www.valor.com.

br Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Ano 23 | Número 5669 | R$ 5,00

Sem linhão disponível Interco leva GLP

C
usinas de Jirau e argentino para o

A
PA
Santo Antonio jogam Nordeste, diz Nicholas

P
água fora B3 Taylor B5

R
O
M
Thyssenkrupp cresce

O
C
IO
no Brasil e foca na

N
“transformação

A
L
verde” B4
2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Amazônia Cerrado
As s o b í o
I D E SA M - Ya wa n a wa
O n e Tre e P l a nte d - A nt h ro p o l o g i e
S ta r b u c ks + A p u í Ag rof l o re sta l Caatinga
A n j o s d o S e r tã o + Sá v i o

Pantanal
I n st i t u to Ho m e m Pa nte nei r
Mata Atlântica
S O S M a ta At l â nt i c a - On e Tre e P l a nted

Pampa re N a t u re + SPVS - I p ê - A nt h ro p o l o g i e
Te d e s c o Eco p a r k - Fu n d a ç ã o Pa rqu e s
I nsti t uto C u r i a c a e Ja rd i n s - Ha va i a n a s
www.valor.com.br Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Ano 23 | Número 5669 | R$ 5,00

Sem linhão disponível Interco leva GLP

usinas de Jirau e argentino para o
Santo Antonio jogam Nordeste, diz Nicholas
água fora B3 Taylor B5
Thyssenkrupp cresce
no Brasil e foca na
“transformação
verde” B4

Destaques
Açúcar é antídoto contra incertezas
As incertezas sobre o futuro da política de
preços da Petrobras e sobre a tributação
dos combustíveis, além de dúvidas sobre a
política fiscal e o rumo do dólar, estão
mantendo em suspenso as estratégias das
usinas de cana para a próxima safra
(2023/24), que terá início em três meses.
Como esses fatores tendem a impactar
mais imediatamente o mercado de etanol,
as empresas sinalizam que devem dar
prioridade à produção de açúcar. B10
Librelato reorganiza estrutura
A fabricante de implementos rodoviários Li-
brelato vai reorganizar sua estrutura com a
criação de uma holding para administrar
seis empresas, com atuação em três áreas. A
holding passa a se chamar Librepar e abaixo
dela estarão a Librelato, responsável pela fa-
bricação dos implementos; a Ibero Equipa-
mentos, a Sthall Master e a Libreparts, no ne-
gócio de autopeças; e as startups Sigaway e
Movanto, na área serviços e tecnologia. B4
Bancossepreparampara
‘batalha’contraAmericanas
Talita Moreira, Maria Luíza Filgueiras,
Fernanda Guimarães, Adriana Mattos,
Laura Ignacio e Juliana Schincariol
De São Paulo e Rio
Bancos credores da Americanas se ar-
mam para uma batalha judicial contra a
companhia, que conseguiu decisão na sex-
ta (13) para se proteger da cobrança de dí-
vidas. Um primeiro recurso foi impetrado
pelo BTG Pactual, que tem R$ 1,9 bilhão a
receber da empresa. Outras instituições fi-
nanceiras também devem entrar com
ações judiciais nos próximos dias. Ontem,
o Pipeline, site de negócios do Valor, infor-
mou que o BTG tentou derrubar na Justiça
o bloqueio de execuções obtido pela Ame-
ricanas, mas sem sucesso.
A medida cautelar concedida à varejis-
ta antecipa, na prática, os efeitos de uma
recuperação judicial, algo que as institui-
ções financeiras querem evitar porque re-
duz a margem de negociação para rece-
ber o que lhes cabe. O clima entre os ban-
cos e os acionistas de referência da Ameri-
canas — o trio formado por Jorge Paulo
Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Si-
cupira — já era tenso, mas piorou com a
decisão judicial. Como noticiou o Valor, o
movimento da companhia pegou os cre-
dores de surpresa e gerou irritação. As
instituições financeiras mantiveram con-
versas no fim de semana e a disposição é a
de tentar derrubar a medida cautelar.
Os bancos também querem que haja
investigações sobre as “inconsistências
contábeis” de R$ 20 bilhões que a empre-
sa disse ter encontrado e que motivaram
a decisão de Sérgio Rial de deixar de ser o
CEO apenas dez dias depois de assumir o
cargo. Na cautelar, a Americanas apresen-
tou dívida de R$ 40 bilhões. A companhia
deve R$ 18,5 bilhões às instituições finan-
ceiras, segundo lista obtida pelo jornal.
De forma paralela, a Americanas estuda
a venda de ativos como estratégia de levan-
tar capital. Entre os negócios avaliados pa-
ra venda, estão o Hortifruti, varejista de
itensfrescos,eafatianaVemConveniência,
sociedade com a Vibra. Os problemas da
Americanas podem estar associados a fa-
lhasnagovernança,dizLucianaDias,ex-di-
retora da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).Páginas B6 e B7
TSE deve julgar
Bolsonaro
em março
Isadora Peron
de Brasília
O Judiciário tem dado sinais de que se-
rá célere em punir os envolvidos nos atos
antidemocráticos. Além das prisões efe-
tuadas, os acontecimentos da última se-
mana também devem impactar o anda-
mento das ações que pedem a inelegibili-
dade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ex-
pectativa é de que sejam julgadas em
março. No sábado, o ex-ministro da Justi-
ça Anderson Torres, que estava à frente da
Secretaria de Segurança Pública do Distri-
to Federal no dia da invasão da Esplanada
dos Ministérios, foi preso pela Polícia Fe-
deral (PF), em Brasília. Página A6

Queda nos materiais de construção

A indústria de materiais de construção en- .

Brasil volta a
CAROL CARQUEJEITO/VALOR
cerrou 2022 com queda de 7% na receita,
segundo resultados preliminares do Índi-
ce Abramat, calculado pela FGV para a As-
sociação Brasileira da Indústria de Mate-
riais de Construção. “Sabíamos que não se-
ria igual 2021 [alta de 8,1%], mas não espe-
ter destaque
rávamos uma queda tão grande”, diz Ro-
drigo Navarro, presidente da entidade. Pa-
ra 2023, a previsão de aumento é de 2%. B4
em Davos
Move3 investe em expansão Mônica Scaramuzzo
De Davos, Suíça

O Brasil voltará ao centro das discussões

Com investimento em automação du-
rante a pandemia e quatro aquisições
no último ano, a Move3 — empresa de
logística especializada em pequenos vo-
lumes — encerrou 2022 com faturamen-
to de R$ 1,1 bilhão. “No caso das fintechs,
somos o único contato físico do cliente
com o banco”, diz Guilherme Juliani,
presidente da Move3, hoje uma S.A de
capital fechado, com conselho profissio-
nal e balanço auditado pela PwC. B3
no Fórum Econômico Mundial em 2023,
com agendas econômica e ambiental mais
relevantes no novo governo. “O Brasil terá
um protagonismo maior este ano [nos de-
bates]”, diz Luiz Carlos Trabuco Cappi, pre-
sidente do conselho de administração do
Bradesco.ParaTrabuco,háumnovofrescor
nas relações: “A gente está vendo que a pro-
posta do governo Lula é de distensão, com
maior compreensão nas pessoas que pen-
sam diferente. A convivência dos contrá-
rios. Isso é democracia, né?” Ele vê compro-
misso do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, com a responsabilidade fiscal.
Haddad e a ministra do Meio Ambiente,
Mariana Silva, vão representar o governo
em Davos, que começa hoje e vai até sexta.
Páginas A12 e A16 Trabuco Cappi, ‘chairman’ do Bradesco: depois de tantas crises é preciso buscar um mundo mais sustentável, inclusivo e menos inflacionário

Estrangeiro bate recorde na B3

Sistema estatal sob prova de fogo
O sistema estatal está “em uma prova de
fogo” sob o governo Lula, afirma Sérgio
Lazzarini, professor na Ivey Business Scho-
ol da Western University, no Canadá, e
pesquisador sênior da Cátedra Chafi Had-
dad de administração no Insper. Não que
a relação entre governo e estatais já não
fosse tensa na gestão anterior. Mas o go-
verno do PT, diz, já começou com algumas
sinalizações “um pouco mais fortes” A2
Negociado sobre o legislado
O Tribunal Superior do Trabalho passou a
aceitar normas de acordos e convenções co-
letivas que limitam ou afastam direitos tra-
balhistas — o chamado negociado sobre o
legislado, um dos pilares da reforma traba-
lhista de 2017 —, em conformidade com de-
cisão do Supremo Tribunal Federal, de julho,
que admitiu a flexibilização, “desde que res-
peitados os direitos absolutamente indispo-
níveis”, previstos na Constituição. E1
Ideias
Pedro Bastos e Danilo Fernandes
Preservar a Amazônia não pode ser um pro-
jeto construído de fora para dentro, com
o único objetivo de resgatar a floresta. A14
Saneamento
passa a focar
os municípios
Matheus Prado e Augusto Decker elevados e por saques de cotistas. Em con- ano era de R$ 1,54 bilhão até o dia 11, en-
De São Paulo trapartida, o investidor estrangeiro, mais quanto os institucionais acumulavam sa-
otimista com o Brasil e com os emergentes, ques de R$ 965,9 milhões. Em 2022, o saldo
Taís Hirata Os investidores institucionais, represen- ampliou a participação na bolsa de 42,6%, foi positivo em R$ 100,8 bilhões para o es-
De São Paulo tados por fundos de investimento, estão re- em 2019, para 55,8%, recorde desde 1994. trangeiro e negativo em R$ 142,5 bilhões
duzindo a participação na bolsa brasileira. O otimismo se explica pela reabertura para o segundo grupo. Fábio Spinola, sócio
Sem perspectiva de grandes leilões A fatia desse público nos negócios da B3 da economia chinesa, alvo de lockdowns, e da Apex Capital, diz que os preços das
estaduais, o foco do setor de sanea- caiu de 35,2%, em 2019, para 23,7% no dia pelo enfraquecimento do dólar diante de ações não chamam tanto os investidores
mento básico neste ano se volta para 11 de janeiro, o menor percentual em 12 possível fim do ciclo de aperto pelo Federal locais em razão dos juros: “O estrangeiro
os projetos municipais. Ao menos 14 anos segundo o Valor Data. O recuo é expli- Reserve. O saldo de aportes dos não resi- não tem um custo de oportunidade de
licitações deverão ser realizadas em cado pelo cenário de juros reais e nominais dentes no segmento secundário da B3 no 13,75%, que é a Selic.” Página C1
2023, que vão exigir investimentos de
R$ 740 milhões, segundo levantamen-
to da Abcon, a associação das empre-
Visão internacional
sas privadas do setor. Hoje, há 101 ini-
ciativas (municipais ou de consórcios)
em fase de modelagem, indica análise
Fatia chinesa
da Radar PPP, feita a pedido do Valor.
Página B1 nas exportações
do país diminui
Conselho vai

Francisco Gaetani e Virgilio Almeida

monitorar Marta Watanabe
De São Paulo

Consequência preocupante da ‘automação

excessiva’ é a destruição de bons empregos
riscos fiscais Depois de absorver quase um terço
das exportações brasileiras no biênio
para pessoas de média qualificação. A15 2020/21, a participação da China nas
Beatriz Olivon vendas externas brasileiras caiu para
Indicadores de Brasília 26,8% no ano passado, principalmente
devido à queda do valor embarcado
O governo federal criou o Conselho em minério de ferro. A fatia é menor
Ibovespa 13/jan/23 -0,84 % R$ 20,6 bi de Acompanhamento e Monitoramen- também do que a de 2019, quando o
Selic (meta) 13/jan/23 13,75% ao ano to de Riscos Fiscais Judiciais. Faz parte país asiático foi responsável por 28,7%
Selic (taxa efetiva) 13/jan/23 13,65% ao ano
do pacote fiscal anunciado pelo minis- das exportações brasileiras.
Dólar comercial (BC) 13/jan/23 5,1140/5,1146
Dólar comercial (mercado) 13/jan/23 5,1058/5,1064
tro da Fazenda, Fernando Haddad, e es- Ainda assim, a China se mantém como
Dólar turismo (mercado) 13/jan/23 5,1104/5,2904 tá previsto no Decreto nº 11.379/2023. o principal parceiro comercial do país,
ANA PAULA PAIVA/VALOR

Euro comercial (BC) 13/jan/23 5,5364/5,5401 O objetivo é evitar surpresas de impacto seguida pelos EUA, com 11,2% da receita
Euro comercial (mercado) 13/jan/23 5,5287/5,5293 bilionário para as contas públicas, total, e pela Argentina, com 4,6%. Espe-
Euro turismo (mercado) 13/jan/23 5,5669/5,7469
atuando “tecnicamente nos tribunais”, cialistas em comércio exterior acreditam
disse o ministro. Segundo a Lei de Dire- que o gigante asiático deverá recuperar
trizes Orçamentárias (LDO) de 2022, os algum espaço nos embarques brasileiros
riscos “possíveis” eram estimados em A brasileira Priscila Fins é uma das profissionais que aproveitaram o programa de expatriação neste ano, ante um cenário de desacele-
R$ 1,172 trilhão. Página E1 da Heineken; tornou-se gerente sênior de inovações globais da empresa, na Holanda. Página B2 ração da economia global. Página A4
A2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Brasil
Qualseráametade
inflaçãodeHaddad?
Alex Ribeiro
O
mercado
financeiro e o
próprio Banco
Central vivem
sob a incerteza
sobre qual será a meta de
inflação de longo prazo
defendida pelo ministro da
Fazenda, Fernando Haddad.
Essa dúvida já está provocando
seus primeiros efeitos nas
expectativas de inflação e na
curva de juros futuros.
Até agora, o Conselho
Monetário Nacional (CMN)
definiu a meta de inflação até
2025. Será uma escadinha: foi
3,5% no ano passado, cairá para
3,25% em neste ano e será de 3%
no próximo. Assim, finalmente
a meta, que vem sendo
reduzida desde 2019, chegará
ao objetivo de longo prazo.
A meta de inflação de 2025
também já está oficialmente
definida pelo CMN, em 3%. Em
junho próximo, o conselho vai
definir a meta que será válida
em 2026, último ano do
mandato do presidente Lula.
Até agora, a equipe
econômica do novo governo
não disse explicitamente a
meta que será adotada. No
meio da incerteza, o mercado
está colocando no preço um
pouquinho da chance de ser
adotada uma meta maior.
Ainda está viva na memória
de muitos a resistência do
ex-ministro da Fazenda Guido
Mantega em reduzir o objetivo.
Naquele período, a meta
central ficou parada em 4,5%,
com um intervalo de tolerância
de dois pontos percentuais para
cima e para baixo.
Incerteza já afeta
expectativas e juros
de longo prazo
Em 2007, o governo Lula
chegou a discutir uma redução
da meta de inflação para 4,25%,
mas Mantega não deixou.
Muitos consideram, até hoje,
que foi uma oportunidade
perdida. A inflação de 2006
ficou em 3,16%, abaixo da meta,
graças ao esforço do Banco
Central com a taxa de juros e
uma dose de sorte, com
choques de oferta que
contiveram a alta de preços. O
mercado financeiro dava como
certa a redução da meta, e as
expectativas de inflação
cairiam abaixo de 4,5%.
Depois que Mantega bloqueou
a redução da meta, o mercado se
ajustou. As expectativas de
inflação subiram e, junto com
elas, o juro nominal. Na prática, o
governo Lula colheu juros reais
estáveis, mais uma inflação
maior. Houve mau humor nos
mercados. Esse foi um dos
primeiros sinais de que a ala
desenvolvimentista do governo
havia se tornado poderosa.
Agora, a situação é
semelhante. A expectativa de
inflação para 2026 está
subindo. Chegou a 3,2%, pelo
dado mais recente. Uma parte
disso é o risco fiscal, que está
levando à desancoragem das
expectativas de inflação. Mas
uma parte também reflete,
aparentemente, a leitura de
alguns analistas de que a meta
de inflação poderá subir.
Essa incerteza também
contamina um pouco as
projeções de inflação para anos
anteriores a 2026. A mediana
das expectativas para 2025 está
em tendência de alta, chegando
a 3,3%. As projeções dos
especialistas para 2024, que
passa a ser o principal alvo da
política monetária, também
está sob pressão. O cálculo é
que, se o governo petista fixar
uma meta de inflação mais alta
para 2026, faz um pouco menos
de sentido buscar a ferro e fogo
a meta estabelecida para 2025.
A questão é como o Banco
Central vai reagir a essa
deterioração das expectativas.
Em termos práticos, o ano de
2026 está fora do radar mais
imediato da política monetária.
A rigor, o ano de 2025 também
está bem distante. Mas, nesse
último caso, o Banco Central já
teria a obrigação de cuidar da
meta, que já foi oficialmente
definida pelo CMN.
Assim, no fim das contas, o
esperado é que o Banco Central
reaja a qualquer deterioração nas
expectativas, seja ela motivada
pelas incertezas fiscais, seja pela
indefinição da meta de longo
prazo. Ou seja, a falta de uma
posição clara sobre as metas joga
contra o desejo de baixar o juro.
O descuido com o objetivo de
longo prazo para a inflação não
é uma exclusividade do atual
governo. A equipe do
ex-ministro da Economia, Paulo
Guedes, nunca fez uma
sinalização de longo prazo
sobre a meta desejada. Ela foi
sendo definida ano a ano e,
dessa forma, havia um prêmio
tanto nas expectativas de
inflação quanto nos juros
nominais de longo prazo.
No governo Michel Temer, o
então ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, foi hábil
em definir a meta a cada ano,
mas sempre deixar sinalizado o
desejo de convergir o objetivo
para os usualmente adotados
por economias emergentes.
Meirelles, que foi presidente do
Banco Central, era mais letrado
sobre a importância do
controle das expectativas. Com
isso, na prática, colheu juros
mais baixos.
A meta definida pelo Banco
Central, em 3%, é igual à de países
emergentes com a economia
bem arrumada, como o Chile. É
um percentual um pouco mais
alto do que o normalmente
adotado em economias
avançadas, de 2%. Alguns
economistas defendem que esses
países adotem metas maiores,
mas essa discussão não tem nada
a ver com o Brasil. O argumento é
que, neste período em que
economistas estão chamando de
Estagnação Secular, a taxa neutra
de juros é muito baixa. Portanto,
no caso de uma recessão, haveria
pouco espaço para reduzir os
juros nominais. No Brasil, com os
juros nominais em 13,75% ao ano
e taxa neutra de pelo menos 4%
ao ano reais, numa visão muito
otimista, não falta espaço para
baixar os juros.
Muitos economistas
heterodoxos defendem uma
meta de inflação mais alta. É
um pouco o raciocínio de
Mantega: com uma meta muito
ambiciosa, o BC fica sob pressão
para cumpri-la, levando a juros
maiores e a menos crescimento.
No fundo, é uma descrença no
universo das expectativas.
Mas há uma corrente de
economistas ortodoxos, que
inclui o ex-diretor do BC Sergio
Werlang e o professor Aloisio
Araújo, do Impa e da FGV, que
acha que o Brasil deveria ter
uma meta de inflação mais alta,
em virtude de nossa fragilidade
fiscal. Araújo, junto com outros
autores, publicou textos
acadêmicos que apoiam a visão.
A questão é se vale a pena
reabrir a discussão agora,
quando a meta chegou a 3%.
Haddad já vem mantendo uma
pressão verbal para o BC baixar
os juros. Ninguém acha que o
atual presidente do BC, Roberto
Campos Neto, vá ceder. Mas o
governo Lula começa em
fevereiro a nomear os seus
membros para o BC, e em fins
de 2024 fará o presidente. No
governo Dilma, a meta era 4,5%,
mas o mercado achava que o BC
buscava 6,5%. O mercado vai
colocando cada vez mais na
curva de juros o risco de uma
volta do inflacionismo.
Alex Ribeiro é repórter especial e
escreve quinzenalmente
E-mail alex.ribeiro@valor.com.br
Estatais estão ‘em prova de fogo’, no
governo Lula, diz Sérgio Lazzarini
Anaïs Fernandes
De São Paulo
O sistema estatal brasileiro es-
tá “em uma prova de fogo” sob o
novo governo de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), afirma Sérgio Lazza-
rini, professor na Ivey Business
School da Western University, no
Canadá, e pesquisador sênior da
Cátedra Chafi Haddad de admi-
nistração no Insper.
Não que a relação entre governo
e estatais já não fosse tensa na ges-
tão anterior, de Jair Bolsonaro (PL),
que entrou em embates especial-
mente com a Petrobras, lembra o
professor. Mas o governo do PT já
começou com algumas sinaliza-
ções “um pouco mais fortes”, diz,
citando a revisão da lei das estatais,
que avançou na Câmara dos Depu-
tados e está parada no Senado.
Do lado positivo, a opinião pú-
blica também está mais sensível a
fortes intervenções, segundo Laz-
zarini. Se o presidente Lula quiser
“fazer pressão” para abaixar os
preços dos combustíveis, por
exemplo, “vai ser um desastre” pa-
ra a Petrobras, aponta o professor.
“Há travas existentes, mas, se o go-
verno em exercício quiser mesmo
fazer intervenção, não há lei de es-
tatal que segure”, pondera.
Ele aponta também que o vice-
presidente Geraldo Alckmin (PSB),
à frente do Ministério da Indústria,
deve ser bastante pressionado pelo
setor para usar o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), que deve ser che-
fiado por Aloizio Mercadante (PT),
em políticas de crédito subsidiado.
“Eles [Alckmin e Mercadante] es-
tão com as mãos um pouco atadas,
porque o próprio [ministro da Fa-
zenda, Fernando] Haddad já anun-
ciou plano de controle de despe-
sas”, diz Lazzarini.
Para o professor, se o governo
deseja fortalecer a atuação do BN-
DES, deve ir atrás de empresas me-
nores, empreendedoras, que este-
jam avançando em tecnologia e na
agenda socioambiental. “É possí-
vel que, pragmaticamente, eles si-
gam com esse caminho”, afirma.
A privatização de grandes esta-
tais — que o governo anterior colo-
cou sob estudo, mas Lula já suspen-
deu —, não deve sair, o que Lazzari-
ni não considera necessariamente
ruim. “Francamente, se eu estivesse
no governo e tivesse de escolher en-
tre gastar meu capital político para
privatizar uma Petrobras ou um
Banco do Brasil versus gastar esse
capital político com reformas tri-
butária e administrativa do setor
público, com certeza faria essas
duas últimas”, afirma. Concessões
no modelo de PPP (Parceria Públi-
co-Privada) têm mais chances de
caminhar, acrescenta. Veja os prin-
cipais pontos da entrevista.
Herança
A gente teve, principalmente no
governo [de Michel] Temer, alguns
avanços de governança do sistema
estatal, a lei das estatais, ou seja,
critérios de apontamento mais
técnicos, um pouco mais de inde-
pendência da gestão. O BNDES co-
meça, com a Maria Silvia Bastos, a
priorizar algumas coisas que não
ficar dando dinheiro para empre-
sas que podem captar recursos de
outra forma, começa a priorizar
saneamento. Inicia ali um proces-
so interno do banco de avaliação
dos programas. Isso vale também
para Petrobras, Caixa, você tem um
processo de tentativa de reforço de
governança, a Secretaria de Esta-
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
AB InBev B2 BTG Pactual C4
Alpargatas B6 Cacau Show B9
Apex Capital C1 Caixa A2, C4
Apple A12 Canary B8
ArcelorMittal B4 Caps Pharmacy B8
ASA Investments C1 Cerc C1
Assaí B8 Chesf B3
B/Braum B8 Consigaz B5
B3 C1 Copa Energia B5
Banco do Brasil A2 Corteva B10
Banpará C2 Credit Suisse C3
Basf B10 Cremer B8
Bayer B10 Cristalina B1
BF Capital B1 Cteep B3
BNDES A2 Czarnikow B10
Bradesco A16 Daviso B8
Bradesco Vida e Dedini B10
Previdência C4 Eletrobras A2
Brasilprev C4 Elfa B8
BRCG A4 Embraer B4
Lazzarini: BNDES deve ir atrás de empresas menores, empreendedoras e focadas em agenda tecnológica e socioambiental
tais cria um índice para monitorar
a aderência a boas práticas. Então,
o sistema estatal vinha melhoran-
do. O Bolsonaro não entendia
muito bem esse movimento, ele fa-
lava que não queria ser “rainha da
Inglaterra” e entrou em muito con-
flito direto com a Petrobras espe-
cialmente. Ficou aquela tensão,
mas ficou meio por aí.
Governo PT 3.0
Com o novo governo, começa-
mos a ver algumas coisas um pou-
co mais fortes. Teve a proposta que
passou na Câmara, de flexibilizar a
lei das estatais, que é ruim. Está pa-
rada no Senado, precisamos ver o
que vai acontecer. E tem as declara-
ções do PT, de que o ruim é colocar
não políticos e pessoas que não se-
jam do governo nas estatais, o que
demonstra falta de entendimento
do que é uma estatal. Estatal não é
do governo, é do Estado. Ela está
sujeita a parâmetros definidos pe-
lo Estado através da lei que nor-
teou sua criação, de padrões de
avaliação que vão sendo definidos
por autarquias, pelo Congresso.
Pode haver uma estatal seguindo
uma política pública, desde que
clara, mas aí, em tese, você tem de
colocar a pessoa mais competente
possível para executá-la.
O PT e o sistema político de en-
torno já vêm com uma visão dis-
torcida e, além disso, há um inte-
resse claro de acomodar aliados.
Ainda precisamos ver o que vai
acontecer, como o presidente Lula
vai conduzir a questão da política
de preços da Petrobras, por exem-
plo, que tipo de mudança vai fazer.
Mas, de fato, perdeu bastante
aquela agenda de modernização
de governança das estatais.
Bolsonaro x Lula
Bolsonaro via as estatais como
um instrumento de governo, que
é como o PT vê. É a ideia de que
tem de usar as estatais para fazer
o que o governo quer. Mas não é
isso, a estatal tem participação
acionária do Estado e deve estar
sujeita a regras.
Do lado mais positivo, vemos
que a opinião pública está sensível
a isso, não pode jogar o preço da
gasolina para baixo e começar a re-
portar que a Petrobras está per-
dendo dinheiro, por exemplo, por-
que isso vai pegar muito mal. En-
tão, há limites. De toda forma, esta-
mos em uma prova de fogo do sis-
tema estatal. Seria muito bom se a
gente tivesse continuado a trajetó-
ria que tinha antes, mas infeliz-
mente existe uma falta de entendi-
Esh Capital B10
Factum Brasil B10
FG/A B10
Fibra C4
Fitch C1
Flexicotton B8
Froneri B2
Furnas B3
Gafisa B10
General Water B1
Goldman Sachs C3
Google B6
Heineken B2
Hortifruti Natural da
Terra B7
Ibero Equipamentos B4
IBM B3
iFood B6
Insper A2
Instituto Kantar B9
CLAUDIO BELLI/VALOR
mento do que é uma estatal e isso é agenda socioambiental. Isso é ba-
muito preocupante. sicamente a agenda que o BNDES
vem seguindo, que começa com a
Caminhos para o BNDES Maria Silvia e o [Gustavo] Monte-
De 2012, 2013 para cá, o BNDES zano [presidente do BNDES no go-
é praticamente um terço do que verno Bolsonaro] seguiu. É possí-
ele era em termos de desembolsos. vel que, pragmaticamente, eles
Ele reduziu bastante seu tamanho [novo governo] sigam com esse ca-
e não foi um problema, porque os minho, porque aumentar muito o
estudos indicavam que o BNDES BNDES vai dar dor de cabeça.
estava emprestando para quem
não precisava, grandes empresas Política de preços da Petrobras
que podiam se capitalizar ou se fi- Se Lula quiser fazer pressão para
nanciar de outra forma. Então, um realmente abaixarem os preços,
BNDES menor pode ser até bom. vai ser um desastre, porque a Pe-
Agora estamos nessa discussão: vai trobras vai começar a reportar me-
aumentar o BNDES, os desembol- nos lucro, vai sair na opinião públi-
sos? Aí que vamos começar a ver ca. Aguardo ansiosamente os
algumas tensões. anúncios, mas acho que os pró-
prios gestores e o conselho estão
preocupados. Se eu fosse do conse-
“Se o governo quiser lho da Petrobras, mesmo se for in-
mesmo fazer dicado politicamente, ações agres-
intervenção na sivas de redução de preços para
Petrobras, não há lei de fins políticos podem gerar respon-
sabilização. O Brasil já tem um ar-
estatal que segure” cabouço institucional de mercado
de capitais mais sólido. Eu não to-
O BNDES está agora no guarda- paria estar no conselho de uma
chuva do ministério da Indústria, empresa que está sofrendo forte
que está com o Alckmin. Devem es- intervenção política com todos os
tar todos os industriais rondando riscos que isso pode acarretar, de
lá, e o Alckmin já declarou que processos. Há travas existentes,
quer dar subsídios. Vi declarações mas, se o governo em exercício
do Mercadante de que não há es- quiser mesmo fazer intervenção,
paço fiscal para aumentar o tama- não há lei de estatal que segure.
nho do BNDES e o banco teria de ir
a mercado. Captar recursos no Privatizações e concessões
mercado é captar a taxas de merca- Privatização de grandes estatais,
do; emprestar com subsídio é em- Petrobras, Caixa, Banco do Brasil,
prestar a uma taxa menor. Eu não esquece — tem o Porto de Santos
sei como vai fechar essa equação. que o [governador de São Paulo]
Na prática, se Mercadante ou Alck- Tarcísio [de Freitas] está tentando
min quiserem aumentar os de- convencer [o governo federal a
sembolsos, eles estão com as mãos realizar], vamos ver. E, francamen-
um pouco atadas, porque o pró- te, se eu estivesse no governo e ti-
prio [ministro da Fazenda, Fernan- vesse de escolher entre gastar meu
do] Haddad já anunciou plano de capital político para privatizar
controle de despesas. uma Petrobras ou um Banco do
Outro ponto é que o BNDES tem Brasil versus gastar esse capital po-
hoje, na minha opinião, o que eu lítico com reformas tributária e ad-
considero um dos melhores, ou ministrativa do setor público, com
talvez o melhor, sistema de avalia- certeza faria essas duas últimas.
ção e monitoramento do sistema Encampar um processo de privati-
estatal. Então, a gente sabe, por zação demora, tem de ter estudo,
exemplo, se empréstimos para discussão, não é coisa para um
grandes e pequenas empresas es- mandato — veja a Eletrobras, que
tão ou não tendo impacto. E, em começou no Temer e foi aprovada
geral, a conclusão é que, se for em- no fim do Bolsonaro. Além disso,
prestar para gerar impacto, é me- você tem outro mecanismo para li-
lhor que seja para empresas mais dar com as estatais, que é a melho-
restritas em crédito, que são, em ria de governança.
geral, menores. Focar esse segmen- Agora, se você definir “privati-
to demanda menos recursos e é zação” como concessões, partici-
consistente com um BNDES me- pação privada em projetos, aí
nor. Se eu estivesse na gestão do sim, Simone Tebet [ministra do
BNDES, seguiria essa orientação, Planejamento] é favorável a essas
de ir atrás de empresas menores, iniciativas e o próprio Haddad
empreendedoras, que estão fazen- foi um dos criadores da lei de
do tecnologia, avançando em uma PPPs, é um entusiasta do modelo.
Interco B5 Petrobras A2, B5, B10 Agrícolas B10
Itaú Unibanco C4 Positive Ventures B8 Thyssenkrupp B4
Lanlink Soluções C2 Potencia Ventures B8 Thyssenkrupp Steel
Letrus B8 PwC B3 Europe B4
Libbs B2 Red Ventures C4
Thyssenkrupp Nucera B4
Librelato B4 RPA B10
Transportadora Gas
Librepar B4 Safra C4
del Sur B5
Lindt B9 Saks Off 5th B6
Macy’s B6 Salvatore Ferragamo B6 Ultragaz B5
MB Associados A4 Santander C4 Unigel B4
Monashees B8 Santander Asset C4 Varese Retail B6
Movanto B4 Ser Educacional B8 Vem Conveniência B7
Move3 B3 Sigaway B4 Viveo B8
Mubadala C1 SLC Agrícola B10 Vtex B6
Nacional Gás Butano B5 Somma Investimentos C1
Walmart B6
Nestlé B2 Souza Cruz B3
XP Vida e Previdência C4
Nuclea C1 Sthall Master B4
Ysanso B1
O Boticário B9 Supergasbras B5
P&G B2 TAG C1 Zurich Santander
Península Participações B8 Terra Santa Propriedades Brasil C4
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | A3
A4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Brasil
Comércio exterior Redução de valor para minério de ferro
faz participação chinesa baixar de mais de 30% para 26,8%
Principal cliente do
Brasil, China ‘encolhe’
na balança de 2022
Marta Watanabe
De São Paulo
Após alcançar fatia superior a
30% em 2020 e 2021, a participa-
ção da China na exportação brasi-
leira caiu para 26,8% no ano passa-
do, sob influência principal da
queda de valor embarcado de mi-
nério de ferro. A fatia é menor tam-
bém que a de 2019, quando o país
asiático absorveu 28,7% das expor-
tações brasileiras. Ainda assim, a
China se mantém como o princi-
pal destino das exportações brasi-
leiras, seguida de Estados Unidos,
com 11,2%, e Argentina, com 4,6%.
A expectativa dos especialistas é
que a China recupere fatia no em-
barque brasileiro em 2023, mas de
forma parcial, dentro de um cená-
rio geral esperado de desacelera-
ção da economia global.
Na comparação com 2021, a fa-
tia dos EUA na exportação brasilei-
ra manteve-se estável, com alta de
apenas 0,1 ponto percentual. A Ar-
gentina, que deve ser o primeiro
destino em viagem oficial do presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva nes-
te mandado, avançou 0,4 ponto
percentual, mas ainda longe dos
7,5% que chegou a deter há uma
década (ver reportagem abaixo) .
Com a queda nos embarques à
China, o superávit comercial com
o país asiático foi de US$ 28,97 bi-
lhões em 2022, equivalente a qua-
se metade do saldo de US$ 61,76
da balança brasileira. Apesar de
robusto, o superávit do comércio
sino-brasileiro foi menor que os
US$ 40,26 bilhões em 2021, equi-
valente a dois terços do saldo total
brasileiro de US$ 61,41 bilhões.
Os 4,5 pontos de diferença da fa-
tia chinesa nos embarques brasi-
leiros na passagem de 2021 para o
ano passado ficaram diluídos en-
tre vários parceiros comerciais.
Além de nações da Ásia, como Ín-
dia e Cingapura, também aumen-
taram seu quinhão a União Euro-
peia e países da América Latina, co-
mo Chile, México e Colômbia. Em
todos esses destinos a exportação
brasileira aumentou mais que os
19,1% da média do embarque total
Venda à Argentina tem alívio, mas recuperação segue difícil
De São Paulo
A visita a Argentina, primeira
viagem oficial agendada do pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva
ao exterior neste mandato, acon-
tecerá num momento em que as
exportações para o país vizinho
se recuperam. Os embarques aos
argentinos somaram US$ 15,35
bilhões, com alta de 29,2% em re-
lação ao ano anterior, em avanço
maior que o crescimento de 19%
da média das exportações brasi-
leiras em igual período.
O crescimento levou a Argenti-
na a ficar com 4,6% dos embar-
ques totais brasileiros uma me-
lhora ante 2021, mas bem aquém
dos 7,5% que alcançou em 2012.
A recuperação dos embarques
aos argentinos ainda é considera-
da remota no curto e médio pra-
zos. Nesse horizonte, despontam
outros destinos, como Chile, Co-
lômbia e Peru, dentro de um cená-
rio com expectativas de que o novo
governo estabeleça políticas de
reaproximação com os vizinhos.
A exportação de manufatura-
dos brasileiros, segundo José Au-
gusto de Castro, presidente da As-
sociação de Comércio Exterior do
Brasil (AEB), continua tendo na
América do Sul o principal desti-
no, embora com muitos parcei-
ros enfrentando problemas polí-
ticos ou econômicos. Segundo
dados do Ministério do Desenvol-
vimento, Indústria e Comércio
Exterior (Mdic), 83,5% das expor-
tações brasileiras aos países sul-
americanos são de bens da indús-
tria da transformação.
Para Sergio Vale, economista-
do país. Os dados são do Ministério
do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (Mdic).
Os embarques para os chineses
também cresceram, mas em ritmo
menor, de apenas 2,1%. O desem-
penho pode ser explicado princi-
palmente pelo minério de ferro,
segundo item do Brasil mais com-
prado pela China. O país asiático
absorveu US$ 18,2 bilhões em mi-
nério de ferro brasileiro em 2022,
com queda de 37% contra 2021,
sob efeito da devolução da alta de
preços, que atingiram cotação re-
corde no decorrer de 2021, e tam-
bém sob impacto da desaceleração
da economia chinesa, mais severa
do que inicialmente esperada.
Com o recuo, a exportação brasi-
leira do minério voltou ao nível de
2020, quando o valor embarcado
foi de US$ 18,5 bilhões.
Além do efeito do preço do mi-
nério em 2021, a China também
ganhou espaço na exportação bra-
sileira em 2020, quando eclodiu a
pandemia. Naquele ano o país
asiático cresceu em meio à reces-
são global generalizada, o que
também torna a base de compara-
ção alta e explica o menor cresci-
mento do apetite chinês em 2022.
Em 2023 o desempenho da econo-
mia chinesa será variável impor-
tante para a evolução da exporta-
ção brasileira, diz o economista Li-
vio Ribeiro, sócio da BRCG e pes-
quisador do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio
Vargas (FGV Ibre). Para ele, é possí-
vel que a China recupere parte da
fatia na exportação brasileira em
2023, mas não integralmente.
Apesar de expectativas gerais
em relação à economia chinesa em
razão da recente medida de fim da
política de covid zero, Ribeiro ain-
da vê Pequim com dificuldades pa-
ra avançar na retomada da econo-
mia doméstica. Para ele, o cresci-
mento da exportação à China deve
ser mais impulsionado por miné-
rio de ferro e pelo milho, item rela-
tivamente novo e em ascensão nos
embarques rumo ao país asiático.
Mas proteínas, como carnes em ge-
ral e soja, itens mais ligados ao
Exportações para a América do Sul
Fatia de países selecionados
Argentina Chile Colômbia Paraguai
2012 - Valor FOB (US$)
5% 45%
13%
US$ 40,02
5% bilhões
6% 11%
7% 7%
Fonte: Mdic
chefe da MB Associados, o comér-
cio com a Argentina não deve se
recuperar tão facilmente, em ra-
zão das dificuldades de cresci-
mento que o país vizinho enfren-
ta. “Mesmo com crescimento de
PIB na Argentina, há esfacela-
mento político e econômico do
país e tenho dificuldade de espe-
rar grandes retornos de exporta-
ção como foi no passado.”
Castro tem avaliação seme-
lhante. Para ele, a dificuldade do
sócio do Mercosul com o setor
externo e a necessidade em acu-
mular divisas e buscar superávits
comerciais não deve favorecer as
importações argentinas de pro-
dutos brasileiros. “Se os exporta-
dores não veem uma possibilida-
de desse quadro mudar em dois
ou três anos, naturalmente se
voltam a outros mercados.”
O que não compensa o mercado
argentino, mas pode ajudar quan-
do se fala no comércio com os vizi-
nhos, diz Vale, é a política esperada
LEO PINHEIRO/VALOR
consumo das famílias, não devem
avançar tanto, aponta.
As políticas de estímulo da eco-
nomia pelo governo chinês, diz,
focam em investimentos. “Mas es-
sa China hoje é menor que a China
que consome. Enquanto não hou-
ver desenho de promoção do con-
sumo não haverá um movimento
tão rápido de aceleração do cresci-
mento chinês.”
Para Sergio Vale, economista-
chefe da MB Associados, a econo-
mia chinesa pode crescer em torno Livio Ribeiro: é possível que a China recupere parte da fatia na exportação brasileira em 2023, mas não integralmente
de 4% em 2023, com medidas de
estímulos de curto prazo. Mas isso,
pondera, depende de como se da- China, ainda o maior destino
rão os ciclos de covid-19, que po- Exportações brasileiras por regiões selecionadas - em US$ bilhões
dem reduzir a taxa a 3%. Para Vale,
o consumo chinês de produtos País ou região 2022 2022/2019 (%) 2022/2021 (%)
brasileiros pode ser beneficiado Ásia (Exclusive Oriente Médio) 139,95 50,1 7,4
por acomodação de preços do mi- China 89,72 41,6 2,1
nério de ferro, que passa a ter tam- União Europeia - UE 50,82 69,6 39,1
bém valores de exportação com América do Norte 49,88 31,3 19,8
base mais ajustada. A boa safra Estados Unidos 37,44 26,0 20,2
brasileira de grãos também deve América do Sul 43,98 57,3 29,1
ajudar, avalia. Além disso, diz, um Mercado Comum do Sul - Mercosul 21,77 47,6 28,1
avanço de fatia da China deve Argentina 15,35 56,8 29,2
acontecer porque, mesmo com de- Oriente Médio 17,18 58,9 42,3
saceleração, o país asiático deve África 12,76 69,3 34,6
crescer num cenário de fraqueza e América Central e Caribe 6,02 83,3 51,2
possível recessão em mercados im- Total brasileiro 334,46 51,3 19,1
portantes, como EUA e Europa. 0 100 0 100
Considerando o esperado cená- A fatia dos principais parceiros
rio global de desaceleração, José Evolução por períodos selecionados - em %
Augusto de Castro, presidente da 40
2022 2021 2019 2012
Associação de Comércio Exterior
31,3
do Brasil (AEB), projeta para 2023 30 26,8 28,7
exportações de US$ 325,2 bilhões,
20 17,2 17,9
o que significaria queda de 2,9% 13,4 15,2
13,0 13,6
em relação a 2022. Nesse contexto, 11,2 11,1 11,1
10 7,5
mesmo se a China mantiver o nível 4,6 4,2 4,4
de demanda de itens brasileiros, 0
China Estados Unidos Argentina União Europeia - UE
ela pode ganhar espaço nos em-
barques brasileiros. Fonte: Mdic
O cenário de 2022, diz ele, evi-
dencia a dependência da exporta- em 2023. Em 2002 foram 35%. nação das exportações brasilei- mentou de 1,3% de 2019 para
ção brasileira em relação às com- No ano passado, a alta das cota- ras. Nos dados do Mdic destaca- 2,5% em 2022 —, a exportação do
modities agrícolas ou metálicas. ções de petróleo contribuiu tam- se a ascensão de Cingapura nos petróleo também ajuda a expli-
No ano passado, apesar do recuo bém para o avanço da exportação últimos anos entre os maiores car o aumento.
de embarques de minério, houve brasileira. A venda externa de destinos de produtos brasileiros. Dos US$ 8,35 bilhões que o Bra-
avanço na soja e no petróleo, esse óleos brutos de petróleo cresceu Em 2022 Cingapura ficou em sé- sil vendeu a Cingapura em bens
último item puxado principal- 39,5% e sua participação na expor- timo lugar, com aumento de em 2022, US$ 5,9 bilhões foram em
mente por aumento de preços em tação brasileira passou de 10,9% 43,4% na compra de produtos petróleo bruto. Um volume tão al-
razão da guerra entre Rússia e em 2021 para 12,7% em 2022, bem brasileiros em relação ao ano an- to, diz Castro, pode indicar que o
Ucrânia. Os três itens, projeta, de- próxima aos 13,9% da soja. terior. Embora o avanço tenha país tem atuado como um ponto
vem ser responsáveis por 35,7% da A maior fatia do petróleo con- começado antes — a fatia do país de reexportação de produtos para
receita de exportação brasileira tribuiu para mudanças na desti- nos embarques brasileiros au- os demais países de sua região.
CLAUDIO BELLI/VALOR
Peru Uruguai Venezuela Outros
2022 - Valor FOB (US$)
35%
10%
7% US$ 43,98
bilhões
8%
21%
8% 12%
no governo Lula, de aumentar par-
cerias e comércio com países da
América do Sul, como Chile, Co-
lômbia e Peru. Estes três países,
concorda Castro, são os que po-
dem dar oportunidade de expan-
são aos embarques brasileiros.
“Para o Chile, um pouco mais difí-
cil, porque é um país muito aberto,
com muitos acordos e relações co-
merciais com outros países.”
Em 2022, pelos dados do Mdic,
as vendas de bens do Brasil rumo
à Argentina cresceram 29,2% con-
tra o ano anterior e 56,8% em rela-
ção a 2019. O desempenho positi- Sergio Vale: “Mesmo com crescimento de PIB na Argentina, há esfacelamento político e econômico do país”
vo, porém, tem base de compara-
ção baixa, diz Castro, já que a cri- e a Colômbia, de 7% para 11,5%. Os pouco mais de um terço do que se proximidade com a Argentina,
se do país vizinho já havia reduzi- dois países ocupam o segundo e o embarcava aos argentinos. mas uma parceria maior com a Co-
do a demanda por produtos bra- terceiro lugar, respectivamente, Vale destaca a evolução do co- lômbia pode ser estratégia tanto
sileiros antes da pandemia. no ranking regional. mércio com a Colômbia, que, para do ponto de vista comercial quan-
A Argentina ainda é líder nas ex- No ano passado, o Brasil expor- ele, em razão do crescimento con- to geopolítico.” Além de maior
portações brasileiras para a Améri- tou ao Chile e à Colômbia total de sistente, pode se tornar o segundo convergência política entre os go-
ca do Sul, mas sua participação US$ 14,2 bilhões, valor bem próxi- país mais importante da América vernos do Brasil e da Colômbia, há,
caiu de 44,9% em 2012 para 34,9% mo aos US$ 15,3 bilhões vendidos do Sul dentro de dez a 15 anos. além de outras questões comer-
no ano passado. Nesse período, o aos argentinos. Em 2012 as vendas “Em razão de fatores geográficos e ciais, um interesse comum em re-
Chile avançou de 11,5% para 20,7% aos chilenos e colombianos era históricos sempre tivemos maior lação à Amazônia, destaca. (MW)

