência inevitável foi a dilatação do horizonte geográfico na direção oeste, atingindo
terras de posse espanhola, fato que se tornou matéria dos tratados de Madri (1750)[30] e de Santo Ildefonso (1777).[31] Ambos os
tratados, partindo das explorações feitas por Manuel Félix de Leme nas bacias do Guaporé e do Madeira, estabeleceram como
linha divisória das possessões respectivas, na área em questão, os leitos do Mamoré e do Guaporé até seu limite máximo
ocidental, na margem esquerda do Javari.[28][32][33]
O povoamento da zona, estimulado pela criação da nova capitania real de Mato Grosso (1751), deu-se na direção da fronteira,
surgindo alguns centros importantes: Vila Bela (1752),[34] às margens do Guaporé, Vila Maria (1778),[35] no rio Paraguai,
e Casalvasco (1783).[28] Até meados do século XIX não se pensou em povoamento sistemático da área.[28] Nessa época, o grande
manancial virgem de borracha que aí se encontra atraíra o interesse mundial, provocando sua colonização de modo inteiramente
espontâneo.[28]
A política econômica do império, orientada para a atividade agrário-exportadora com base no café,[36] não comportava o
aproveitamento e a incorporação dos territórios do extremo ocidental. Desse descaso, resultou que, no Atlas do Império do
Brasil (1868), de Cândido Mendes de Almeida, modelar em seu tempo, não figurassem o Rio Acre e seus principais tributários,
completamente desconhecidos dos geógrafos.[28][37]
Apesar de tal política, alguns sertanistas brasileiros exploravam aquela região agreste e despovoada, desconhecendo se
pertenciam ao Brasil, ao Peru ou à Bolívia.[28][38][39]Assim, ainda em meados do século XIX, no impulso que a procura da borracha
ocasionou, solicitada que era no mercado internacional, várias expedições esquadrinharam a área, buscando facilitar a instalação
dos colonos. Nessa época, João Rodrigues Cametá iniciou a conquista do rio Purus;[40] Manuel Urbano da Encarnação,
índio mura grande conhecedor da região, atingiu o Rio Acre, subindo-o até as proximidades do Xapuri;[40] e João da Cunha Correia
alcançou a bacia do alto Tarauacá.[41] Todo esse desbravamento se deu, na maior parte, em terras bolivianas.[28]
As atividades exploradoras, a importância industrial das reservas de borracha e a penetração de colonos brasileiros na região
suscitaram o interesse da Bolívia, que solicitou melhor fixação de limites.[28] Após várias negociações fracassadas,
em 1867 assinou-se o Tratado de Ayacucho, que reconhecia o uti possidetis colonial.[42] A divisória foi estabelecida pelo paralelo
da confluência dos rios Beni-Mamoré, em direção ao leste, até a nascente do Javari, embora ainda não fossem conhecidas as
cabeceiras desse rio.[28]
Ocupação nordestina
À proporção que subia no mercado o preço da borracha,[43] crescia a demanda e aumentava a corrida para a Amazônia.[nota
3] Os seringais multiplicavam-se, assim, pelos vales do Acre, do Purus e, mais a oeste, do Tarauacá: em um ano (1873-1874),
na bacia do Purus, a população subiu de cerca de mil para quatro mil habitantes. Por outro lado, o governo imperial, já sensível às
ofertas decorrentes da procura da borracha, considerou brasileiro todo o vale do Purus.[28]
Também na segunda metade do século XIX registraram-se perturbações no equilíbrio demográfico e geo-econômico do império,
com o surto cafeeiro no Sul canalizando os recursos financeiros e de mão-de-obra, em detrimento do Nordeste.[44] O
empobrecimento crescente dessa região impulsionou ondas migratórias em direção aos estados do Rio de Janeiro, Minas
Gerais e São Paulo.[44] O movimento de populações tornou-se particularmente ativo durante a seca prolongada no interior
nordestino, de 1877 a 1880, expulsando centenas de nordestinos, que rumaram para os seringais em busca de trabalho. [45]
O avanço da migração nordestina processou-se até as margens do Juruá[46] e acelerou a ocupação das terras que mais tarde
a Bolívia reclamaria.[28] Os grandes leitos fluviais e a rede de seus tributários eram então intensamente trafegados por flotilhas de
