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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO
Direito Agrário
Resenha
Turma 2021.1 – T402017

Citação completa do artigo resenhado: OLIVEIRA, Adélia Engrácia de. Amazônia:


modificações sociais e culturais decorrentes do processo de ocupação humana (séc.
XVII ao XX). Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Série Antropologia, v. 4, n.
1, p. 65-115, 1988. Disponível em:
http://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/717 Último acesso em 20/03/21.

Luís Eduardo Corrêa Assunção 1(n° de Matrícula 201706140118)

Belém – PA
Março 2021

1
Acadêmico do 7° período do curso de direito da Universidade Federal do Pará – UFPA.
A Amazônia foi ocupada em direções diversas antes da chegada do europeu
por grupos indígenas de origens e padrões culturais também diferentes, ocupando
as mais diversas áreas há pelo menos 14.700 anos. O que foi registrado pelos
primeiros europeus foi que as aldeias indígenas mais populosas estavam, em sua
maioria, vivendo nas margens dos rios e de forma muito simples em comparação
aos grupos pré-incaicos e incas da área andina, e os astecas e maias da área
centro-americana.
No entanto, nota-se que algumas sociedades alcançaram um grau de
complexidade razoável, como as representadas pelas subtradição Guarita e pela
fase Marajoara em razão do complexo cerâmico desenvolvido, como também, o
relator da viagem de Orelhana (1541-1542), Carvajal, descreve não apenas o
tamanho das povoações como também faz referências a caminhos que tanto podiam
ser estradas para se ter comunicação com outros povoados como caminhos de roça.
A expedição Ursúa e Aguirre não apenas corrobora com que Guarita descreve, mas
também apresenta novos aspectos como: a província dos Omágua ter possuído em
torno de 60.000 habitantes; descreve costumes tribais dentre os quais se destacam
o uso de casa de sacrifício, de armas, de preservação da carne de caça e peixe pela
defumação; da organização política central nas aldeias, cada uma possui em seu
chefe principal.
Eventualmente os índios começaram a ser escravizados em razão dos
anseios da Coroa Portuguesa para trabalhar não apenas em serviços domésticos e
públicos, como fabricação de manteiga de tartaruga, salgação de peixes, construção
de casas e igrejas, mas também servirem de remeiros nas tropas da conquista e
soldados. Por isso, os índios começaram a se rebelar, mas seu poder de impor uma
resistência era ínfima em razão da letalidade das doenças trazidas pelos
portugueses e também a superioridade de seus armamentos, propiciando
inevitavelmente um extermínio em massa.
Dessa maneira nota-se três principais formas pelas quais os índios foram
exterminados: os descimentos, as guerras justas e o resgate. O primeiro diz respeito
a atitudes de coação ou persuasão para com os índios para que sejam retirados de
seus ambientes para os aldeamentos missionários, para então serem "civilizados" e
cristianizados. O segundo versa que mesmo havendo lei que resguardassem a
liberdade naquele período, haveriam também muitas maneiras justificáveis de se
escravizar desde que seja "justa" como: quando atacava ou roubava o colono;
quando se aliava a Inimigos da coroa; quando se opunham ao cristianismo se
apegando aos seus próprios valores religiosos, entre outros. E o terceiro vinha da
aceitação legal da escravização quando o índio era resgatado da morte da mão do
inimigo. Todos esses fatores foram responsáveis tanto pelo extermínio físico quanto
pela desculturalização dos índios.
A procura por escravos indígenas e pelas posses de suas terras se tornou
ainda mais intensificada na transição do século XVII para XVIII, visto que qualquer
outro tipo de mão de obra era muito mais escasso. Os Missionários se tornaram
muito mais fortes, visto que essa jurisdição que lhes foi atribuída no ano de 1786
concedeu-lhes o monopólio virtual da posse e distribuição da mão de obra indígena.
As disputas territoriais entre Espanha e Portugal se tornaram mais
acirradas. Com o objetivo de encerrar tal assunto, os países se reuniram em Madrid
para assinar o Tratado de Madri, fazendo-se prevalecer o princípio da uti possidetis:
"Cada parte a de ficar com que atualmente possui". Com o objetivo de aumentar a
vigília sobre as fronteiras, criou-se o Estado do Grão-Pará e Maranhão, visto que se
deslocou de São Luís para Belém o centro de poder, por se tratar de ponto muito
mais estratégico para futuras expedições exploratórias e vigiar a entrada do Rio
Amazonas, por exemplo.
O monarca D. José I fez surgir nesse contexto o famoso Marquês de Pombal,
que foi nomeado secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Pombal tinha
por objetivo manter as fronteiras até então conquistadas e cessar a força dos
missionários. Quem lhe forneceu as informações necessárias sobre esses assuntos
era Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão de Pombal e primeiro governador
daquele Estado recém-criado. Em razão das informações recebidas por Pombal, em
1755, tomou as seguintes medidas: miscigenação entre Portugueses e índios com o
objetivo de povoar a região e "civilizar" o indígena, recebendo o colono ou soldado
inúmeros prêmios como terras, dinheiro e ferramentas de trabalho, caso se casasse
com uma mulher indígena; em 3 de março foi criada a capitania de São José do Rio
Negro com o objetivo de assegurar a prosperidade no interior amazônico; criação da
lei sobre liberdade dos índios do Pará e Maranhão, que não existia no seu
funcionamento prático.
Com o fim do período colonial, notavam-se mudanças na classe agrária de
origem luso-brasileira, que adaptaram as duas culturas em seu estilo de vida. Toda a
região estava sendo abalada pelo movimento nativista chamado Cabanagem, desde
1835, e ainda havia perseguições aos grupos tribais. Nesse período, o produto
conhecido como borracha - que já era utilizado muito antes da chegada de Colombo
na América pelos índios - passou a ser utilizada nas indústrias, sendo observado
primeiramente por Charles Marie de La Condamine e posteriormente por François
Fresneau, no século XVIII. Diversas pesquisas foram feitas até que na metade do
século XIX se descobriu o método de vulcanização, aumentando na Amazônia a
demanda desse produto, fazendo com que a produção aumentasse nos anos de
1844 a 1845 de 365 toneladas para 1395 toneladas em 1851.