Estúdio de
faz 5 anos e consolida plataformas de conteúdo
Em 2022, G.Lab e marcas parceiras produziram cases de conteúdo sobre investimentos,
empreendedorismo, varejo, marketing digital, beleza, tecnologia e sustentabilidade
O G.Lab, estúdio de
branded content da
Editora Globo e do Sistema
Globo de Rádio (SGR),
responsável pela produ-
ção de conteúdo de marca
e geração de audiência
para centenas de empresas
parceiras com atuação local
e internacional, comple-
tou cinco anos em 2022
quebrando um recorde: em
dezembro, ultrapassou a
marca de 13 mil conteúdos
de marca no ano, volume
10% maior do que havia sido
registrado em 2021.
Osconteúdosqueganham
a audiência da Editora Globo
versam sobre uma vasta
gama de assuntos, entre eles
empreendedorismo, varejo,
marketingdigital,tecnologia
e investimentos. São posts
sociais,artigos,reportagens,
“landingpages”elistaspubli-
cadasnossitesdogrupo,além
de conteúdos impressos,
e-books, newsletters, séries
depodcastsevídeos.
Nos últimos três anos,
o volume da produção de
conteúdo de marca nos
veículos da editora triplicou.
“O ano foi de consolidação
de ‘projetos de plataforma’,
feitosapartirdeumavisãode
médio e longo prazos, estru-
turadosemdiversoscanaise
entregandoaospúblicosB2B
eB2Cconteúdoútileinteres-
sante sobre temas diversos”,
afirma Edward Pimenta,
diretordoG.Lab.
“Se antes as marcas
apareciam apenas quando
criavam campanhas pontu-
ais para se comunicar com
seus consumidores e clien-
tes, agora estabelecem
conversas contínuas com
eles por meio de conteúdo.
O expressivo aumento da
nossa produção mostra sua
importâncianasestratégias
de comunicação das empre-
sas”, explica Pimenta.
OS TEMAS DE 2022
Empresas de todos os tama-
nhosedediferentessegmen-
tos investiram na produção
de conteúdo em 2022. Entre
os temas mais recorrentes
estão empreendedorismo,
finançaspessoais,tecnologia
esustentabilidade(ESG).
“ESG é um tema trans-
versal e importantíssimo
na Editora Globo — a edito-
ria Prática ESG (Valor e O
Globo) e a plataforma Um
Só Planeta são alguns dos
nossos esforços para tratar
desse assunto vital para o
futuro”, observa Pimenta.
EmUmSóPlaneta,asempre-
sas parceiras Engie, Aegea,
Vivo e Ambev aportam
expertise e conhecimento
nos conteúdos produzidos a
quatromãosemseuscanais.
Na mesma linha, o projeto
Cidadão Global, uma reali-
zação de Santander e Valor,
que em dezembro chegou à
sua quinta edição, propôs
um oportuno debate com
os maiores especialistas
do mundo sobre “ESG na
prática”.
Se existem temas trans-
versais, há outros bastante
específicos. Um bom exem-
plo é o projeto desenvolvido
da Editora Globo
pelo Valor Econômico
em parceria com Meta
para explorar o conceito de
“Discovery commerce”, a
novaeradomarketingdigital,
dapublicidadepersonalizada
e de novas experiências para
oconsumidor.Trata-sedeum
case em que uma “big tech”
se une ao maior publisher do
país para produzir peças on
e offline, um site e uma série
de vídeos para divulgar suas
soluçõesdigitaisjuntoauma
audiência qualificada, tudo
por meio de conteúdo infor-
mativoeeducativo.
Publicações como Valor
Econôm ico e Época
Negóciosfalamdiretamente
com tomadores de decisão
dasgrandesempresas,eisso
faz com que as empresas de
tecnologia busquem suas
propriedades para abordar
suas pautas prioritárias.Em
2022, merecem destaque os
conteúdos produzidos em
parceria com a Embratel,
como os vídeos da segunda
temporada da série “Vamos
HabilitaroPróximoNível?,”
conduzida por Silvio Meira,
com a participação de
grandes nomes que estão
pensando o futuro com o
5G no varejo, na indústria,
na saúde e nas cidades.
Grandes players do
seg mento f i na ncei ro
trabalham em parceria nas
plataformas de Pequenas
Empresas & Grandes
Negócios (PEGN) para
se conectarem a uma
audiência interessada em
conteúdo útil sobre empre-
endedorismo. Da mesma
forma,ValorInvesteeValor
são ambientes editoriais
propíciosparaqueasmarcas
compartilhem conteúdo
sobre investimentos e
educação financeira.
Nessafrente,umdosdesta-
queséoInvesteSafra,projeto
premiado na edição 2022 do
Global Media Awards, da
International News Media
NÚMEROS
DO G.LAB
EM 2022
8
+ de mil
POSTS NAS
REDES SOCIAIS
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | A5
CONTEÚDO PATROCINADO POR
Association, nas catego-
rias Melhor Campanha
Publicitária Multicanal e
Melhor Uso de Dados para
ResultadosdeNegócios.
BRAND PUBLISHING
O ano de 2022 também foi
o de consolidação de um
dos maiores projetos de
brand publishing do país,
a plataforma de notícias
Inteligência Financeira, do
Itaú,desenvolvidaemparce-
ria com a Editora Globo e a
TV Globo. A IF, com pouco
mais de um ano no ar,
termina 2022 disputando
audiência com os principais
playersdosegmentodenotí-
cias financeiras.
“Eu diria que 2022 para
a Inteligência Financeira
foi o ano em que verdadei-
ramente nascemos como
plataforma, com erros,
‘Discovery commerce’ acertos,testeseumaaudiên-
cia crescente, com recor-
des sucessivos ao longo
dos meses”, diz Leandro
Meta. Modé, CEO da Inteligência
Financeira. “Conhecemos
melhor o nosso público a
cada dia, o que nos permite
entregar o que as pessoas
querem, de modo a ajudá-
-las em sua jornada de
investimentos e organiza-
Silvio Meira, ção financeira. É apenas o
cientista-chefe começo de uma caminhada
da TDS.company, que, estou certo, será muito
conduz a série bem-sucedida.”
‘Vamos Habilitar
o Próximo Nível?’, VARIEDADE DE FORMATOS
parceria com A escolha dos formatos
Embratel. decorre da definição dos
objetivos da marca e da
naturezadasprópriashistó-
rias. “Para players do varejo
comoSubmarino,Shoptime
Maitê Leite, eAmazon,funcionammuito
vice-presidente executiva bem conteúdos digitais em
do Santander, é uma texto publicados em sites
das entrevistadas para como O Globo e Techtudo,
o conteúdo do projeto explicando e comparando
Cidadão Global, atributos de produtos”,
uma realização de explicaPimenta.“Damesma
Santander e Valor. forma, um calendário digi-
tal elencando os eventos
mais importantes do Rio de
Janeirofoiumaboaformade
entregarvaloràaudiênciado
projeto Tem no Rio.”
Eventos híbridos e lives
com ampla cobertura nos
veículos da casa têm se
L’Oréal mostrado boas opções para
colocar na pauta, como a
transformação digital na
educação básica, as redes
de acesso à internet de alta
v elocidade, identidade
digital ou a tarifa bancária
de intercâmbio.
Plataforma Um dos maiores projetos Já para marcas do
Um Só Planeta: de brand publishing
empresas parceiras do país, a plataforma segmento de beleza, como
Engie, Aegea, de notícias Inteligência L’Oréal e Nivea, o G.Lab tem
Vivo e Ambev Financeira, do Itaú, feito capas digitais nas redes
aportam expertise foi desenvolvida em
e conhecimento parceria com a Editora sociais das revistas Marie
sobre ESG. Globo e a TV Globo. ClaireeEla.Oestúdioprodu-
ziu fotos, chamadas e layout
em parceria com os clientes.
“O formato das capas digi-
tais customizadas funciona
+ de 534
PROJETOS DE
+ de 350
CLIENTES
+ de 16 milhões
DE PAGEVIEWS
muito bem nas redes sociais
e é capaz de gerar engaja-
mento, sobretudo em torno
CONTEÚDO de causas”, aponta. “Há
também um formato muito
interessante que chamamos
2
+ de mil
BRANDED CONTENTS
+ de 90
LIVES
+ de 100 horas
DE TRANSMISSÕES
‘instazine’, que é como uma
minirrevistafeitaparaserlida
em um carrossel de imagens
PUBLICADOS AO VIVO no feed do Instagram”,
destacaPimenta.
PRODUZIDO POR GLAB.GLOBO.COM
A6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Política
Judiciário Avaliação em cortes superiores é que condenação é inevitável Ex-comandante da PM
Ação contra Bolsonaro pode diz que ‘tudo apontava
para um ato pacífico’
ser julgada pelo TSE em março Isadora Peron
De Brasília

O ex-comandante da Polícia
Segurança Pública do Distrito Fe-
deral, Anderson Torres, que foi
preso nesse sábado, depois de re-
tornar de viagem dos Estados
CRISTIANO MARIZ/O GLOBO
Isadora Peron Militar (PM) do Distrito Federal Unidos para se entregar.
De Brasília Fabio Augusto Vieira disse, du- No pedido, a PF apontou omis-
rante audiência de custódia, que são das duas autoridades que se-
O Poder Judiciário tem dado “tudo apontava para um ato pa- riam responsáveis por garantir a
sinais de que será célere em pu- cífico” no dia 8 de janeiro, quan- segurança da capital federal e
nir os envolvidos em atos antide- do as sedes dos Três Poderes fo- evitar a invasão e a destruição
mocráticos. Além das prisões efe- ram invadidas por apoiadores dos prédios do STF, do Congresso
tuadas desde a invasão das sedes extremistas do ex-presidente Jair e do Palácio do Planalto.
dos três Poderes, apurou o Valor, Bolsonaro (PL). Em sua decisão, Moraes afir-
os acontecimentos da última se- Vieira foi preso na terça-feira, mou que cabia a Torres o planeja-
mana também devem impactar o por decisão do ministro Alexan- mento para garantir a segurança
andamento das ações que pe- dre de Moraes, do Supremo Tri- dos prédios públicos em Brasília.
dem a inelegibilidade do ex-pre- bunal Federal (STF). A audiência Sobre o coronel da PM, ele defen-
sidente Jair Bolsonaro (PL) no Tri- de custódia foi realizada no dia deu ser preciso apurar também
bunal Superior Eleitoral (TSE). seguinte, e foi conduzido por “a aparente conivência de parce-
Entre ministros de cortes supe- um magistrado que atua no ga- la da corporação com os atos ter-
riores, a avaliação é que a conde- binete de Moraes. roristas ocorridos, inclusive com
nação de Bolsonaro na esfera “Eu era o comandante-geral da escolta dos criminosos”.
eleitoral é inevitável. Há quem Polícia <ilitar e havíamos recebi- De acordo com o magistrado,
aposte que o julgamento para do informações da área de inteli- há fortes indícios de que “as con-
cassar os direitos políticos do ex- gência, inclusive de outros ór- dutas dos terroristas criminosos
chefe do Executivo aconteça já gãos, e tudo apontava para um só puderam ocorrer mediante
em março. Ao todo, Bolsonaro ato pacífico. Não houve da nossa participação ou omissão dolosa
responde a 15 Ações de Investi- parte facilitação para que os atos das autoridades públicas”.
gação Judicial Eleitoral (Aijes). Bolsonaro: ex-presidente responde a 15 ações de investigação judicial eleitoral, parte delas apresentadas pelo PT ocorressem”, afirmou o ex-co- “A prisão preventiva se trata,
Parte delas foi apresentada mandante. portanto, de medida razoável,
pelo PT. Uma das ações trata da va à frente da Secretaria de Segu- radas, a maioria idosos e mulhe- poderia causar tumulto na uni- Durante a oitiva, ele também adequada e proporcional para
existência de um “ecossistema rança Pública do Distrito Federal res acompanhadas de crianças, dade prisional, já que amigos e disse que a sua prisão “transcor- garantia da ordem pública com a
de desinformação” criado para no dia da invasão da Esplanada que responderão em liberdade. familiares poderiam ir buscá-los reu dentro da normalidade” e cessação da prática criminosa
beneficiar Bolsonaro nas redes dos Ministérios, foi preso pela Po- Desde quarta-feira, o Tribunal no local. que não tinha “nenhuma recla- reiterada, havendo, neste caso,
sociais. Em outra frente, o parti- lícia Federal (PF) ao desembarcar de Justiça do Distrito Federal (TJ- O Tribunal de Justiça do Distrito mação” em relação à conduta fortes indícios de que os investi-
do também questionou o pacote em Brasília, depois de voltar de DFT) e o Ministério Público Fede- Federal (TJ-DF) aceitou a denúncia dos agentes da Polícia Federal gados foram coniventes com as-
de bondades aprovado pelo go- uma viagem aos Estados Unidos. ral realizam audiências de custó- apresentada contra três pessoas (PF) que realizaram a diligência. sociação criminosa destinada a
verno anterior em plena campa- Aliado de Bolsonaro, ele já dia com os presos. Segundo o úl- acusadas de planejar um atentado Também afirmou que as lesões prática de atos terroristas”, afir-
nha, como o aumento do Auxí- passou pela audiência de custó- timo dado divulgado, no domin- a bomba próximo ao aeroporto de encontradas durante o exame mou o magistrado.
lio Brasil. dia no sábado e está preso nas de- go, 789 pessoas já tinham sido Brasília, em dezembro. A decisão do Instituto Médico Legal (IML) Em seu despacho, Moraes
Após os atos golpistas, o ex-presi- pendências do 4º Batalhão da Po- ouvidas. Desse total, foram reco- foi tomada pelo juiz Osvaldo Tova- eram fruto da operação na Es- apontou para as consequências
dente também está sendo investiga- lícia Militar, no Guará (DF). mendadas 538 prisões preventi- ni, da 8ª Vara Criminal de Brasília, planada dos Ministérios, e não da postura omissiva da dupla.
docriminalmentepeloSupremoTri- A situação de Torres ficou ainda vas. Cabe a Moraes, no entanto, a na terça-feira. O pedido havia sido da detenção. “Os comportamentos de Ander-
bunal Federal (STF). A pedido da mais complicada depois que a PF decisão de soltar os demais. apresentado pelo Ministério Pú- Já em depoimento à Polícia Fe- son Gustavo Torres e Fábio Au-
Procuradoria-Geral da República encontrou, na casa do ex-ministro, No sábado, a Vara de Execuções blico do Distrito Federal. Com isso, deral, ele disse que, na noite dos gusto Vieira são gravíssimos e
(PGR), o ministro Alexandre de Mo- uma minuta de um decreto para Penais do Distrito Federal determi- tornaram-se réus George atos terroristas, o Exército teria podem colocar em risco, inclusi-
raes autorizou sexta-feira (13) a in- instaurar estado de defesa no TSE e nou que a Secretaria de Adminis- Washington de Oliveira Sousa, impedido que houvesse prisões ve, a vida do presidente da Repú-
clusão de Bolsonaro no inquérito mudar o resultado das eleições de tração Penitenciária do DF divul- Alan Diego dos Santos e Welligton de bolsonaristas que estavam blica, dos deputados federais e
que apura a “instigação e autoria in- 2022, que elegeu Luiz Inácio Lula gue a lista de bolsonaristas presos Macedo de Souza. acampados em frente ao quartel- senadores e dos ministros do Su-
telectual” dos ataques aos prédios da Silva (PT) como presidente. que, eventualmente, sejam coloca- O plano, descoberto em 24 de general, em Brasília. A informa- premo Tribunal Federal.”
da Corte, do Congresso e do Palácio Ao todo, a Polícia Federal dos em liberdade pelo ministro. dezembro, tinha como objetivo ção foi publicada pelo jornal “Fo- Torres tomou posse como se-
do Planalto. Procurado, o advogado prendeu 1.159 pessoas após des- A decisão atendeu a um pedi- causar tumulto na capital fede- lha de S.Paulo”. cretário no dia 2 de janeiro e, em
de Bolsonaro, Frederick Wassef, não montar o acampamento em do da Ordem dos Advogados do ral, poucos dias antes da posse de Na mesma decisão em que de- seguida, viajou para os Estados
quis se pronunciar. frente ao Quartel-General do Brasil (OAB), que argumentou Lula, para que as Forças Armadas terminou a prisão de Vieira, Mo- Unidos. No dia dos atos antide-
No sábado, o ex-ministro da Exército, em Brasília, na semana que a saída de um grande núme- decretassem estado de sítio.Cola- raes também mirou o ex-minis- mocráticos, o ex-ministro não es-
Justiça Anderson Torres, que esta- passada. Outras 684 foram libe- ro de pessoas ao mesmo tempo borou Marcelo Ribeiro) tro da Justiça e ex-secretário de tava a capital federal.

Atividade econômica Atualize suas contas

Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
dez/22 nov/22 out/22 set/22 ago/22 jul/22 jun/22 mai/22 abr/22 mar/22 Em % Em R$
Indústria* Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
jun/21 0,0000 0,5000 0,2019 0,2891 0,31 0,3763 0,2839 0,2466 3,00 23,54 1.100,00
Produção física industrial (IBGE - %)
jul/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,3798 0,36 0,4111 0,2952 0,2466 0,96 23,54 1.100,00
Total - -0,1 0,3 -0,7 -0,6 0,5 -0,4 0,3 0,1 0,6
ago/21 0,0000 0,5000 0,2446 0,4248 0,43 0,4111 0,2992 0,2466 0,53 23,54 1.100,00
Indústria de transformação - 0,1 0,0 -1,3 -0,3 0,3 -0,3 1,0 0,0 0,8
set/21 0,0000 0,5000 0,3012 0,4221 0,44 0,3978 0,3234 0,2466 0,70 23,54 1.100,00
Indústrias extrativas - -1,5 0,5 1,7 -3,2 2,1 2,5 -5,8 0,3 0,7
out/21 0,0000 0,5000 0,3575 0,5046 0,49 0,4473 0,3483 0,2466 0,00 23,54 1.100,00
Bens de capital - 0,8 -4,0 -0,4 5,7 -3,2 -1,6 6,4 -7,2 7,9
nov/21 0,0000 0,5000 0,4412 0,5927 0,59 0,4329 0,3771 0,2466 0,24 23,54 1.100,00
Bens intermediários - 0,4 0,8 -1,0 -1,5 1,9 -0,7 -0,9 0,6 0,8
Bens de consumo - -0,1 0,3 -0,9 -1,1 0,9 0,0 0,4 2,6 -3,1
dez/21 0,0488 0,5490 0,4902 0,7191 0,77 0,4473 0,4026 0,2955 0,22 23,54 1.100,00
Faturamento real (CNI - %) - - 0,3 -0,5 1,3 1,2 1,5 0,8 -0,2 1,1 jan/22 0,0605 0,5608 0,5608 0,7609 0,73 0,5096 0,4146 0,3073 0,35 23,55 1.212,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - - -1,2 -1,0 2,3 -0,1 1,0 0,6 -2,3 -0,1 fev/22 0,0000 0,5000 0,5000 0,7272 0,76 0,4601 0,4249 0,2466 0,18 23,55 1.212,00
Comércio mar/22 0,0971 0,5976 0,5976 0,8678 0,93 0,5096 0,4265 0,3440 0,25 23,55 1.212,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - -0,3 0,1 0,1 -0,3 -1,6 0,5 -0,2 -0,1 7,5
abr/22 0,0555 0,5558 0,5558 0,8159 0,83 0,5513 0,4416 0,3023 0,71 23,59 1.212,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) *(2) - -0,6 0,3 1,1 0,2 -0,2 -1,9 0,2 0,5 1,2 mai/22 0,1663 0,6671 0,6671 0,9776 1,03 0,5697 0,4424 0,4133 4,13 23,59 1.212,00
Consultas ao usecheque (ACSP - %) (1) ** - - - 23,6 61,4 97,2 114,1 424,1 44,2 109,3 jun/22 0,1484 0,6491 0,6491 0,9496 1,02 0,5513 0,4472 0,3954 2,22 23,59 1.212,00
Consultas ao sistema de proteção ao crédito (ACSP - %) (1) ** - - - -17,0 -11,1 -5,6 7,8 127,2 -29,0 45,0 jul/22 0,1631 0,6639 0,6639 0,9844 1,03 0,5851 0,4456 0,4101 0,73 23,67 1.212,00
Mercado de trabalho ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 -0,01 23,67 1.212,00
set/22 0,1805 0,6814 0,6814 1,0020 1,07 0,5662 0,4670 0,4276 -0,06 23,67 1.212,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - - 8,3 8,7 8,9 9,1 9,3 9,8 10,5 11,1
out/22 0,1494 0,6501 0,6501 0,9506 1,02 0,6005 0,4702 0,3964 0,04 23,81 1.212,00
Indicador Coincidente de Desemprego - (FGV/IBRE) (3)* - - - - - - - - - -
nov/22 0,1507 0,6515 0,6515 0,9519 1,02 0,5811 0,4614 0,3977 0,15 23,81 1.212,00
Emprego industrial (CNI - %)* - - 0,3 -0,3 -0,1 0,5 0,6 0,1 -0,2 -0,3
dez/22 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 1,12 0,6005 0,4670 0,4543 0,17 23,81 1.212,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (3)* 1,6 -6,7 -4,0 1,5 1,2 -0,8 1,0 1,4 4,5 -0,1
jan/23 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 1,12 0,6142 0,4812 0,4552 - 23,93 1.302,00
Balança comercial (US$ milhões)
2023 0,21 0,71 0,71 1,04 1,12 0,61 0,48 0,46 - 0,50 7,43
Exportações 26.645 28.164 26.938 28.620 30.770 29.849 32.735 29.642 28.956 29.396 Em 12 meses * 1,78 8,06 8,06 12,02 12,83 6,99 5,58 4,83 9,12 1,61 7,43
Importações 21.866 21.493 23.441 24.932 26.668 24.486 23.851 24.684 20.742 21.811 2022 1,63 7,90 7,90 11,71 12,39 6,88 5,51 4,68 9,12 1,15 10,18
Saldo 4.779 6.672 3.497 3.688 4.102 5.362 8.884 4.958 8.213 7.586
Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Fontes: IBGE, CNI, FGV, FIRJAN, ACSP, SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Na capital SP. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts. * Metodologia com ajuste sazonal. (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
** Variação em 12 meses. 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para janeiro projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 3º Tri/22 2º Tri/22 2022 (1) 2021 2020 2019 Dívida líquida do setor público nov/22 out/22 nov/21
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.544 2.472 9.641 8.899 7.610 7.389 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 477 488 1.801 1.609 1.448 1.873 dez/22 nov/22 2022 2021 12 meses dez/22 nov/22 dez/21 dez/21
Dívida líquida total 5.578,2 57,01 5.542,5 57,01 4.905,6 55,63
Taxa de Variação Real (%) 0,4 1,0 3,0 5,0 -3,3 1,2 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 4,8 0,05 3,6 0,04 10,7 0,12
Agropecuária -0,9 0,1 -1,3 0,3 4,2 0,4 IPCA 0,62 0,41 5,79 10,06 5,79 6.474,09 6.434,20 6.120,04 6.120,04
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -761,7 -7,79 -725,8 -7,46 -996,3 -11,30
Indústria 0,8 1,7 0,8 4,8 -3,0 -0,7 INPC 0,69 0,38 5,93 10,16 5,93 6.706,15 6.660,19 6.330,59 6.330,59
Dívida fiscal líquida 6.335,1 64,75 6.264,7 64,43 5.891,3 66,81
Serviços 1,1 1,3 4,4 5,2 -3,7 1,5 IPCA-15 0,52 0,53 5,90 10,42 5,90 6.346,64 6.313,81 5.992,99 5.992,99
Formação Bruta de Capital Fixo (%) 2,8 3,8 0,8 16,5 -1,7 4,0 IPCA-E 0,52 0,53 5,90 10,42 5,90 6.346,64 6.313,81 5.992,99 5.992,99 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 19,6 18,3 18,8 18,9 16,6 15,5 Dívida interna líquida 6.318,8 64,58 6.265,9 64,45 5.892,3 66,82
FGV
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data Dívida externa líquida -740,5 -7,57 -723,4 -7,44 -986,7 -11,19
IGP-DI 0,31 -0,18 5,03 17,74 5,03 1.143,23 1.139,73 1.088,49 1.088,49
* Valores correntes. ** Banco Central. (1) 3º trim de 2022, nos últimos 12 meses
Núcleo do IPC-DI 0,29 0,27 6,16 4,96 6,16 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI 0,32 -0,43 4,70 20,64 4,70 1.375,86 1.371,43 1.314,07 1.314,07 Governo Federal e Banco Central 4.677,3 47,80 4.654,7 47,87 3.986,6 45,21
IPA-Agro -0,31 -0,96 3,38 18,80 3,38 2.013,57 2.019,92 1.947,79 1.947,79 Governos Estaduais 808,2 8,26 796,9 8,20 797,1 9,04
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. 0,58 -0,22 5,24 21,39 5,24 1.137,41 1.130,86 1.080,78 1.080,78 Governos Municipais 37,7 0,39 36,3 0,37 66,7 0,76
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI 0,35 0,57 4,28 9,34 4,28 708,49 706,02 679,39 679,39 Empresas Estatais 55,0 0,56 54,6 0,56 55,2 0,63
INCC-DI 0,09 0,36 9,28 13,85 9,28 1.051,63 1.050,70 962,32 962,32
Salário de Base de calculo Aliquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público nov/22 out/22 nov/21
IGP-M 0,45 -0,56 5,45 17,78 5,45 1.161,01 1.155,83 1.100,99 1.100,99
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M 0,47 -0,94 5,27 20,57 5,27 1.413,36 1.406,72 1.342,67 1.342,67
Até 1.302,00 7,50 Até 1.903,98 - - IPC-M 0,44 0,64 4,30 9,32 4,30 692,88 689,84 664,32 664,32 Total nominal 443,9 4,54 400,1 4,12 405,2 4,60
De 1.302,01 até 2.571,29 9,00 De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 INCC-M 0,27 0,14 9,40 14,03 9,40 1.051,25 1.048,43 960,89 960,89 Governo Federal** 419,4 4,29 394,8 4,06 475,2 5,39
De 2.571,30 até 3.856,94 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80 IGP-10 0,36 -0,59 6,08 17,30 6,08 1.185,56 1.181,32 1.117,64 1.117,64 Banco Central 20,9 0,21 20,4 0,21 -4,0 -0,05
De 3.856,95 até 7.507,49 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 IPA-10 0,31 -0,98 6,08 19,72 6,08 1.454,37 1.449,93 1.370,95 1.370,95 Governo regional 3,5 0,04 -15,6 -0,16 -68,5 -0,78
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 IPC-10 0,58 0,67 4,40 9,63 4,40 696,93 692,90 667,53 667,53 Total primário -137,9 -1,41 -173,1 -1,78 -12,8 -0,14
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 0,36 0,19 9,55 14,20 9,55 1.038,60 1.034,89 948,04 948,04 Governo Federal -322,9 -3,30 -337,9 -3,48 -157,0 -1,78
Fonte: Secretaria da Receita Federal
cia jan/23. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de Elaboração: Valor Data Banco Central 0,3 0,00 0,5 0,01 0,6 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -70,7 -0,72 -86,2 -0,89 -104,6 -1,19
IPC 0,54 0,47 7,32 9,73 7,32 654,64 651,16 610,00 610,00
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
DIEESE
ICV* - - - - 3,07 - - - -
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 4º trimestre = 1,21%, IGP-M 1ª prévia jan/23 = 0,32% e IPC-FIPE = 1ª quadrissemana jan/23 = 0,61%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data *Índice em 2020 até fevereiro Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de novembro*
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
Discriminação Janeiro-novembro Var. novembro Var.
2022 2021 % 2022 2021 % Imposto de Renda Pessoa Física 2022 2021 % 2022 2021 %
Receita Federal
Imposto de renda total 643,4 507,8 26,72 52,1 43,0 21,03
Pagamento das quotas - 2022 Receita total 2.121,6 1.908,5 11,17 168,5 177,7 -5,22
Receita Adm. Pela RFB** 1.287,3 1.199,4 7,33 108,5 107,2 1,16
Imposto de renda pessoa física 54,0 51,9 4,04 4,3 3,9 12,02 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 471,6 441,8 6,76 42,4 42,3 0,27
Imposto de renda pessoa jurídica 297,9 231,1 28,87 20,2 16,8 20,25 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 362,8 267,5 35,63 17,5 28,2 -37,78
Imposto de renda retido na fonte 291,6 224,7 29,76 27,5 22,4 23,17 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 416,6 349,7 19,13 42,6 38,8 9,58
Imposto sobre produtos industrializados 59,6 67,7 -11,93 5,5 7,3 -24,88 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 1.705,1 1.558,9 9,38 125,9 138,9 -9,36
Imposto sobre operações financeiras 53,4 43,1 24,02 4,9 4,9 -1,04 1ª ou única 31/05/22 - Campo 7 Despesa Total 1.653,1 1.613,3 2,47 140,6 134,4 4,56
Imposto de importação 54,5 56,7 -3,74 5,1 5,6 -7,79 2ª 30/06/22 1,00% Benefícios Precidenciários 742,0 725,9 2,22 61,7 57,1 8,05
Cide-combustíveis 1,4 1,7 -17,11 0,0 0,2 -99,47 3ª 29/07/22 2,02% + Pessoal e Encargos Sociais 305,2 326,3 -6,48 29,8 30,7 -2,98
Contribuição para Finsocial (Cofins) 270,6 257,9 4,93 10,6 25,9 -59,18 4ª 31/08/22 Valor da declaração 3,05% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 274,8 315,7 -12,97 23,0 18,8 22,16
CSLL 155,6 116,3 33,84 10,6 8,4 25,34 5ª 30/09/22 4,22% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 331,1 245,4 34,95 26,1 27,8 -6,20
PIS/Pasep 79,7 72,2 10,46 7,2 7,1 1,48 Resul. Primário do Gov. Central (1) 52,0 -54,5 - -14,7 4,4 -
6ª 31/10/22 5,29% +
Outras receitas 689,9 561,7 22,84 76,2 54,9 38,76 Discriminação nov/22 out/22 nov/21
7ª 30/11/22 6,31% Campo 9
Total 2.008,3 1.684,8 19,20 172,0 157,3 9,34 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 30/12/22 7,33%
set/22 ago/22 set/21
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos -0,1 -47,09 -0,2 -15,26 -0,4 -1,54
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística -1,7 - 0,1 -84,34 -0,3 -
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 58,7 3,21 56,8 -3,78 58,6 0,94 Result. Primário do Gov. Central (2) -16,5 - 30,4 170,56 3,7 -87,96
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
nov/22 out/22 nov/21 de junho/22 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -42,0 27,17 -33,1 -48,66 -39,3 -35,47
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Result. Nominal do Gov. Central -58,6 2.076,10 -2,7 -94,94 -35,5 19,24
INSS 42,4 -7,24 45,8 4,49 40,0 4,16 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