embarcações do mais variado porte, transportando colonos, mercadorias e material de abastecimento para os núcleos mais
afastados.[28] Os governos do Amazonas e do Pará logo instituíram as chamadas casas aviadoras, que financiavam vários tipos de
operações, garantiam créditos e promoviam o incentivo comercial nos seringais.[47]
Planta nativa, a seringueira escondia-se no emaranhado de outras árvores, igualmente nativas, obrigando o homem que saía no
encalço da borracha a construir um verdadeiro labirinto, com trilhas em ziguezague na selva.[48] Do seringal surgiu a figura humana
do seringueiro, associado à planta para explorá-la. Seringueiro-patrão, beneficiário do crédito da casa aviadora, e seringueiro-
extrator, aviado, por sua vez, do patrão.[49] Um morando no barracão, sempre localizado à beira do rio, com aparências de domínio
patriarcal, outro, na barraca, de construção tosca, no meio da selva.[49] (De 1920 em diante usa-se o neologismo seringalista para
designar o patrão.)[28][48]
Completara-se, assim, antes de findar o século XIX, a ocupação brasileira do espaço geográfico do Acre, onde mais de cinquenta
mil pessoas formavam, no recesso da mata dos três vales hidrográficos, uma sociedade original, cujo objetivo único era
produzir borracha.[50] Todo esse labor, porém, se operava no solo da Bolívia, país que, por fatalidade da geografia, não pudera
completar a integração social e econômica, e mesmo política e geográfica, dos extensos vales do Acre, do alto Purus e do
alto Juruá na comunidade nacional.[48]
Com efeito, o artigo 2º do Tratado de Ayacucho, concluído pelo Brasil e pela Bolívia em 1867, mandara que a linha
de fronteira fosse uma paralela tirada da foz do rio Beni com o Mamoré (10º20'), até encontrar a nascente do Javari.[51] Com um
adendo: se o Javari tivesse as nascentes ao norte dessa linha leste-oeste, a fronteira correria, desde a mesma latitude, por uma
reta a buscar a origem principal do Javari.[51]
No ano de 1877, no entanto, época dos primeiros estabelecimentos de brasileiros no Acre, ninguém sabia por onde passava o
limite previsto naquele tratado. Ignorava-se, por outra parte, a exata latitude da nascente do Javari. Eram problemas técnico-
geográficos difíceis de solver com presteza, devido à falta de recursos materiais. A direção dos rios da borracha foi a trilha natural
da conquista nordestina (sobretudo do cearense), da qual também participaram grupos de paraenses e amazonenses.[48]
Revolução Acriana
Gálvez, presidente do Acre
Em 1890, um oficial boliviano, José Manuel Pando, alertou seu governo para o fato de que na bacia hidrográfica do Juruá havia
mais de 300 seringais, com a ocupação dos brasileiros implantando-se cada vez mais rapidamente em solo da Bolívia.[48] A
penetração brasileira avançara em profundidade para oeste do meridiano de 64º até além do de 72º, numa extensão de mais de
mil quilômetros, muito embora já estivessem fixadas as fronteiras acima da confluência do Beni-Mamoré, segundo o tratado de
1867.[48][51]
Nomeou-se, em 1895, nova comissão para o ajuste da divisória.[52] O representante brasileiro, Gregório Taumaturgo de Azevedo,
demitiu-se após verificar que a ratificação do tratado de 1867 iria prejudicar os seringueiros ali estabelecidos. [53][54] Em 1899, os
bolivianos estabeleceram um posto administrativo em Puerto Alonso, cobrando impostos e lançando taxas aduaneiras sobre as
atividades dos brasileiros.[55] No ano seguinte, o Brasil aceitou a soberania da Bolívia na zona, quando reconheceu oficialmente os
antigos limites na confluência Beni-Mamoré.[48]
Os seringueiros, alheios às tramitações diplomáticas, julgaram lesados seus interesses e iniciaram movimentos de rebeldia. No
mesmo ano em que a Bolívia implantou administração em Puerto Alonso (1899),[55] registraram-se duas sérias contestações.[48]
Palácio Rio Branco, sede do governo, e obelisco em homenagem aos heróis da Revolução Acriana.
Em abril, um advogado cearense, José Carvalho, liderou uma ação armada, que culminou na expulsão das autoridades bolivianas.