A partir disso, e agregando a outras medidas governamentais que


aumentaram ainda mais a produção, se iniciou nesse período na Amazônia uma
nova fase de ocupação. Em razão dessa expansão à procura de seringais nativas, o
patrimônio brasileiro foi aumentado com a anexação do Acre. Tal período foi
considerado para Amazônia como áureo, tendo aumentos expressivos no
contingente populacional, em contrapartida houve uma redução acelerada do
número de índios, concretizando-se nesse contexto um quase monopólio da
borracha pelo Brasil até que entre os anos de 1911 e 1914 esse mercado brasileiro
sofre golpe fatal em razão da produção advinda do plantio realizado no Oriente por
Henry Wickham que coletou sementes de seringueiras da Amazônia e as levou para
lá. Tal mudança trouxe um impacto econômico e social tremendo, muitas pessoas
fecharam seus comércios, casas aviadoras e outros, ocorrendo também o retorno de
muitos imigrantes para seus lugares de origem.
Após isso, somente no ano de 1960 que a região amazônica voltou a ter um
crescimento econômico significativo através da abertura da rodovia Belém-Brasília e
o asfaltamento da mesma proporcionou um fluxo muito maior de imigrantes nessa
área. Posteriormente, o poder regional de coordenação dos projetos
desenvolvimentistas foi aumentado, garantindo mais recursos e poderes, como
ocorreu com a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
Amazônia) em SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Outro
ponto importante é a criação da Zona Franca de Manaus, que tinha por objetivo
atrair interesses financeiros econômicos para a Amazônia ocidental.
Projetos de colonização atrelados ao incentivo no setor agrícola rural
começaram a falhar, como o I Plano Nacional de Desenvolvimento (IPND) - 1972/74
- restando essa missão para as grandes empresas, acarretando em posses de terras
tanto legítimos como ilegítimos e no desenvolvimento dos grandes latifúndios e da
pecuária no ano de 1973. O II Plano Nacional de Desenvolvimento - 1975/79 - trouxe
mudanças mais significativas, dentre elas temos a criação da Polamazônia
(Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia); sua importância
se deu na atuação do processo de condução da ocupação em áreas vazias da
Amazônia, ou seja, criação de pólos de crescimento. Já na década de 80 surge o III
Plano Nacional de Desenvolvimento e seu efeito foi exatamente o oposto do
esperado, pois, ao longo dos anos essas medidas desenvolvimentistas influenciaram
as pessoas à irem para essas áreas da Amazônia e isso atrelado às novas
tecnologias que facilitam a exploração acabou para colocar o equilíbrio da natureza
em risco.

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