Política
Poderes Veneziano ouviu que não havia motivo para se preocupar
Senador relata omissão do
governo do Distrito Federal
Vandson Lima
De Brasília
Presidente em exercício do Se-
nado durante a invasão e depre-
dação dos prédios dos três Pode-
res por bolsonaristas radicais,
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-
PB) diz que chega a R$ 5 milhões
o prejuízo contabilizado apenas
na Casa com o ataque. E garante,
o Senado vai cobrar a quantia
dos golpistas. “Vamos dar cabo às
ações em âmbito civil e criminal,
com direto a bloqueio de ativos,
sequestro de bens, arresto, tudo
o que for possível”.
Neste depoimento ao Valor, o
senador conta como foram os
bastidores do episódio. No do-
mingo, às 7h, ele recebeu da polí-
cia legislativa informações da
chegada de ônibus à capital fede-
ral e do pouco efetivo disponível
para proteger o Senado.
Tentou falar com o governador
do Distrito Federal, Ibaneis Rocha
(MDB) e não conseguiu. Tentou o
secretário de Segurança Anderson
Torres, mas este havia viajado ao
exterior. Ouviu de Gustavo Rocha,
secretário da Casa Civil do DF, que
não havia com que se preocupar: a
segurança estava garantida.
Procurado pelo Valor, Rocha diz
que isso teria ocorrido no sábado e
apenas repassou informações. Di-
ferentemente da posse, destaca, no
dia 8 não estava à frente da ação.
Veneziano estava em João Pes-
soa, almoçando com a família de
frente para o mar quando o filho
de 15 anos mostrou em um tablet
a invasão ao Congresso. Ele só
conseguiu chegar a Brasília, em
voo da FAB, às 2h30 de segunda-
feira e ficou no Senado até as 4h.
Conta cenas do ministro da
Justiça, Flávio Dino, “transtorna-
do” e do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), “indignado”,
bem como da presidente do Su-
premo Tribunal Federal (STF),
Rosa Weber, em lágrimas nas
reuniões do dia seguinte.
Avalia que Ibaneis foi “no míni-
mo, omisso” e, caso isso se confir-
me, deve ser expulso do MDB.
A seguir os principais pontos
da entrevista ao Valor:
Antes do ataque
“Eu estava em João Pessoa (PB),
tinha voltado sexta-feira depois
das posses dos ministros. No do-
mingo, por volta de 7h, recebi
um telefonema do chefe da Polí-
cia do Senado, Alessandro Mora-
les, dizendo que estava preocu-
pado com a presença de muitos
ônibus e a forma do chamamen-
to das manifestações. Ele ali já ex-
pôs uma preocupação de a mani-
festação descambar para depre-
dação do Congresso ou tentativa
de invasão. Ele disse que não te-
ria condição de conter os mani-
festantes e pediu para que eu li-
gasse para o governador [do Dis-
trito Federal] Ibaneis Rocha
(MDB). Liguei, ele não atendeu. O
secretário de Segurança [Ander-
son Torres] estava de férias. Con-
segui então falar com o secretá-
rio da Casa Civil, Gustavo Rocha,
que foi muito atencioso e me dis-
se: “Senador Veneziano, não se
preocupe. As providências foram
adotadas, temos contingente,
bloqueios efetuados para não
permitir o acesso aos prédios do
Congresso e outros Poderes.
Transmita ao presidente Rodrigo
Pacheco que nada vai acontecer”.
Eu disse a ele que mais de 100
ônibus tinham chegado a Brasí-
lia. ele respondeu. ‘Eu estou
acompanhando aqui, são umas
400 ou 500 pessoas’. Eu estra-
nhei, disse a ele, ‘se você tiver 40
pessoas por ônibus, já daria 4 mil
pessoas. Mas o senhor está garan-
tindo que nada vai acontecer?’
Ele reiterou: ‘Garanto. Nada vai
acontecer.’” [Procurado pelo Va-
lor, Gustavo Rocha diz: "Não par-
ticipei do planejamento da ação.
No sábado à noite ele me ligou,
como também o ministro Dino e
o que fiz foi perguntar para o co-
mandante da PM como seria fei-
to. O que o comandante me pas-
sou, repassei para eles. O que fiz
foi apenas buscar informações
com o órgão responsável e repas-
Veneziano: “Na CPI da Covid, demos uma grande contribuição [...] uma CPI sobre atos golpistas irá nesse mesmo caminho”
sei para ele. Por fim, ele só me li-
gou porque não estava conse-
guindo contato com os respon-
sáveis pela operação".]
O ataque
“Quatro horas depois, recebo
ligação do Gilvan [Viana, coorde-
nador-geral da Polícia legislati-
va], atônito, porque já estava em
curso a invasão. Só dava para ou-
vir o barulho. Eu estava almoçan-
do com a família em João Pessoa,
de frente para a praia. Meu filho
de 15 anos de repente traz um ta-
blet, coloca em cima da mesa. Ali,
as cenas de destruição, com os di-
tos ‘patriotas’ quebrando patri-
mônio que pertence a eles e a to-
dos nós e depoimentos em redes
sociais totalmente fora de propó-
sito. Liguei para o [ministro da
Justiça] Flávio Dino. Ele estava
transtornado: ‘Eu falei, Venezia-
no, falei que isso podia acontecer.
Eles mudaram o planejamento
no sábado [véspera do ataque].
Eu estou vendo tudo aqui do pré-
dio da Justiça. Eles estão invadin-
do tudo!’ Ali eu comecei a tentar
voltar para Brasília, mas não
achava voo comercial. Como esta-
va na presidência do Senado, con-
segui vir num voo da FAB [Força
Aérea Brasileira], saí de João Pes-
soa umas 23h30, pousei em Brasí-
lia 2h30. Passei na Asa Sul para
pegar o Randolfe [Rodrigues, se-
nador] e viemos para o Congres-
so. Fomos recebidos pela polícia
legislativa e começamos a fazer a
inspeção. Meu irmão, você não
tem ideia do que era aquilo, o
grau de destruição. Ficamos até
as 4 horas da manhã, quando
chegou a perícia da Polícia Fede-
ral. Eles tinham passado antes no
Supremo Tribunal Federal. ‘Olha,
lá foi pior’, relataram.”
Poderia ser pior
“Era um ato golpista. Para se
consolidar, precisaria de outros
elementos. Essas pessoas, que se
permitiram ser massas de mano-
bra, não têm a compreensão do
que é o mundo para imaginar
que um golpe de Estado se dá
ocupando um prédio. Mas temi
que houvesse algo mais grave.
Imagine se um dos policiais le-
gislativos saca a arma, dá um ti-
ro para o alto, ou um desses gol-
pistas, quando derrubaram um
policial do cavalo, pega a arma
dele. Aí viraria o Capitólio.”
Depois do ataque
“Fomos às 9h para uma reu-
nião com o presidente Lula, mi-
nistros do governo, líderes e
presidentes dos Poderes. Era cli-
ma de consternação. A ministra
Rosa Weber com os olhos
cheios de lágrimas. O que fize-
ram no STF a abalou muito, foi
um ato desmoralizante, ultra-
jante, cenas de gente defecando
no prédio. Ela ficou muito sen-
tida. Vim para o Senado, reuni o
colégio de líderes. Todos mani-
festaram revolta. Alguns [bolso-
naristas] apontaram ainda erro
do governo federal.”
Lula
“Lula estava extremamente
indignado. Porque foi uma re-
volta sem pauta. Não tinha ne-
nhuma reivindicação da socie-
dade. Era simplesmente gente
que não aceita a derrota na elei-
ção querendo rever o resultado
acabando com a democracia.”
Bolsonaristas
“Existem milhares de brasilei-
ros que votaram em Bolsonaro e
que sabem que o que aconteceu é
algo indigno. Não quer dizer que
ele vai passar a votar no Lula. Mas
acredito que ele passará a buscar
outro em quem identifique sua
ideologia conservadora, de direi-
ta, mas não tendo como condu-
tor Bolsonaro.”
Bolsonaro
“Deveria estar liderando a
oposição dentro das regras de-
mocráticas. Mas não sei se ele vai
se emendar. Posso até imaginar
que continuará tendo o mesmo
comportamento. Basta ver a pos-
tagem dele, depois dos ataques,
novamente contestando o resul-
tado eleitoral. As investigações
dirão qual a participação dele
nos atos do dia 8, se ele partici-
pou, se estimulou, se falou com
algum financiador desses atos e
dos acampamentos. Mas o pro-
cesso de colocar brasileiros con-
tra brasileiros, de discriminações
raivosas a homoafetivos, à im-
prensa, principalmente às mu-
lheres, às instituições universitá-
rias, a postura anti-ciência, isso
foi construído por ele.”
CPI
“Na CPI da Covid, foi ouvindo
testemunhas que demos uma
grande contribuição, ao mostrar
que tinham pessoas dentro do
Ministério da Saúde tratando de
comprar e negociar vacina para
ganhar o seu, mostrar o atraso
na compra das vacinas e tantas
outras denúncias. Uma CPI so-
bre os atos golpistas irá nesse
mesmo caminho.”
Processar golpistas
“Vamos propor uma denúncia
em que cada ato e cada pratican-
te esteja individualmente identi-
ficado — quem é, o que fez, qual a
prova. O cidadão que ficou lá no
gramado e permaneceu lá não
entra. O cidadão que invadiu, já
cometeu crime. Aquele que inva-
de e foi gravado danificando pa-
trimônio, um segundo crime. O
que fez isso em parceria com ou-
tros tantos, já é outro crime. Va-
mos dar cabo às ações em âmbito
civil e criminal, com direito a blo-
queio de ativos, sequestro de
bens, arresto, tudo o que for pos-
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO
sível para cobrir os prejuízos.”
R$ 5 milhões
“O gasto estimado para re-
compor o Senado nas condições
anteriores à destruição é de R$ 4
milhões a R$ 5 milhões. No STF
foi ainda pior, vai ficar em algo
como R$ 10 milhões.”
Ibaneis
“Desconhecer que seu governo
foi omisso, e uma omissão dolo-
sa, não há absolutamente ques-
tionamento. Foi omisso, e delibe-
radamente. Ele pode tentar se so-
correr de que foi levado ao enga-
no pelas informações prestadas
por seus subordinados. Mas mes-
mo assim, levado por seu secretá-
rio, que estava em férias sem ter
tirado férias, a responsabilidade
de um governante é maior.”
Anderson Torres
“A nomeação só fez mal a Iba-
neis. Ele não é desinformado, nem
mal formado para não entender as
consequências. Ainda que Torres
fosse o maior conhecedor da área
de segurança, o erro de Ibaneis foi
gigante. Você colocar um cidadão
que há menos de um mês estava no
olho do furacão, tendo de respon-
der sobre a omissão no tocante aos
bloqueios da Polícia Rodoviária
Federal no segundo turno, é uma
estultice, um erro clamoroso que
ele cometeu. Se foi ou não para
agradar Bolsonaro, em quem ele
votou, não sei. Mas não cabia a no-
meação de uma pessoa como Tor-
res durante o processo de instala-
ção de um novo governo e ainda
de embates no centro da Repúbli-
ca. Foi um erro gritante.”
Expulsão do MDB
“Depende. Se houver compro-
vação de sua participação no que
aconteceu, é difícil. Cabe a ele
comprovar que foi um episódio
que fugiu completamente à sua
responsabilidade.”
Pacheco e a reeleição no Senado
“Pelo trabalho que fez, pela de-
senvoltura política em dois anos
complicados, com pandemia,
enfrentando situações sensíveis
de ataques ao Congresso pelo
presidente da República, Rodri-
go Pacheco tem altíssimas chan-
ces de vitória. Foi equilibrado, fir-
me e acredito que terá votação
até superior à de dois anos atrás
[quando obteve 57 votos de 81].”
Bloco MDB/União/PSD
“Esse bloco terá 33 integrantes
[40,7% do Senado]. O PSD, com
13 senadores, indicará a presi-
dência, com Pacheco. O MDB,
com 10 senadores, indica prova-
velmente o vice-presidente. A
presidência da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) por
este acordo, seria indicada pelo
União Brasil. Os nomes do MDB e
do União não estão definidos.”
APRESENTADO POR
Varejo figital:
inovação e marketing
a serviço do cliente
Com papel central do 5G, setor
mudará mais nas próximas décadas
do que nos últimos séculos
Por Silvio Meira*
O varejo começou a
mudar de forma ingê-
nua no começo da internet.
A pergunta era: devemos
ter nossa loja online? Nos
anos 2000, passou por uma
digitalização: como tradu-
zir nossa loja para a rede,
mudando o mínimo? Nos
anos 2010, o varejo já esta-
va em transformação, e a
pergunta era: qual é nosso
negócio, e nosso mercado?
Agora, a transformação do
varejo passou a ser estraté-
gica:quaissãonossasaspira-
çõesequaléoprocessopara
transformá-lasemcapacida-
desdesobreviverecompetir
emecossistemashabilitados
por plataformas figitais?
Plataformas figitais são
as infraestruturas e servi-
ços, associados a sistemas
de governança, que habi-
litam performances nas
dimensões física (onde
estão as lojas), digital (que
estende o físico, levando a
loja para onde ela não exis-
te em pedra e cal) e social
(conexões que articulam as
dimensões física — inclu-
sive pessoas — e digital).
Se no passado e-commerce
era “só” um site, e o resto se
resolvia depois, a complexi-
dade do varejo figital, hoje,
é inimaginável para quem
pensa balcões e estoques
como há 20 anos.
As questões para o vare-
jo físico são… qual é o papel
da loja? Prover serviços
personalizados, de consul-
toria? Influenciar pessoas?
Atender em qualquer lugar?
Qual é o algoritmo da loja?
Qual a plataforma e infor-
mação para a loja satisfazer
(ou criar) expectativas das
pessoas? Em tempo real?
Varejo se tornou inova-
ção e marketing, figitais.
Inovação no varejo depende
de plataformas e ecossiste-
mas figitais. Nelas, o papel
do marketing é descobrir,
despertar, criar, articular
e satisfazer as necessida-
des das pessoas. Tudo seria
muito simples se o mundo
não estivesse mudando
como nunca. Mas está, e
A Embratel promove conversas
sobre inovação no dia a dia dos
negócios. A série “Vamos habilitar
o próximo nível? ” é parte dessa
jornada de conhecimento.
Assista ao terceiro episódio
da 2ª temporada: “Varejo”
CONTEÚDO PATROCINADO PRODUZIDO POR
| Valor | A7
© GETTY IMAGES
passando pela transforma-
ção de produtos em servi-
ços, habilitada pela internet
das coisas, pela chegada e
disponibilidade cada vez
maior de 5G e por novas
propostas de valor e mode-
los de negócios sobre plata-
formas figitais. Varejo vai
mudar mais nas próximas
duas décadas do que nos
últimos dois séculos.
Conectividade 5G será
parte essencial de tais
mudanças. Não só pelas
velocidades mais altas,
latências mais baixas, maior
capacidade da rede e maior
cobertura, que beneficiarão
tudo o que estará conecta-
do, inclusive o meu e o seu
smartphones. Mas também
pelas maiores eficiência
energética, segurança e
flexibilidade, que têm imen-
so potencial para pesso-
as e organizações, e serão
essenciais para conectar
todas as coisas de interes-
se, e um milhão delas por
quilômetro quadrado.
5G tem banda e capacida-
de para muitos varejistas
exporem e venderem seus
produtos a muitos milhões
de pessoas ao mesmo
tempo, em live commer-
ce. Você vê, ouve, intera-
ge, compra, do ônibus, na
zona rural. Para muitas
outras compras, 5G e IoT
vão transformar produtos
em serviços, e quem vai “se”
vender é o produto, aliás o
serviço que o representa,
talvez até como assinatura.
o 5G não vai mudar tudo no
varejo; mas vai mudar tanto
que a gente não vai nem se
lembrar de como era hoje
daqui a pouco tempo.
© DIVULGAÇÃO
* Silvio Meira é professor
extraordinário na
cesar.school, no Porto
Digital, e cientista-chefe
da TDS.company.
GLAB.GLOBO.COM
A8 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Política
Quandosaberemosoque
realmenteaconteceu?
Rússia – uma vez que Putin
Bruno Carazza estaria muito ocupado com a
sua própria guerra na Ucrânia.
Muitos acreditam que o
golpe só não aconteceu porque
os tumultos provocados por
bolsonaristas em frente à sede
da Polícia Federal no dia da
diplomação de Lula (12/12) e o
fracasso na tentativa de
atentado no aeroporto de
Brasília na véspera do Natal não
S
geraram o caos que seria a
e havia até uma desculpa para Bolsonaro agir.
minuta para Independentemente de qual
decretar Estado de seja o fator dominante nesse
Defesa e, assim, mosaico de explicações, fico
tomar posse do imaginando como se deu o
Tribunal Superior Eleitoral para processo de decisão de
“o pronto restabelecimento da Bolsonaro nas últimas semanas
lisura e correção do processo de 2022. Quem foram seus
eleitoral presidencial”, não confidentes que lhe
resta mais dúvidas de que recomendaram abortar a
Bolsonaro e seus asseclas operação e fugir? Quais
tinham um plano para dar um personagens (familiares,
golpe de Estado e não entregar militares, políticos,
o poder em primeiro de janeiro. empresários?) tiveram a
A pergunta que não quer coragem de colocar o guizo no
calar é: por que ele não foi gato e anunciar o inevitável ao
executado? Em outras palavras: ex-capitão? Em que momento
quem ou o que fez Bolsonaro chegaram para Bolsonaro e
recuar e fugir para Miami? aconselharam: “presidente, deu
Lancei essas perguntas no ruim, é melhor fugir”?
meu Twitter e recebi quase duas Historiadores se debruçam
centenas de respostas. sobre o contexto, as razões e a
Importantes acadêmicos reconstituição dos momentos
argumentaram que as que precederam
instituições funcionaram mais acontecimentos como o
uma vez, apontando que um suicídio de Getúlio Vargas ou a
Judiciário atuante (Roberto renúncia de Jânio Quadros.
Jefferson diria: “Xandão!”) No caso dos planos
aumentou consideravelmente subversivos de Jair Bolsonaro,
os custos para que segmentos porém, a invasão das sedes do
relevantes das Forças Armadas, Congresso Nacional, do
do empresariado e da classe Supremo Tribunal Federal e do
política embarcassem na Palácio Planalto em 8 de janeiro
aventura do golpe. O próprio não podem esperar o trabalho
Bolsonaro teria mudado de dos historiadores.
ideia diante da possibilidade de A tentativa de golpe exige
acabar preso. apuração imediata de
responsabilidades de todos os
políticos, militares,
O difícil equilíbrio empresários, servidores
públicos e demais participantes
entre apurar os fatos da trama.
e tocar o governo Nos próximos meses, uma
poderosa engrenagem de
investigações, inquéritos e
Nesta linha de raciocínio, julgamentos, no âmbito do STF
muitos indicaram que a multa e do Congresso, será necessária
milionária aplicada por para apurar o envolvimento de
Alexandre Moraes ao PL, de todos na aventura extremistas
Valdemar da Costa Neto, por desses bolsonaristas.
ter contestado o resultado das O governo Lula vê-se a partir
urnas teria feito as lideranças de agora na difícil de equilibrar
do Centrão – inclusive Arthur seus esforços entre as apurações
Lira, presidente da Câmara – dos acontecimentos (via Polícia
repensarem e eliminarem as Federal e Ministério da Justiça),
condições políticas para o punir os servidores e militares
golpe. envolvidos e tocar a agenda do
Outros, porém, atribuíram governo.
um papel decisivo à cúpula das Como se vê em episódios
Forças Armadas, que teria se recentes de nossa história,
recusado a intervir e a ratificar crises tendem a paralisar a ação
os planos bolsonaristas. Nessa do governo e a agenda
linha de raciocínio, os generais legislativa no Congresso, como
mais radicais teriam ficado em se vê pela evolução dos decretos
minoria frente à avaliação dos exarados e leis aprovadas
mais moderados (os retratado no gráfico.
“melancias”, segundo os grupos A diferença agora é que o
extremistas) de que qualquer momento fortalece Lula, ao
envolvimento do Exército, contrário do que aconteceu
Marinha e Aeronáutica seria com ele próprio no mensalão
arriscado demais. ou nas crises enfrentadas por
Há ainda aqueles que Dilma.
destacaram a falta de apoio Na última quinta-feira o
relevante do grande ministro da Fazenda Fernando
empresariado brasileiro, Haddad anunciou medidas
temeroso de sanções para combater o déficit
econômicas externas que público. É uma sinalização de
poderiam ser aplicadas ao país que, por mais que as
caso mergulhássemos num investigações do atentado
regime autoritário. sejam urgentes, o governo não
Aqueles mais afeitos a uma pode se deixar paralisar.
conspiração internacional
defendem que Bolsonaro foi Bruno Carazza é mestre em economia e
dissuadido de suas intenções doutor em direito, é autor de “Dinheiro,
golpistas porque não obteve Eleições e Poder: as engrenagens do
apoio dos Estados Unidos (“se sistema político brasileiro” (Companhia
Trump ainda fosse presidente a das Letras)”. Escreve às segundas-feiras
história seria outra”) ou da E-mail bruno.carazza@gmail.com
Crises Paralíticas
Média em 12 meses de novos decretos e leis ordinárias
Decretos
Mensalão Protestos Processo de Pandemia
de Junho Impeachment
50 46,5
40
29,8
20,4
30
22,2
20
10 20,8
12,9 13,6 14,1
0
Maio/05 Jun/13 Dez/15 Mar/20 Dez/22
Fonte: Elaboração do autor a partir de dados do Palácio do Planalto.
Aldo Rebelo diz que Lula foi induzido
a erro ao relacionar GLO com golpe
Paula Martini
Do Rio
Ex-ministro da Defesa no go-
verno Dilma Rousseff (PT), Aldo
Rebelo (PDT) acredita que Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) pode go-
vernar em absoluta harmonia
com as Forças Armadas, desde
que lidere o processo de pacifica-
ção do país. “A pacificação é um
apanágio dos vencedores e cabe
a eles a iniciativa”, disse em en-
trevista por escrito ao Valor.
Rebelo diz que Lula e as Forças
Armadas têm cometido erros
que aumentam a insegurança e
despertam desconfiança sobre a
relação entre as instituições. Ele
foi o penúltimo civil a comandar
a Defesa até o retorno do PT ao
Planalto. Depois dele o cargo foi
ocupado por Raul Jungmann e
agora por José Múcio.
Para o ex-ministro, o presiden-
te tem como desafio manter mão
firme sobre as Forças Armadas,
que sofreram um esforço de poli-
tização com Jair Bolsonaro (PL), e
dar sinais de apaziguamento aos
comandantes das tropas.
Rebelo não acredita na possibi-
lidade de um golpe de Estado ser
instaurado a partir da decretação
da Garantia da Lei e da Ordem
(GLO), como sugeriu Lula ao jus-
tificar por que não adotou a me-
dida após os ataques à capital fe-
deral. “Não vejo nenhuma possi-
bilidade de a GLO resultar em
golpe. Conselheiros induziram o
presidente a um erro grave de
avaliação”, afirmou. Para o ex-mi-
nistro, o golpe era um objetivo
inalcançável dos extremistas, ain-
da que os invasores das sedes dos
três poderes em 8 de janeiro te-
nham assumido essa narrativa.
Rebelo também se alinhou ao
atual chefe da Defesa, José Múcio,
que diz acreditar ter sido “traído”
pela radicalização dos movimen-
tos. Na semana passada, Rebelo e
ministros da Defesa das gestões
Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro
prestaram apoio a Múcio em uma
reunião com Jaques Wagner (PT-
BA), líder do governo no Senado e
antecessor de Rebelo no ministé-
rio. “O ministro José Múcio foi in-
dicado pelo presidente Lula como
um gesto de pacificação e removê-
lo agora seria uma sinalização em
sentido contrário”, disse.
Para o político, os órgãos de in-
teligência são responsáveis pelas
falhas que permitiram a invasão
do Palácio do Planalto, do Con-
gresso e do Supremo Tribunal Fe-
deral, uma semana após a posse de
Lula, e é preciso investigar se houve
negligência ou cumplicidade com
o movimento extremista. Presi-
dente da Câmara entre 2005 e
2007, Rebelo defende punição
exemplar para os autores dos cri-
mes de vandalismo e descreve as
cenas de 8 de janeiro como a ex-
pressão de um país “desorientado,
dividido e radicalizado”. A seguir
os principais pontos da entrevista
ao Valor:
Valor: Qual a sua impressão sobre
os atos extremistas de 8 de junho?
Aldo Rebelo: Os atos são a ex-
pressão de um país desorientado,
dividido e radicalizado pela intole-
rância em torno de uma agenda se-
cundária, que não diz respeito aos
interesses maiores da população e
da nação. O protesto converteu-se
em crime contra as instituições,
contra o patrimônio público e con-
tra a memória nacional. Aquelas
pessoas pareciam tomadas de ódio
contra o Brasil, tal a violência com
que investiram contra símbolos e
relíquias de nossa memória e de
nossa história. A punição precisa
ser exemplar para ter efeito peda-
gógico e didático, educando as ge-
rações no sentido do que não pode
ser tolerado ou admitido.
Valor: Como o senhor avalia a
Leis
resposta do governo federal?
Rebelo: Aparentemente o gover-
no federal e o governo do Distrito
Federal foram tomados de surpre-
sa, se não pela manifestação, pelo
33,2 menos pela violência e fúria de
seus integrantes. Claro que só as
investigações vão indicar se as fa-
lhas na área de inteligência decor-
19
reram de simples negligência ou se
chegaram ao nível da cumplicida-
de. O que é incontornável é que o
sistema de inteligência falhou
abertamente ao não informar e
Rebelo: “É possível vencer eleição em um país dividido, como provaram Bolsonaro e Lula, mas é difícil governar país dividido”
prevenir as forças de segurança da
natureza do que estava em mar-
cha. Depois do ocorrido o governo
federal tenta retomar o controle
da situação em um ambiente de
instabilidade que pode compro-
meter a eficácia das respostas.
Valor: O que poderia ser feito pa-
ra evitar toda aquela situação?
Rebelo: O governo federal e o go-
verno do Distrito Federal dispõem
de todos osmeiose instrumentos ju-
rídicos e materiaispara fazer frente a
situaçõesdessanatureza,comosem-
pre fizeram quando foi necessário.
Valor: A intervenção federal na
segurança do DF é suficiente?
Rebelo: Eu creio que sim, mas
julguei precipitado o afastamento
do governador do Distrito Federal
antes de uma investigação que de-
terminasse a natureza de sua res-
ponsabilidade nos acontecimen-
tos. Em qualquer situação, reco-
menda-se o espírito democrático e
o cuidado na remoção de autori-
dades eleitas pelo povo.
“
Múcio foi
indicado como
um gesto de
pacificação;
removê-lo seria
uma sinalização
em sentido
contrário”
Valor: O senhor era presidente
da Câmara quando houve a inva-
são do Movimento Sem-Terra à Ca-
sa, em 2006. Há diferença com os
movimentos de agora?
Rebelo: Os de 2006 queriam se
promover às custas da Câmara dos
Deputados; os do dia 8 de janeiro,
embora assumissem a narrativa do
golpe, sabiam que esse objetivo
era inalcançável, mas contavam
com a publicidade do ato para dar
visibilidade ao ideário da polariza-
ção e da divisão do país.
Valor: Antes de 8 de janeiro, o se-
nhor disse que não via uma atitude
de pacificação vinda do governo
eleito. Os ataques podem insuflar
um discurso bélico de Lula e do PT?
Rebelo: O presidente se defronta
com duas tarefas absolutamente
essenciais e aparentemente con-
traditórias. Primeiro, punir exem-
plarmente os criminosos que de-
predaram patrimônio público,
violaram as instituições e a memó-
ria do país. A outra missão é pacifi-
car um país dividido por um abis-
mo de ressentimentos e descon-
fianças. É possível vencer uma elei-
ção em um país dividido, como
provaram o ex-presidente Jair Bol-
sonaro em 2018 e o presidente Lu-
la e 2022, mas é difícil governar
um país dividido. É impossível reu-
nir as energias espirituais, políti-
cas, sociais e intelectuais para a ta-
refa histórica de levar uma nação
ao seu destino de grandeza quan-
do ela está dividida como a nossa.
Valor: O senhor e outros ex-mi-
nistros da Defesa saíram em defesa
de José Múcio. Por quê?
Rebelo: O momento exige uma
combinação difícil de gestos e de
ações: a punição exemplar dos ato-
res responsáveis pelos atentados do
penúltimo domingo, em Brasília,
mas também atitudes no sentido da
pacificação do país. O ministro José
Múcio foi indicado pelo presidente
Lula como um gesto de pacificação e
removê-lo agora seria uma sinaliza-
ção em sentido contrário, o que não
seria bom para o momento.
Valor: A saída de Múcio poderia
esgarçar a relação do governo re-
cém-empossado com as Forças Ar-
madas?
Rebelo: Não é apenas e nem prin-
cipalmente pelas Forças Armadas,
mas também pelo ambiente de frag-
mentação vivido pela sociedade.
Valor: Múcio se precipitou ao di-
zer que os acampamentos golpistas
se dissolveriam naturalmente?
Rebelo: Essa era uma ideia gene-
rosa do ministro, que foi traída pela
radicalização dos acontecimentos.
Valor: A declaração sobre a legi-
timidade democrática dos acampa-
mentos golpistas não comprometeu
a permanência de Múcio depois das
cenas de vandalismo?
Rebelo: O problema é que os
acampamentos já estavam nas
portas dos quartéis quando o mi-
nistro assumiu e esses acampa-
mentos jamais deveriam estar lá.
Elas são consideradas áreas de se-
gurança nacional e, portanto,
impróprias para acampamentos
de qualquer orientação política
ou natureza ideológica.
Valor: O ministro Flávio Dino
disse que existe uma “infiltração
ideológica” nas forças, o que dificul-
tou o controle das invasões. O se-
nhor concorda?
Rebelo: O ministro deve contar
com informações que não estão ao
meu alcance para uma opinião ade-
quada. O que houve foi um esforço
de politização da área militar e con-
sidero prejudicial ao país e aos pró-
prios militares. O ex-presidente Jair
Bolsonarofezumesforçograndepa-
ra obter das instituições armadas le-
gitimidade para suas inclinações
ideológicas, mas creio que no final
das contas as Forças Armadas foram
leais, disciplinadas e obedientes ao
então presidente, mas souberam se
manter distantes de compromissos
puramente políticos e ideológicos. É
o que explica a destituição por parte
do ex-presidente Bolsonaro dos três
ex-comandantes das Forças Arma-
das e a demissão de seu competente
ministro da Defesa Fernando Azeve-
do e Silva.
Valor: Qual o maior desafio do
terceiro governo Lula na relação
com os militares?
Rebelo: A gravidade da situação
residenainsegurançaouquasedes-
confiança na relação entre duas ins-
tituições fundamentais do poder
nacional, a presidência da Repúbli-
ca e as Forças Armadas. Ambas têm
cometido erros que só agravam o
estado das coisas. As Forças Arma-
das,aopermitiracampamentosim-
próprios em áreas adjacentes às
unidades militares. A presidência
da República, ao alterar o cerimo-
nial consagrado pelas instituições
militares na posse do presidente e
não condenar manifestações hostis
às Forças Armadas por parte de in-
tegrantes de sua base de apoio.
Valor: O senhor acredita em uma
conciliação?
ANA PAULA PAIVA/VALOR — 28/3/2019
Rebelo: É preciso lembrar que o
presidente Lula já governou o país
por duas vezes em clima de absoluta
normalidade na relação com as For-
ças Armadas e poderá fazê-lo de no-
vo se liderar o processo de pacifica-
ção da nação. O que não é incompa-
tível com a punição exemplar dos
crimes cometidos no 8 de janeiro. A
pacificação é um apanágio dos ven-
cedores e cabe a eles a iniciativa. Os
militares tiveram uma relação insti-
tucional de absoluta normalidade
nos períodos governados por Lula e
pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Acho que é possível que essa norma-
lidade seja mantida no atual gover-
no,poiselaéimportanteparaapaci-
ficação nacional.
Valor: As declarações de que as
Forças Armadas não são um poder
moderador e da necessidade de
uma “triagem” em órgãos federais
indicam que a conciliação deve ser
mais difícil do que se imaginava?
Rebelo: O presidente deve com-
binar a afirmação de sua autorida-
de de comandante supremo das
Forças Armadas com gestos que
neutralizem a hostilidade de parte
de seus apoiadores em relação às
instituições militares.
Valor: Lula disse que não decretou
a Garantia da Lei e da Ordem para
evitar um golpe de Estado. O que o se-
nhor acha dessa declaração?
Rebelo: Não vejo nenhuma possi-
bilidade de GLO resultar em golpe.
Conselheiros induziram o presiden-
te a um erro grave de avaliação.
Valor: O ex-presidente Jair Bolso-
naro deve ser responsabilizado pe-
los movimentos golpistas?
Rebelo: A responsabilização por
crimes deve ser atribuição do Po-
der Judiciário, inclusive aqueles
praticados pelos vândalos de Bra-
sília e seus mentores.
Valor: Depois dos ataques terroris-
tas, Bolsonaro compartilhou informa-
ções falsas sobre as eleições e ataques
ao sistema eleitoral, mas apagou a
postagem em seguida. É sinal de que
ele continuará insuflando os radicais?
Rebelo: O uso de notícias falsas
nas disputas políticas e nas guerras
é um acontecimento tão antigo
quanto a política e a guerra. Com-
pete ao Poder Judiciário definir nas
informações falsas que são divulga-
das aquelas que constituem crime e
a pena determinada para o ato cri-
minoso de acordo com a sua gravi-
dade. É preciso acrescentar que no
caso das notícias falsas pode haver
crimes mais graves de um lado, mas
as redes sociais estão aí para provar
que nesse mundo das chamadas
“fake news” não há inocentes.
Valor: O que o senhor acha do
apoio do PT a Arthur Lira (PP-AL) na
disputa pela presidência da Câmara?
Rebelo: A eleição da presidência
da Câmara é o momento mais im-
portante do início do governo do
presidente Lula, pois um erro pode
comprometer a governabilidade e
gerar insegurança política pelos
próximos dois anos. O erro do go-
verno da presidente Dilma Rousseff
na eleição da Mesa da Câmara em
2015 resultou no desfecho trágico e
indesejável da perda de mandato
da presidente. Eu creio que o PT de-
ve ter avaliado que correria um ris-
co menor na governabilidade
apoiando a reeleição de Lira.
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | A9
A10 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Política
Poderes Especialistas apontam necessidade de atuação conjunta para conter desinformação digital

Radicais desafiam mediação nas redes SILVIA COSTANTI / VALOR

Rodrigo Carro
Do Rio

“Morre idosa no campo de con-

centração de Lula.” Os dizeres es-
tampados sobre a imagem de
uma velhinha sorridente com um
chapéu de fita marrom tinham o
objetivo de denunciar nas redes
sociais supostos maus-tratos so-
fridos por bolsonaristas radicais
detidos na Academia Nacional de
Polícia, em Brasília, depois dos
ataques aos Três Poderes, no do-
mingo (8). Ainda na terça-feira
(10), serviços de checagem já in-
formavam que a foto comparti-
lhada nas redes fora tirada em
2018 e pertencia a um banco de
imagens na internet. A senhora
retratada faleceu em 10 de outu-
bro do ano passado, segundo in-
formaram familiares dela.
Mais do que um canal para
disseminação de informações
falsas, as redes sociais foram
usadas na invasão do Congresso
Nacional, do Palácio do Planalto
e do Supremo Tribunal Federal
(STF) para transmitir ao vivo
ações que tentaram subverter a
ordem estabelecida, destaca Ni-
na Santos, coordenadora-geral
do projeto Desinformante.
“Muitos ficaram sabendo [dos
ataques] através de lives no You-
Tube”, afirma a pesquisadora.
Os ataques terroristas na capi- Ester Borges, coordenadora do InternetLab: Brasileiro se diz preocupado com falsos conteúdos mas afirma: “o problema aparece quando você pergunta como as pessoas checam”
tal federal — argumenta ela —
evidenciaram que as plataformas nhece que ações de curto prazo de manter a oferta de conteúdo para as plataformas digitais em lhar mais rapidamente no Twit- nem sempre é fácil comprovar a fi-
digitais não têm políticas especí- do governo não vão frear a desin- produzido por “fontes confiá- relação à moderação do conteú- ter do que notícias verdadeiras. nalidade da propagação da infor-
ficas para excluir conteúdos pre- formação nas redes: “Mudar a le- veis”. E acrescenta que, a longo do postado e ao controle dos Christian Perrone, coordena- mação falsa, é importante a legis-
gando a sublevação contra a or- gislação é necessário mas insufi- prazo, é preciso investir em edu- bens e serviços negociados nes- dor de direito do Instituto de lação definir como crime a mera
dem democrática. “Vídeos clara- ciente”, afirma Silva. Aprovada cação midiática para ajudar na tes ambientes virtuais. Já no Bra- Tecnologia e Sociedade (ITS), ar- divulgação intencional de infor-
mente golpistas ficaram no ar no Senado, a proposta legislativa identificação de notícias falsas. sil, o debate público sobre a de- gumenta que a forma mais efi- mação falsa, independentemente
por seis, oito horas”, conta. Assim busca evitar a propagação de Na verdade, o brasileiro se sinformação digital se encontra caz de atacar a desinformação é da finalidade.”
como outros especialistas em de- conteúdo falso nas redes sociais. mostra preocupado com a vera- num nível bastante preliminar, “no atacado” e não “no varejo”. Por meio da assessoria de im-
sinformação digital, a pesquisa- Na visão do parlamentar, tam- cidade de uma informação antes sustenta Borges, do InternetLab. Na prática, isso significa focar prensa, a Meta — dona do Face-
dora acredita que o combate efi- bém é preciso atacar a desinfor- de repassá-la, destaca Ester Bor- "Quando falamos de desinfor- esforços para tirar das redes so- book, do Instagram e do What-
caz à disseminação de inverda- mação digital com iniciativas de ges, coordenadora da Área de In- mação, as pessoas pensam em ciais campanhas sistêmicas de sApp — informou que, mesmo
des nas redes sociais passa por médio e longo prazos que envol- formação e Política do centro de mentira, mas desinformação não desinformação, aquelas orques- antes dos ataques ocorridos em
uma ação conjunta de governo, vam outros protagonistas além pesquisa independente Interne- é só mentira, é manipulação.” Há, tradas para espalhar falsidades Brasília, vinha removendo con-
empresas e sociedade civil. do poder público. A ampliação tLab. “Existe uma ética. As pes- inclusive, dificuldade de fazer va- em larga escala. “O ‘follow the teúdos que incentivam as pes-
“Entre o primeiro e o segundo do acesso à internet, por exem- soas dizem: ‘Sempre checo um ler regras que já existem. money’ [siga o dinheiro] é uma soas a pegar em armas ou a inva-
turno [de 2022], o Tribunal Supe- plo, contribuiria para diversifi- link’”, diz Borges. A afirmação se Como exemplo, Nina Santos, boa estratégia para desarticular dir o Congresso, o Palácio do Pla-
rior Eleitoral soltou uma resolu- car o leque de fontes de infor- baseia em pesquisas sobre comu- do projeto Desinformante, cita a essas campanhas”, diz. nalto e outros prédios públicos.
ção extremamente importante mações disponíveis para a popu- nicação política em aplicativos proibição de impulsionamento O rastreamento de financia- “No domingo, também designa-
naquele contexto em que a de- lação de menor poder aquisiti- de mensagens conduzidas pelo de conteúdo político na internet dores deve ser combinado à des- mos este ato como um evento
sinformação crescia rapidamen- vo, diz Silva. InternetLab e a organização sem nas 48 horas que antecedem as monetização de canais que pro- violador, o que significa que re-
te”, lembra Santos, referindo-se a Como muitas operadoras de fins lucrativos Rede Conheci- eleições e nas 24 horas posterio- pagam o conteúdo inverídico, moveremos conteúdos que
uma determinação que previa telefonia móvel oferecem planos mento Social. “O problema apa- res à votação. Segundo ela, a re- acrescenta o especialista, para apoiam ou exaltam essas ações”,
punições aos envolvidos no com- pré-pagos com acesso ilimitado rece quando você pergunta co- gra foi descumprida no segundo quem o combate à desinforma- acrescentou a empresa, em nota.
partilhamento de notícias falsas. ao WhatsApp, o aplicativo de mo as pessoas checam”, acres- turno de 2022. ção digital “é uma questão mul- Também por escrito, o YouTube
“Mas a longo prazo precisamos mensagens instantâneas se con- centa ela. O critério principal pa- Estudos científicos realizados tisetorial e não individual.” informou que equipes da empresa
tentar construir para as próxi- verteu num dos principais ca- ra repassar um conteúdo é a con- na Europa e nos Estados Unidos, Fundador do escritório de advo- estão removendo conteúdo que
mas eleições soluções mais cole- nais informativos dos brasilei- fiança no remetente. Em caso de no contexto de disputas eleito- cacia que leva seu nome, o crimi- viola diretrizes da sua comunida-
tivizadas e mais pactuadas entre ros. A pesquisa Digital News Re- dúvida, a verificação é feita atra- rais, indicam que notícias falsas nalista Paulo Freitas Ribeiro diz de, incluindo transmissões ao vivo
os atores da sociedade.” port 2022, do Reuters Institute vés de buscas no Facebook e em compartilhadas nas redes sociais que não há na legislação brasileira e vídeos que apoiam ou elogiam os
Embora defenda alterações na for the Study of Journalism, indi- outras redes sociais, em sites de têm alcance limitado. No entan- um tipo penal específico para pu- ataques incitando outras pessoas a
regulamentação que deem mais ca que no ano passado 41% da busca e nas mídias tradicionais to, uma análise de diversos arti- nir indivíduos que propagam no- cometer atos violentos: “Nossos
transparência ao processo de população usavam o WhatsApp (TVs, jornais e portais). gos científicos publicada pelos tícias inverídicas: “Sob a perspecti- sistemas estão destacando conteú-
moderação do conteúdo nas pla- para consumir notícias. Na Europa, entrou em vigor acadêmicos Andrew Guess e Ben- va criminal, a intervenção do judi- do de fontes confiáveis em nossa
taformas digitais, o deputado Silva advoga ainda o fortaleci- em outubro do ano passado o jamin Lyons em 2020 sugere que ciário se faz necessária quando ul- página inicial, na parte superior
Orlando Silva (PCdoB/SP) — rela- mento e a valorização do jorna- Ato de Serviços Digitais, que esta- reportagens políticas de conteú- trapassados os limites da liberda- dos resultados de pesquisa e nas
tor do “PL das Fake News” — reco- lismo profissional como forma belece uma série de requisitos do enganoso tendem a se espa- de de expressão”, opina. “Como recomendações”, esclareceu.