Logo depois a Bolívia iniciou negociações com um truste anglo-americano, o Bolivian Syndicate, a fim de promover, com poderes
excepcionais (cobranças de impostos, força armada), a incorporação política e econômica do Acre a seu território. O governador
do Amazonas, José Cardoso Ramalho Júnior, informado do ajuste por um funcionário do consulado boliviano em Belém, o
espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias, enviou-o à frente de contingentes militares para ocupar Puerto Alonso.[48][52]
Gálvez proclamou ali a República do Acre, tornando-se seu presidente com o apoio dos seringalistas. O novo estado tinha o
objetivo de afastar o domínio boliviano para depois pedir anexação ao Brasil, a exemplo do que fizera o Texas, na América do
Norte. Ante os protestos da Bolívia, o presidente Campos Sales extinguiu a efêmera república (março de 1900, oito meses após
sua criação).[52] Luis Gálvez teve que capitular e retirou-se para a Europa.[48]
Reinstalaram-se, então, os bolivianos na região, onde sofreram, a seguir, ataque de uma outra expedição que se constituíra
em Manaus, com a ajuda do novo governador Silvério Néri, que também se opunha, nos bastidores, ao domínio da Bolívia sobre o
Acre, de onde provinham, em forma de impostos, grandes quantias para o tesouro estadual. Composta de moços intelectuais, da
boêmia de Manaus, a "Expedição dos Poetas" desbaratou-se após rápido combate em frente a Puerto Alonso (dezembro de
1900).[48][56]
Ação de Plácido de Castro e intervenção diplomática
Por fim, comerciantes e proprietários no Rio Acre resolveram entregar a chefia de nova insurreição a um ex-aluno da Escola Militar
de Porto Alegre, José Plácido de Castro, gaúcho de São Gabriel, que, à frente de um corpo improvisado de seringueiros, iniciou
operações na vila de Xapuri, no alto Acre, e aí prendeu as autoridades bolivianas (agosto de 1902).[48][57] Depois de combates
esparsos e bem-sucedidos, Plácido de Castro assediou Puerto Alonso, logrando a capitulação final das forças bolivianas (fevereiro
de 1903).[52][57]
Influíra no espírito de Plácido de Castro o fato de haver a Bolívia arrendado o território do Acre a um sindicato estrangeiro
(chartered company), semelhante aos que operavam na Ásia e na África.[58] O Bolivian Syndicate, constituído por
capitais ingleses e americanos, iria empossar-se na administração do Acre, dispondo de forças policiais e frota armada.
Representantes dessa companhia chegaram à vila de Antimari (Rio Acre), abaixo de Puerto Alonso, mas desistiram da missão
porque os revolucionários dominavam todo o rio, faltando pouco para o fim da resistência boliviana. [59]
Geografia
O estado do Acre ocupa uma área de 152.581 km², localizado no extremo oeste do Brasil, localiza-se a 70º00'00"
de longitude oeste do Meridiano de Greenwich e a 09º00'00" de latitude sul da Linha do Equador e com fuso horário -5 horas em
relação a hora mundial GMT. Dista 10º00'00" ao sul da Linha do Equador. No Brasil, o estado faz parte da região Norte, fazendo
divisa com os estados do Amazonas e Rondônia e fronteira com dois países: Peru e Bolívia.
Praticamente todo o relevo do estado do Acre se integra no baixo platô arenítico, ou terra firme, unidade morfológica que domina a
maior parte da Amazônia brasileira. Esses terrenos se inclinam, no Acre, de sudoeste para nordeste, com topografia, em geral,
tabular. No extremo oeste se encontra a Serra da Contamana ou do Divisor, ao longo da fronteira ocidental, com as
maiores altitudes do estado (609 m). Cerca de 63% da superfície estadual fica entre 200 e 300m de altitude; 16% entre 300 e 609;
e 21% entre 200 e 135.
O clima é quente e muito úmido, do tipo Am de Köppen, e as temperaturas médias mensais variam entre 24 °C e 27 °C, sendo a
menor média da Região Norte. As chuvas atingem o total anual de 2.100mm, com uma nítida estação seca nos meses de junho,
julho e agosto. A Floresta Amazônica recobre todo o território estadual. Muito rica em seringueiras da espécie mais valiosa (Hevea
brasiliensis) e Castanheiras (Bertholletia excelsa), a floresta garante ao Acre o lugar de maior produtor nacional
de borracha e castanha. Os principais rios do Acre, navegáveis principalmente nas cheias
(Juruá, Tarauacá, Envira, Purus, Iaco e Acre), atravessam o estado com cursos quase paralelos e que só vão confluir fora de seu
território.
