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Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

Secretaria Municipal de Educação – SME


Escola Municipal Baltazar Lisboa

POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA


Não é fácil determinar o número de nativos que viviam no continente americano na passagem do
século XV para o XVI. As estimativas variam muito. Enquanto alguns pesquisadores calculam 8 milhões, outros
chegam a supor que 100 milhões de habitantes ocupavam a América naquela época. Entre esses dois extre-
mos, outros pesquisadores estimam que o continente era habitado
por 50 a 70 milhões de nativos.
A distribuição da população pela América era desigual. Uma
minoria dos habitantes (em torno de 5 milhões) estaria espalhada em
enormes faixas de terra. Já a maioria (em torno de 45 milhões) estaria
concentrada em duas regiões geográficas, onde a agricultura melhor
se desenvolveu, pois contavam com complexos sistemas de irrigação:
a Mesoamérica e a Região Andina.

A Mesoamérica inclui o atual México e parte da América Cen-


tral e foi pioneira na agricultura. Os primeiros sinais do cultivo de milho, feijão e cacau datam de 7000 a.C.,
mas a agricultura tornou-se a base dessas sociedades por volta do século I a.C. A Mesoamérica é uma das
três zonas agrícolas do continente americano e ficou conhecida como zona do milho.
A Região Andina abrange parte dos atuais Peru, Bolívia e
Equador. O cultivo de tubérculos nessa região, sobretudo da batata,
ocorreu cerca de 5000 a.C., consolidando-se entre 300 d.C. e 1000
d.C. Assim como a Mesoamérica, a Região Andina, compõe uma das
três zonas agrícolas da América e ficou conhecida como zona dos
tubérculos.
A terceira zona agrícola do continente americano era cha-
mada de zona da mandioca e estava localizada na Região Amazônica
e em boa parte do litoral Atlântico da América do Sul. Ao contrário
do que ocorreu nas outras duas zonas agrícolas, ali a agricultura não foi suficiente para promover a fixação e
a concentração das comunidades, que continuaram dependentes da caça, da pesca e da coleta.
Esse foi o caso das populações indígenas que habitavam o
futuro Brasil antes da chegada dos portugueses. Mas há diferenças.
Os grupos de língua tupi, que predominavam no litoral, tinham na
agricultura da mandioca sua base alimentar. Permaneciam no mesmo
lugar por algum tempo, mas, como praticavam a queimada da flo-
resta para abrir terrenos agrícolas, o solo tendia a se desgastar, le-
vando o grupo a buscar outros espaços para ocupar de tempos em
tempos.

Além disso, a agricultura não era exclusiva na economia dos indígenas tupi. A caça, a pesca e a coleta
também eram atividades importantes na economia desse grupo. Eram as mulheres que trabalhavam na agri-
cultura, enquanto os homens eram caçadores e pescadores. Só trabalhavam a terra para abrir as clareiras,
nada além disso.
Já outros grupos, como os falantes da língua jê, eram povos pescadores, caçadores e coletores que
não praticavam a agricultura, ficando pouco tempo em um mesmo local. Predominava, assim, a dispersão, a
vida na floresta. Os indígenas tupis tratavam com desprezo esses grupos nômades, que não falavam a sua
língua e tinham costumes muito diferentes dos seus.

História – 7º ano do Ensino Fundamental


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MESOAMÉRICA E REGIÃO ANDINA


O que teria levado a agricultura a se desenvolver tão bem na Mesoamérica e na Região Andina,
contribuindo para concentrar 45 milhões de habitantes nessas duas regiões?

Alguns pesquisadores afirmam que o clima temperado foi o motivo determinante para o desenvolvi-
mento excepcional da agricultura nessas duas regiões, explicação insuficiente, já que parte da Mesoamérica
é de clima tropical, e não temperado.
A explicação mais aceita hoje em dia afirma que a Mesoamérica e a Região Andina foram, durante
milhares de anos, importantes lugares de passagem, contribuindo para que povos diversos pudessem trocar
produtos e conhecimento. Esse intercâmbio de experiências entre diferentes povos teria favorecido a intro-
dução e a expansão da agricultura, que se tornou a base da sobrevivência coletiva.