BR MALLS PARTICIPAÇÕES S.A.

CNPJ nº 06.977.745/0001-91 - NIRE 33.3.0028170-3 - COMPANHIA ABERTA
Ata de Reunião do Conselho de Administração realizada no dia 10 de novembro de 2022. Data, Horário e Local: No dia 10 de novembro de 2022,
FERTILIZANTES HERINGER S.A.
Companhia Aberta de Capital Autorizado
Curtas
às 11:00 horas, realizada presencial e por conferência, conforme previsto no artigo 17, parágrafo 4º, do Estatuto Social da BR Malls Participações S.A. CNPJ/ME Nº 22.266.175/0001-88
(“Companhia”). Convocação: Dispensada a convocação tendo em vista a presença da totalidade dos membros do Conselho de Administração da ATA DA REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO REALIZADA EM 16 DE DEZEMBRO DE 2022
Companhia, nos termos do artigo 17, parágrafo primeiro, do Estatuto Social da Companhia. Presença: Presentes os seguintes membros do Conselho de 1. DATA, HORA E LOCAL: Realizada no dia 16 do mês de dezembro de 2022, às 10h00, na sede social da Companhia, localizada
Administração da Companhia, Srs. João Cláudio Telles Vianna, João Roberto Gonçalves Teixeira, Luiz Alberto Quinta, Milton Seligman, Marcus Leonardo
Silberman, Mauro Rodrigues da Cunha e Vitor José Azevedo Marques. Mesa: Presidente: João Roberto Gonçalves Teixeira; Secretária: Cláudia da Rosa
na Cidade de Viana, Estado do Espírito Santo, na Rua Idalino Carvalho, s/n – Bairro Parque Industrial, CEP 29.136-900 (“Compa-
nhia”). 2. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA: Dispensadas as formalidades de convocação tendo em vista a presença da totalidade dos
EBC I terá a missão de conduzir o "pro-
Côrtes de Lacerda. Deliberações: I – A reunião foi iniciada com a sessão exclusiva entre os Conselheiros, na qual houve a indicação dos membros para
fazer parte do Conselho de Administração da Aliansce após a Consumação da Operação (“Nova Companhia”), sendo eles (i) Cláudia da Rosa Côrtes de
membros do Conselho de Administração, por videoconferência, nos termos dos artigos 14 e 17 do Estatuto Social da Companhia. O presidente Luiz Inácio Lula cesso de transição para nova ges-
3. MESA: A Reunião foi presidida pelo Sr. Lieven Cooreman e secretariada pela Sra. Nayara Canesqui. 4. ORDEM DO DIA: Deliberar
Lacerda, (ii) Luiz Alberto Quinta e (iii) Vitor José Azevedo Marques. Registra-se que a decisão de indicar tais administradores ocorreu por unanimidade, sobre (i) o ajuste da estimativa de valor para as compras realizadas com base no Contrato de Compra e Venda de Matérias- da Silva destituiu a diretoria da tão, a ser implementada nos pró-
à exceção dos votos dos conselheiros Luiz Alberto Quinta e Vitor José Azevedo Marques que votaram apenas na Cláudia e se abstiveram de votar em si -Primas celebrado entre a Companhia e a EuroChem Trading GmbH em 29 de abril de 2022 (“Contrato”), para o exercício de 2022,
mesmo. Neste sentido, a diretoria executiva comunicará a Aliansce a referida decisão para que seja elaborada a correspondente proposta da adminis- inicialmente aprovada na Reunião do Conselho de Administração da Companhia realizada em 6 de maio de 2022, bem como Empresa Brasileira de Comuni- ximos meses". A decisão foi publi-
tração a ser deliberada na Assembleia Geral Extraordinária da Aliansce. II – Na sequência, foi realizada sessão executiva entre o CEO e os Conselheiros.
III – Ato contínuo, passou-se pelo cronograma da conclusão da combinação de negócios entre brMalls e Aliansce Sonae (“ALSO”) (“Combinação de
consignar a aprovação dos valores gastos até esta data; (ii) a aprovação e ratificação de todos os atos e compras anteriores à cação (EBC) – estatal responsável cada em uma edição extra do "Diá-
Negócios”). IV – Após, os membros do conselho foram atualizados sobre o status do processo de aprovação da Combinação de Negócio pelo CADE. data desta reunião praticados pela administração da Companhia, no âmbito do Contrato; e (iii) a estimativa de valor a ser gasta
Ainda, o Conselho foi informado que a Assembleia Geral da ALSO de 03 de novembro de 2022 aprovou o desinvestimento da Companhia no Shopping com as compras realizadas com base no Contrato para o exercício social de 2023. 5. DELIBERAÇÕES: Após discussões acerca dos pelos veículos de comunicação rio Oficial da União" na última
assuntos em pauta e análise de todos os documentos aplicáveis preparados pela Diretoria (que inclui descritivo e justificativas
Campinas, nos termos do Protocolo. Em seguida, discutiu-se o status da negociação com os fundos compradores. Os conselheiros manifestaram que
estão de acordo com o prosseguimento e conclusão da operação de venda nos termos apresentados. V – Após, passou-se à atualização do planejamento para o item (i) e orçamento e planejamento para item (iii)), os Conselheiros deliberaram, por unanimidade, sem quaisquer do governo. A EBC será coman- sexta (13), assinada por Lula. O mi-
da Bain & Company (“Bain”) sobre os avanços e próximos passos do projeto de integração da brMalls e ALSO. VI – Na sequência, passou-se para
atualização da reunião do Comitê de Auditoria Estatutário (“CAE”) realizada em 08 de novembro de 2022, onde foi apresentado o Resultado do 3º TRI da
ressalvas e/ou restrições, o quanto segue: (i) ajustar a estimativa de valor para as compras realizadas com base no Contrato
para o exercício de 2022, aprovada inicialmente na Reunião do Conselho de Administração da Companhia realizada em 6 de maio
dada pela jornalista Kariane Cos- nistro da Secretaria de Comunica-
Companhia (“3ITR22”), tendo o CAE recomendado a aprovação da divulgação do resultado do 3ITR22 pelo Conselho de Administração da Companhia. de 2022, de R$ 1.300.000.000,00 (um bilhão e trezentos milhões de reais) para R$ 1.900.000.000,00 (um bilhão e novecentos ta, que é funcionária de carreira ção Social, Paulo Pimenta, não as-
Assim, após a mencionada análise do CAE do 3ITR22, da respectiva revisão da Ernst & Young, bem como do parecer do Conselho Fiscal, o Conselho de milhões de reais), consignando que, até esta data, já foram realizadas compras no valor total de R$1.702.908.147,00 (um bilhão
Administração da Companhia autorizou a emissão e a divulgação do relatório do 3ITR22. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, lavrou-se e setecentos e dois milhões, novecentos e oito mil e cento e quarenta e sete reais); (ii) aprovar e ratificar todos os atos e contratos e já era representante dos em- sina os decretos, mas ajudou na
a ata, que foi aprovada e assinada por todos os presentes. Assinaturas: Mesa: Presidente: João Roberto Gonçalves Teixeira. Secretária: Cláudia da Rosa
Côrtes de Lacerda. Conselheiros: João Cláudio Telles Vianna, João Roberto Gonçalves Teixeira, Luiz Alberto Quinta, Milton Seligman, Marcus Leonardo
anteriores à data desta reunião praticados pela administração da Companhia, de forma direta ou indireta, por procuradores
devidamente constituídos, no âmbito do Contrato; e (iii) aprovar a estimativa de valor a ser gasto com as compras realizadas
pregados no Conselho de Admi- definição dos novos quadros.
Silberman, Mauro Rodrigues da Cunha e Vitor José Azevedo Marques. Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2022. Cláudia da Rosa Côrtes de Lacerda -
Secretária. JUCERJA em 06/12/22 sob o nº 5200133. Jorge Paulo Magdaleno Filho - Secretário Geral. com base no Contrato para o exercício de 2023, de valor igual ou inferior a R$ 2.200.000.000,00 (dois bilhões e duzentos milhões nistração da estatal. Foram exonerados o dire-
de reais). 6. ENCERRAMENTO: Inexistindo qualquer outra manifestação, foi encerrada a presente reunião, da qual lavrou-se a
presente ata que, lida e aprovada, foi assinada por todos. 7. MESA: Lieven Cooreman - Presidente; Nayara Canesqui - Secretária. tor-presidente da EBC, Glen Lopes
INDIGO INVESTIMENTOS DISTRIBUIDORA
CONSELHEIROS: Lieven Cooreman, Elena Kholmanskikh, Olga Plevako, Daniil Sergunin, Flávio César Maia Luz e Antonio Donizetti
Rubbo. 8. CERTIDÃO: Certifico que a presente é cópia fiel da Ata lavrada em livro próprio. Viana/ES, 16 de dezembro de 2022.
EBC II Valente; o diretor-geral, Roni Bak-
Mesa: Lieven Cooreman - Presidente; Nayara Canesqui - Secretária. JUCEES protocolo nº 222086610 em 22/12/2022. Em 2022, Kariane foi alvo de um sys Pinto; a diretora de Jornalismo,
DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA. processo de demissão após infor- Sirlei Batista; o diretor de Admi-
CNPJ/ME n 00.329.598/0001-67
CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL DE COTISTAS mar casos de assédio moral à ouvi- nistração, Finanças e Pessoas, Már-
CONQUEST FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES EMPRESAS EMERGENTES, CNPJ/ME
nº 10.625.626/0001-47 - (“Fundo”), na qualidade de Administradora e Gestora Interina (“Indigo DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM doria da EBC. Os relatos feitos por cio Kazuaki Fusissava; e o diretor
Investimentos”) do CONQUEST FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES EMPRESAS ela teriam vazado, e a jornalista de Operações, Engenharia e Tec-
EMERGENTES (“Fundo”), fundo de investimento devidamente registrado na Comissão de Valores
Mobiliários (“CVM”), e inscrito no CNPJ/ME sob o nº 10.625.626/0001-47, vem, por meio da presente AVISO Nº 012/2023 – DER SEDE passou a denunciar que estava nologia, Pedro Marcos Boszczovs-
comunicação, convocar os senhores cotistas do Fundo a se reunirem em Assembleia Geral de Cotistas a CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 010/2022 DER/DOP sendo alvo de represálias por parte ki. Apenas o diretor de Conteúdo e
ser realizada no dia 17 de fevereiro de 2023, às 15h00min em primeira chamada, a qual será GMS 186/2022 (CP)
EXCLUSIVAMENTE VIRTUAL, para informar e deliberar sobre os itens da Ordem do Dia abaixo: ORDEM RESULTADO DA ANÁLISE DOS DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FINAL da gestão anterior da empresa pú- Programação, Denilson Morales
DO DIA: 1. Substituição do Administrador atual pelo novo Administrador BFL ADMINISTRAÇÃO DE
RECURSOS LTDA., conforme proposta disponível na sede da Administradora que será encaminhada aos OBJETO: Contratação de empresa especializada para a execução de serviços de manutenção blica. Segundo o governo, Kariane da Silva, segue no posto.
Cotistas conforme solicitações; 2. Na hipótese de não eleição de novo Administrador apto a substituir a atual de 8 (oito) Obras de Arte Especiais localizadas na região do Escritório Regional Centro Oeste,
Administradora, o Fundo seguirá em liquidação nos termos da Assembleia Geral de Cotistas, realizada no nas rodovias PR-170, PR-364, PR-473, PRC-158, PRC-466 e PRC-487.
dia 28 de novembro de 2022 e anteriores, restando os itens 3, 4, 5 e 6 prejudicados nesta hipótese; Modalidade e Tipo de Licitação: Concorrência - Menor Preço.
3. Considerando que o Fundo está sem Gestora desde o encerramento das atividades da antiga Gestora, Após análise pela Comissão de Julgamento, comunicamos às empresas participantes do
eleição da ARENA CAPITAL ASSET ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS LTDA. para prestação de
serviços de gestão de recursos de terceiros, conforme proposta disponível na sede da Administradora que
processo de licitação do Edital de Concorrência n.º 010/2021, GMS n.º 186/2022 (CP), o FERTILIZANTES HERINGER S.A.
resultado da análise dos documentos de habilitação e classificação final, conforme segue: CNPJ Nº 22.266.175/0001-88
será encaminhada aos Cotistas conforme solicitações; 4. Substituição do Custodiante, Controlador e FATO RELEVANTE
Escriturador do Fundo, sendo necessária a indicação por Cotista(s) até o dia da Assembleia, vez que não
foi encaminhada proposta até a data desta convocação; 5. Em caso de não indicação de Custodiante e
Classificação Empresa Preço Preço Resultado Fertilizantes Heringer S.A. (“Companhia”) vem, em atendimento aos termos do artigo 157, §4º, da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
Proposto (R$) Corrigido (R$) 1976 (“Lei das Sociedades por Ações”) e da Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) n° 44, de 23 de agosto de 2021,
Escriturador aptos a substituir o atual prestador de serviço, será utilizada a dispensa prevista nos artigos 19 comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral o que segue. Nesta data, a Companhia recebeu cartas do Sr. Evandro Gujanwsky e
e 37 da Instrução CVM nº 578/16, com os ajustes necessários do Regulamento para utilização das MATERA do Sr. José Alfredo da Justa comunicando suas respectivas renúncias, ambas por motivos pessoais, com efeitos a partir de 11 de fevereiro
dispensas; 6. Autorizar que o Administrador pratique todos os atos necessários para implementação do 1º ENGENHARIA LTDA 2.404.501,78 2.404.501,78 Vencedora de 2023, aos cargos de membro efetivo e membro suplente do Conselho Fiscal da Companhia respectivamente, para os quais haviam
deliberado acima. OS COTISTAS PODERÃO PARTICIPAR DA ASSEMBLEIA GERAL DE COTISTAS sido eleitos na Assembleia Geral Extraordinária da Companhia de 28 de setembro de 2022. Em razão das referidas renúncias, conforme
VIRTUALMENTE PARA DISCUSSÕES E DELIBERAÇÕES ATRAVÉS DA PLATAFORMA MICROSOFT estabelecido pelo artigo 30, §4º de seu Estatuto Social, a Companhia deverá convocar uma Assembleia Geral Extraordinária para eleger
2º GAISSLER MOREIRA 2.459.837,55 2.459.837,55 Habilitação um novo membro efetivo para o Conselho Fiscal da Companhia e seu respectivo suplente (“AGE Conselho Fiscal”). Tendo em vista a
TEAMS, PARA QUE RECEBAM O LINK DEVERÃO ENCAMINHAR SOLICITAÇÃO E OS DOCUMENTOS
ENGENHARIA CIVIL necessidade de a Companhia também realizar a segunda convocação da Assembleia Geral Extraordinária convocada para o dia 11 de
PESSOAIS OU DE REPRESENTAÇÃO PARA O E-MAIL: ADM@INDIGOINVESTIMENTOS.COM.BR. janeiro de 2023, especificamente com relação à deliberação de alterações ao seu Estatuto Social (“AGE Estatuto Social” e, em conjunto
Fica observada a necessidade de todos os cotistas se fazerem representar nos termos de seus documentos EIRELI com a AGE Conselho Fiscal, “AGEs”), de maneira a tornar o processo mais eficiente a todos (Companhia e seus acionistas) e reduzir os
societários, fazendo a devida comprovação com envio prévio da documentação (instrumento de representação, elevados custos da realização de assembleias, a Companhia está avaliando, em conjunto com seus assessores legais, realizar apenas
ato de nomeação e cópia do documento), e no caso de instrumentos de procuração, com validade máxima de Verificar subitem 17.2 do Edital, referente ao prazo para interposição de recursos, que se uma nova convocação e assembleia, que incluiria os temas de ambas AGEs, sendo que para a deliberação dos temas (i) da AGE Estatuto
1 (um) ano. Não havendo comparecimento de cotistas para a realização da Assembleia do FUNDO encerrará em 23/01/2023, às 17h. Social, será considerada(o) (o quórum de instalação) em segunda convocação; e (ii) da AGE Conselho Fiscal, será considerada(o) (o
quórum de instalação) em primeira convocação. Nesta hipótese, seriam lógica, uniforme e integralmente aplicados à AGE unificada os
em 1ª (primeira) convocação, será realizada a 2ª (segunda) convocação às 15h e 30 min, no mesmo dia e Link, Curitiba, 13 de janeiro de 2023. prazos (30 dias) e procedimentos (boletim de voto a distância) aplicáveis a ambas as AGEs (que, a princípio, seriam apenas aplicáveis à
valendo esta correspondência eletrônica como 2ª (segunda) convocação para os fins legais. AGE Conselho Fiscal). A Companhia divulgará os materiais correspondentes, conforme abordagem definida, tão logo possível na próxima
São Paulo, 10 de janeiro de 2023. Atenciosamente
Thais Volttani Koyama
semana. A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre eventuais desdobramentos do assunto mencionado acima.
Eduardo Alves Sobrinho - Diretor de Administração Fiduciária da Indigo DTVM Presidente da Comissão de Julgamento Viana, ES, 12 de janeiro de 2023. Julio Enrique Varela Gubitosi - Diretor Financeiro e de Relações com Investidores.