Demografia
De acordo com o Censo brasileiro de 2010, o Acre era habitado por 733 559 habitantes, sendo que haviam 532 279 habitantes em
área urbana e 201 280 habitantes em área rural. Quanto à questão de gênero, haviam 368 324 homens e 365 235 Mulheres.
Foram identificados 221 108 domicílios, sendo que apenas 191 169 deles eram ocupados, gerando um déficit habitacional de
29 939 domicílios. A média de habitantes por domicílio era de 3,82 pessoas.[72] A capital, Rio Branco, é a maior e mais populosa
cidade do estado, com quase 350 mil habitantes, sendo a sexta maior cidade na Região Norte. [73]
De 1991 a 2010, o crescimento demográfico experimentado pelo Acre foi considerado muito alto, atingindo 3,3% ao ano, acima da
média nacional. Em 1991, foram contados 417.165 habitantes. 48% da população do estado vive na capital. No interior, a
população vive dispersa ao longo dos rios, ocupada na extração de borracha, castanha e madeiras.
As densidades demográficas, em 2006, mostravam-se bastante homogêneas. Na região mais povoada, a do baixo Acre, havia
17,2 hab./km² e, na menos povoada, a do alto Purus, 1,1 hab./km².
1 Rio Branco Vale do Acre 377 057 11 Rodrigues Alves Vale do Juruá 17,464
Cruzeiro do
2 Vale do Juruá 82,075 12 Porto Acre Vale do Acre 17,111
Sul
Sena
3 Vale do Acre 42 451 13 Epitaciolândia Vale do Acre 17,038
Madureira
Senador
7 Vale do Acre 21 369 17 Capixaba Vale do Acre 10,820
Guiomard
Plácido de
8 Vale do Acre 18 336 18 Bujari Vale do Acre 9,503
Castro
Rio Branco, capital e centro administrativo, econômico e cultural, e também o mais populoso município, com 370
550 habitantes, quase metade da população estadual.
Cruzeiro do Sul é a segunda maior cidade acriana e um porto do rio Juruá, sendo também a mais desenvolvida da
mesorregião que recebe o mesmo nome.
Outros municípios mais populosos são (IBGE 2015): Sena Madureira, com 41 750 habitantes; Tarauacá, com 38 819
habitantes; Feijó com 32 385 habitantes e Brasileia, com 23 849 habitantes.
Desenvolvimento Humano
O IDH do Acre é de 0.751, posicionando-se na décima sétima posição no ranking brasileiro, sendo que 16 estados estão em
situação melhor, e 9 estados estão em situação pior ou igual: As cidades com melhor desempenho são: Rio Branco, Senador
Guiomard, Epitaciolândia, Plácido de Castro e Acrelândia.
Etnias
Pardos 57,5%
Brancos 33,0%
Negros 7,8%
Política
Palácio Rio Branco, primeira sede do governo do Acre. Em 1962, o antigo Território do Acre se tornou estado.
O Acre é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário. Por meio
de referendos e plebiscitos, é permitida a participação popular nas decisões de governo.[77] A atual constituição do Acre foi
promulgada em 1989,[78]acrescida das alterações resultantes de posteriores Emendas Constitucionais. O poder executivo acriano
está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para
mandatos de até quatro anos de duração, e podem ser reeleitos para mais um mandato. Sua sede é o Palácio Rio Branco, que
desde 1930 é a sede do governo acriano. O poder legislativo do estado é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do
Acre, localizado no centro de Rio Branco. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a cada 4 anos. No Congresso
Nacional, a representação acriana é de 3 senadores e 8 deputados federais. A maior corte do poder judiciário acriano é o Tribunal
de Justiça do Estado do Acre, localizado no centro de Rio Branco. Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de
direito.
Com 241 196 eleitores, Rio Branco é o município com o maior número de eleitores. É seguido por Cruzeiro do Sul, com 54,1 mil
eleitores, Sena Madureira (27,5 mil eleitores), Tarauacá (24,9 mil eleitores) e Feijó, Brasiléia e Senador Guiomard, com 19,7 mil,
16,2 mil e 13,5 mil eleitores, respectivamente. O município com menor número de eleitores é Santa Rosa do Purus, com 3,1 mil. [79]
Tratando-se sobre partidos políticos, todos os 35 partidos políticos brasileiros possuem representação no estado.[80] Conforme
informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base em dados de outubro de 2016, o partido político com
maior número de filiados no Acre é o Partido dos Trabalhadores (PT), com 10 297 membros, seguido do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), com 8 616 membros e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com 8 047 filiados. Completando
a lista dos cinco maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), com 5 954 membros; e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), com 3 964 membros. Ainda de acordo com o
Tribunal Superior Eleitoral, o Partido Novo (NOVO) e o Partido da Causa Operária (PCO) são os partidos políticos com menor
representatividade na unidade federativa, com 4 e 25 filiados, respectivamente.[80]
Subdivisões
Ver também: Lista de mesorregiões do Acre, Lista de microrregiões do Acre e Lista de municípios do Acre
O estado do Acre é dividido em duas (2) mesorregiões, cinco (5) microrregiões e vinte e dois (22) municípios, segundo o IBGE.