A expansão da agricultura foi um processo lento, mas, quando se começaram a produzir excedentes,
boa parte da população viu-se liberada do trabalho agrícola. Essas
pessoas tornaram-se artesãos, funcionários governamentais, guer-
reiros e sacerdotes. O papel de cada um na sociedade ficou mais
especializado, e as relações entre os que mandavam e os que obe-
deciam ficaram mais evidentes. Foi nessas regiões, Mesoamérica e
Região Andina, que surgiram os grandes impérios indígenas.

• GRANDES IMPÉRIOS:
Na Mesoamérica, o Império Asteca, formado no século XV
d.C., foi o último dos grandes impérios que [existiram] na região. Foi também o mais poderoso, com sua
capital, Tenochtitlán, cobrando tributos das aldeias e cidades localizadas no centro do atual México. A agri-
cultura ali era muito produtiva, baseada no cultivo de vários tipos de milho, feijões e outros legumes, utili-
zando métodos de irrigação para aumentar as áreas cultivadas. Os astecas desenvolveram um artesanato
diversificado, com peças em ouro, prata e bronze, artigos de plumas de várias aves, tecidos, e construíram
templos espetaculares para honrar seus deuses, com destaque para
o Sol.
Nas florestas tropicais da América Central, sobretudo nos
atuais países da Guatemala e de Honduras, formou-se o Antigo Im-
pério Maia, cuja economia era também baseada na agricultura do
milho, por volta do século IV d.C. Entre os centros mais importan-
tes, destacam-se Tikal e Palenque.

Estima-se que Tikal, que os historiadores chamaram de


Novo Império Maia, formou-se a partir do século XI, no atual México.

O povoamento da região resultou na migração de grupos maias da América Central, acrescida de


populações mesoamericanas, em especial os toltecas. Esse império
misturou-se, portanto, a tradicional cultura maia com a mesoameri-
cana, inclusive utilizando técnicas de irrigação, como a estocagem
de água em cisternas chamadas de cenotes.

Na Região Andina, enfim, formou-se, no século XV, o Impé-


rio Inca, o mais centralizado de todos os impérios pré-colombianos.
Cuzco, no atual Peru, era a capital de um império agrícola cuja base
territorial, além do atual Peru, incluía os atuais Equador e Bolívia.

História – 7º ano do Ensino Fundamental


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A agricultura também alcançou ali um desempenho formidável sob controle de Cuzco. Destacaram-se
o cultivo da batata e de vários outros tubérculos na serra, e o cultivo do milho na costa. O artesanato em
ouro e prata foi bastante diversificado, em geral produzido para fins cerimoniais.
A entrada dos espanhóis nessa parte da América, no século XVI, foi uma tragédia para a população
desses impérios, seja na Mesoamérica, seja na América do
Sul. Perderam seus deuses, viram suas tradições massacra-
das, tiveram de se submeter ao trabalho forçado imposto
pelos conquistadores em uma escala muito maior do que a
praticada pelos dirigentes dos Estados asteca e inca. [...]

Diferenças entre os grupos nativos


Há diferenças importantes entre as popula-
ções nativas da América. Algumas desenvolveram uma
agricultura de alta produtividade, como no planalto do
Mexicano e no planalto Andino. No século XV, os po-
vos formaram autênticos impérios.
Em outras regiões, como no litoral do Brasil
atual, os grupos tupis combinavam a agricultura da
mandioca com atividades extrativas, a caça e a pesca.
Na maior parte do continente americano, porém, as
populações indígenas não praticavam a agricultura e
eram nômades.

(Bibliografias: VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. 6º ano. 2ª edi-
ção. São Paulo, Saraiva, 2018. p. 49 - 53 – Trechos selecionados e adaptados.)

Imagem 1 – disponível em: http://hortafspusp.blogspot.com/2017/04/24-de-abril-dia-internacional-do-milho.html

Imagem 2 – disponível em: http://cachoeiradomacaco.blogspot.com/2013/06/variedade-das-batatas-riqueza-andina.html

Imagem 3 – disponível em: https://agrosaber.com.br/mandioca-tradicao-brasileira-que-ganhou-o-mundo/

Imagem 4 – disponível em: https://exame.com/ciencia/apos-500-anos-cientistas-descobrem-que-doenca-dizimou-astecas/

Imagem 5 – disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/maias.htm

Imagem 6 – disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/incas.htm

Imagem 7 – disponível em: BOULOS JUNIOR, Alfredo. História, sociedade e cidadania. 7º ano. 3ª ed. São Paulo: FTD, 2015. p. 224.

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