Política
Desafios para o
Executivo Associados veem como uma demonstração
de força a recepção ao ministro vice-presidente
Josué recebe Alckmin e desenvolvimento
enfrenta tentativa de do Brasil em 2023
destituição na Fiesp
Fernanda Guimarães
De São Paulo
O presidente da Fiesp, Josué
Gomes da Silva, há um ano no
cargo, enfrenta hoje uma tentati-
va de destituição e recebe para
reunião, horas antes, o vice-pre-
sidente e ministro do recém re-
criado Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria, Comércio e
Serviços, Geraldo Alckmin.
O encontro será seguido de
um almoço e ocorrerá poucas
horas antes da assembleia dos as-
sociados que, no limite, poderá
culminar na retirada do empre-
sário do comando da entidade.
Se no fim do ano o clima entre
os apoiadores de Josué era de
mais pessimismo, o humor foi
mudando ao longo da semana
passada, momento em que mui-
tos representantes de sindicatos
começaram a conversar com par-
te dos associados rebelados con-
tra sua gestão.
“O bom senso está prevalecen-
do. Estou otimista que Josué vai fi-
car”, disse uma fonte, que segue ao
lado do presidente da Fiesp, que é
dono da Coteminas. O presidente
da Sindicato da Indústria do Plásti-
co e conselheiro da Fiesp, José Ri-
cardo Roriz Coelho, confirmou
que muitos sindicatos de grande
porte, que tinham assinado pela
convocação da assembleia, perce-
beram o dano à imagem da entida-
de caso se colocassem contra um
mandato de um presidente eleito.
“Se tem melhorias a serem feitas
na gestão pode e deve ser discuti-
do, mas não significa que tem que
trocar o presidente. Cabe a nós em-
presários ajudarmos para que a
Fiesp seja cada vez mais forte e in-
fluente nas grandes decisões brasi-
leiras sem que isto signifique que
ela tenha que estar ligada a algum
partido politico”, disse ao Valor.
A assembleia foi chamada por
Josué por meio de um edital publi-
cado em dezembro, após uma sé-
rie de pedidos partindo de 86 dos
112 sindicatos filiados. No centro
da pauta da reunião está um pente
fino sobre a gestão do empresário,
Recondução de procurador geral
provoca crise interna no MP-RJ
Caio Sartori
Do Rio
O atual procurador-geral de Jus-
tiça do Rio, Luciano Mattos, foi es-
colhido na sexta-feira (13) para o
cargo pelo governador Cláudio
Castro (PL), mas enfrenta uma cri-
se antes mesmo de assumir o se-
gundo mandato. À frente de um
Ministério Público que tem em
mãos casos de ampla repercussão
nacional, como as “rachadinhas”
da família Bolsonaro e a morte de
Marielle Franco, Mattos se depara
agora com uma rebelião da classe,
que viu na postura do procurador
uma quebra de compromisso com
o que prometeu durante e depois
da campanha.
O atual chefe da instituição ficou
em segundo na votação interna do
MP e prometeu “apoio integral” à
mais votada, Leila Machado Costa.
Depois, no entanto, movimentou-se
para assumir novamente o cargo. A
primeira reação enfática foi de uma
das áreas mais importantes do ór-
gão, o Grupo de Atuação Especial no
Combate ao Crime Organizado
(Gaeco). Houve pedido de exonera-
ção em massa dos 29 promotores
quecompõemonúcleo,incluindoos
três coordenadores.
Integrantes ouvidos pelo Valor
avaliam que a desordem interna
acaba impactando o rumo das in-
vestigações mais sensíveis, dada a
descontinuidade das equipes. O ca-
so Marielle, por exemplo, passará
Josué: empresário começa a virar clima desfavorável à sua permanência
que assumiu em janeiro de 2022 a
cadeira, ocupada por quase duas
décadas por Paulo Skaf.
Entre alguns dos filiados pre-
sentes no dia a dia da Fiesp, apesar
da reunião com Alckmin nesta se-
gunda-feira ser estritamente para
se discutir os rumos da indústria
paulista, a agenda foi entendida
como uma demonstração de for-
ça de Josué, que chegou a ser con-
vidado por Lula para ser ministro
do Mdic, mas recusou o pedido.
Entre diversos itens, a pauta da
assembleia cobra esclarecimen-
tos de Josué sobre reuniões em
Brasília que ele manteve como
presidente da entidade e as ra-
zões para a assinatura do mani-
festo em prol da Democracia, em
agosto do ano passado.
“O Josué dará todas as explica-
ções pedidas”, disse uma das fon-
tes consultadas pelo Valor. A mu-
dança de opinião dos filiados esta-
ria ocorrendo após um período de
conversas com alguns dos sindica-
tos, disse uma fonte. Segundo ela,
muitos dos grupos estavam “desa-
visados” e não teriam entendido
por outra mudança de mãos – num
momento em que o governo fede-
ral volta a falar em federalização.
“Na prática, como já estava no
cargo, o procurador-geral se sub-
meteu a um plebiscito e a classe o
rejeitou”, explica um bom conhe-
cedor dos bastidoresda instituição.
É incomum o procurador que está
no cargo não ser o mais votado.
UmadasinsatisfaçõescomMattos
desde o início tem a ver com os gru-
pos especializados, reduzidos para
valorizar as promotorias originais.
As “rachadinhas”, por exemplo, fo-
ram afetadas por esse movimento. O
vereador Carlos Bolsonaro (Republi-
canos), filho do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), era investigado pelo
extinto Grupo de Atuação Especiali-
zada no Combate à Corrupção
(Gaecc). Hoje, as apurações são toca-
das a passos lentos apenas pelo pro-
motor ao qual cabe o processo.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-
RJ), por sua vez, tem seu caso ligado
diretamente à procuradoria-geral,
mas a defesa conseguiu vitórias na
Justiça com base em falhas proces-
suais e fez com que o mérito das acu-
sações nunca fosse analisado. A as-
sessoria criminal de Mattos precisa-
ria convencer o Órgão Especial do TJ-
RJ de que as provas não estão conta-
minadas e, portanto, de que é possí-
vel retomar a investigação.
Há ainda as sensíveis investiga-
ções sobre as milícias, que ganha-
ram visibilidade nas últimas sema-
nas por causa da ministra do Turis-
SILVIA ZAMBONI
que o propósito da assembleia é ti-
rar Josué do cargo.
O entendimento do grupo que
apoia o atual presidente é que
nenhum dos itens da pauta pode
efetivamente tirar Josué do car-
go, tendo em vista o próprio esta-
tuto da Fiesp. Segundo docu-
mento que o Valor teve acesso, a
perda de mandato pode ocorrer
em apenas cinco situações: mal-
versação ou dilapidação do pa-
trimônio social, grave violação
do estatuto, abandono do cargo,
aceitação de transferência (saída
do Estado de São Paulo) ou con-
duta incompatível com a ética”.
“Não existe fundamento jurídico
para a saída dele”, disse uma das
fontes. Chegou a ser cogitada a
possibilidade de que o caso po-
deria ser judicializado por Josué,
que tem no seu time de advoga-
dos o jurista Miguel Reale Jr.
Dentre os vice-presidentes da
Fiesp que podem assumir, caso se
confirme a saída de Josué, estão
Rafael Cervone Netto, o nome
mais próximo de Skaf, Dan Iosch-
pe e Marcelo Campos Ometto.
mo, Daniela Carneiro (União Bra-
sil), cujo grupo político acumula
acusações de envolvimento com
milicianos.
Do ponto de vista da liturgia, a
nomeação de Mattos quebra uma
tradição de 20 anos. A última vez
em que o indicado pelo governa-
dor não foi o mais votado da lista
se deu em 2003, com a governado-
ra Rosinha Garotinho.
Com a crise, a Amperj convocou
uma assembleia para hoje, a fim de
discutir possíveis posicionamentos
e medidas. “Quando o procurador
assume o compromisso e não cum-
pre o que falou, cria um claro senti-
mento de decepção e indignação”,
diz ao Valor o presidente da asso-
ciação, Cláudio Henrique Viana.
Com a confirmação de que con-
tinuará no cargo, Mattos enviou
uma carta aos integrantes do MP
na sexta-feira. O texto foi repassa-
do pela assessoria de imprensa do
órgão quando perguntada se ha-
veria uma manifestação sobre a re-
volta interna.
“Jamais afirmei — nem poderia fa-
zê-lo em face da vigente ordem jurí-
dica — que o apoio por mim mani-
festado constituiria óbice para even-
tual nomeação pelo Chefe do Poder
Executivo, que, como se sabe, detém
a prerrogativa constitucional de es-
colher livremente o procurador-ge-
ral de Justiça entre os integrantes da
lista tríplice”, escreveu o procurador.
Castro também reiterou que “a es-
colha está prevista pela legislação.”
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
CONTEÚDO PATROCINADO POR
ARTIGO
Desenvolvimento passa pela
reindustrialização do Brasil,
apoiada por políticas públicas
e aproveitando potencial
“verde” da economia
POR PAULO GALA*
O
s países ricos são ricos
porque têm domínio
tecnológico ou, como dizem
os economistas, estão na
fronteira tecnológica. Não
existe outro caminho para
se desenvolver, aumentar a
renda per capita, enrique-
cer e reduzir as desigualda-
des que não seja avançar no
domínio tecnológico. E não
existe país que tenha chega-
do à fronteira tecnológica
do mundo sem possuir um
setor industrial forte.
A produção industrial
per capita das nações mais
desenvolvidas é, no míni-
mo, de US$ 5 mil. Em mui-
tos casos, chega a US$ 10
mil por ano. Alemanha,
Suécia, Coreia do Sul, Suíça,
Estados Unidos, Finlândia
e Dinamarca, por exemplo,
têm indústrias super-high-
tech e produção industrial
per capita altíssima.
Nesse sentido, o Brasil
precisa se reindustrializar
e também desenvolver ser-
viços complexos e sofisti-
cados que caminhem jun-
to com o setor industrial. O
problema é que esse proces-
so tem de ser feito em um
ambiente de mercados ex-
tremamente concentrados.
É um mito a ideia de que va-
mos simplesmente promo-
ver uma abertura comercial
e conquistar mercados.
Estamos falando de um
cenário em que as multina-
cionais têm 30%, 40%, às
vezes até 60% do comércio
mundial de alguns produ-
tos. Nosso desafio maior é
enfrentar essa concentra-
ção, bater os players tradi-
cionais e construir empre-
sas do porte de uma Boeing,
de uma Siemens, de uma
Pfizer no Brasil.
Precisamos reconhecer
essa assimetria de compe-
tição em um mercado ca-
da vez mais concentrado.
Nosso objetivo deve ser o
de encontrar vantagens
comparativas adjacentes
que nos permitam bater as
companhias que já domi-
nam os grandes mercados
mundiais. Precisamos de
políticas públicas que tur-
binem nossas empresas,
para que elas consigam
galgar espaços tecnoló-
gicos. Precisamos de po-
líticas que apoiem essas
empresas mediante exi-
gência de contrapartidas,
como a conquista de mer-
cados mundiais, metas de
exportação e avanços em
sofisticação tecnológica.
Já temos algumas compa-
nhias nacionais com domí-
nio tecnológico e alcance
global, mas elas ainda são
exceções à regra. É preciso
mais, muito mais.
IDEIAS-CHAVE:
Os países ricos
são ricos porque
têm domínio tecnológico
ou, como dizem os
economistas, estão na
fronteira tecnológica
Não existe outro
caminho para se
desenvolver, aumentar a
renda “per capita”, enriquecer
e reduzir as desigualdades
que não seja avançar no
domínio tecnológico
Nesse sentido, o
Brasil precisa se
reindustrializar e também
desenvolver serviços
complexos e sofisticados
que caminhem junto com o
setor industrial
Precisamos de
políticas públicas
que turbinem nossas
empresas, para que
elas consigam galgar
espaços tecnológicos
O Brasil tem agora
a oportunidade
da transição verde, da
sustentabilidade.
Já somos um dos maiores
players mundiais em etanol
e energias a partir de
biomassa, e temos
grande potencial para o
hidrogênio verde
É necessário
e urgente
desenhar uma agenda
de reindustrialização
com políticas públicas,
missões, metas e
projetos industriais,
usando o Banco Nacional
de Desenvolvimento
Econômico e Social
(BNDES) e outras fontes
para a promoção do
desenvolvimento verde
O Brasil tem agora a opor-
tunidadedatransiçãoverde,
da sustentabilidade. Já so-
mosumdosmaioresplayers
mundiais em etanol e ener-
gias a partir de biomassa,
e temos grande potencial
para o hidrogênio verde.
Além disso, 10% da energia
nacional é gerada por par-
ques eólicos localizados no
Nordeste.Issoémaisdoque
é gerado em Itaipu. Energia
fotovoltaica também já re-
presenta 10% de nossa ma-
triz, alémdonosso conheci-
do potencial hídrico.
Essas oportunidades caí-
ram no colo do Brasil, mas,
* Economista-chefe do Banco Master de Investimento. Graduado em
Economia pela FEA USP, Gala é mestre e doutor em Economia pela
Fundação Getulio Vargas de São Paulo, instituição em que leciona
desde 2002 e na qual foi coordenador do Mestrado Profissional em
Economia e Finanças, entre 2008 e 2010. Foi pesquisador visitante
nas universidades de Cambridge (RU) e Columbia (NY) e atuou
como economista-chefe, gestor de fundos e CEO em instituições
do mercado financeiro em São Paulo.
PRODUZIDO POR
| Valor | A11
© GETTY IMAGES
para aproveitá-las, preci-
samos desenhar políticas
públicas que fomentem o
desenvolvimento do pa-
ís nessa área. Não vamos
fazer isso apenas porque
queremos salvar o planeta,
mas também porque é o ca-
minho para retomarmos a
industrialização em seto-
res que ainda não estão to-
mados nem desenvolvidos,
nem dominados pelas gi-
gantes multinacionais.
De tempos em tempos,
o Brasil se beneficia de um
boommundialdecommodi-
ties. Contudo, não estamos
lidando satisfatoriamen-
te com o desenvolvimento
tecnológico industrial. Não
temos políticas públicas de-
senhadasparaaproveitares-
te bom momento e reindus-
trializar o país.
É o velho dilema brasilei-
ro: quando temos uma bo-
nança proporcionada pelas
commodities, contamos
com fluxo de dólares, reser-
vas elevadas e crescimento
nos setores extrativistas e
do agronegócio. Quando o
boom passa, ressurgem os
problemas sociais, a econo-
mia desacelera e o desem-
prego aumenta.
Precisamos de políticas
públicas que aproveitem o
fluxo de divisas para inves-
tir na reindustrialização.
Seria criar, por exemplo,
uma indústria nacional de
fertilizantes nitrogenados
para dar segurança ao agro-
negócio. O conflito bélico
na Ucrânia revelou o altís-
simo risco de ficarmos na
dependência da Rússia e da
Bielorrússia nessa área.
Nesse contexto, missões
industriais estão coloca-
das de maneira mais forte
do que nunca. Não pode-
mos cair no canto da sereia
do boom de commodities.
Não devemos repetir os
erros do passado. É neces-
sário e urgente desenhar
uma agenda de reindus-
trialização com políticas
públicas, missões, metas e
projetos industriais, usan-
do o Banco Nacional
de D e s e nvol v i me nto
E conôm ico e S o c ia l
(BNDES) e outras fontes
para a promoção do desen-
volvimento verde. Esse é
um dos grandes desafios
colocados para o Brasil no
contexto de transição pa-
ra a economia verde e para
a sustentabilidade.
GLAB.GLOBO.COM
A12 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Internacional
Fórum Econômico Ministros Haddad e Marina representarão governo Lula
Brasil volta a Davos para
expor plano de crescimento
Mônica Scaramuzzo
De Davos, Suíça
O Brasil voltará a estreitar laços
com países e parceiros internacio-
nais, sob a gestão do presidente
petista Luiz Inácio Lula da Silva, no
Fórum Econômico Mundial, em
Davos, na Suíça. A mensagem bra-
sileira ao mercado internacional é
de que o Brasil tem um plano de
voo estruturado para retomar o
crescimento, segundo fontes liga-
das ao governo. O fórum começa
hoje e vai até sexta-feira, dia 20.
Os ministros da Fazenda, Fer-
nando Haddad, e do Meio Am-
biente, Marina Silva, vão represen-
tar o governo brasileiro em Davos.
A missão de Haddad será mostrar
que o país tem um plano econômi-
co concreto e organizado e está
Geopolítica ameaça destruir o mundo de Davos
Análise
Gideon Rachman
Financial Times
O romance clássico “A Monta-
nha Mágica”, de Thomas Mann,
que se passa em Davos em meio a
uma doença mortal e uma guer-
ra mundial iminente, foi publi-
cado quase um século atrás.
Mas, agora que os participantes
do Fórum Econômico Mundial
voltam a se reunir presencialmen-
te em Davos, o mundo de Mann é
sentido como perigosamente pró-
ximo do nosso próprio mundo. O
medo que assola o Fórum é que
um longo período global de paz,
prosperidade e integração econô-
mica possa estar chegando ao fim,
exatamente como em 1914.
O slogan de Davos neste ano é
“cooperação em um mundo frag-
mentado”. Essa fragmentação co-
meçou com a covid-19 — com seus
lockdowns, fechamentos de fron-
teiras e quebras das cadeias de su-
primentos. Assim, o fórum de
2023 — o primeiro a ocorrer em
seu habitual local de inverno des-
de o início da pandemia — poderia
ser visto como sinal de uma volta à
normalidade. No entanto, o repen-
tino abandono, pela China, de sua
política de covid-zero levanta te-
mores de que possa surgir uma no-
va onda de variantes do vírus.
E, mesmo se uma nova fase da
pandemia for evitada, a covid dei-
xou marcas no modo como gover-
nos e empresas pensam na globali-
zação. A premissa de que os bens e
commodities podem sempre ser
facilmente remetidos para o mun-
do todo se estilhaçou. Empresas
migraram das estratégias de ca-
deias de suprimentos ‘just-in-time’
(insumos entregues no momento
da utilização) para estratégias
‘just-in-case’ (manter estoques
“por via das dúvidas”). Novas
Curtas
OMS pressiona a China
A Organização Mundial da Saú-
de pediu ontem que a China com-
partilhe mais informações sobre a
disparada dos casos de covid-19
no país, depois de Pequim ter ad-
mitido no fim de semana que qua-
se 60 mil pessoas morreram desde
que o país abandonou as restri-
ções de sua rígida política de co-
vid-zero. Esse dado diz respeito,
segundo Pequim, apenas às pes-
soas mortos em hospitais, e analis-
tas estimam que o número real de
mortes é bem maior. Na semana
passada, Pequim não divulgou ne-
nhuma morte por vários dias, le-
vantando suspeita sobre os dados.
Acidente aéreo no Nepal
Um avião com 72 pessoas caiu
ontem quando se preparava para
pousar em Pokhara, na região
central do Nepal. Segundo a em-
presa Yeti Airlines, 68 corpos fo-
ram resgatados e havia poucas
chances de achar sobreviventes.
O avião era um ATR 72-500, de fa-
bricação franco-italiana, com 15
anos de uso. As causas do aciden-
te ainda não estão claras.
comprometido com a responsabi-
lidade fiscal, afirmam fontes.
Haddad vai participar de reu-
niões com outros governos e com
empresários brasileiros e estran-
geiros. O ministro deverá ainda se
reunir com investidores estrangei-
ros, mas esse não será o foco prin-
cipal de sua agenda em Davos. “A
ideia é mostrar que o Brasil vai se-
guir adiante”, disse uma fonte.
Referência global em ambiente,
Marina Silva deverá ser uma das es-
trelas em Davos. Tendo a agenda
de mudanças climáticas como
uma de suas principais pautas, o
Fórum Econômico Mundial de
2023 ouvirá da ministra que o Bra-
sil está comprometido com a pau-
ta ambiental e vai liderar as discus-
sões de mudanças climáticas.
Há uma simbologia na partici-
emergências de saúde globais são
possíveis. Outros cenários — no
passado considerados possibilida-
des remotas — estão sendo mais
atentamente considerados. Even-
tos climáticos extremos estão se
tornando mais frequentes, o que
levanta questões sobre a seguran-
ça alimentar e as viagens. Os cibe-
rataques, promovidos por gover-
nos ou por criminosos, ameaçam a
infraestrutura sobre a qual repou-
sa a economia contemporânea.
Muitas vezes estimuladas pelos
governos, as empresas estão tendo
de mudar seus procedimentos.
Não é prudente depender de ca-
deias de suprimentos complexas
vulneráveis a doenças, à guerra ou
a outras emergências. Empresas
como a Apple – que se gabava de
ter produtos “criados na Califór-
nia, montados na China” – estão
tendo de diversificar a produção. A
Apple passou a produzir cada vez
mais na Índia e no Vietnã.
Os esforços de algumas com-
panhias ocidentais para diminuir
sua dependência da China foram
desencadeados pela pandemia,
mas desde então se aceleraram
devido à consciência cada vez
maior de risco geopolítico – tam-
bém conhecido como guerra.
A invasão da Ucrânia pela Rús-
sia, no ano passado, demonstrou
que o impensável é passível de
acontecer. A guerra, a maior da Eu-
ropa desde 1945, está sendo trava-
da a menos de 1.600 quilômetros
dos hotéis exuberantes de Davos.
Com o conflito ainda assolando
a Ucrânia, o risco de acirramento
segue elevado. A guerra nuclear é o
desdobramento potencial mais
aterrador, que preocupa a Casa
Branca desde a irrupção dos com-
bates, em fevereiro passado. Mes-
mo que o uso de armas nucleares
seja evitado, permanece o perigo
de ampliação do conflito, visto que
a Organização do Tratado do
Pandemia concentrou mais a riqueza
global e Oxfam sugere taxar fortunas
Daniela Chiaretti
De Abu Dhabi
Nos anos de pandemia, as pes-
soas mais ricas do mundo ganha-
ram cerca de US$ 1,7 milhão para
cada US$ 1 ganho pelos que estão
entre os 90% mais pobres. Nos últi-
mos 10 anos, bilionários concen-
traram perto da metade de toda a
riqueza produzida globalmente. O
1% mais rico ficou com quase 2/3
de toda riqueza produzida desde
2020, seis vezes mais que 90% da
população global conseguiu no
período. Pela primeira vez em 30
anos, riqueza e pobreza extremas
cresceram ao mesmo tempo.
Pandemia Essas informações
estão no relatório “A ‘sobrevivên-
cia’ do mais rico: por que é preci-
so tributar os superricos agora
para combater as desigualda-
des”, que a Oxfam lança hoje no
Fórum Econômico Mundial de
Davos, na Suíça.
“Taxar os mais ricos não é mais
uma opção, é uma obrigação. A de-
sigualdade global explodiu e não
há melhor maneira de lidar com a
pação do governo Lula em Davos,
uma semana após os atos golpistas
no Brasil, realizados por apoiado-
res do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) que se recusam a reconhecer o
resultado das urnas de outubro.
Outro tema importante da
agenda econômica mundial será
como os países deverão enfrentar a
recessão global e a piora na crise
causada pela alta inflação e alto
endividamento. Davos reunirá este
ano 56 ministros de Finanças e 19
presidentes de bancos centrais.
Klaus Schwab, fundador do Fó-
rum, disse na semana passada que
o mundo está marcado pela persis-
tência de múltiplas crises sem pre-
cedentes — socioeconômicos, am-
bientais, sociais e geopolíticos,
convergentes e conflitantes — o
que cria um futuro incerto. A sua
Atlântico Norte (Otan, a aliança
militar ocidental) manda arma-
mentos para a Ucrânia, e o Irã for-
nece drones militares à Rússia.
O conflito mostrou até que pon-
to a guerra pode cortar os laços
econômicos com base nos quais a
globalização foi construída. A
União Europeia (UE) reduz drasti-
camente suas importações de
energia russa, o que alimenta a in-
flação na Europa e ameaça zerar a
competitividade de alguns de seus
setores produtivos. A Rússia e a
Ucrânia, além disso, são importan-
tes fornecedores mundiais de
grãos. A guerra entre os dois países
elevou os preços dos alimentos e
ameaça empurrar milhões de pes-
soas para uma situação de fome.
Políticos e executivos perscru-
tam o horizonte em busca da pró-
xima grande ameaça geopolítica.
Muitos concentraram a atenção
em Taiwan, que produz 90% dos
semicondutores mais avançados
do o mundo. Uma invasão de
Taiwan pela China poderia levar
ao fechamento da TSMC, a produ-
tora mais importante de semicon-
dutores, com resultados devasta-
dores para a economia mundial.
Mesmo tensões geopolíticas
muito distantes da guerra deses-
truturaram o comércio internacio-
nal. A atitude cada vez mais caute-
losa dos EUA para com a China le-
vou o governo Joe Biden a restrin-
gir significativamente as exporta-
ções de tecnologia sensível para o
país asiático. Isso afeta não apenas
empresas americanas como tam-
bém gigantes da tecnologia, como
a Samsung, sul-coreana, que usam
tecnologia americana.
Os líderes políticos, especial-
mente do Ocidente, têm de se
preocupar também com as pres-
sões internas vindas dos populis-
tas. Muitos desses transforma-
ram o fórum em um símbolo da
desigualdade e da instabilidade
desigualdade do que redistribuir a
riqueza”, diz no prólogo do relató-
rio de 58 páginas o economista Jo-
sé Antonio Ocampo, ministro da
Fazenda da Colômbia.
A Oxfam, rede internacional de
21 organizações nacionais, tem
por pauta enfrentar as desigualda-
des. Há anos defende que se eleve a
tributação dos mais ricos, tanto
em renda como em patrimônio. O
relatório de agora se baseia numa
longa lista de publicações e dados.
“A desigualdade é um fenôme-
no complexo”, diz o relatório, e “é
preciso um amplo leque de mu-
danças políticas e práticas para
construir um mundo mais iguali-
tário e redistribuir realmente o po-
der”. A Oxfam analisou 119 países,
e só 33% taxam a herança transferi-
da para descendentes diretos.
O relatório recomenda cinco
conjuntos de ações: criar impostos
de incidência única sobre o patri-
mônio e impostos sobre lucros
inesperados, para impedir que se
lucre com crises; elevar os impos-
tos do 1% mais rico para um míni-
mo de 60% de sua renda de traba-
ambição é que a reunião anual em
Davos tente garantir que os líderes
não fiquem presos a essa mentali-
dade de crise e possam desenvol-
ver uma perspectiva construtiva de
longo prazo e moldar o futuro de
uma forma mais sustentável, mais
inclusiva e mais resiliente.
O Brasil terá mais de 40 partici-
pantes, entre autoridades públi-
AP PHOTO/MARTIN MEJIA
cas, empresários e representantes
de organizações não governamen-
tais. Os governadores de São Paulo,
Tarcísio Gomes de Freitas; do Rio
Grande do Sul, Eduardo Leite, e do
Pará, Helder Barbalho, estão com
presença anunciada em Davos. A
agenda de Tarcísio de Freitas prio-
riza as privatizações, com a busca
de investidores internacionais.
Leia mais sobre Davos à página A16
do capitalismo internacional.
Nos últimos anos, Davos atraiu
a ira de ativistas antivacinas, de
grupos contrários à preocupação
com a mudança climática, de fa-
náticos religiosos e de nacionalis-
tas linha-dura. O fórum figura em
uma série de teorias de conspira-
ção. Nas franjas mais treslouca-
das da internet, foi acusado de
usar a pandemia para tomar o
controle da economia mundial.
À parte teorias desse gênero, a
ideia de que o Fórum de Davos é li-
geiramente tóxico ganhou terre-
no. É pouco provável que o presi-
dente Biden, determinado a se
apresentar como alguém que luta
pelos americanos comuns que tra-
balham, apareça em Davos – ao
contrário de Donald Trump, que
gostava de interagir com CEOs.
Mesmo líderes europeus cen-
tristas e conservadores podem en-
carar com restrições a possibilida-
de de vir. O presidente Emmanuel
Macron, da França, um defensor
da globalização que discursava em
Davos no passado, tem uma deli-
cada reforma das aposentadorias
para aprovar em casa e poderá
concluir que este não é o momento
certo de ir ao fórum. Como novo
premiê britânico, seria de esperar
que Rishi Sunak aproveitasse a
oportunidade para cortejar os
CEOs mais poderosos do mundo.
Mas o Reino Unido enfrenta uma
onda de greves e talvez ele tam-
bém conclua que é mais inteligen-
te não ir a Davos neste ano.
Os líderes mundiais presentes
poderão fazer bem em pegar o te-
leférico até o Schatzalp Hotel, que
serviu de modelo para o sanató-
rio de Mann em “A Montanha Má-
gica”. A vista de lá é a melhor de
Davos e pode oferecer a oportuni-
dade de uma reflexão serena so-
bre como impedir que a guerra e
catástrofes naturais voltem a en-
golfar a economia global.
lho e capital; tributar o patrimônio
do 1% mais rico com alíquotas al-
tas o bastante para reduzir a desi-
gualdade; e dar poder aos gover-
nos para rastrear a riqueza e ga-
rantir a participação igualitária na
formulação de políticas fiscais.
Segundo a análise, um tributo
de até 5% sobre os bilionários po-
deria arrecadar US$ 1,7 trilhão ao
ano, “o suficiente para tirar dois bi-
lhões de pessoas da pobreza”.
No Brasil há 284 bilionários, se-
gundo lista da Forbes de 2022. O
1% mais rico do Brasil tem quase
metade da riqueza do país, segun-
do o Credit Suisse. As 3.390 pes-
soas mais ricas do país detêm 16%
de toda a riqueza do Brasil, mais
que 182 milhões de brasileiros.
Ainda que tenham caído um
pouco em relação ao pico de 2021,
as fortunas bilionárias permane-
cem trilhões de dólares maiores do
que antes da pandemia”. “O 1%
mais rico detém 45,6% da riqueza
global, enquanto a metade mais
pobre do mundo tem só 0,75%”.
A jornalista viajou a convite da Irena
Peru estende estado de emergência
O Peru prorrogou por mais um mês o
estado de emergência na capital,
Lima, e nas regiões de Puno e Cusco,
onde manifestações contra o governo
deixaram quase 50 mortos, ma pior
violência no país nos últimos 20 anos.
O estado de emergência em todo o
Guerra da Ucrânia não
acabará logo, e isso
pode favorecer a Rússia
Yaroslav Trofimov
Dow Jones Newswires
A guerra na Ucrânia, pelo que
está claro agora, não acabará logo.
A aposta em Moscou — e o temor
de Kiev— é que o apoio do Ociden-
te perca o vigor antes que a Rússia
sofra uma derrota decisiva.
Até agora, as expectativas da
Rússia de um racha dos aliados da
Ucrânia não se concretizaram. A
Europa desfez sua dependência da
energia russa com sofrimento li-
mitado e sem sofrer nenhum cata-
clisma político. Como todas as
grandes economias ocidentais
cresceram em 2022, apesar dos
episódios de desestabilização, o
consenso sobre o fornecimento de
armas a Kiev só se fortaleceu.
Mas, com a Rússia anunciando
uma mobilização de centenas de
milhares de soldados em outubro
e migrando para uma economia
de guerra, o tempo pode estar do
lado de Moscou. Até agora, nem os
EUA nem a Europa fizeram os ajus-
tes, principalmente na produção
militar, necessários para sustentar
a Ucrânia numa guerra que pode
se arrastar por vários anos. Nem es-
tão imunes a problemas decorren-
tes de novos choques energéticos.
“A ideia de que uma grande
guerra convencional na Europa
poderá durar tanto quanto uma
das duas guerras mundiais não é
coisa para a qual já estejamos pre-
parados”, diz Bruno Tertrais, vice-
diretor da Fundação de Pesquisas
Estratégicas, de Paris. “E, apesar da
resiliência mostrada pelas socie-
dades europeias, ela não pode ser
dada como líquida e certa.”
O mesmo vale para os EUA. Em-
bora o Congresso americano, em
fim de mandato, tenha autorizado
em dezembro US$ 44,9 bilhões em
financiamento para respaldar a
Ucrânia, talvez o suficiente para os
próximos nove meses, a Câmara de
maioria republicana pode dificul-
tar novos pacotes de ajuda a Kiev.
Se o tempo age a favor de Mos-
cou, é do interesse do Ocidente ele-
var drasticamente o apoio à Ucrâ-
nia nos próximos meses, abando-
nando o excesso de cautela na en-
trega de armas, diz o marechal da
reserva Edward Stringer, ex-dire-
tor de operações da Conselho de
Defesa britânico. “Ao continuar a
ajudar a conta-gotas, fornecendo
apenas o suficiente para que a
Ucrânia não perca, o que o Ociden-
te está fazendo é apenas prolongar
a guerra”, diz Stringer. “Quer per-
cebamos ou não, a Rússia lançou
um desafio ao Ocidente.
A indústria de defesa da Ucrâ-
nia, antes significativa, foi dizima-
da pelos ataques aéreos russos nos
11 meses de guerra, e o país depen-
de agora quase totalmente das ar-
mas e munições do Ocidente. Em-
bora a economia russa, cujo tama-
nho se aproxima da da Espanha,
seja insignificante se comparada
com o poder somado dos EUA e de
país foi imposto em dezembro, quando
começaram os protestos contra o
afastamento do ex-presidente Pedro
Castillo, após ele tentar fechar o
Congresso. Na foto, missa na catedral
de Lima ontem com a foto dos
manifestantes mortos.
seus aliados da Otan, as compras e
a produção de armas ocidentais —
ao contrário das da Rússia — conti-
nuam, em grande medida, a seguir
o cronograma dos tempos de paz.
“O Ocidente ofusca a Rússia em
potencial econômico e em capaci-
dade industrial bélica, e isso deve-
ria nos fazer crer que, em uma
guerra prolongada, a Ucrânia, com
apoio ocidental, teria uma proba-
bilidade muito maior de ganhar o
conflito”, diz Michael Kofman, di-
retor de estudos sobre a Rússia do
Centro de Análises Navais, que as-
sessora as forças americanas. “Mas
bom resultado exige muita vonta-
de, e guerras são, fundamental-
mente, uma disputa de vontades.”
Antes da mobilização de outu-
bro, a Rússia sofreu de escassez de
mão de obra na Ucrânia, ao mes-
mo tempo em que contava com
vantagem esmagadora de poder
de fogo de artilharia. Agora que
mobilizou 300 mil reservistas,
Moscou resolveu seu problema de
efetivo no mesmo momento em
que começa a ficar com baixo esto-
que de munição e equipamentos.
No longo prazo, a aritmética da
mão de obra favorece Moscou,
pois a Rússia tem 3,5 vezes a popu-
lação da Ucrânia. Mesmo se a Rús-
sia perder dois soldados para cada
militar ucraniano morto, melhora,
ainda assim, sua força relativa. Até
agora, dizem autoridades ociden-
tais, o número de vítimas fatais
russas em campo de batalha — de
várias dezenas de milhares — é
comparável ao da Ucrânia.
Já calcular munição e armamen-
to é mais complicado. A julgar pela
taxa de crescimento do poder de
fogo, Kiev poderá reduzir os esto-
ques americanos e europeuss a ní-
veis críticos em algum momento
do terceiro ou quarto trimestres.
Até lá, a Rússia, com seu foco cen-
trado na guerra, poderá conseguir
expandir sua produção de muni-
ção para acompanhar o ritmo.
“Não devemos subestimar a
Rússia. Ela está mobilizando
mais soldados, trabalhando ar-
duamente para adquirir mais
equipamento e mostrou disposi-
ção de sofrer, mas dar continui-
dade à guerra”, diz o secretário-
geral da Otan, Jens Stoltenberg.
“Não há indícios de que Vladimir
Putin tenha alterado o objetivo
como um todo de sua guerra vio-
lenta contra a Ucrânia. Portanto,
precisamos estar preparados pa-
ra um longo conflito.”
“Qualquer percepção do pro-
cesso de paz é incorreta, porque
Putin está fazendo tudo ao seu al-
cance para deixar claro que essa é
uma questão existencial para
ele”, diz Ivo Daalder, ex-embaixa-
dor dos EUA na Otan e que dirige
o Conselho de Chicago sobre As-
suntos Globais. “Ele está prepa-
rando seu povo para uma guerra
longa, e acho que nunca vai abrir
mão de suas ambições imperiais
de controlar a Ucrânia.”
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | A13
A14 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Opinião
MARCIA FOLETTO/AGÊNCIA GLOBO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: João Roberto Marinho
VICE-PRESIDENTES: José Roberto Marinho - Roberto Irineu Marinho

é uma publicação da Editora Globo S/A

DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar

DIRETORA DE REDAÇÃO: Maria Fernanda Delmas

Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit

Torres pode ter muito a dizer

sobre golpe e depredações
U
ma semana depois da depredação do DF sobre a possibilidade de atos violentos
das sedes dos três Poderes, o mais ocorrerem no domingo, dada a intenção de
ofensivo ataque à democracia “tomada do poder” dos manifestantes. O aviso
desde 1985, o roteiro do foi enviado ao gabinete de Torres, que
curto-circuito na segurança no embarcou para os EUA no dia seguinte.
Distrito Federal se tornou mais claro, assim Fernando Oliveira, seu substituto na SSP, disse
como seus responsáveis e os omissos no que tudo estava bem e que negociara com os
inexistente esquema de defesa. Ainda faltam manifestantes para que o ato fosse pacífico.
respostas a todas as perguntas. O ex-ministro Essa é um dos indícios de que o vandalismo que
da Justiça, o bolsonarista Anderson Torres, se seguiu não encontrasse qualquer reação
secretário de Segurança do DF, preso no relevante do aparato de segurança.
sábado ao desembarcar, vindo dos EUA, pode O mesmo documento, que não autorizava
ter várias delas. protestos na Praça dos Três Poderes, já
Na operação de busca na residência de Torres, aceitava a premissa mais que duvidosa de que
a Polícia Federal apreendeu pelo menos um seu propósito era assegurar “o direito
documento comprometedor, a minuta de um constitucional de livre manifestação
decreto presidencial que estabelece Estado de pública”, que os bolsonaristas radicais
Defesa inédito, para intervir no Tribunal pisotearam a seguir, com júbilo. O
Superior Eleitoral com o objetivo de garantir a governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, Preservação do bioma não pode ser um projeto construído
“lisura” do pleito, a ser executado por uma
Comissão de Regularidade Eleitoral, chefiada
em sua defesa, disse que havia um plano
padrão e que houve “sabotagem”. Cenas de
de fora para dentro. Por Pedro Bastos e Danilo Fernandes
pelo ministro da Defesa e mais seis militares, de camaradagem entre PMs e depredadores

O Fundo Amazônia e o
um total de 17 membros. A minuta é prova de mostram que houve mais do isso.
que um golpe foi cogitado para corrigir o Outra parte do contexto é indicada pelo
resultado das eleições e declarar vitorioso o governador. O Exército não permitiu, nem
candidato Jair Bolsonaro. A pregação de mesmo após as depredações, que a PM entrasse
Bolsonaro, desde que assumiu em 2018, foi de
desconfiança nas urnas, fraudadas por
princípio. Bolsonaro fez, desde que tomou
posse, um ataque à democracia a cada 23 dias
nos acampamentos para prender
manifestantes. Antes disso, se recusara a
impedir a ocupação de território privativo dos
militares, jamais permitida antes. Fez mais:
desenvolvimento sustentável
A
(O Globo, ontem). deixou que cerca de 150 ônibus entrassem o inda não há consenso mento regional, para atividades parece generalizável a ponto de
As primeiras reações de Anderson Torres Setor Militar Urbano, próximo do QG , para que na luta internacional econômicas associadas a manejo transformá-la em modelo de de-
levantaram ainda mais suspeitas. Ele disse iniciassem a deprimente destruição. contra a emergência e comercialização de produtos senvolvimento regional, assim co-
que o documento fora divulgado fora do A reunião de bolsonaristas em frente ao QG climática. Na COP27, oriundos da floresta em pé. mo a mineração. O potencial de
“contexto” — qual é o contexto é tudo o que a foi objeto de nota inusual — as manifestações nações ricas aceitaram contri- Talvez isso se explique em ra- geração de riqueza é significativo,
investigação sobre sua conduta precisa eram “democráticas”, mesmo que visassem o buir para fundo compensando zão da escala e da capacidade or- mas não é universalizável. Celso
conhecer. Houve uma trama grave para fim da democracia. Nem uma linha foi “perdas e danos” nos países mais ganizacional dos tomadores de Furtado mostrou que qualquer
pobres. Porém, rejeitam qual- recursos, considerando os custos polo associado à fronteira tecnoló-
fraudar eleições e dar a Bolsonaro a vitória emitida pelas Forças Armadas após a
quer responsabilidade de inde- elevados da regularização fun- gica combina concentração de
que não conseguiu nas urnas. De quem veio a barbárie radical correr solta, sequer a de
nização pelas emissões acumula- diária e ambiental e de capacita- renda e exclusão habitacional, ex-
ideia? Torres disse que recebeu o papel de praxe, de que os militares repudiam atos das na atmosfera, e pedem que ção para elaborar e acompanhar ceto que os lucros sejam fortemen-
alguém, mas, como ministro da Justiça, dessa natureza e se colocam sob o inteiro países de renda média como o projetos. Enquanto a derrubada te taxados para financiar infraes-
aceitou uma proposta de golpe contra o dispor das autoridades constituídas. Brasil contribuam para o fundo, legal de madeira é um empreen- trutura coletiva e gasto social.
sistema democrático, não agiu e deixou os Há simpatia de parte do aparato policial e enquanto arcam por si próprios dimento de grande escala, a ex- A desigualdade da qual se par-
autores saírem assobiando por aí. militar, inclusive das cúpulas, com o com enchentes e processos de tração vegetal (frutas, castanhas te na Amazônia e o sistema tribu-
Afirmou que o material estava em uma bolsonarismo radical. A saída institucional desertificação. e óleos) mantém a floresta em pé tário brasileiro tornam imprová-
pilha de documentos que seriam destruídos, para isso tem de ser o progressivo controle O cenário para cooperação in- em várias áreas de ocupação vel um resultado menos polari-
eliminando prova de atos em si criminosos. O civil sobre o aparato do GSI, Abin e setores da ternacional é diferente no caso da camponesa e ribeirinha, quilom- zador na região, como os polos
estranho é que papel-bomba como esse não inteligência. A reação contra radicais, Amazônia. Na posse do presidente bola ou não, em geral em peque- mineradores mostram a despei-
Lula, o presidente alemão anun- na escala em territórios muitas to da geração de riqueza.
tivesse sido incinerado antes. Ele pode servir financiadores e mentores, se executada
ciou contribuição de R$ 200 mi- vezes não regularizados e sob Isso não desaconselha a pes-
de defesa prévia de Torres contra acusações dentro da lei fortalece o governo para esses
lhões para o Fundo Amazônia pressão do mercado de terras. quisa de ponta na Zona Franca
futuras vindas do campo amigo. embates no interior da máquina estatal. Tão (FA), logo reinstituído. Com a nova O aumento da escala não pare- ou além, nem a pecuária em
Outra parte do “contexto” é que na importante quanto intimidar golpistas é contribuição, o FA terá saldo em ce ser, em si, uma solução para o áreas restauradas, tampouco o
sexta-feira, 6 de janeiro, houve aviso do setor de unificar o poder repressivo do Estado, para cerca de R$ 3,8 bilhões, sendo problema, pois grandes empre- reflorestamento vinculado à ex-
inteligência da Secretaria de Segurança Pública impedir que novas tentativas aconteçam. R$ 3,4 bilhões doados pela Norue- endimentos fora da pecuária, da tração de madeira ou à monocul-
ga, podendo contar com doações produção de grãos e da extração tura florestal, mas sugere priori-
de novos países em breve. de madeira tendem a recorrer à zar doações à bioeconomia da
Editor-executivo Marcos de Moura e Souza Editor de S.A. Correspondente internacional Nossa floresta tropical ficará monocultura florestal, estimu- sociobiodiversidade da Amazô-
de Opinião (marcos.souza@valor.com.br) Nelson Niero Assis Moreira (Genebra) ainda mais no centro da atenção lando por tabela o mercado de nia. Para manter a floresta em pé
José Roberto Campos Maria Cristina Fernandes (nelson.niero@valor.com.br) (assis.moreira@valor.com.br) e, se possível, da cooperação in- terras. Ademais, a monocultura sem recorrer só à proteção, re-
(jose.campos@valor.com.br) (mcristina.fernandes@valor.com.br) Correspondentes nacionais
Editores-executivos
Editora de Carreiras
Cibelle Bouças (Belo Horizonte)
ternacional, caso a COP30 seja florestal deixa apenas uma parte quer-se uma estratégia que ga-
Marli Olmos Stela Campos
Catherine Vieira (marli.olmos@valor.com.br) (cibelle.boucas@valor.com.br) realizada na Amazônia em 2025. da floresta em pé, prejudicando a ranta a reprodução material de
(stela.campos@valor.com.br)
(catherine.vieira@valor.com.br) Mônica Scaramuzzo Editor de Cultura
Marina Falcão (Recife) Quais prioridades devem orien- biodiversidade que é condição de população vasta ao longo da to-
Fernando Torres (monica.scaramuzzo@valor.com.br) Hilton Hida
(marina.falcao@valor.com.br)
tar a destinação das doações? reprodução florestal e da própria talidade do bioma, em escala
(fernando.torres@valor.com.br)
Robinson Borges
Editor de Brasil (hilton.hida@valor.com.br) A impressão até agora é que, monocultura a médio prazo. compatível com a preservação da
Eduardo Belo
(robinson.borges@valor.com.br) Editor de Legislação & Tributos
VALOR INVESTE por si só, o FA não foi capaz de al- diversidade, inclusive em unida-
(eduardo.belo@valor.com.br) Arthur Carlos Rosa
Sergio Lamucci Editora terar a lógica das atividades pro- des de conservação com manejo
(sergio.lamucci@valor.com.br)
Editor de Política (arthur.rosa@valor.com.br) Daniele Camba
dutivas na floresta. Com isso não
Apoio à restauração de sustentável. Talvez a cooperação
César Felício
Zinia Baeta
(zinia.baeta@valor.com.br)
(cesar.felicio@valor.com.br)
Editor de Arte/Fotografia
Silas Botelho Neto
(daniele.camba@valor.com.br)
queremos dizer que o BNDES, ad- áreas degradadas deve internacional, à medida que dis-
Sucursal de Brasília
Editor de Internacional
Humberto Saccomandi
(silas.botelho@valor.com.br) ministrador de recursos em no- ser combinado com ponha de recursos doados como
PIPELINE
Fernando Exman
(humberto.saccomandi@valor.com.br)
Editora Valor Online
Editora
me do Conselho Orientador do operações firmes de no Fundo Amazonia, possa
(fernando.exman@valor.com.br) Paula Cleto Fundo (COFA), poderia ter barra- apoiar decisivamente tal bioeco-
Sucursal do Rio Editora de Tendências
& Consumo e Tecnologia
(paula.cleto@valor.com.br)
Maria Luíza Filgueiras
(maria.filgueiras@valor.com.br) do a expansão indiscriminada de controle da grilagem nomia, por exemplo financiando
Francisco Góes
Editora Valor PRO
(francisco.goes@valor.com.br) Cynthia Malta
Roberta Costa
atividades predatórias que enri- parcerias público-privadas em
(cynthia.malta@valor.com.br)
Repórteres Especiais
roberta.costa@valor.com.br COLUNA DE ECONOMIA quecem poucos, o rumo da boia- Quanto à pecuária, o aumen- infraestrutura de pequeno porte
Adriana Mattos Editor de Indústria
(adriana.mattos@valor.com.br) e Infraestrutura
Coordenador Valor Data E POLÍTICA da que Bolsonaro e Salles deixa- to da produtividade tem sido es- e no fomento a atividades socio-
Cristiano Romero
Alex Ribeiro (Brasília) Ivo Ribeiro (ivo.ribeiro@valor.com.br)
William Volpato
(cristiano.romero@valor.com.br)
ram passar e da decisão de abolir sencial para permitir sua repro- biodiversas, dando escala à pe-
(william.volpato@valor.com.br)
(alex.ribeiro@valor.com.br) Editor de Agronegócios o COFA em 2019, interrompendo dução ampliada sem pressão quena produção através de apoio
Daniela Chiaretti Editores de Projetos Especiais
Fernando Lopes
Célia Rosemblum
a aprovação de novos projetos. por novas pastagens em várias a cooperativas e outras formas de
(daniela.chiaretti@valor.com.br) (fernando.lopes@valor.com.br) VALOR INTERNATIONAL
Fernanda Guimarães (celia.rosemblum@valor.com.br) Editor
Contudo, há um outro proble- regiões brasileiras. Na Amazô- organização coletiva de unida-
Editora de Finanças
(fernanda.guimaraes@valor.com.br) Talita Moreira Tania Nogueira Alvares Samuel Rodrigues ma anterior. De 2009 até 2021, o nia, porém, há um mercado de des familiares, assim como ao re-
João Rosa (joao.rosa@valor.com.br) (talita.moreira@valor.com.br) (tania.nogueira@valor.com.br) (samuel.rodrigues@valor.com.br) apoio às atividades produtivas sus- terras ainda em expansão, for- fino industrial e à construção de
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br) tentáveis representou 27% do valor mando ciclos de incorporação marcas internacionais.
Para assinar o serviço em tempo real Valor PRO: falecom@valor.com.br ou 0800-003-1232 da carteira de projetos do FA, ou de pastagens inseridas por grila- A preservação do bioma ama-
Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais) seja, R$ 479 milhões. Nesses doze gem no mercado, barateando zônico não pode ser um projeto
Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jardim Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP – Telefone 0 xx 11 3767 1000 anos, foram gerados R$ 254 mi- seu preço de tempos em tempos. construído de fora para dentro,
Departamentos de Publicidade Impressa e On-line SP: Telefone 0 xx 11 3767-7955, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333.
lhões em receitas obtidas com a Tal mecanismo dificulta frear a como um objetivo de “resgate”
Legal SP 0 xx 3767 1323
Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br comercialização de produtos, rela- expansão da pecuária de baixa das florestas contra as popula-
Sucursal de Brasília SCN Quadra 05 Bloco A-50 – Brasília Shopping – Torre Sul – sala 301 – 3º andar – Asa Norte – Brasília/DF - CEP 70715-900 tivamente pouco se considerar- produtividade sobre a floresta, ções e a suposta falta de conheci-
Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240 mos que a receita total gerada com mesmo com o avanço de fazen- mento local. Só se enraizará e
Publicidade - Outros Estados
extração vegetal só em 2020 foi de das mais modernas. Logo, o preservará a floresta se for um
BA/SE/PB/PE e Região Norte MG/ES - PR - SEC - Soluções RS - SC - Marcucci &
Canal Chetto Comun. e Sat Propaganda Estratégicas em HRM Representações Gondran Associados R$ 900 milhões, e com madeira le- apoio à restauração de áreas de- projeto construído coletivamen-
Representação Tel./Fax: (31) Comercialização Tel./Fax: (51) Tel./Fax: (48) gal foi de R$ 1,048 bi. gradadas deve ser combinado te e com a participação produti-
Tel./Fax: (71) 3043-2205 3264-5463/3264-5441 Tel./Fax: (41) 3019-3717 3231-6287/3219-6613 3333-8497/3333-8497
Notável é que, entre com operações firmes de con- va dessas populações.
Para contratação de assinatura e atendimento ao assinante, entre em contato pelos canais:
Call center: 0800 7018888, whatsapp e telegram: (21) 4002 5300. Portal do assinante: portaldoassinante.com.br
2009-2020, a receita geral com trole da grilagem.
Para assinaturas corporativas e-mail: corporate@valor.com.br extração vegetal aumentou 41%, No polo oposto, a imagem do Pedro Paulo Zahluth Bastos e Danilo
Aviso: o assinante que quiser a suspensão da entrega de seu jornal deve fazer esse pedidoà central de atendimento com 48 horas mas com madeira sustentável, futuro dos municípios amazôni- Araujo Fernandes são paraenses,
de antecedência 1.185% (12 vezes). Ou seja, o FA das como centros da química fina respectivamente professores de
Preço de nova assinatura anual (impresso + digital) para as regiões Sul e Sudeste: R$ 1.618,80 ou R$ 134,90 mensais. parece ter contribuído pouco, e da biotecnologia avançada com desenvolvimento socioeconômico na
Demais localidades, consultar o Atendimento ao Assinante. Tel: 0800 7018888. Carga tributária aproximada: 3,65% como os demais órgãos de fo- base na diversidade ecológica não Unicamp e na UFPA.