Economia
Passarela Joaquim Macedo, símbolo da capital acriana, Rio Branco, centro político e financeiro do estado.
Agricultura
A pecuária começou a ser desenvolvida só a partir da década de 1970. O solo utilizado nos plantios desgasta-se
pelas derrubadas e queimadas e passa a construir área de magra pastagem. Não há campos naturais e os que são abertos
na mata, se ainda não esgotados pela lavoura, são facilmente invadidos pela capoeira. Em 2008, contava o Acre com
155.861 suínos,[85] 2.425.687 bovinos,[85] 77.623 ovinos,[85] 7.201 muares,[85] 60.668 eqüinos[85] e 15.433 caprinos.[85]
A pesca é praticada em pequena escala, sendo na maioria dos casos de subsistência. Em 2005, foram produzidas 3.510 t
de pescado,[86] a antepenúltima produção do país. A mineração é escassa e caracterizada pela garimpagem mais primitiva — feita
através de bateias —, sendo desconhecidos dados estatísticos de sua produção.
Indústria
A indústria do estado, em 2009, ocupava 13 mil pessoas[87] em 1416 estabelecimentos e unidades,[88] que produziram bens no
valor de R$ 773 milhões. A indústria ainda é de pouca escala no estado, sendo em grande parte de produtos alimentícios, como
queijos, manteiga, refrigerantes e outros; e à transformação rudimentar de alguns produtos agrícolas, como a farinha de
mandioca e o açúcar bangüê. O estado também possui indústrias na produção de barcos, carrocerias de caminhões, laminados e
pisos de madeira,móveis, vidros temperados, preservativos (sendo a única do mundo a usar borracha natural proveniente de látex
nativo), dentre outros produtos. Nas colônias mais importantes do Alto Juruá e do Alto Purus, ou mesmo em locais que possam
atender em várias colônias, estão instalados "conjuntos mecânicos", pertencentes quase todos ao governo. Nos conjuntos
mecânicos encontram-se máquinas para debulhar o milho, descorticar o arroz, ralar, prensar e cozer a mandioca, além de
moendas e tochas para o fábrico de açúcar de cana. A potência instalada das usinas geradoras em 2004 é de 331 GWh, com
um consumo mínimo de 405 GWh.[89] Atualmente o estado possui 2 Distritos Indústriais: 1 na capital Rio Branco e outro no
município de Acrelândia.