Opinião
Devagar com o andor e com a automação
Francisco Gaetani e
Virgílio Almeida
O governoquer.”
s sinais emitidos pelo
novo governo são cla-
ros: a recuperação e
modernização da in-
dústria brasileira, com ênfase na
transformação digital do setor
serão prioridade. Países desen-
volvidos compreenderam a ne-
cessidade de se focar nas novas
tecnologias como forças motri-
zes do desenvolvimento. A pre-
missa é a de que o motor impul-
sionador da reestruturação pro-
dutiva é a transformação digital,
combinada com a descarboniza-
ção da economia.
O pilar fundamental da trans-
formação digital é o conjunto de
tecnologias avançadas, que in-
cluem inteligência artificial, ro-
bôs, big data, realidade aumen-
tada, internet das coisas e redes,
que são os vetores que interligam
praticamente tudo: sociedade,
empresas e governos. Os poten-
ciais benefícios das tecnologias
digitais são múltiplos. Elas po-
dem trazer inovação, eficiência,
competitividade e redução de
custos para a sociedade e a eco-
nomia. Podem também tornar os
serviços públicos mais transpa-
País detém mais de 50% da dívida de países pobres com credores oficiais .Por Anne Krueger
China e a bomba da dívida soberana
O
s fluxos internacionais
de capital são há muito
tempo uma fonte im-
portante de crescimen-
to econômico. A poupança em
países de alta renda tem finan-
ciado investimentos com altas
taxas de retorno em países de
baixa renda, o que gera benefí-
cios para todos. Com o fim da Se-
gunda Guerra Mundial, os fluxos
de capital sob o Plano Marshall
levaram à rápida reconstrução
da Europa e, depois que se recu-
peraram, seus países estenderam
uma ajuda externa própria e ou-
tros fluxos financeiros oficiais ao
mundo em desenvolvimento. O
financiamento privado também
aumentou de forma expressiva;
nos anos 1990, ele respondia por
mais da metade dos fluxos totais
de capital para os países em de-
senvolvimento.
Alguns desses fluxos levaram a
resultados espetaculares. A Coreia
do Sul era um dos países mais po-
bres do mundo nos anos 1950,
com uma taxa de poupança de
apenas 3% do Produto Interno Bru-
to (PIB). Mas depois de implemen-
tar grandes reformas políticas ela
pôde tirar proveito de grandes in-
fluxos de capital para financiar in-
vestimentos com taxas de retorno
muito altas. E, posteriormente,
tornou-se uma economia avança-
da. Altas taxas de poupança e in-
vestimento significam que o país
não tem dificuldades para pagar o
serviço de sua dívida.
Mas nem todos os países de bai-
xa renda adotaram políticas ma-
croeconômicas e outras propícias
ao crescimento. Muitos tomaram
empréstimos para cobrir déficits
do balanço de pagamentos e ou-
tros problemas, com o que esgota-
ram suas reservas cambiais e puse-
ram em risco seu acesso aos merca-
dos de capital privado.
Durante décadas, a comunida-
de internacional tratou desses
problemas por meio do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e
de um acordo informal entre cre-
dores oficiais (governos) conhe-
cido como Clube de Paris. Quan-
do um país endividado passava
por dificuldades, o FMI intervi-
nha para oferecer financiamento
de curto prazo e recomendar re-
formas políticas destinadas a pôr
a economia de volta no caminho
do crescimento sustentável.
Uma vez que o FMI e o gover-
rentes, disponíveis e eficientes.
Os processos de transformação
digital em vários países como Di-
namarca, Holanda, Canadá e Co-
reia do Sul têm obtido sucesso
com claros resultados para a so-
ciedade e para economia.
Observa-se atualmente um fe-
nômeno que tem chamado a aten-
ção de economistas notáveis, co-
mo Paul Romer e Joseph Stiglitz,
ambos ganhadores do Prêmio No-
bel. Trata-se de um fenômeno de-
corrente da nova onda de tecnolo-
gias de inteligência artificial, que
amplia radicalmente as possibili-
dades de automação e uso de ro-
bôs na substituição de trabalhado-
res humanos, executando não ape-
nas tarefas rotineiras, mas tam-
bém executando atividades profis-
sionais mais complexas.
Esse fenômeno tem sido descri-
to como “automação excessiva’’.
Uma consequência preocupante
dessa tendência de automação é a
destruição de empregos médios e
bons para os trabalhadores com
ensino médio apenas, sem forma-
ção mais avançada. É bom acen-
tuar que as possibilidades da inte-
ligência artificial combinada com
a robotização não se restringem ao
chão de fábrica e alcançarão tam-
bém o setor de serviços e profissio-
nais liberais.
É justamente esse lado sombrio
da automação que acende uma luz
vermelha importante para os go-
vernos no mundo inteiro. A auto-
mação excessiva pode ampliar a
exclusão social, indo frontalmente
contra uma das principais priori-
dades globais que é a redução das
desigualdades sociais e econômi-
O fracasso em
adiantar-se às crises da
dívida do mundo em
desenvolvimento teria
como resultado uma
estagnação e depressão
prolongadas em
economias
pesadamente
endividadas, com
enormes custos
humanitários
cas. Esse é o nó da questão que re-
quer uma discussão ampla com a
sociedade. Todos os países emer-
gentes debatem como conciliar
objetivos estratégicos potencial-
mente conflitantes, como moder-
nização da indústria, automação e
redução da desigualdade. Por isso
a referência ao ditado popular:
“Devagar com o andor, que o santo
é de barro”, que sugere cautela ao
tratar das iniciativas de se acelerar
os processos de automação.
A perda de postos de trabalho
que poderiam conviver com a di-
gitalização de forma combinada,
agregando valor ao processo no
seu conjunto, tem sido subesti-
mada. Organizações tem se tor-
nado plataformas digitais, ope-
radas por algoritmos impessoais,
que levam à eliminação de em-
pregos, frequentemente desne-
cessária, contraproducente e an-
tieconômica, em função da desa-
tenção para com as implicações
da supressão do fator humano.
Em um artigo recente sobre os
impactos das mudanças tecnoló-
gicas sobre o mercado de traba-
lho, David Autor, professor de
economia do MIT, explora a in-
certeza que temos sobre nosso
futuro tecnológico. A velocidade
das inovações tecnológicas com-
binada com o avanço das tecno-
logias de inteligência artificial
em todas as áreas ampliou o rol
de possibilidades tecnológicas
em direção a limites que ainda
são pouco visíveis no momento.
Até onde deve chegar a automa-
ção? Por isso o artigo coloca a ad-
vertência de cautela no contexto
da inteligência artificial (IA):
no do país devedor acertassem
um programa de reformas, os
credores do Clube de Paris po-
diam negociar uma redução da
dívida bilateral oficial em ques-
tão para torná-la sustentável.
Nesse processo estava implícito
que os credores privados tam-
bém deveriam aceitar um corte
semelhante. Caso contrário, os
recursos do resgate do FMI aca-
bariam por ser usados para pa-
gar as dívidas do país com o se-
tor privado, e não para restaurar
a atividade econômica.
Embora esse sistema de gestão
de crises estivesse longe de ser per-
feito, em geral ele funcionava. Mas
a situação mudou nas últimas
duas décadas, durante as quais a
China se tornou um importante
provedor de crédito para países
em desenvolvimento. Em 2022, os
74 países de renda mais baixa do
mundo tinham obrigações de ser-
viço da dívida que somavam
US$ 35 bilhões, dos quais US$ 13,1
bilhões – 37% – eram devidos à Chi-
na. De acordo com um informe so-
bre políticas do Peterson Institute
for International Economics, pu-
blicado em maio de 2021, a China
responde por mais de 50% de toda
a dívida dos países pobres com cre-
dores oficiais.
O fato de a China ter se torna-
do um dos principais credores
criou vários problemas, sobretu-
do porque o país recusou um
convite para ingressar no Clube
de Paris. Enquanto os membros
do Clube de Paris compartilham
informações sobre as quantias
que lhes são devidas, a China não
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
“Dada a aplicabilidade potencial
da IA para um vasto conjunto de
propósitos, nós coletivamente
(ou seja, indivíduos, organiza-
ções e governos) não devemos
simplesmente perguntar o que a
IA realizará, mas o que queremos
que ela realize. Como podemos
usar a IA de forma mais produti-
va para complementar os traba-
lhadores, aumentar a produtivi-
dade e, de forma mais ampla, en-
frentar os problemas mais ur-
gentes da humanidade’’?
Automação excessiva
pode ampliar a exclusão
social, indo contra uma
das prioridades globais: a
redução de desigualdades
Caberá ao Estado e às lideran-
ças empresariais articular, junta-
mente com a participação dos
trabalhadores, a transição digital
criando um contexto para uma
política industrial que apoie a
inovação, estimule a cooperação
público-privada, fortaleça a ciên-
cia e a tecnologia e garanta con-
dições para os trabalhadores se
adaptarem aos novos paradig-
mas tecnológicos.
Há pelo menos dois caminhos
onde políticas públicas podem
ser usadas para direcionar os ru-
mos da automação. No primeiro,
a IA, juntamente com a robotiza-
ção, pode ampliar a automação,
através da substituição do ele-
mento humano, tomando lugar
de trabalhadores, em busca de
eficiência e redução de custo no
o faz. Tampouco se dispõe a par-
ticipar de maneira significativa
em acordos multilaterais para re-
estruturação de dívidas. Em vez
disso, o país tem operado como
uma caixa preta, ao vincular
acordos de confidencialidade a
muitos de seus empréstimos e ca-
nalizar crédito por uma ampla
gama de agências.
Em 2020, o G20 — que inclui a
China — acertou uma Estrutura
Comum para lidar com o supe-
rendividamento nos países em
desenvolvimento. Mas houve
pouco progresso adicional desde
então. Este mês, Gana tornou-se
apenas o quarto país a candida-
tar-se a receber ajuda sob esse
mecanismo.
Enquanto isso, o número de paí-
ses que têm problemas sérios com
o serviço da dívida continua a cres-
cer. Zâmbia e Sri Lanka já deixaram
de pagar seus empréstimos e suas
economias estão em recessão pro-
funda. Embora o Sri Lanka — junto
com o Malawi — tenha aceitado os
termos de um novo programa do
FMI de maneira preliminar, o acor-
do não pode ser assinado (ou os re-
cursos desembolsados) até que a
dívida se torne sustentável. Quan-
do o nível de uma dívida é insus-
tentável, o FMI não pode aprovar
um empréstimo sem que todos os
credores importantes concordem
com uma reestruturação.
A paralisia resultante pôs mui-
tos outros países pobres em peri-
go. A Tunísia não pode cumprir
seu orçamento sem financia-
mento internacional por meio de
bônus. Gana, que já passava por
curto prazo. Mas essa opção pode
acabar levando a impactos so-
ciais negativos. Um segundo ru-
mo é usar a inteligência artificial
para ampliar a capacidade dos
trabalhadores, combinando a as
habilidades humanas com a ca-
pacidade inovadora da IA.
Políticas públicas podem ser
usadas para direcionar investi-
mentos e incentivos para indús-
trias que buscam usar as tecnolo-
gias de inteligência artificial para
“empoderar’’ o elemento huma-
no, diminuindo o impacto social
da automação. Políticas públicas
podem também orientar o finan-
ciamento de pesquisas e desen-
volvimentos de tecnologias que
valorizam a relação trabalhador
e inteligência artificial, sem des-
cartar o elemento humano.
A tecnologia pode ser parceira
do trabalho humano de múlti-
plas formas. Tarefas puramente
repetitivas ou que trazem riscos
para os trabalhadores podem ser
substituídas por algoritmos em-
poderados pela IA abrindo espa-
ço para uma valorização da capa-
cidade das pessoas agregarem
valor ao trabalho. Esta é a pre-
missa em torno do qual governos
dos países desenvolvidos estão
estruturando suas políticas de
transformação digital.
Francisco Gaetani é professor da
EBAPE/FGV.
Virgilio Almeida é professor associado
ao Berkman Klein Center da
Universidade de Harvard, professor
emérito da UFMG e ex-secretário de
Política de Informática do Ministério da
Ciência e tecnologia e Inovação.
dificuldades por causa de uma
carga pesada de dívida, foi obri-
gada em novembro a emitir um
bônus do Tesouro de seis meses,
com a taxa de juro ruinosa de
36%. O Paquistão, depois de ser
devastado por enchentes no ve-
rão passado, tem reservas em
moeda estrangeira equivalentes
a apenas um mês de importações
— bem abaixo de um nível consi-
derado seguro. E esses são ape-
nas alguns dos países com níveis
de dívida que são, ou devem se
tornar, insustentáveis.
Sem ajuda internacional, esses
países altamente endividados se-
rão confrontados com problemas
constantes de falta de eletricidade,
combustível e outros itens essen-
ciais (como observamos no Sri
Lanka, no ano passado), o que leva
à estagnação ou ao declínio econô-
mico. À medida que mais países
caiam nessa armadilha, crises hu-
manitárias e o aumento drástico
da pobreza se seguirão.
É do interesse de todos encon-
trar formas de garantir a reestrutu-
ração das dívidas, juntamente com
as reformas de política econômica
necessárias, para países em extre-
ma necessidade. A renovação de
uma ofensiva sobre esta questão
poderia resultar em um acordo en-
tre China e os outros credores, para
benefício de todos. A rota mais
promissora seria dar ao FMI mais
autoridade para decidir quando
uma dívida é insustentável.
O fracasso em adiantar-se às cri-
ses iminentes da dívida do mundo
em desenvolvimento representa-
ria um fracasso moral e enfraque-
ceria o crescimento econômico
mundial, pois estimularia uma
pressão maior por proteção nos
países avançados e instigaria mais
resistência às reformas nos países
em desenvolvimento. O resultado
seria uma estagnação e uma de-
pressão prolongadas em econo-
mias pesadamente endividadas,
com enormes custos humanitá-
rios. (Tradução de Lilian Carmona)
Anne O. Krueger, ex-economista chefe
do Banco Mundial e ex-primeira vice-
diretora-gerente do Fundo Monetário
Internacional (FMI), é professora
pesquisadora sênior de Economia
Internacional na Escola de Estudos
Internacionais Avançados da
Universidade Johns Hopkins. Copyright:
Project Syndicate, 2023.
www.project-syndicate.org
| Valor | A15
Frase do dia
“Bolsonarovia
estataiscomoum
instrumentode
governo,comoo
PTvê.Éaideia
deusarestatais
paraoqueo
De Sérgio Lazzarini, professor da
canadense Ivey Business School
Cartas de
Leitores
Salário mínimo
Todo brasileiro deveria fazer
uma reflexão a respeito: como
pode o Brasil sendo o maior país
da América Latina, a maior eco-
nomia e o mais rico ter um salá-
rio mínimo tão mesquinho?
Como comparação cito em
dólares os salários dos nossos vi-
zinhos: Chile, US$ 475; Peru, US$
269; Paraguai US$ 349; Panamá
US$ 326; Equador US$ 450; Costa
Rica US$ 603; Honduras US$ 316;
Uruguai US$ 540; Argentina
US$ 190; Venezuela US$ 8 e o
Brasil US$ 240. Um salário que
envergonha o mundo tendo em
vista seu vasto território e rique-
za. Como sobreviver com essa
miséria levando-se em conta os
três principais itens: moradia,
alimentação e transporte. O Bra-
sil é um país que deveria gerar
empregos e menos carga tributá-
ria, mas aqui ocorre o contrário,
o pobre é relegado ao terceiro
plano e quem sobrevive é herói.
Izabel Avallone
izabelavallone@gmail.com
Mercado
Com o estilo que lhe é peculiar, o
presidente Lula disse que o “mer-
cado não tem coração”, e ele está
correto. O mercado, termo que
indica o conjunto de pessoas físi-
cas e jurídicas com capacidade
de investir na economia de um
país ajudando-o a crescer não
tem e não pode ter coração
Isso nada mais significa que pa-
ra tomar a decisão de abrir ou não
uma nova fábrica, de gerar ou não
empregos, etc, o mercado não se-
gue o coração, sentimentos, se-
quer ideologias. Ele quer saber se o
investimento estará seguro, se terá
retorno, se criará frutos.
Por isso, não adianta esbrave-
jar contra o mercado. O que cabe
ao presidente Lula fazer é criar as
condições para que o mercado
possa investir, dentre estas con-
dições estão a previsibilidade, es-
tabilidade, corte de gastos públi-
cos, responsabilidade fiscal,
combate à corrupção.
Não se pode descuidar do so-
cial, dos milhões de pobres
abandonados pelo Estado dirigi-
do pelos governos pregressos,
mas para que isso possa ser feito
é preciso reconhecer que o mer-
cado “não tem coração”, então
responsabilidade temos que ter.
Luciano de Oliveira e Silva
Luciano.os@adv.oabsp.org.br
Corrupção
É perturbador o resultado de pes-
quisa mundial produzido em
2021 pela Transparência Interna-
cional na qual é analisado o Índice
de Percepção de Corrupção de 180
países. A conclusão mostrou que o
Brasil ocupa a posição 96, atrás de
países como Vietnã, Tanzânia,
Etiópia e Burkina Faso. Tal quadro
sugere que os grupos humanos
encarregados de conduzir os des-
tinos deste gigante verde e amare-
lo são pouco transparentes e mal
qualificados na medida em que
consistem de autoridades que pri-
mordialmente desenvolvem polí-
ticas com foco em grupos particu-
lares, não visando prioritariamen-
te, portanto, ao bem estar do povo.
Paulo Roberto Gotaç
pgotac@gmail.com
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
A16 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Especial
Entrevista Presidente do conselho do
Bradesco mostra otimismo com o país
Brasil volta ao
protagonismo
em Davos,
prevê Trabuco
Mônica Scaramuzzo
De Davos, Suíça
O Brasil voltará ao centro de dis-
cussões importantes no Fórum
Econômico Mundial em 2023,
com uma agenda econômica e am-
biental mais relevantes com o no-
vo governo. “O Brasil terá um pro-
tagonismo maior este ano [nos de-
bates]”, diz Luiz Carlos Trabuco
Cappi, presidente do conselho de
administração do Bradesco.
Para Trabuco, há um novo fres-
cor nas relações políticas e insti-
tucionais e, principalmente, nas
relações internacionais. “A gente
está vendo que a proposta do go-
verno Lula é de distensão, com
maior compreensão nas pessoas
que pensam diferente. A convi-
vência dos contrários. Isso é de-
mocracia, né?”
No passado recente, as posi-
ções antagônicas do governo an-
terior, sobretudo em relação às
discussões ambientais e políticas
internacionais tiraram o Brasil
do foco das discussões globais,
segundo o executivo.
Presente na posse do presiden-
te Luiz Inácio Lula da Silva, Tra-
buco lamenta os atos golpistas
do dia 8 de janeiro e diz que a re-
lação entre os Três Poderes da Re-
pública está se fortalecendo des-
de então. “O presidente Lula foi
eleito, diplomado e empossado.
Agora é trabalhar.”
Os atos foram lamentáveis e
devem ser repudiados e investi-
gados, como tem sido feito. Não
há defesa para o que aconteceu.
A relação das instituições tem
mitigado o risco de crescimento
da radicalização, o que leva a
uma possibilidade maior de en-
tendimento político.”
O executivo vê um comprome-
timento grande do ministro da
Fazenda, Fernando Haddad (PT),
com a responsabilidade fiscal e
acredita que o pacote anunciado
na semana passada é um primei-
ro passo neste sentido.
Para ele, a credibilidade de Ma-
rina Silva (Rede) nas questões
ambientais colocará a ministra
do Meio Ambiente no centro das
atenções em Davos.
A combinação da responsabi-
lidade fiscal e social deverá ser a
tônica do novo governo. “Não
podemos deixar de reconhecer
que o Brasil tem um déficit social
grande. Um olhar para essa ques-
tão social é muito importante e
deve ser prioridade. Isso faz o go-
verno ter um planejamento de
longo prazo. Não é uma questão
e outra. São as duas coisas ao
mesmo tempo.”
A seguir, os principais trechos
da entrevista:
Valor: Quais suas expectativas
para o Brasil este ano nos debates
econômicos e políticos em Davos?
Luiz Carlos Trabuco Cappi: O
Brasil vai ter um protagonismo
maior neste fórum. Nos últimos
anos esse protagonismo foi me-
nor. E vejo três motivos para a
maior relevância do país este
ano. Primeiro, pela importância
econômica do Brasil. A segunda
razão é pelo novo olhar em rela-
ção ao meio ambiente e, princi-
palmente, pelas expectativas
com o novo governo.
Valor: Por quê?
Trabuco: Tem um novo frescor
nas relações políticas e institu-
cionais e, principalmente, nas re-
lações internacionais. A gente es-
tá vendo que a proposta do go-
verno Lula é de distensão, com
maior compreensão nas pessoas
que pensam diferente. A convi-
vência dos contrários. Isso é de-
mocracia, né?
Valor: Por que o Brasil ficou fora
do foco nos últimos anos das discus-
sões internacionais?
Trabuco: Digamos que houve
muitas posições antagônicas
com relação, sobretudo, aos prin-
cípios ambientais, sociais e de go-
vernança (ESG, em inglês), que vi-
rou uma tendência no mundo.
Nós ficamos muito divergentes
nessa onda em relação ao meio
ambiente, nas relações interna-
cionais. Então, essa normalização
da política internacional dá con-
dições ao Brasil de ter um melhor
diálogo a partir agora.
Valor: O ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, anunciou na se-
mana passada seu primeiro pacote
econômico. Qual é a sua avaliação?
“
A relação das
instituições tem
mitigado o risco
de radicalização
maior, o que leva
a possibilidade
de entendimento
político”
Trabuco: O Brasil tem vanta-
gens comparativas muito evi-
dentes em relação a outras eco-
nomias. Nós temos vantagens
competitivas do mesmo porte. O
tamanho do agronegócio sus-
tentável e da matriz de energia
limpa coloca o país em vanta-
gem. O mercado internacional e
local acompanha com muita
atenção os novos passos da polí-
tica econômica brasileira, e este
apoio vai aumentar à medida
que as propostas passem a ter
consistência na âncora fiscal, por
exemplo, e no bom encaminha-
mento da reforma tributária, que
são duas peças importantes de
avaliação. É lógico que a reforma
tributária vai discutir com muita
profundidade a questão federa-
tiva. E o que importa é que a pro-
posta tem de ser real, crível e ter
um propósito que o ministro
Haddad tem colocado. Nesta se-
mana, o Haddad reafirmou o
compromisso fiscal e passou
uma mensagem de confiança nu-
ma postura realista, buscando
receitas extraordinárias, tendo
como alvo despesas menores que
o previsto e até a reoneração de
determinados impostos que visa
a aumentar o volume da arreca-
dação. É lógico que o Haddad
tem um direcionador próprio de
senso de urgência, que ele esta-
beleceu para o governo.
Valor: Com o Bernard Appy na
equipe econômica, o senhor acredi-
ta que a reforma ganhe tração para
ser aprovada este ano?
Trabuco: Nós temos de ter uma
visão pragmática. O Bernard Ap-
py tem trabalhado há muitos
anos por uma reforma tributária
que será feita no gerúndio. Ou se-
ja, vai sendo feita. Há dificulda-
des concretas pelas disputas en-
tre Estados produtores e consu-
midores, mas acho que a expan-
Trabuco: “A proposta do governo é de distensão, com maior compreensão dos que pensam diferente, a convivência dos contrários; isso é democracia, né?”
são da consciência da necessida-
de da simplificação tributária co-
loca a proposta do Appy entre a
mais viável. Simplificando a es-
trutura de arrecadação, se azeita
o ambiente de negócios neutrali-
zando perdas dos entes federati-
vos, entre Estados e municípios.
Essa oportunidade não pode ser
perdida. Temos de lembrar que o
Congresso está com muita cons-
ciência dessa necessidade.
Valor: Especialistas ainda estão
céticos em relação ao pacote econô-
mico anunciado pelo ministro da
Fazenda na semana passada...
Trabuco: Evidente que nós
precisamos de ambições. Não
basta ter uma meta. O movimen-
to de estabelecer o montante [de
R$ 243 bilhões, entre receitas e
corte de gastos] foi muito bem
aceito e merece conhecimento
de que é um excelente começo.
Valor: Como o senhor vê a rela-
ção do Congresso com o Lula este
ano, sobretudo depois dos atos gol-
pistas do dia 8 de janeiro?
Trabuco: Essa uma questão
muito importante porque con-
textualiza a política e a econo-
mia. O presidente Lula foi eleito,
diplomado e empossado. Agora
é trabalhar. Os atos foram lamen-
táveis e devem ser repudiados e
investigados, como tem sido fei-
tos. O que eu destacaria é que a
relação entre os Três Poderes da
República está se fortalecendo.
Não há defesa sobre o que acon-
teceu. A relação das instituições
tem mitigado o risco de cresci-
mento da radicalização, o que le-
va a uma possibilidade de maior
entendimento político. Esse for-
talecimento do diálogo que su-
cedeu a esses episódios lamentá-
veis dá ao governo um bom trân-
sito com o Congresso.
Valor: O presidente Lula ficou
mais fortalecido?
Trabuco: Com a ameaça à de-
mocracia, que assustou todo
mundo, Lula é uma liderança
que tem as condições para dar
um clima de pacificação ao país.
Valor: Qual sua avaliação dos
ministros indicados por Lula?
Trabuco: O novo governo é for-
mado por ministérios amplos
com capacidade de trabalho
muito grande. Estive na posse do
presidente e de vários ministros.
Dá para se observar a firmeza de
propósito e a vontade deles de fa-
zer algo diferente dentro do pro-
cesso democrático.
Valor: Como o senhor acha que
deve ser o desdobramento dessas in-
vestigações, considerando a prisão
do ex-ministro Anderson Torres e a
inclusão do ex-presidente Jair Bol-
sonaro nas investigações?
Trabuco: O que aconteceu re-
quer uma investigação e apura-
ção e as instituições, ao meu ver,
estão seguindo esse caminho.
Valor: Como o senhor avalia esse
movimento de polarização e como
essas discussões devem ser tratadas
em Davos?
Trabuco: Depois de participar
tantos anos das reuniões em Da-
vos, sobre diferentes temas, fi-
quei pensando que palavras de-
verão ser um direcional para Da-
vos este ano. Acho que é vencer
crises. Quais crises? Nós tivemos
a pandemia, estamos com a guer-
ra na Ucrânia que desorganizou
muito das cadeias alimentares
do mundo e aí tivemos movi-
mento inflacionário mundial. Te-
mos um novo olhar da globaliza-
ção, com a reorganização das ca-
deias produtivas. Além disso, te-
mos agora essa desconfiança
com o ambiente democrático. O
mundo agora quer ser ESG, que
não só serve para as empresas,
mas também para os Estados.
Acho que esse novo olhar nos le-
va a tentar vencer essas crises. Te-
mos de sair desse quarto escuro
que a gente acabou entrando por
conta desses vários episódios que
citei. Temos de buscar um mun-
do mais sustentável, inclusivo e
menos inflacionário. A inflação
penaliza o mundo todo e as polí-
ticas monetárias mais arrocha-
das podem levar à recessão glo-
bal. A gente vai ter nesse ano de
2023 a construção de novos dire-
cionadores. Não podemos per-
der uma década.
Valor: Como o senhor vê o cená-
rio econômico para o Brasil?
Trabuco: O Banco Central brasi-
leiro foi extremamente diligente,
com um bom direcionamento da
política monetária. Agora há um
desejo generalizado no Brasil e no
mundo para que as taxas de juros
caiam porque é importante para a
retomada econômica e dos inves-
timentos. Temos de tomar medi-
das fiscais de longo prazo. Por is-
so, acho que trabalhar para a re-
dução das taxas de juros é uma
prioridade. Nós precisamos de
uma âncora fiscal de longo prazo.
É preciso dizer que os gastos fis-
cais foram essenciais para enfren-
tar a crise pós-pandemia. Agora
precisamos buscar um caminho
funcional mais realista para man-
ter coeficiente fiscal sem despre-
zar déficits sociais que nós temos
e que já estão endereçados.
Valor: Haddad ainda não deu si-
nais como serão os direcionamen-
tos da ancoragem fiscal.
Trabuco: A agenda do ministé-
rio da Fazenda nos mostra esse
primeiro movimento que é posi-
tivo. Acredito que a discussão fis-
cal está na agenda do governo.
Temos de aguardar.
Valor: Como o senhor avalia que
o governo possa equilibrar a agen-
da fiscal e social?
Trabuco: A compatibilização da
responsabilidade fiscal e social é o
grande desafio dos governos, do
Brasil em particular. Não podemos
deixar de reconhecer que o Brasil
tem um déficit social grande por
várias décadas. Um olhar para essa
questão social é muito importante
e é prioridade. Isso faz o governo
ter um planejamento de longo
prazo. Fortalecer a democracia, fa-
zer essa distensão, vai criar políti-
cas de inclusão social mais ade-
quada. Não é uma questão e outra.
São as duas coisas ao mesmo tem-
po. Tem de ter uma visão holística
dessa questão.
“
Compatibilizar
responsabilidade
fiscal e social é o
grande desafio.
Temos de
reconhecer que
o Brasil tem um
déficit social”
Valor: E como o senhor vê as dis-
cussões sobre mudanças climáticas
e meio ambiente do novo governo
em Davos?
Trabuco: Ao falar da Marina, eu
diria que ela tem credibilidade e
cria uma expectativa de virada na
política ambiental brasileira. Ela
tem prestígio e coerência. Eu te-
nho certeza que ela será uma das
estrelas de Davos. O Brasil tem,
eu diria, um ovo de Colombo,
que é o combate ao desmata-
mento, às políticas de equilíbrio
ecológico. O mundo reconhece
que o Brasil pode ser uma refe-
rência nessas questões. E temos
tecnologia para isso. Neste tema,
nós estamos ganhando e vamos
ter respeitabilidade maior. So-
mos um player relevante nessas
questões ambientais e devere-
mos ser referência global.
Valor: O senhor tem conversado
com investidores globais?
Trabuco: Tenho conversado e
eles têm uma visão positiva em ra-
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR.
zão da rápida e firme resposta das
instituições em relação ao que
aconteceu no dia 8 de janeiro. Na
sequência disso, vai depender da
capacidade [de o país] absorver
impactos e expectativas de que o
Brasil tenha condições de ser um
país protagonista no mundo. E
podemos ver isso, com essa aber-
tura da China, que pode ser um
dos motores da economia mun-
dial. Mas os desafios são grandes.
Valor: Como Lula deve estimular
a indústria?
Trabuco: Com a nomeação do vi-
ce-presidente Geraldo Alckmin
(PSB) para Indústria e Comércio, é
uma boa sinalização de que o Bra-
sil precisa se reindustrializar e re-
ver as cadeias produtivas. E, em
qualquer questão da economia, o
Estado não vai conseguir resolver
sozinho todos os problemas do
país, assim como os mercados
também não conseguem. Então, é
preciso que o governo tenha um
papel na solução de problemas on-
de o mercado não é capaz. Nesta
questão, temos de ter pragmatis-
mo e objetividade. Estado e merca-
dos vão construir juntos possibili-
dades de crescimento econômico.
Valor: Há receio do mercado fi-
nanceiro e de parte do empresaria-
do de que Lula seja mais interven-
cionista, reeditando o governo de
Dilma Rousseff. Como o senhor ava-
lia isso?
Trabuco: Acho que o Lula é
mais pragmático. O Estado mais
forte que seja não consegue resol-
ver todos os problemas do país.
Os mercados também não conse-
guem resolver todas as contradi-
ções. É nesta combinação que se
cria um ambiente de tranquilida-
de para se olhar para frente.
Valor: O senhor não teme um go-
verno intervencionista?
Trabuco: Não acredito que o
governo vá repetir situações que
não deram resultados.
Valor: Como o Bradesco está nes-
te contexto? Há perspectivas positi-
vas para expansão em 2023?
Trabuco: O PIB potencial é
maior que os resultados que te-
mos apresentado. Acho que o de-
safio do crescimento é o que o país
terá nos próximos anos. Nós do
Bradesco somos otimistas com a
nova fase do Brasil e temos a nossa
estratégia de ser um banco brasi-
leiro por excelência, que atua em
todas as regiões do país. Estamos
muito confiantes. Compramos
um banco na Flórida para atender
o corporate, o private, mas nosso
foco é o Brasil e onde dedicamos
boa parte do nosso trabalho.

Empresas
Destaques
‘Brecha’ no saneamento
A Abcon, associação que reúne as
empresas privadas do setor de
água e esgoto, entrou com uma
ação direta de inconstitucionali-
dade (Adin) contra uma “brecha”
na lei do saneamento básico ado-
tada pelo governo da Paraíba. O
relator da ação no Supremo Tribu-
nal Federal (STF) será o ministro
André Mendonça. A associação
deverá pedir liminar para suspen-
der as medidas adotadas pelo Es-
tado. Conforme noticiou o Valor
em outubro, a Cagepa, companhia
estadual do Estado, assumiu, sem
licitação, os serviços em 30 muni-
cípios da Microrregião do Litoral,
entre eles João Pessoa. Apesar de o
novo marco legal proibir contra-
tos de programa, a empresa se
apoiou em uma interpretação da
lei. A tese é que o Estado é um dos
integrantes da microrregião, por
isso, trata-se de uma prestação di-
reta do titular do serviço, permiti-
da pela lei. A discussão jurídica de-
verá ser acompanhada de perto
pelo setor, dado que essa mesma
estratégia vem sendo estudada
por outros Estados e estatais.
Novelis investe em solar
A Novelis, líder em chapas lamina-
das e na reciclagem de alumínio
no Brasil e no mundo, informa in-
vestimento de R$ 6 milhões na ins-
talação de quase mil placas para
gerar energia solar fotovoltaica
em seus 14 centros de coleta de la-
tas situados em vários pontos do
Brasil. A iniciativa, diz a empresa
em nota, integra suas metas glo-
bais de sustentabilidade, que pre-
veem a redução de 30% da pegada
de CO2 até 2026 e a neutralidade
em emissões até 2050 nas opera-
ções em todo o mundo. Os painéis
começarão a instalados no próxi-
mo mês. As novas fontes somam
potencial de gerar 603.8 MWh ao
ano, o que tornará os centros de
coleta autossuficientes em consu-
mo. A redução estimada em emis-
são de gases de efeito estufa é de
231,1 toneladas de CO2 por ano.
Minério sobe 8,2% no ano
Os preços do minério de ferro en-
cerraram bem a primeira quinzena
de janeiro. O produto com 62% de
teor de ferro registrou alta de 8,2%
até esta sexta-feira (13), valendo
US$ 127 a tonelada no norte da
China, segundo o índice Platts, da
S&P Global Commodity Insights.
Procon na Americanas
O Procon-SP notificou todo o Gru-
po Americanas — que inclui as lo-
jas físicas e sites como America-
nas.com e Submarino — para sa-
ber se o rombo de R$ 20 bilhões
anunciado pela empresa afeta os
consumidores. A Americanas deve
responder aos questionamentos
até o dia 17 deste mês. A reporta-
gem entrou em contato com a em-
presa para um posicionamento
sobre o assunto e aguarda respos-
ta.Em 2022, o Procon recebeu qua-
se 9,5 mil queixas por consumido-
res que tiveram problemas com
suas compras no grupo (ver pági-
nas B6 e B7).
Índice
Carreira B2
Infraestrutura B3
Indústria B4 e B5
Serviços&Tecnologia B6, B7 e B8
Agenda tributária B8
Movimento falimentar B8
Commodities B8
Tendências&Consumo B9
Agronegócios B10
Água Com ‘entressafra’ nos Estados, Abcon aponta
14 leilões para este ano, com obras de R$ 740 milhões
Setor de saneamento
se volta a concessões
municipais em 2023
Taís Hirata
De São Paulo
Em 2023, o foco do mercado de
saneamento básico deverá se vol-
tar aos projetos municipais. Hoje,
não há perspectiva de grandes lei-
lões estaduais no curto prazo. Já no
âmbito das prefeituras, 14 licita-
ções em andamento poderão sair
neste ano, com previsão de ao me-
nos R$ 740 milhões de novos inves-
timentos no total, segundo levan-
tamento da Abcon (associação das
operadoras privadas do setor).
Nos últimos dois anos, o mer-
cado “intermediário” de água e
esgoto (de concessões de menor
porte), viu uma explosão no inte-
resse por parte do setor privado.
Leilões de cidades pequenas têm
atraído uma disputa acirrada,
com mais de dez ofertas e uma
gama variada de competidores.
Inclusive novas plataformas têm
sido criadas para atuar no nicho.
Por outro lado, o segmento en-
frenta uma série de desafios para
acelerar seu ritmo de expansão:
incertezas regulatórias, dúvidas
sobre o financiamento dos proje-
tos e dificuldade das prefeituras
para estruturar bons editais são
alguns dos fatores citados por es-
pecialistas e executivos do setor.
Uma das críticas é que a “fá-
brica” de novas concessões no
âmbito municipal caminha mui-
to mais lentamente do que o
mercado gostaria. “Estão faltan-
do projetos. São muitas empre-
sas brigando por migalhas, e as
ofertas ficam com alta agressivi-
dade”, afirma Yves Besse, presi-
dente da Cristalina. A empresa,
fundada no início de 2022 com
foco no segmento, ainda não
conseguiu conquistar contratos.
A General Water, outra compa-
nhia que busca ampliar sua atua-
ção no segmento, acabou direcio-
namento seus esforços ao merca-
do privado, devido à escassez de
licitações no último ano. “Segui-
mos interessados e analisando
projetos, mas o crescimento tem
sido tímido”, diz o presidente,
Fernando de Barros Pereira.
Apesar do ritmo considerado
lento, a oferta de projetos avan-
çou. Hoje, há 101 iniciativas (mu-
nicipais e de consórcios) em fase
de modelagem, segundo levanta-
mento da Radar PPP, feito a pedi-
do do Valor. Em maio de 2022, es-
se número era de 66 projetos.
Considerando apenas proces-
sos em fase mais madura (com
modelagem concluída, em con-
sulta pública ou licitação), a con-
sultoria mapeou 56 iniciativas,
contra 43 em maio de 2022.
“Desde 2020, há uma efervescên-
cia nesse mercado”, diz Frederico
Ribeiro, sócio da Radar PPP.
Além disso, 2023 é um ano pro-
pício a leilões municipais dentro
do ciclo eleitoral. Enquanto os Es-
tados vivem o início de manda-
tos, o que em geral provoca uma
lacuna de novos projetos, as pre-
feituras chegam ao terceiro ano
de gestão, considerado favorável
para licitações — já houve tempo
suficiente para a estruturação e
ainda não começaram os ruídos
eleitorais que afetam o processo.
Apesar da grande expectativa,
especialistas apontam desafios
que colocam em dúvida o avan-
ço do segmento. Ao menos três
tipos de problemas são citados.
O primeiro são os sinais dados
pelo novo governo federal em re-
lação à nova lei do saneamento,
avalia Frederico Turolla, sócio da
Pezco Economics. Para ele, mes-
mo que não haja uma mudança
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | B1
Grupo Thyssenkrupp teve
um ano muito bom, com
R$ 5,2 bi de receita na
América do Sul, diz Paulo
Alvarenga, presidente B4
Iniciativa nas prefeituras
Projetos de concessão de saneamento básico nos municípios
Leilões previstos para 2023
Projeto Soma de Investimento Soma de População
estimado (R$ milhões) (em mil)
Flexeiras (AL) 23,7 12,8
Cachoeira Dourada (GO) 94,7 8,1
São Mateus do Maranhão (MA) A definir 41,5
Nanuque (MG) 106,9 40,8
Eliseu Martins (PI) 1,7 4,9
Cerejeiras (RO) 47,7 16,3
Espigão D'Oeste (RO) 122,9 32,4
São Miguel do Guaporé (RO) 47,3 23,0
São Francisco do Guaporé (RO) 50,0 20,3
Pomerode (SC)
Ilhota (SC)
A definir
123,8
33,4
14,2
Santa Cruz das Palmeiras (SP) 53,6 34,4
nas regras, há uma expectativa em São Paulo, Minas Gerais, San- Brodowski (SP) 66,9 24,9
menor de fiscalização para o ta Catarina e Rio Grande do Sul. Marília (SP) A definir 238,9
cumprimento das metas de uni- Para além das licitações, Joffily Total 739,0 545,8
versalização — o que desestimula observa que haverá oportunida-
as prefeituras a tirar as conces- des no mercado secundário, por Projetos de concessão de água e esgoto, em municípios e consórcios públicos*
sões do papel, segundo ele. exemplo, com grandes operado-
Situação Quantidade de
“O marco regulatório trouxe res vendendo ativos que já não Iniciativas mapeadas
exigências que dependem mui- se encaixam no portfólio.
Intenção Pública Anunciada 11
to da ação do governo. Diante Já no caso dos leilões de blocos 56 iniciativas
Modelagem Iniciada 101
da perspectiva de flexibilização, regionais, que têm sido estrutu- se encontravam
Modelagem Encerrada 25 em fases mais
já vemos uma redução do inte- rados por Estados, com apoio do
Consulta Pública Aberta 2 maduras em
resse pelos projetos”, afirma. BNDES, a expectativa é negativa
Consulta Pública Encerrada 14 dezembro de
para 2023. “É difícil acreditar que 2022, contra
Licitação Iniciada 13
alguma coisa de governos esta-
Mercado ‘de médio duais sairá. Mesmo em casos de
Licitação Encerrada 2
43 em maio do
mesmo ano,
porte’ vive explosão de reeleição, há sempre mudanças Contrato Iniciado 109 segundo a
Contrato Encerrado 3
interesse privado, mas nas equipes”, diz Camillo Fraga, Radar PPP
Paralisado 141
enfrenta desafios para sócio da consultoria Houer.
Cancelado 60
Para ele, até mesmo o projeto
acelerar expansão municipal de Porto Alegre, que já Total 481
está maduro, poderá atrasar, por- Fontes: Elaboração Abcon Sindicon com base no Radar PPP, BNDES e FEP (data de atualização: 10 de janeiro de 2023); dados
da Radar PPP (dezembro de 2022). *não inclui os blocos regionais dos Estados
Um segundo fator que poderá que é estruturado pelo BNDES —
inibir o mercado de concessões a Houer está entre os assessores
municipais é a restrição de acesso técnicos que apoiam o banco de de investimentos contratados. estaduais, com potencial de ge-
a recursos federais, diz Renato Su- fomento. Fraga avalia que este lei- Pelo mapeamento da Abcon, rar obras de ao menos R$ 14 bi-
cupira, sócio da BF Capital. Essa li- lão, que não está na lista da Ab- além dos 14 projetos previstos lhões, mas que ainda estão em
mitação foi imposta pela lei do con, poderá sair em 2023, o que para este ano, estão no radar ou estágios menos avançados — em
saneamento, que teve como obje- adicionaria outros R$ 2,2 bilhões tras 23 iniciativas, municipais e estudos ou consultas públicas.
tivo estimular a regionalização.
Pela regra vigente, cidades que
optarem por fazer um projeto
isolado, e não dentro de blocos
regionais, não poderão acessar fi-
nanciamento de bancos federais,
o que dificulta sua viabilidade.
“Não é um impedimento, mas de-
sestimula”, afirma. Ele avalia que
será preciso observar como o no-
vo governo irá tratar essa regra.
Por fim, um terceiro entrave
para o avanço do segmento é a
própria dificuldade das prefeitu-
ras de estruturar bons editais.
Trata-se de um problema antigo,
que não afeta apenas o mercado
de saneamento, e que explica os
índices elevados de “mortalida-
de” de projetos — muitos deles
são paralisados ou judicializados
por inconsistências no processo.
“Nos últimos anos, vemos uma
melhora na qualidade, mas este
continua um problema. Em cida-
des pequenas, médias, muitas ve-
zes a capacidade de estruturação
das equipes é muito limitada”,
afirma Frederico Bopp, sócio do
Azevedo Sette Advogados.
Apesar dos desafios, a expecta-
tiva é que o mercado “interme-
diário” de concessões de sanea-
mento siga em expansão. A dúvi-
da é qual será o ritmo do avanço.
“Acredito que o mercado se-
guirá crescendo. Não sei se na ve-
locidade e abrangência que o
Brasil, porque teria que multipli-
car a velocidade. Mas vai crescer”,
diz Pereira, da General Water.
Para Italo Joffily, fundador da
Ysanso, outro negócio recém-
criado com foco em projetos
de médio porte, o mercado de
projetos municipais não vai
acabar, mesmo que haja mu-
danças no novo marco. “As
prefeituras já faziam conces-
são antes da lei. Então, se hou-
ver retrocesso, pode haver re-
dução de velocidade, mas o
mercado se mantém”, afirma.
Hoje, a empresa tenta atrair in-
vestidores para viabilizar aquisi-
ções e a participação em leilões.
Segundo o executivo, há conver-
sas com três fundos, dois ameri-
canos e um do Oriente Médio. As
recentes incertezas regulatórias
no setor atrapalham as conversas,
mas não são um impeditivo, diz.
Para Besse, da Cristalina, o
avanço no número de modela-
gens traz uma boa perspectiva.
“O sucesso de leilões recentes,
que tiveram outorgas altas, está
motivando outras cidades a es-
truturar concessões”, afirma. O
foco da companhia são projetos
B2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Empresas | Carreira
Oportunidade Programas de expatriação atraem
quem procura ter experiências internacionais
O que fazer para
mudar de país na
própria companhia
Fernanda Gonçalves
Para o Valor, de São Paulo
Há cinco meses, Priscila Fins fez
as malas e se mudou para Amster-
dã, na Holanda, para ocupar o car-
go de gerente sênior de inovações
globais na Heineken. Ela, que en-
trou na empresa como estagiária,
optou por encerrar seu vínculo
com a operação no Brasil e iniciar
uma nova relação com a unidade
holandesa da companhia. “Eu já
estava na empresa há doze anos e
sentia que tinha explorado bas-
tante as marcas. Queria ter a expe-
riência de viver uma nova realida-
de, com outro olhar”, conta.
Ter uma carreira internacional é o
anseio de muitos profissionais. En-
quanto alguns procuram vagas em
organizações fora do Brasil, outros
como Fins enxergam na possibilida-
de de expatriação ou de transferên-
cia para outro país pela companhia
ondetrabalham,umaoportunidade
para colocar esse desejo em prática.
Fins conta qual caminho percor-
reu até chegar a um cargo no exte-
rior. Ela diz que aproveitou uma
das conversas de acompanhamen-
to com seu gestor para sinalizar sua
vontade. Então, no final de 2021
surgiu a vaga internacional. “Passei
por um longo processo seletivo de
entrevistas, fui aprovada em junho
do ano passado e me mudei em
agosto”, detalha.
A Heineken disponibiliza uma
plataforma na qual os funcionários
têm acesso às posições em aberto
em todo o mundo. Atualmente, a
empresa têm 35 expatriados, entre
estrangeiros no Brasil e brasileiros
no exterior, e 16 funcionários do
Brasil transferidos em definitivo
para outro país em cargos de espe-
cialistas, coordenadores, gerentes e
diretores, de quase todas as áreas.
Após a pandemia, a companhia
Morar no exterior em regime CLT é outra opção pós-pandemia
De São Paulo
Além do modelo tradicional de
expatriação, algumas companhias
oferecem outros formatos que via-
bilizam experiências internacio-
nais para os funcionários. Após
adotar o trabalho remoto durante
a pandemia, a Libbs resolveu ex-
pandir os horizontes e, em setem-
bro de 2022, criou o programa
“Norma de Moradia no Exterior".
A prática permite que funcioná-
rios morem em outro país por até
18 meses consecutivos, em regime
CLT. “A ação começou com alguns
O valor do treino e da inveja dos fortões da academia
Trabalho SA
Stela Campos
C
omeça o ano e vem
aquela vontade de
fazer tudo diferente,
ser uma pessoa
melhor.
Especialmente no que diz
respeito a olhar mais para a
saúde, comer melhor e… se
exercitar. E é nesse momento
de automotivação que as
academias de ginástica
emplacam aquele plano anual,
que muita gente se arrepende
passou a realizar também expatria-
ções virtuais, nas quais os profissio-
nais trabalham do Brasil para uni-
dades no exterior. Atualmente, 8
pessoas atuam nesse formato.
Andrea Bianchi, diretor de de-
senvolvimento organizacional de
pessoas do grupo Heineken, expli-
ca que no início, o programa de ex-
patriação era focado em trazer a
cultura e a expertise da operação
global para cá. No entanto, o fluxo
acabou se invertendo e, segundo
ela, o Brasil tem exportado mais ta-
lentos do que recebido. “Atualmen-
te, 88% de todos os movimentos da
nossa operação são de brasileiros
apoiando outro escritório, seja pre-
sencial ou virtualmente”, pontua.
Outra empresa que oferece algo
semelhante é a P&G. Nela, a expa-
triação acontece de duas formas: pe-
lo interesse por parte do funcionário
equandosurgemvagasexternaspor
demanda da própria empresa. Tam-
bém existe a possibilidade de trans-
ferência para outra localidade por
tempo indeterminado. Nesse caso, o
profissional quebra o vínculo com o
Brasil e passa a ser funcionário do
país de destino.
No geral, o programa de expatria-
ção dura de três a seis anos, e o país
de origem é responsável por garan-
tir uma posição quando a pessoa re-
tornar. “Essa é uma oportunidade
para os profissionais terem uma ex-
periência em outra unidade de ne-
gócios e trabalharem com marcas,
funções corporativas e processos di-
ferentes”, diz Laura Furini, diretora
de RH da P&G, que já foi expatriada.
Furini trabalhou por dois anos no
México, considerado no levanta-
mento ‘Expart Insider”, da platafor-
ma InterNations, como o melhor
país para expatriados em 2022. Se-
gundo a pesquisa, 91% dos que fo-
ram trabalhar lá estão satisfeitos
porque contaram com facilidades
pedidos isolados e, depois, vimos
que era uma demanda que pode-
ria ser positiva para outros profis-
sionais”, conta Madalena Ribeiro,
diretora de RH da empresa.
Nesse modelo, os trabalhadores
continuam recebendo plano de
saúde e vale-alimentação no Brasil,
e são feitos alguns ajustes na rotina
de trabalho. Para aqueles que es-
tão vivendo em locais de fuso-ho-
rário de até 5h de diferença, a jor-
nada é mantida e a recomendação
é que façam apenas uma reunião
por dia. Quando a diferença é
maior, deve-se agendar, no máxi-
depois. Mas é preciso
aproveitar esse ânimo de início
de ciclo porque logo mais
a agenda lota e essa ideia
vai lá para o fim da lista
de prioridades.
Se você anda estressado e
sedentário saiba que essa decisão
vai doer, especialmente na batata
da perna. Não importa o que
tenha escolhido, caminhada,
ioga, pilates, musculação,
crossfit, corrida, seu corpo vai
precisar de um tempo para se
adaptar ao seu novo “eu”.
Logo no primeiro dia, você já
percebe que seu rendimento
deixa a desejar. Sabe aquela
flexão em que você ainda não
alcança o pé? Bem, ela é apenas
um exemplo das várias
barreiras que você vai
encontrar por conta da falta de
prática. Uma experiência que
pode ser frustrante ao lembrar
que nem faz tanto tempo assim
você corria, nadava, fazia kung
fu, enfim, se mexia de algum
jeito. Você vai se culpar por
para se estabelecerem e desenvolve-
rem relações pessoais. As demais po-
sições na lista são ocupadas por In-
donésia, Taiwan, Portugal, Espanha,
Emirados Árabes, Vietnã, Tailândia,
Austrália e Cingapura.
A expatriação de Furini ocorreu
por solicitação pessoal, já que o ma-
rido havia sido transferido para lá.
“Tive a sorte de a P&G ser bem forte
no México. Na época, estava grávida
e acabei tendo meu filho durante es-
sa experiência”, conta. Segundo ela,
profissionais de todas as áreas são
elegíveis para o programa. “Mas a
pessoa precisa ter uma performance
sustentável e potencial de cresci-
mento a longo prazo”, explica.
Há oito meses, Camila Sousa foi
transferida para o Panamá a convi-
te da empresa e se tornou diretora
de inteligência de mercado LATAM
para as categorias de saúde da P&G.
“Além de mudar de país, foi uma
mudança no sentido do trabalho e
de entender novos consumidores”,
diz. Ela tinha acabado de se casar
quando a oportunidade surgiu.
“Meu marido conversou com a em-
presa dele, e conseguiu trabalhar
em home office”, comemora. Ela
diz que a principal diferença que
notou entre o escritório brasileiro e
o panamenho foi na comunicação.
“O brasileiro é mais informal e
brincalhão. Quando eu cheguei no
Panamá, recebi cartas formais de
apresentação de pessoas que iam
se reportar a mim”. A previsão é
que ela fique por lá três anos.
Na Nestlé, a possibilidade de car-
reira internacional é oferecida aos
funcionários de três formas: expa-
triação, missões e transferências. O
primeiro caso é para posições mais
específicas e estratégicas como ge-
rente e diretores. Já quando se trata
de missões, os profissionais são alo-
cados para trabalhar em projetos es-
pecíficos com duração de três meses
mo, uma reunião por semana. A
companhia oferece, ainda, adian-
tamento de até um salário para o
suporte na mudança.
Já a Froneri, empresa especiali-
zada em sorvetes, conta com um
programa no qual os profissio-
nais são recrutados para trabalhar
em outros países e passam por
uma formação de até um ano no
Brasil antes de se mudarem.
Atualmente, vinte pessoas estão
sendo treinadas para trabalhar
nos EUA, além de três funcioná-
rios há seis meses no Reino Unido
e quatro nos EUA. A demanda é,
todos os meses em que saiu da
cama direto para o computador
e terminou o dia estirado no
sofá assistindo séries no
streaming. Foi um longo
período sem acionar um
músculo, a não ser o cérebro.
Este sim mais preparado,
porém exausto e atormentado
com tantas tarefas.
Mas não se subestime: você
está obstinado e vai levar sua
decisão adiante. No meu caso,
optei pelo pilates, que julgava
ser inofensivo. Cada aparelho,
entretanto, me mostrou que
essa prática mesmo que suave
não é nada fácil, requer
bastante esforço. Enquanto
empurrava aquelas máquinas
de um lado para o outro, fiquei
pensando sobre as semelhanças
do exercício com a nossa
performance no trabalho.
Muita gente já falou sobre isso,
mas alguns pensamentos
surgiram e decidi compartilhar.
O primeiro é que o aparelho
empurra e ajuda a ir mais
Priscila Fins, gerente sênior de inovações globalis da Heineken, está há cinco meses morando em Amsterdã, na Holanda
a dois anos. No final do ano passado,
a empresa contava com 65 expatria-
dos, divididos principalmente entre
Suíça, México e EUA. “A decisão pela
expatriação passa por uma perfor-
mance que se sustenta ao longo do
período, pois são pessoas-chave em
suas áreas e que têm a possibilidade
de viver a experiência global e retor-
nar ao Brasil em outro patamar de
suas carreiras”, esclarece Lídia Costa,
gerente de RH em mobilidade glo-
bal da Nestlé Brasil.
Os apoios oferecidos pelas em-
presasaosfuncionáriosquevãopara
o exterior incluem suporte com do-
cumentação e emissão de visto, e au-
xílio-moradia durante o primeiro
mês. Na P&G, no caso de benefícios
que o profissional recebe no Brasil e
não existem no país de destino, o va-
lor é compensado como remunera-
ção adicional. Já quando o trabalha-
dor muda de país por solicitação
pessoal,nãosãooferecidosapoiosfi-
nanceiros de residência e mudança.
“Em ambos os casos, a pessoa recebe
o pacote de compensação do país de
origem e, mensalmente, é feita a
conversão de moeda do país de des-
tino”, diz Furini.
Para Fins, da Heineken, um fator
decisório na hora de optar pela vaga
em Amsterdã foi o suporte da em-
presa aos cônjuges, que inclui colo-
cação no mercado de trabalho no
principalmente, por profissionais
de engenharia e supply chain.
Camila Sadkowski, gerente na-
cional de compras da companhia,
é uma das profissionais que se mu-
dou há um ano para os EUA. Ela
conta que um dos principais desa-
fios de sua transferência começou
ainda no Brasil, com a emissão do
visto. “Estávamos na pandemia, o
que tornou o processo mais buro-
crático e demorado, causando cer-
ta ansiedade e frustração”.
A profissional lembra que a em-
presa colocou à sua disposição
uma consultoria especializada pa-
longe. Quando fazemos o
exercício sozinhos tendemos a
estabelecer o nosso limite de
uma forma mais confortável.
Claro que existe um limite
individual (diferente para cada
pessoa) e mesmo com a
máquina te empurrando chega
o momento em que não
aguentamos mais. O avanço
rumo ao nosso limite,
portanto, precisa ser gradual,
um pouco mais a cada dia.
Nosso músculo precisa se
adaptar, a dor diminuir ou nos
acostumarmos a ela.
A repetição, o treino, trazem
segurança. O esforço vai se
tornando menor para
chegarmos à nossa melhor
performance. E quando
atingimos a meta e o professor
elogia, o estado é de graça. Todo
o sacrifício que tivemos para
atingir nosso objetivo parece
ter sido recompensado. Nosso
processo de fortalecimento foi
bem-sucedido.
No trabalho, nossa
país de destino. “Meu marido estava
passando por uma mudança de car-
reira. Eu tinha acabado de me casar,
e mudar de país não é uma decisão
de uma pessoa só”, pondera. Ao de-
sembarcarem na Holanda, os dois
viveram um mês em um apart-hotel
pago pela companhia. “Aproveita-
mos para entender quais bairros se
conectavamcomonossoestilodevi-
da e quais apartamentos cabiam no
nosso orçamento”, conta.
O RH da P&G no Brasil faz consul-
tas periódicas aos expatriados, e o
gestordaépocaemqueapessoasaiu
auxilia no plano de retorno. De acor-
do com Furini, o mais difícil no pro-
cesso de expatriação ou transferên-
cia é alinhar expectativas e tempos,
tanto do funcionário quanto do ne-
gócio. “Pode demorar muito para
uma oportunidade surgir, assim co-
mo pode aparecer uma vaga que
precisa ser preenchida o quanto an-
tes”. Além disso, a adaptação tam-
bém pode ser um desafio. “A pessoa
precisa achar uma casa, se adaptar a
uma rotina nova e cultura. Por isso, é
importante a gente acompanhar de
perto e dar apoio”, afirma.
Já a Nestlé conta com consulto-
rias que promovem treinamentos
interculturais para quem está de
mudança. “Precisamos acompa-
nhar do ponto de vista do bem-es-
tar emocional, pois cada mercado
ra esclarecer dúvidas. Ao chegar no
país de destino, algumas diferen-
ças culturais ficaram evidentes.
“Um dos momentos mais marcan-
tes foi a forma direta como o ameri-
cano se comunica, sem rodeios, o
que no início me causou certa es-
tranheza, mas que hoje vejo com
bons olhos e me tornei adepta”.
A unidade da empresa no Brasil
se envolve nas negociações dos pa-
cotes dos funcionários que são ex-
patriados e mantém contato fre-
quente com os países receptores.
“Caso surja algum problema, re-
solvemos rapidamente fazendo
performance segue um padrão
semelhante. Precisamos
aprender, treinar e nos
fortalecer para chegarmos aos
melhores resultados. Mas, nem
sempre as empresas esperam
esse tempo de adaptação e esse
ganho de musculatura para
cobrar uma performance
melhor. O arranque muito
rápido para atingir metas, no
entanto, pode causar lesões,
que aparecem na forma de
esgotamento físico, mental,
erros, conflitos e até
desengajamento. Por vezes, as
organizações esquecem que
alcançar uma alta performance
em um tiro é para atletas bem
treinados. A maior parte de nós
precisa de preparo para atingir
o máximo de nossa velocidade
e capacidade de execução.
Existem várias maneiras de
estimular a pessoa a atingir o
seu melhor desempenho.
Carlos Brito, ex-CEO da AB
InBev, disse na masterclass que
promovemos no ano passado:
ANA PAULA PAIVA/VALOR
tem suas particularidades. Além
disso, é importante garantir que as
pessoas tenham acesso às informa-
ções do país de destino, tanto do
mercado como da cultura local, pa-
ra que sejam recebidos e façam
uma boa adaptação”, afirma Costa.
O treinamento intercultural e de
idioma são algumas das ferramen-
tasqueaHeinekendisponibiliza,diz
Bianchi. “Além de um processo de
integração individualizado, realiza-
mos checkpoints periódicos para
explicar novos processos, ouvir e en-
tender as dores da pessoas”, ressalta.
Fins, que trabalha hoje em uma
equipe com holandeses, uma rome-
na e uma nigeriana, continua man-
tendo contato com o RH e o time no
Brasil, mas já se sente familiarizada
com a nova cultura. Ela acredita que
o desafio de trabalhar em outro país
ensina a ter flexibilidade. “Numa
operação local, os direcionamentos
dasatividadestendemasermaiscla-
ros.Hoje,euprecisopensardeforma
mais estratégica e a longo prazo”,
analisa. “Isso sem contar questões
cotidianas do país, como sair de casa
no inverno com a temperatura a me-
nos cinco graus”. Embora afirme
não descartar a volta ao Brasil, ela
pretende ficar na Holanda no médio
prazo. “Acho que ainda tenho muito
adesbravarnaminhanovaposiçãoe
a aprender com essa experiência.”
ajustes ou escalando outro profis-
sional”, explica Airton Pallares, di-
retor geral da Froneri Brasil.
Pallares afirma que o mais difícil
nesse processo é conseguir contra-
tar as pessoas com o perfil certo.
Ele acredita que o trabalho do RH
de tentar identificar quem, real-
mente, vai funcionar no exterior é
fundamental. “Muitas vezes, é algo
ilusório porque todo mundo tem o
anseio de morar fora, mas nem
sempre é fácil. Esse é o primeiro
passo: tirar um pouco o sonho e
entender o que, de fato, faz sentido
na carreira daquela pessoa”.
“É que nem salto em altura, se
você botar um sarrafo aqui, em
geral o ser humano pula o
suficiente para passar, pois
todo mundo conserva energia,
mas se você esticar, ele pula, e
ganha a confiança que não
tinha antes porque descobre
algo que não conseguia fazer, e
aí, ele sonha mais alto”. Para ele,
os mais talentosos têm um
papel importante porque vão
influenciar os outros a fazerem
mais. Podem ajudar a puxar a
equipe toda para a frente. Eu
fico pensando que na
academia, o talento deve ser
aquele cara que faz tudo como
se não fizesse esforço algum,
que pode ser até um pouco
arrogante por conta disso, mas
que mexe com o seu brio: “É
hoje que eu vou alcançar o dedo
do pé!”. E, no fim você
consegue, do seu jeito, no seu
tempo, e se sente um “atleta”.
Stela Campos é editora de Carreira
e-mail: stela.campos@valor.com.br