No estado está sendo criada a chamada ZPE (Zona de Processamento para Exportação), um Distrito Industrial incentivado, onde
as empresas localizadas operam com redução/suspensão de impostos e contribuições federais e liberdade cambial (podem manter
no exterior 100% das divisas obtidas nas exportações), com a condição de destinarem pelo menos 80% de sua produção de bens
e serviços ao mercado externo, pretendendo levar os produtos fabricados no Acre para os mercados da Bolívia, Peru e os países
asiáticos, quando concluída a Estrada do Pacífico. A ZPE do Acre será localizada na BR-317, entre a capital Rio Branco e o
município de Senador Guiomard.[90]
Comércio
A quase totalidade do comércio do estado é feita por via fluvial e em pequena escala por via aérea. O Acre exporta quase tudo o
que produz e importa praticamente tudo que consome. A pauta de exportação resume-se na madeira compensada e perfilada
(49%),[91] madeira serrada ou em folha (27%),[91] frutas (21%)[91] e outros (3%),[91] convergindo na totalidade para os estados
do Amazonas e Pará, de preferência para Belém, origem também da maioria de suas compras. O comércio com o limita-se a
compra de gado em pé e gêneros alimentícios da Bolívia, frequentemente de caráter ilegal. Em março de 2010 o valor
da exportação por cabotagem foi de US$ 15.727.499[92] e a importação de US$ 15.059.156.[92]
Composição econômica[93]
Serviços 68,2%
Agropecuária 17,2%
indústria 14,7%
Infraestrutura
Educação
Resultados no ENEM
Ano Português Redação
2006[95] 31,05 (25º) 47,97 (24º)
Média 36,90 52,08
O ensino fundamental contava em 2008 com 1.593 escolas, com o corpo docente de 2007[96] 43,60 (25º) 54,78 (17º)
7.476 professores e 164.043 alunos matriculados. Contava o ensino médio com 111 Média 51,52 55,99
escolas, 1.594 professores e 33.113 matrículas. O ensino infantil calculava 275 pré-
escolas, 1.052 professores e 22.104 alunos. O ensino superior era ministrado 2008[97] 35,15 (25º) 57,62 (17º)
em 2007, em 9 estabelecimentos, com 17.840 alunos matriculados. Média 41,69 59,35
Saúde
Em 2005, havia no estado 337 estabelecimentos hospitalares, sendo 282 públicos e 55 particulares, com um total de
1.561 leitos. Dos 337 hospitais, 227 eram de finalidade geral e 221 eram especializados. Dos 7 municípios existentes em 1970,
apenas Rio Branco possuía abastecimento de água encanada, embora não possuía serviço de esgoto, o que impede o controle
de disenteria amebiana endêmica. Em 2005, o estado possuía 48% de acesso à água 44,3% de acesso à rede de esgoto.
Em 2006, a mortalidade infantil era de 20,7 por 1.000 nascidos vivos, sendo a malária a principal causa de morte. Povoações
distantes entre si por dia de caminhada na floresta, e que por vezes, no período das chuvas, ficam completamente isoladas,
dificultam a irradiação da saúde pública.
Uma pesquisa promovida pelo IBGE em 2008 revelou que 73,4% da população do estado avalia sua saúde como boa ou muito
boa; 61% da população realiza consulta médica periodicamente; 35,6% dos habitantes consultam o dentista regularmente e
5,8% da população esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. [98] Ainda conforme dados da pesquisa, 24,2%
dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 12,6% possuíam plano de saúde. Menos da metade dos
domicílios particulares no estado são cadastrados no programa Unidade de Saúde da Família: 46,7%. [98]
Na questão da saúde feminina, 27% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze
meses; 30,4% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos; e 77,7% das mulheres
entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos.[98]
Segurança pública
Comunicações
Os principais jornais do estado são: O Estado, A Gazeta, O Rio Branco e A Tribuna. As principais estações e emissoras de
televisão do estado são: TV Aldeia, TV Acre, TV 5, TV Rio Branco, TV Gazeta Rio Branco, TV União Rio Branco, TV 40, TV
C, TV Cruzeiro do Sul, TV Ituxi e TV Integração. As principais estações de rádio do estado são: Rádio Aldeia FM, Rádio Gazeta
FM, Rádio União FM, Rádio Educativa FM, Rádio Acre FM e Rádio Boas Novas FM, Rádio Progresso AM, Rádio Líder AM,
Rádio Universitária FM e Rádio Aldeia FM, Juruá FM, Verdes Florestas, Integração FM, sendo que as três últimas estão
localizadas em Cruzeiro do Sul e as demais em Rio Branco.
Cultura
A cultura do Acre é muito parecida com a dos outros Estados da Região Norte, porém há um alto consumo de cultura
nordestina. A comida típica utiliza o pato e o pirarucu, que herdou dos índios, e o bobó de camarão, vatapá e carne de sol com
macaxeira, trazido do Nordeste brasileiro logo quando iniciou a extração do látex, já que muitos nordestinos migraram para o
Acre tentando uma melhor qualidade de vida.
Em Rio Branco encontra-se uma comunidade religiosa chamada Alto Santo (Centro de Iluminação Cristã Universal) que pratica
o Ritual do Santo Daime, típico do Acre, de origem indígena, que usa o Daime, um chá natural feito com folhas e cipó, usado
pelos índios como forma de aproximação a Deus. Todos tomam o chá, inclusive as crianças e os idosos. Os integrantes usam
fardas e cantam o hinário.
O Acre já foi retratado como cenário histórico no cinema e na televisão, interpretado por um numeroso elenco
de atores consagrados na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (2007), da mesma autora
das telenovelas América (2005) e Caminho das Índias (2009), a acriana Glória Perez.