Empresas | Infraestrutura
Logística Receita do grupo familiar cresce 36% em 2022
e a estimativa mais conservadora para 2023 é alta de 5%
De pacote em pacote
e aquisições, Move3
supera R$ 1 bilhão
Carlos Prieto
De São Paulo
O ditado popular “de grão em
grão a galinha enche o papo” pode
ser adaptado, sem risco de exage-
ro, pela Move3. No caso da empre-
sa de logística seria “de pacotinho
em pacotinho a empresa supera
R$ 1 bilhão de receita”. Com as ne-
gociações fechadas com a Car-
riers e a Rede 1 Minuto nos últi-
mos meses de 2022, ela terminou
o ano passado com quatro aqui-
sições e receita de R$ 1,1 bilhão.
O grupo de logística especiali-
zado no recebimento, manuseio
e despacho de pequenos volu-
mes já tinha comprado a goX e a
Rodoê ao longo do ano, soman-
do R$ 130 milhões de faturamen-
to com os novos negócios. As
quatro aquisições ainda depen-
dem de aprovação final do Cade.
Fundada há 30 anos, a Move3
nasceu distribuindo vale refei-
ção e cartão de crédito e até hoje
o segmento bancário representa
cerca de 85% do movimento do
grupo, tanto em receita como
em volume. O comércio eletrô-
nico fica com os outros 15%. Ao
longo desse período a empresa
investiu em aquisições e na ver-
ticalização do braço financeiro.
Hoje ela produz o cartão plásti-
Restrição na transmissão de energia
afeta geração das usinas do Madeira
Sistema elétrico
Robson Rodrigues e Fábio Couto
De São Paulo do Rio
As usinas de Jirau e Santo Anto-
nio, localizadas no Rio Madeira, es-
tão impossibilitadas de gerar ener-
gia na capacidade máxima e estão
desperdiçando água. Só no dia 12
de janeiro, foram mais de 8,2 mil
metros cúbicos por segundo. O
motivo é a indisponibilidade em
um dos circuitos do chamado Li-
nhão do Madeira, que conecta as
usinas ao Sudeste do Brasil.
Apenas como comparação, a
quantidadedeáguarepresentamais
de cinco vezes e meia a vazão das Ca-
taratas do Iguaçu. O Operador Na-
cional do Sistema Elétrico (ONS) diz
que se trata de uma “manobra de
abertura dos vertedouros de usinas
hidrelétricas” por conta do período
úmido. Porém, as empresas dizem
que o problema acontece por restri-
ções do sistema de transmissão.
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) também confir-
ma que o problema é de indispo-
nibilidade do Polo 4 da subesta-
ção coletora Porto Velho, opera-
da pela Interligação Elétrica do
Madeira, constituída pela Chesf,
Furnas e a Cteep.
A energia é escoada para o Su-
deste através de dois bipolos — sis-
temas de transmissão com duas li-
nhas. Isso porque, para evitar ble-
cautes, as autoridades projetam
redes de transmissão que funcio-
nam como uma espécie de “ba-
ckup” para situações que resultem
em interrupções. São as chamadas
redundâncias, que podem ser um
novo circuito, que acompanha
uma linha existente, ou uma nova
linha para atender a remaneja-
mentos determinados pelo ONS.
A linha de transmissão de cor-
rente contínua de alta tensão é
uma das mais longas do mundo e
atravessa o Brasil, conectando a su-
bestação Porto Velho (RO) à Subes-
tação Araraquara-2, em São Paulo,
para levar a energia. Jirau e Santo
Antônio confirmam que pode-
riam estar gerando mais não fosse
a restrição na linha, mas por conta
da redundância prejudicada, estão
co, faz a identificação com os da-
dos recebidos dos bancos e a en-
trega final na mão do cliente.
“No caso das fintechs somos o
único contato físico do cliente
com o banco”, conta Guilherme
Juliani, presidente da Move3 e
segunda geração da família no
comando do grupo. A Move3
hoje é uma holding com nove
empresas controladas ou com
participações minoritárias: Mo-
ove+, Flash Courier, Moove +
Portugal, Jall Card, M3Bank,
goX, Rodoê Entregas, Carriers e
a Rede 1 Minuto. Algumas con-
correm no mesmo segmento, o
que no futuro pode levar a uma
simplificação da estrutura.
Juliani conta que empresa cres-
ceu de 2% a 3% ao ano até 2014,
quando iniciou uma fase de aqui-
sições e busca de novos negócios
mais acelerada. Desde 2016 a re-
ceita cresce, em média, 50% ao ano,
o que obrigou a ampliação da es-
trutura e mudança de endereço
quatro vezes em pouco mais de
seis anos. A receita de 2022 foi
36,6% maior do que em 2021
Com investimento de R$ 50 mi-
lhões, o grupo entrou em 2023
com nova sede, em São Bernardo
do Campo (SP), que vai triplicar a
capacidade de recebimento, ar-
mazenamento, manuseio e distri-
Linhão do Madeira
Infraestrutura é responsável por levar energia para o Sudeste
AMAZONAS
Porto Velho
Santo Antônio
Jirau
Ariquemes
Abunã
Jaru
RONDÔNIA
2,4 mil
quilômetros de extensão
6.600 MW
(megawatts) de capacidade
3.568 MW
É a capacidade da hidrelétrica de Santo Antônio,
com 50 turbinas. Leiloada em 2007, a usina iniciou a
operação em 2012. O empreendimento pertence à Furnas,
Caixa FIP Amazônia Energia, Odebrecht, SAAG
Investimentos e Cemig
3.750 MW
É a capacidade da hidrelétrica de Jirau, também com 50
turbinas. Leiloada em 2008, a usina alcançou a operação
comercial de todas suas máquinas no fim de 2016. A
hidrelétrica pertence à Engie, Mitsui, Eletrosul e Chesf
Fonte: ONS
operando aquém do limite.
Como as usinas são a fio d’água,
ou seja, não têm capacidade de ar-
mazenamento, é necessário liberar
água que poderia ser usada para
geração de energia, o chamado ver-
timento turbinável, no jargão do
setor. O ex-presidente da Aneel, Ed-
valdo Santana, considera inaceitá-
vel a situação, já que essa época é de
alta vazão e Jirau e Santo Antonio
deveriam estar em plena geração.
“A linha entrou em manutenção
no final de dezembro e vai ficar pa-
rada quatro meses. Deve ter ocorri
algo muito grave para precisar de
correção em um momento em que
essas usinas mais geram energia.
As duas usinas estão vertendo des-
de semana passada. Jogando água
fora que poderia ser usada para ge-
rar energia”, diz Santana.
Sob condição de anonimato,
um executivo contesta a versão do
ONS. Segundo ele, as usinas não
buição. Somando a nova área com
a anterior, também em São Ber-
nardo e que será mantida, a Mo-
ve3 poderá movimentar até 30
milhões de pacotes por mês. A no-
va estrutura deve estar operando
a toda capacidade em agosto.
Com formação em administra-
ção de empresas e experiência an-
terior na IBM e Souza Cruz, Juliani
assumiu a empresa em 2015 e se
diz um apaixonado por tecnolo-
gia. Ele lembra que a companhia
nasceu num momento em que o
cartão de crédito e o vale refeição
eram distribuidos sem nenhum ti-
po de bloqueio, o que obrigava a
empresa a ter muito controle so-
bre o transporte e entrega. Hoje a
tecnologia é ponto central no gru-
po. Dentro da área da Move3 a se-
paração é feita por esteiras auto-
matizadas e com ajuda de robôs.
“No momento da pandemia
(início de 2020) tivemos de esco-
lher entre reduzir a operação ou
investir (em automação) acredi-
tando que os negócios iriam reto-
mar. Compramos os equipamen-
tos ainda com o dólar atrativo e
nos preparamos para a retomada.
Foi uma decisão com um risco cal-
culado”, afirma. O presidente des-
taca que justamente a pandemia
de covid-19 acabou estimulando o
comércio eletrônico e as entregas
PARÁ
MATO
Vilhena
GROSSO
Jauru Cuiaba/Coxipo
Ribeirãozinho
MATO GROSSO
DO SUL
PARANÁ
poderiam estar vertendo água.
“Em Jirau, por exemplo, a vazão es-
tão baixa e não atingiu a cota de 90
metros [para abrir as comportas],
por isso o vertimento é por conta
da restrição da transmissão”.
Com a limitação do sistema de
transmissão do Madeira, se o outro
bipolo sofrer algum tipo de avaria,
as usinas terão a operação parali-
sada. Foi justamente o que aconte-
ceu na semana passada, quando os
ataques de vândalos deixaram in-
disponíveis 14 unidades gerado-
ras das usinas. O ex-presidente do
ONS, Luiz Eduardo Barata, lembra
que estas usinas praticamente só
geram energia no período chuvo-
so e as estruturas deveriam estar
disponíveis para o atendimento.
Em nota, Jirau disse que a usina
está atendendo a solicitação de
despacho do ONS. Às 22h do dia
12, a usina tinha vazão afluente
com potencial de geração de 2.300
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Juliani, presidente, investimento no início da pandemia criou as bases para expansão: “Decisão com risco calculado”
fracionadas. Mesmo automatiza-
do, o grupo emprega cerca de 2 mil
pessoas, que trabalham 24 horas
por dia e sete dias por semana.
Os investimentos em automa-
ção e as aquisições são feitos com
recursos próprios ou financiados.
O grupo já preparou para abrir ca-
pital, mas adiou os planos espe-
rando um momento melhor do
mercado. Hoje é uma S.A de capital
fechado, com conselho profissio-
nal e balanço auditado pela PwC.
Após a separação os malotes são
levados por caminhões para os
franqueados, que fazem a entrega
final. Os caminhões são de trans-
portadoras ou alugados. Juliani
define a empresa como uma “asset
ultra light”. São 420 a 430 fran-
queados que atendem 1,2 mil mu-
nicípios acima de 50 mil habitan-
tes. O plano é expandir a cobertu-
ra para cidades menores. Além
de ampliar os serviços oferecidos
600 KV
GOIÁS
Rio Verde Norte
MINAS
GERAIS
SÃO PAULO
Araraquara 2 Fernão Dias
Taubaté
Itatiba
MW, porém, em função de restri-
ções do sistema e das condições e
necessidades do Sistema Interliga-
do Nacional (SIN), a usina estava
gerando 1.800 MW de energia.
Já Santo Antonio informou que
com a vazão atual (dia 13), a capa-
cidade de geração é de 2.930 MW.
“Face às restrições impostas no Sis-
tema de Transmissão no Comple-
xo Madeira, sob a coordenação do
ONS e em atendimento ao Sistema
Interligado Nacional, o despacho
em Tempo Real da Usina é de 2.190
MW — uma redução de 740 MW”.
A usina disse ainda que os ní-
veis dos reservatórios e a energia
despachada são programados
pelo ONS, responsável por operar
o conjunto de reservatórios do
país de forma integrada, para ga-
rantir a segurança energética.
Procurada, a Isa Cteep, sócia
majoritária da Interligação Elé-
trica do Madeira, não respondeu.
| Valor | B3
SILVIA ZAMBONI/VALOR
a empresas brasileiras que atuam espaço para crescer no Brasil. Tam-
ou querem entrar na Europa. bém no serviço de armazenamen-
Para 2023, Juliani traça três ce- to com área maior na nova sede
nários diante das incertezas deste para atender o mercado. E no seg-
início de ano. Na avaliação pessi- mento bancário o desempenho vai
mista, o grupo cresceria 5%, en- depender da expansão do crédito
quanto na otimista poderia chegar por parte dos bancos, o que impul-
a 21%. Entre os dois extremos, o siona a distribuição de cartões. Se-
executivo tem o cenário neutro ja 5%, 21% ou 12%, Juliani garante
com 12% de alta nos negócios. que o resultado sempre manterá o
Juliani está otimista com o co- DNA do grupo. “Somos uma em-
mércio eletrônico, que tem muito presa de pacotinhos”, define.
COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO
DO ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP
CNPJ nº 43.776.517/0001-80
NIRE nº 35.3000.1683-1
ATA DA 979ª REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Aos 12 dias do mês de janeiro de 2023, às 8 horas e trinta minutos, por convocação
do Presidente do Conselho de Administração, Mario Engler Pinto Junior, em caráter
extraordinário, na forma do disposto no caput e no parágrafo sexto do Art. 13 do
Estatuto Social, no formato eletrônico, conforme § 4º do Art. 15 do Regimento
Interno do Conselho de Administração, os membros do Conselho de Administração
da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP
(“Companhia”), situada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua
Costa Carvalho, nº 300, Bairro Pinheiros, os senhores abaixo nomeados e assinados
trataram da seguinte pauta.
1. Eleição do Diretor-Presidente, conforme o inciso II Art. 142 da Lei Federal
6.404/76, para completar o mandato 2021-2023. A matéria foi instruída com o Ofício
nº 015/2023, datado de 06/01/2023, a Ata da 28ª Reunião do Comitê de Elegibilidade
e Aconselhamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
- Sabesp, de 09/01/2023, o Parecer Codec nº 001/2023, de 10/01/2023, a Ficha
Cadastral e o currículo do indicado, documentos que se encontram arquivados na
pasta eletrônica da reunião. O Acionista Controlador indicou à apreciação do Conselho
de Administração, o nome do Sr. André Gustavo Salcedo Teixeira Mendes para ocupar
o cargo de Diretor-Presidente da Sabesp, em substituição ao Sr. Benedito Pinto
Ferreira Braga Junior. Nos termos do inciso II, do Art. 142, da Lei Federal nº 6.404/76,
e Art. 14, inciso XL, do Estatuto Social, o Conselho de Administração aprovou por
unanimidade a eleição do Sr. ANDRÉ GUSTAVO SALCEDO TEIXEIRA MENDES,
brasileiro, casado, engenheiro, RG 10.738.189-9 IFP-RJ, CPF 071.918.857-18,
domiciliado na Rua Costa Carvalho nº 300, Pinheiros, São Paulo/SP, CEP: 05429-
000, como Diretor-Presidente da Sabesp, para completar o mandato de 2021-2023,
que se expira em junho de 2023, em substituição ao Sr. Benedito Pinto Ferreira Braga
Junior.
O Diretor ora eleito deverá exercer suas funções com mandato coincidente com o dos
demais diretores, nos termos do Estatuto Social da Companhia.
Adicionalmente, a investidura no cargo de Diretor fica condicionada à assunção de
compromisso com metas e resultados específicos a serem alcançados, objeto de
aprovação pelo Conselho de Administração, nos termos do Art. 23 da Lei 13.303/2016,
e, nos termos do §1º do Art. 42 do Estatuto Social, o termo de posse deverá conter
sujeição à cláusula compromissória de Arbitragem do Regulamento do Novo Mercado
disposta no Art. 52 do Estatuto Social.
2. Nomeação do Diretor-Presidente como membro do Conselho de
Administração para completar o mandato 2022-2024, com posterior ratificação
pela Assembleia Geral de Acionistas. Nos termos do Parecer Codec nº 001/2023,
datado de 10/01/2023, do Art. 8º, §2º, do Estatuto Social, e, dada a eleição do Sr.
André Gustavo Salcedo Teixeira Mendes, como Diretor-Presidente da Sabesp,
foi aprovada por unanimidade, a eleição do Sr. ANDRÉ GUSTAVO SALCEDO
TEIXEIRA MENDES, brasileiro, casado, engenheiro, RG 10.738.189-9 IFP-RJ, CPF
071.918.857-18, domiciliado na Rua Costa Carvalho nº 300, Pinheiros, São Paulo/
SP, CEP: 05429-000, para ocupar o cargo de Conselheiro de Administração da
Sabesp e completar o mandato 2022-2024 do anterior Diretor-Presidente como
Conselheiro, nos termos do art. 150 da Lei Federal nº 6.404/76 e Art. 12 do Estatuto
Social, mantidos os demais membros do Colegiado. A matéria deverá contar com a
posterior ratificação pela Assembleia Geral de Acionistas, ocasião em que caberá ser
observado o disposto no §3º, do Art. 141 da Lei Federal nº 6.404/76.
A investidura nos cargos de Diretor-Presidente e Conselheiro de Administração
deverá obedecer aos requisitos, impedimentos e procedimentos previstos na
normatização vigente, o que deve ser verificado no ato da posse pela Companhia,
devendo ser assinado o termo de posse, lavrado em livro próprio, e a declaração de
desimpedimento.
As remunerações deverão ser fixadas de acordo com as orientações do Conselho
de Defesa dos Capitais do Estado, conforme deliberado em Assembleia Geral de
Acionistas. Nos casos em que o Diretor acumular funções de outro Diretor, perceberá
apenas uma remuneração. No que se refere à declaração de bens, deverá ser
observada a normatização estadual aplicável.
3. Carta de renúncia do Sr. Eduardo de Freitas Teixeira ao cargo de membro do
Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria da Sabesp. Os Conselheiros
de Administração tomaram conhecimento do recebimento da carta de renúncia do Sr.
Eduardo de Freitas Teixeira ao cargo de membro do Conselho de Administração e do
Comitê de Auditoria, datada de 28 de dezembro de 2022.
O Presidente do Conselho registrou em nome do colegiado os agradecimentos
do Conselho pelos relevantes serviços prestados pelo Diretor-Presidente, ora
substituído, Dr. Benedito Pinto Ferreira Braga Junior, e pelo conselheiro Eduardo de
Freitas Teixeira, que renunciou ao cargo.
O Presidente do Conselho de Administração, Mario Engler Pinto Junior, encerrou a
reunião determinando que fosse lavrada a presente ata que, lida e achada conforme,
foi assinada por mim, Marialve de Sousa Martins, Secretária Executiva do Conselho
de Administração e pelos senhores conselheiros participantes. MARIO ENGLER
PINTO JUNIOR, BENEDITO PINTO FERREIRA BRAGA JUNIOR, CLAUDIA POLTO
DA CUNHA, FRANCISCO LUIZ SIBUT GOMIDE, FRANCISCO VIDAL LUNA,
LEONARDO AUGUSTO DE ANDRADE BARBOSA, LUIS EDUARDO ALVES DE
ASSIS, MARCELO MUNHOZ AURICCHIO, RONALDO COPPA e WILSON NEWTON
DE MELLO NETO
Certificamos que a presente é cópia fiel da Ata lavrada no Livro de Atas do Conselho
de Administração.
São Paulo, 12 de janeiro de 2023.
Mario Engler Pinto Junior
Presidente do Conselho de Administração
Marialve de Sousa Martins
Secretária do Conselho de Administração
B4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Empresas | Indústria
Bens de capital Alemã fatura R$ 5,2 bilhões, atuando em automotiva, defesa e plantas industriais
Thyssenkrupp cresce no Brasil e
foca na “transformação verde”
Ivo Ribeiro
De São Paulo
O gigante industrial de bens
de capital Thyssenkrupp, que no
Brasil atua em três grandes áreas
de negócios, além do serviço de
trading de matérias-primas e
aço, fechou o ano fiscal de 2022
(em 30 de setembro) com resul-
tado positivo — crescimento de
11%, em reais, na receita (ou 21%
em euros). “Foi um ano bom para
nós”, resumiu Paulo Alvarenga,
CEO do grupo na América do Sul.
O desempenho envolve a Amé-
rica do Sul, mas desde o ano passa-
do o Brasil passou a concentrar
90% das operações na região após
a venda da divisão de equipamen-
tos para mineração, que tinha
grande peso no Chile e Peru. “O
grupo não quer mais se relacionar
com atividades de mineração, em
especial de carvão”, afirmou.
O faturamento na região atin-
giu R$ 5,2 bilhões (ou € 900 mi-
lhões), mesmo com a perda de
duas importantes áreas de negó-
cios — primeiro, aço, vários anos
atrás; em 2020, a de elevadores.
“Na pandemia, fizemos um plano
de dobrar de tamanho em três
anos. Já quase conseguimos isso
em dois”, comemora Alvarenga.
O executivo destaca que con-
tribuiram para o resultado a forte
recuperação da área automotiva,
com mais de 30% de expansão. Foi
impulsionada pela demanda de
veículos pesados e por exporta-
ção de componentes e autopeças.
Em Campo Limpo Paulista (SP)
fica a principal fábrica da Thys-
senkrupp, que é a maior do mun-
do na produção de virabrequins
forjados, além de outras autope-
ças. A empresa passou também a
importar amortecedor de alta
performance da marca do grupo
Bilstein, que veio para ocupar fa-
tias no mercado de reposição.
Outro pilar do grupo que ga-
nhou robustez é a área de defesa.
Por meio de um consórcio, que
inclui subsidiária da Embraer, em
2022 o negócio começou a des-
lanchar, com a construção, após
as fases preliminares, da primeira
fragata encomendada pela Mari-
nha. A entrega está prevista para
o final de 2025 — no todo, são
quatro embarcações a serem
montadas no estaleiro do pró-
prio consórcio, em Itajaí (SC)
O terceiro negócio, que vem
ganhando expressão dentro gru-
po, mundialmente, é o de plantas
industriais diversas. Por exem-
plo, unidades de hidrogênio ver-
de. “Não somente verde, pois já
. com unidade em Itaquaquecetu-
Faturamento dos
fabricantes de
materiais cai 7%
Construção
Ana Luiza Tieghi
De São Paulo
A indústria de materiais de
construção fechou 2022 com que-
da de 7% na receita, segundo o Ín-
dice Abramat, feito pela FGV para a
Associação Brasileira da Indústria
de Materiais de Construção. Em
2021, houve alta de 8,1%. “Sabía-
mos que não seria igual a 2021,
mas não esperávamos uma queda
tão grande”, diz Rodrigo Navarro,
presidente da entidade.
Inicialmente, a Abramat espe-
rava aumento de 1% no fatura-
mento, o que foi substituído em
outubro por queda de 2,2% e, no
mês passado, por recuo de 6%. Já
no início de dezembro, no entan-
to, o acumulado dos últimos 12
meses apontava para queda de
7,2% no faturamento.
Para 2023 está prevista uma
pequena recuperação, com alta
de 2% no índice, diz Navarro.
Paulo Alvarenga, CEO na América do Sul: “Há uma renovação industrial, global, de construção de uma economia verde. O grupo seguirá junto nesse caminho”
temos expertise em tecnologia
de produção de outros tipos de
hidrogênio”, afirmou Alvarenga.
Essa divisão tem crescido tam-
bém no fornecimento de compo-
nentes (como rolamentos de gran-
de porte) para torres eólicas, uma
área em forte expansão no Brasil.
Ha ainda plantas químicas — a
Thyssen fechou novo contrato pa-
ra uma instalação de dessulfura-
ção de gases da ArcelorMittal no
país, na usina de aço de Serra (ES).
A unidade vai recuperar, com
mais eficiência, gases das coque-
rias (unidades de preparação de
carvão para uso no alto-forno). O
contrato foi assinado em dezem-
bro e a obra será concluída em 30
meses, empregando 400 pessoas.
Em julho, o grupo firmou com o
grupo químico Unigel contrato de
fornecimento de equipamentos e
tecnologia da primeira unidade de
hidrogênio verde do país em esca-
la industrial por meio da Thyssen-
krupp Nucera. A primeira fase do
projeto ficará pronta ao final deste
ano, apta a fazer 10 mil toneladas
De acordo com o presidente da
entidade, os principais fatores
para o recuo nos resultados de
2022 foram o endividamento das
famílias, a taxa de juros elevada e
a inflação em patamar alto (ape-
sar de sob controle). “Acabaram
corroendo o poder de compra”,
afirma. Isso afetou principal-
mente o desempenho do varejo.
As construtoras seguiram com
demanda pelos produtos porque
estão com obras contratadas de
lançamentos feitos desde 2020.
Daí a preocupação da entidade
com a queda dos lançamentos
nos últimos trimestres. “Precisa-
mos que essa retomada do setor
continue, com novas linhas de fi-
nanciamento”, diz Navarro. Ele
destaca que a Abramat está em
contato com associações da cons-
trução para buscar incentivos.
Em dezembro, o faturamento
das associadas da Abramat foi
8,7% menor do que no mesmo
mês de 2021. Ante novembro de
2022, a queda foi de 1,9%.
ao ano, que serão convertidas em
60 mil toneladas de amônia verde.
Segundo a Unigel informou re-
centemente, o plano é quadrupli-
car a produção até 2025. O investi-
mento previsto é de US$ 120 mi-
lhões. Numa terceira fase, a meta é
atingir 100 mil toneladas de HV ao
ano e 600 mil de amônia verde.
“O foco futuro da companhia,
no mundo, é tudo que está relacio-
nado à ‘tecnologia verde’, em pro-
jetos para substituição de combus-
tíveis fósseis”, diz Alvarenga. A es-
tratégia passa pela transformação
verde e pela questão climática
mundiais, desenvolvendo novas
tecnologias. “Na siderurgia, já es-
tamos desenvolvendo e aplicando
isso dentro de casa”, informa.
Na Alemanha, a Thyssenkrupp
Steel Europe, importante siderúr-
gica da Europa, está aplicando
mais de € 2 bilhões para substi-
tuir o carvão metalúrgico por hi-
drogênio verde na “alimentação”
do alto-forno 1 da sua siderúrgica
de aços planos. Com uso de car-
vão, que se junta ao minério de
Para Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, tom em 2023 para o setor é de “otimismo moderado e cauteloso”
O recuo no faturamento das
associadas da Abramat vai em li-
nha com os recuos vistos nas ven-
das de outros materiais da cons-
trução. No mês passado, o Aço
Brasil projetava queda de 12% no
seu mercado para o ano. Na ter-
ça-feira (10), o Sindicato Nacio-
nal da Indústria do Cimento
ferro no processo de fabricação
do aço, é emitida uma grande
quantia de CO2 na atmosfera.
Ao se utilizar hidrogênio ver-
de, e não carvão, o processo vai li-
berar água (H2O). “É quase uma
outra linha de produção de aço. O
conselho supervisor aprovou o
investimentos depois de testes
iniciados em 2019”. Serão três
anos de obras. O “novo alto-for-
no” começa a operar em 2026 e a
primeira fase do projeto vai até
2030. A previsão é ter os quatro
altos-fornos da siderúrgica com a
tecnologia verde em 2045.
Nessa área, o grupo conta com
a Thyssenkrupp Nucera, braço
que desenvolve as plantas de ele-
trólise de hidrogênio — de todos
tipos. Houve tentativa de uma
oferta pública de ações (IPO) da
empresa, sem sucesso, e agora
aguarda-se momento propício
para retomar o processo, diz o
executivo. “Há uma renovação
industrial, global, de construção
de uma economia verde. O grupo
seguirá junto nesse caminho”.
(Snic) divulgou queda de 2,8%
no volume de vendas em 2022.
Para 2023, Navarro afirma que
o tom é de “otimismo moderado
e cauteloso”, com expectativa de
retomada de obras de infraestru-
tura e de habitação de interesse
social, via o programa Minha Ca-
sa Minha Vida, no novo governo.
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR.
Segundo Alvarenga, o mundo
terá mais de 5 mil GW de eletróli-
se até 2050, que terão o papel de
substituir os combustíveis fósseis
— petróleo, gás natural, carvão...,
o que demandará muita energia
renovável para o processo. A
Thyssenkrupp faz 1 GW ao ano de
plantas de eletrólise e tem plano
de saltar para 5 GW até 2025. “Is-
so é para atender os contratos
que temos hoje no mundo, tanto
de hidrogênio verde como cinza.
Para 2023 e próximos anos, a
meta é intensificar essa estraté-
gia na região, em especial no Bra-
sil. “Ha uma transformação verde
em curso, com uma economia
nova, sem uso dos combustíveis
fósseis, o que nos abre uma ave-
nida de crescimento. A visão da
Thyssenkrupp é ser um “gigante
verde” nesse novo cenário”, diz.
Na área automotiva, informa, o
grupo já desenvolve peças volta-
das a carros elétricos. “Desponta
uma nova indústria automotiva.
Na Alemanha, após 2035, não vai
mais rodar carro a combustão”.
SILVIA ZAMBONI/VALOR
O custo das matérias primas,
que pressionou o setor desde
meados de 2020, está estabili-
zado. As vendas, no entanto,
não começaram 2023 no pata-
mar que a entidade esperava,
mas o presidente analisa que
pode haver um “efeito positi-
vo” ao longo do ano.
Librelato
cria holding
e amplia
negócios
Gestão
Carlos Prieto
De São Paulo
A fabricante de implementos
rodoviários Librelato está rees-
truturando suas operações com a
criação de uma holding que vai
administrar seis empresas com
atuação em três áreas. A holding
passa a se chamar Librepar e
abaixo dela estarão a Librelato,
responsável pela montagem dos
implementos; a Ibero Equipa-
mentos, a Sthall Master e a Libre-
parts, no negócio de autopeças; e
as startups Sigaway e Movanto,
na área serviços e tecnologia. A
expectativa que a nova estrutura
já esteja operando em fevereiro.
Os controles da Ibero e da
Sthall foram adquiridos recente-
mente e ainda dependem da
aprovação final do Cade. As em-
presas já eram fornecedoras da
Librelato. As atuais administra-
ções das duas serão mantidas, as-
sim como os mercados e os clien-
tes atendidos atualmente. As
startups Sigaway e Movanto nas-
ceram dentro do grupo.
A nova estrutura será anuncia-
da nesta terça-feira (17) durante
a inauguração de uma nova fá-
brica, ao lado das instalações
atuais em Içara (SC), e que deve
ampliar a capacidade de produ-
ção de implementos em 20%. A
Librelato fechou 2022 com a en-
trega de 12,5 mil unidades e re-
ceita na casa dos R$ 2 bilhões. So-
bre o ano anterior, o crescimento
em volume foi de 11%, já no fatu-
ramento a alta atingiu os 20%.
O resultado é expressivo porque
o setor de implementos como um
todo encerrou o ano passado em
queda de 4,87%. No segmento de
pesados (reboques e semirrebo-
ques), onde a Librelato atua, o
mercado encolheu mais ainda, en-
cerrando 7,97% menor.
“Foi um ano muito bom para a
Librelato. Fechamos com 14,2%
de participação de mercado. Ga-
nhamos 1,5 ponto de ‘market
share’”, afirma José Carlos Spríci-
go, presidente da fabricante de
implementos e que agora será o
CEO da holding. O grupo conti-
nuará sob controle da família.
A expectativa para 2023 é che-
gar a R$ 3 bilhões de receita, com
a incorporação das novas empre-
sas e o crescimento de 20% previs-
to na venda de implementos. O
agronegócio continua sendo o
principal impulsionador do setor
e o mesmo acontece na Librelato.
A Ibero acrescenta R$ 700 mi-
lhões de faturamento ao grupo.
Fabricante de eixos e suspensões,
ba (SP), Sprícigo afirma que a
empresa é líder no seu segmento
com 36% de participação de mer-
cado. Já a receita anual da Sthall,
fabricante de peças e componen-
tes em aço para reboques e se-
mirreboques em Orleans (SC), é
de R$ 100 milhões. A Libreparts
completa essa área de negócios
fornecendo peças de reposição.
As startups vão oferecer servi-
ços bem distintos. A Sigaway
atua no gerenciamento de dados
de telemetria e conectividade da
frota. Sprícigo explica que o ob-
jetivo é permitir o controle em
tempo real do desempenho da
frota de caminhões em operação.
“Desde o embarque da carga até
a entrega vamos acompanhar to-
dos os dados do caminhão. É pos-
sível saber se um pneu perdeu
pressão e está esvaziando, avi-
sando o motorista antes mesmo
que ele perceba o problema”,
exemplifica o executivo.
A Movanto é uma plataforma
de “marketplace” onde os con-
cessionários da Librelato pode-
rão negociar implementos e ca-
minhões usados. Esses veículos
são oferecidos como parte do pa-
gamento na compra de um zero e
o objetivo é que os concessioná-
rios consigam a revenda desses
ativos de forma mais rápida.
“Agilizando os negócios de usa-
dos do meu cliente, acabo tam-
bém girando o meu produto
mais rapidamente”, afirma o pre-
sidente da empresa.
 Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | B5

Empresas | Indústria
Gás Acordo com transportadora argentina levou a uma
DIVULGAÇÃO

das maiores importações de GLP por agente privado

Interco leva GLP

argentino para o NE
Gabriela Ruddy tanto, no setor de gás, principal- gentina possa exportar gás o ano
Do Rio mente a partir deste ano, quando inteiro, sem as restrições que tinha
há previsões de que a Argentina vai no inverno. Como o Brasil tem li-
A Interco, startup do setor de concluir a construção de gasodu- mitações de infraestrutura, preci-
commodities, concluiu no dia 6 de tos para ampliar o escoamento da samos buscar o produto em uma
janeiro uma das maiores opera- produção de gás não-convencio- origem que tenha frete competiti-
ções por agente privado de impor- nal na região de Vaca Muerta. vo. A Argentina, por ser próxima
tação de gás liquefeito de petróleo “Isso vai permitir com que a Ar- ao Brasil, faz sentido”, diz Taylor. Nicholas Taylor, diretor da Interco, diz que novos projetos de infraestrutura podem fomentar competição e reduzir preços
(GLP), o “gás de cozinha”, para o
Nordeste. Por meio de um acordo
com a argentina Transportadora
Gas del Sur, o Porto de Suape, em
Pernambuco, recebeu 12,5 mil to-
neladas de GLP. O produto foi ad-
quirido por distribuidoras para
atender ao consumo no Nordeste.
A Interco tem contratos com a
Nacional Gás Butano, Copa Ener-
gia, Supergasbras, Ultragaz e
Consigaz. Novas operações do ti-
po estão em estudo. A companhia
também deve realizar importa-
ções de GLP argentino por meio
de rodovias para ajudar a suprir a
região Sul enquanto a Refinaria
Alberto Pasqualini (Refap), loca-
lizada em Canoas (RS), vai passar
por uma parada de manutenção,
iniciada pela Petrobras na se-
gunda quinzena de janeiro.
Segundo os dados mais recentes
da Agência Nacional do Petróleo
(ANP), as vendas de GLP no Brasil
de janeiro a novembro de 2022 fi-
caram em 6,74 milhões de tonela-
das. Desse volume, 25,7% foram su-
pridos por importações. Hoje, as
refinarias nacionais não conse-
guem atender a toda a demanda
pelo produto, por isso, o abasteci-
mento do mercado também de-
pende de compras no exterior.
“O objetivo é oferecer para as
distribuidoras uma garantia de
suprimento, que é um dos maio-
res problemas que essas empre-
sas têm hoje. As distribuidoras
têm interesse em fazer esse pro-
cesso de forma consistente, essas
companhias ficam mais confor-
táveis em saber que têm a opção
de melhorar o fluxo de supri-
mento primário”, diz o diretor
de commodities e trading da In-
terco, Marcos Paulo Ferraz.
Entretanto, as operações de-
pendem de a Petrobras conti-
nuar a perseguir preços inter-
nacionais para os produtos nas
refinarias que opera, de modo a
viabilizar as atividades das im-
portadoras independentes.
A paridade dos preços da Pe-
trobras com o mercado interna-
cional é criticada pelo governo
federal, mas não há clareza ainda
se a estatal vai adotar um novo
sistema de preços a partir deste
ano. “Acho que vai haver uma
transição nesse mercado. Mas é
preciso lembrar que qualquer ar-
tificialização de preços pode
criar problemas não só no GLP,
mas também em outros produ-
tos que dependem de importa-
ções, como diesel e gasolina. Pre-
ços artificias podem reduzir as
importações e, consequente-
mente, pode faltar produto, de-
sabastecer o mercado”, diz.
Até então, as maiores importa-
ções de GLP para o Nordeste ha-
viam sido feitas pela Petrobras,
mas a companhia tem reduzido a
atuação no setor nos últimos
anos. A operação em Suape pela
Interco foi viabilizada depois da
decisão do Conselho Nacional de
Política Energética (CNPE) de
que a Petrobras precisa manter
um navio-cisterna para armaze-
namento de GLP no Porto de Sua-
pe, mesmo que a companhia dei-
xe o negócio. Com isso, diz Fer-
raz, a estatal abriu espaço para
que empresas privadas pudes-
sem usar a capacidade do navio.
“A infraestrutura portuária do
Nordeste é deficitária, por isso
depende do navio-cisterna", diz.
Segundo o diretor executivo da
Interco, Nicholas Taylor, a atra-
ção de novos projetos de infraes-
trutura para o escoamento de
combustíveis no país pode aju-
dar a fomentar a competição no
mercado e a reduzir preços para
os consumidores finais.
A empresa tem plano de diversi-
ficar as operações para além do
GLP, como os setores de químicos,
petroquímicos e biocombustíveis.
Ainda há oportunidades, no en-
B6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Empresas | Serviços&Tecnologia
Inovação Presidente do Walmart nos EUA alerta para inflação e guerra
DANIELA BRAUN/VALOR

Loja física amplia espaço

para o mundo digital
Daniela Braun
De Nova York
Lojas físicas abertas após o auge
da pandemia da covid-19 preci-
sam se transformar para exercer
uma função mais relevante do que
antes da crise sanitária. Uma das
missões é atrair e conquistar um
consumidor que se habituou a fa-
zer compras on-line durante o iso-
lamento e, atualmente, está pres-
sionado pela inflação.
Esse é um dos pontos de desta-
que da NRF 2023, realizada pela
Federação Nacional do Varejo dos
Estados Unidos (NRF, sigla para
National Retail Federation), no Ja-
vits Center, em Nova York (EUA).
Na abertura do evento, na manhã
deste domingo, 35 mil participan-
tes de 75 países se abrigaram das
ruas geladas do inverno novaior-
quino, para falar sobre o que está
em jogo no futuro do varejo.
“Temos desafios extremos com a
crise na cadeia global de distribui-
ção, níveis de inflação que não ve-
mos há anos e uma guerra [entre
Rússia e Ucrânia”, disse John Fur-
ner, diretor-presidente do Wal-
mart nos Estados Unidos e presi-
dente do conselho da NRF, na
abertura do evento.
Mesmo com os desafios da eco-
nomia local e os macroeconômi-
cos, segundo a NRF, o varejo ameri-
cano vendeu entre 6% e 8% mais
em 2022, na comparação com
2021, mas precisa continuar evo-
luindo. “É mais importante do que
nunca que o setor mantenha-se
em transformação”, disse Furner.
Abrir espaço de estoque den-
tro das lojas físicas para atender
pedidos on-line tem sido uma es-
tratégia adotada pela americana
Macy’s, que controla as redes de
lojas de departamentos Macy’s e
Bloomingdale’s, após o auge da
pandemia. “Criamos 35 depósi-
tos em espaços de lojas nos últi-
mos anos para entregas, reduzin-
do custos de logística”, informou
Jeff Gennette, diretor-presidente
da Macy’s no palco da NRF . Esse
modelo também vem sendo ado-
tado por varejistas no Brasil, en-
tre elas, a rede de lojas de eletroe-
letrônicos Magazine Luiza.
O executivo da Macy’s também
observou que está avaliando se
vale manter lojas em shopping
centers. “Estamos atentos à opor-
tunidade de crescer fora dos
shopping centers”, disse.
As compras de vestidos e roupas
masculinas para ocasiões sociais e
a retomada do trabalho presencial
representam, atualmente, a maior
demanda da Macy’s, além do seg-
mento de bagagens, segundo o
executivo. “As pessoas estão indo
mais a jantares e casamentos”, dis-
se Gennette.
A mesma demanda é observa-
da pela varejista americana Saks
Off 5th, braço das lojas de depar-
tamento Saks Fifth Avenue volta-
da a vender produtos de luxo
com descontos. “Nos últimos 12
meses, quando começamos a sair
do auge da pandemia [nos EUA],
a indústria de moda com descon-
tos tornou-se muito resiliente
por oferecer itens de luxo a pre-
ços acessíveis”, afirmou Paige
Thomas, diretora-presidente da
Saks Off 5th.
Em um tour na tarde deste do-
mingo, organizado pela empresa
de tecnologia para o varejo Vtex,
foi possível ver vitrines de produ-
tos com projeções holográficas,
uma ferramenta para personalizar
um par de tênis e até marcas que
nasceram on-line e olham para a
loja física como estratégica.
A segunda loja presencial
aberta pelo Google, nos EUA, em
julho do ano passado, está locali-
zada em um espaço de 370 me-
tros quadrados, no bairro do
Brooklin. O ambiente com de-
sign minimalista aposta no “mo-
delo Apple” de venda presencial
de smartphones, relógios inteli-
gentes e assistentes inteligentes
de voz, com um toque futurista
nas vitrines.
Em uma tela de vidro transpa-
rente, que exibe o smartphone Pi-
xel 7, mais recente modelo da em-
presa, a vitrine projeta holografias
sobrepostas ao vidro, que trazem
mais informações dobre o produ-
to, como sua interação com o reló-
gio inteligente da empresa. A tec-
nologia, desenvolvida pelo Goo-
gle, tem potencial para se dissemi-
nar em outras vitrines americanas
nos próximos anos.
Entre as lojas de produtos de lu-
xo, na parte central da cidade, a ita-
liana Salvatore Ferragamo traz um
totem em sua loja de bolsas, calça-
dos e acessórios, que permite cus-
tomizar uma linha de tênis da
marca incluindo cores laterais, ca-
darços e a sola. O cliente também
pode incluir suas iniciais na parte
traseira do calçado. Depois é só fe-
char o pedido e dar o endereço de
entrega.
A loja da Ferragamo ainda conta
com um estúdio onde é possível
gerar um vídeo de si mesmo, com
fundo interativo personalizável Na loja da Salvatore Ferragamo o cliente cria um vídeo de si mesmo: NFT
que vira um token não-fungível
(NFT) da marca. Após escolher o como um ponto central na estraté- revelar o número de novas lojas
fundo animado e registrar a selfie, gia de vendas por múltiplos canais nos planos para 2023.
o cliente recebe o vídeo por e-mail também está na prioridade da Al- Para Serrentino, o novo olhar
e pode salvá-lo com um registro pargatas, uma das varejistas do sobre a loja física é fundamen-
exclusivo em uma carteira digital. Brasil que participam do evento. tal, mas exige adaptações na cul-
“A pandemia afetou consumi- “A tecnologia tem um papel tura do varejo. “As lojas estão se
dores e varejistas com uma partici- fundamental na seleção de pro- tornando centrais de vendas em
pação digital maior, tendo clientes dutos em exposição já que as lo- múltipos canais (‘omnichan-
consumido de forma diferente e jas têm, em média, de 50 a 100 nel’), mas precisamos de novos
mais transações em múltiplos ca- metros quadrados”, explica Ro- padrões de medição de resulta-
nais”, observa Alberto Serrentino, berto Funari, diretor-presidente dos e que as lojas coletem infor-
fundador da consultoria Varese da Alpargatas. mações de seus clientes”, alerta.
Retail, especializada no setor, que A Alpargatas abriu 50 lojas em “Reinventar a loja é reinventar o
comandou um painel com a brasi- 2022 e segue com a expansão negócio e desafiar a cultura [da
leira Alpargatas, no primeiro dia neste ano. “Vamos abrir novas lo- empresa]”.
da NRF 2023. jas no Brasil e em outros países”,
A estratégia de posicionar a loja disse Funari, durante a NRF, sem A repórter viajou a convite da Vtex

Restaurantes recuperam clientela, mas inflação pesa

Cenário
De São Paulo
Reabertos após dois anos entre
fechamentos constantes no auge
da pandemia da covid-19, res-
taurantes e bares recuperaram o
movimento em 2022. Contudo, a
maioria ainda carrega o endivi-
damento que cresceu com a crise
sanitária e convive com a infla-
ção dos alimentos e com a renda
pressionada do consumidor.
Em 2022, bares e restaurantes
faturaram R$ 396 bilhões, alta de
8% sobre o resultado de 2019, an-
tes da pandemia, e de 5% em rela-
ção a 2021, segundo dados da As-
sociação Brasileira de Bares e Res-
taurantes (Abrasel).
Apesar da retomada dos gas-
tos com alimentação fora do lar
pela volta ao trabalho presencial
e a prioridade em gastos com ser-
viços pelos clientes de renda
mais alta, a inflação ainda “é a
maior vulnerabilidade do setor”,
afirma Paulo Solmucci, presiden-
te-executivo da Abrasel.
Uma pesquisa recente da enti-
dade com 1.263 estabelecimentos
mostra que 55% carregam dívidas
do período da pandemia. Segundo
Solmucci, a partir de julho, o setor
conseguiu reajustar preços, mas
ainda assim, em uma média de
7,5% diante uma inflação acumu-
lada de 11,6% em alimentos, em
2022, segundo o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA). “Uma hora essa conta vai
chegar”, alerta o executivo.
Outro desafio para 2023 é a es-
cassez de mão de obra qualificada,
um problema que também vem da
crise sanitária. Enquanto 300 mil
estabelecimentos fecharam as
portas durante o auge da pande-
mia, cerca de 500 mil abriram suas
cozinhas, afirma Solmucci. A
maioria, segundo ele, é composta
por microempreendedores, como
chefes de cozinha que ficaram sem
emprego e agora vendem refeições
prontas, como marmitas congela-
das, e não pretendem voltar aos sa-
lões. “Temos 45% dos estabeleci-
mentos com vagas em aberto no
país”, diz o presidente da Abrasel.
A entrega de refeições prontas
ganhou um papel relevante na re-
ceita dos estabelecimentos, após a
reabertura dos salões. “O delivery
se ajustou aos novos hábitos dos
brasileiros”, diz Ingrid Devisate,
cofundadora e diretora-executiva
do Instituto Foodservice Brasil
(IFB). Antes da pandemia, a receita
média dos estabelecimentos com
delivery era de 11% ao mês. Na cri-
se, chegou a 24% e, desde o terceiro
trimestre, se estabilizou em 19%.
A necessidade de salvar o ne-
gócio na pandemia também am-
pliou os perfis de estabelecimen-
tos que atuam com entregas. “Ni-
chos que não estavam no delive-
ry, como restaurantes de alta gas-
tronomia e bares, entraram por
necessidade e incorporaram as
entregas ao dia-a-dia”, nota Fer-
nando Blower, diretor-executivo
da Associação Nacional de Res-
taurantes (ANR). Um levanta-
mento feito pela associação mos-
tra que, em 2022, só 14% dos res-
taurantes e bares do país não tra-
balhavam com entregas.
A configuração do mercado de
aplicativos de “delivery” é uma
preocupação das entidades, em-
bora o mecanismo mais usado
para entregas sejam o telefone,
citado por 54% dos 6 mil estabe-
lecimentos pesquisados pelo IFB,
no terceiro trimestre, e o What-
sApp, por 35%. As taxas dos servi-
ços dos aplicativos, mesmo re-
passadas ao consumidor, soma-
das ao desafio de absorver a in-
flação dos alimentos, ainda são
entraves aos restaurantes, dizem
as entidades setoriais.
Em pesquisa recente da Abra-
sel com 1.700 estabelecimentos,
o preço médio do prato no iFood,
que lidera o segmento de aplica-
tivos de delivery no país, foi
17,5% mais caro do que um pedi-
do feito no salão do restaurante.
Embora o consumidor esteja
ciente e até pague mais caro pela
comida em troca da conveniên-
cia da entrega pelo app, segundo
Devisate, do IFB, muitas vezes a
conta não fecha porque o restau-
rante precisa oferecer descontos
para ser atrativo nas platafor-
mas. “Não está fácil ‘promocio-
nar’ porque houve aumento no
valor médio por refeição”, ela
afirma.
O IFB deve divulgar o fatura-
mento de 2022 do setor de servi-
ços de alimentação — excluindo
bufês, rotisserias e lojas de con-
veniência — no fim deste mês,
mas prevê que a soma alcance
R$ 192 milhões, 11,1% inferior ao
resultado de 2019 e 13,6% supe-
rior ao de 2021. (DB)

“É necessário responder onde houve falha”

DIVULGAÇÃO

Crise na Americanas
Juliana Schincariol
Do Rio
O problema da Americanas
S.A. , que informou um rombo
de R$ 20 bilhões na quarta-feira
e dois dias depois pediu prote-
ção contra credores por 30 dias,
alegando dívida total de R$ 40
bilhões, ainda tem mais pergun-
tas do que respostas e muitas
delas podem estar relacionadas
a falhas de governança da vare-
jista. Não se sabe o verdeiro ta-
manho do problema, nem se o
que levou ao rombo bilionário
foi falta de controles ou uma po-
lítica contábil mais ousada, ob-
serva Luciana Dias, ex-diretora
da Comissão de Valores Mobiliá-
rios (CVM) e professora da Fun-
dação Getulio Vargas. Até que as
investigações desvendem essas
questões, não é possível apontar
os responsáveis, incluindo os au-
ditores. A seguir, os principais
trechos da entrevista:
Valor: Como aconteceram os
problemas na Americanas?
Luciana Dias:Pelas divulgações
que já foram feitas, não temos
certeza se é uma questão de polí-
tica contábil ou controles. O fato
relevante [que anunciou incon-
sistências contábeis de R$ 20 bi-
lhões] não deixa isso claro. Preci-
samos de mais informações e o
comitê independente que foi
criado vai olhar a forma como es-
sas discussões foram feitas. Ope-
rações de risco sacado [financia-
mento que antecipa pagamento
a fornecedor] diariamente e de
vários modos no varejo. Como é
uma operação conhecida, é uma
questão que costuma ser levanta-
da e analisada pelos auditores.
Sem mais informações, ainda es-
tamos no escuro.
Valor: A primeira divulgação ao
mercado trouxe poucas informa-
ções. Como avalia isso?
Dias: Em geral, as empresas fa-
zem esse tipo de divulgação com
mais informações para o merca-
do para não gerar especulações.
Hoje, na Americanas, o investi-
dor não sabe se é um problema
de controles ou de política con-
tábil, e qual é o verdadeiro ta-
manho do problema. Trocar os
dois executivos mais importan-
tes da companhia [o CEO e o
executivo-financeiro] e eles re-
nunciarem logo em seguida po-
de exacerbar a dimensão do pro-
blema. Há questões de gover-
nança que não são necessaria-
mente fraudes. Não ter controles
específicos, não ter discussões
nas notas explicativas é bastante
intrigante do ponto de vista de
governança. O fato relevante
não menciona quando surgiu a
desconfiança do problema,
quem está solucionando. Mes-
mo que não tenha fraude, pode
haver problemas de governança
relacionados à falta de contro-
les. É possível ter um problema
de governança que não é deso-
nestidade.
Valor: Uma regulação mais rígi-
da poderia impedir o problema?
Dias: Acho difícil porque ado-
tamos as normas [internacionais
de contabilidade] do IFRS em
2007 e estamos 100% adequados
a elas. A CVM não pode regular
diferente do IFRS. O que ela pode
trazer com mais clareza são suas
interpretações a respeito do IFRS,
e ela [a CVM] faz isso por meio
dos ofícios circulares. O IFRS dá
espaço para que a companhia fa-
ça julgamentos contábeis, esta-
beleça políticas contábeis e ex-
plique as opções feitas nas de-
monstrações financeiras. As
companhias com boa governan-
ça levantam as questões mais re-
levantes para aquele assunto e
discutem nas instâncias de go-
vernança adequadas. Isso precisa
ser documentado para que as in-
formações não se percam, e de-
vem ser estabelecidos controles
para que essas políticas sejam
adequadamente implementa-
das. É nesse caminho que vai es-
tar a resposta. É necessário res-
ponder onde houve falha na ca-
deia de governança.
Valor: Como fica o papel dos au-
ditores diante dessa situação?
Dias: Os auditores revisam as
informações e aquelas que são
pertinentes e têm o papel de cha-
mar atenção para o que a CVM
destacou em um ofício circular,
de levantar questões importan-
tes para a companhia, debater,
fazer perguntas. Por isso seria
muito estranho se isso não tives-
se sido debatido na Americanas.
Sem investigação, não dá para
colocar dedo no olho do auditor.
Valor: O auditor deve detectar
fraudes?
Dias: A CVM tem alguns casos
de fraude contábil e alguns casos
de discordância de políticas con-
tábeis, que são situações diferen-
tes. Mas em ambos os casos ela
primeiro vai responsabilizar a
administração da companhia, e
vai ver em que medida o auditor
poderia ter capturado aquela
fraude, se for o caso. Um processo Luciana Dias, ex-diretora da CVM: não se sabe ‘o verdadeiro tamanho do problema’
contra o auditor poderá ser aber-
to se identificar falhas no traba- troles e não de política. fletiu, ao menos não o suficiente,
lho dele, depois que tiver identi- Valor: Qual é a lição deixada pa- sobre o assunto. As varejistas de-
ficado o problema. Só vamos sa- ra o mercado até o momento? vem estar revendo suas práticas.
ber o nível de responsabilidade Dias: Em 2016, a CVM tinha Não me espantaria que compa-
que vai se atribuir ao auditor um notícia de que muitas empresas nhias de varejo façam anúncios
pouco mais para frente quando brasileiras adotaram a prática de revisão de políticas contábeis
entendermos qual é o problema. [referente ao risco sacado] e que ou números. Os auditores vão fi-
Pode envolver o auditor do ciclo poderia distorcer os números car mais rigorosos. [Em momen-
anterior e não só o atual. O fato dos balanços, e divulgou um ofí- tos como esse], aproveitam a
de ter mudado de auditor sem cio circular sobre o assunto. Não oportunidade para rever práticas
nenhuma indicação de proble- dá para acreditar que 100% se das companhias que auditam.
ma é algo que possivelmente in- corrigiram. Temos a notícia que
dica que é um problema de con- uma das maiores do país não re- Ver mais na página B7

Empresas | Serviços&Tecnologia
Varejo Conversa azeda após varejista obter proteção contra credores por 30 dias, BTG fala em ‘fraude confessada’
Bancos vão à Justiça contra Americanas
Talita Moreira, Maria Luíza
Filgueiras e Fernanda Guimarães
De São Paulo
Bancos credores da America-
nas se armam para uma batalha
judicial contra a varejista, que
conseguiu uma decisão na noite
de sexta-feira que a protege da
cobrança de dívidas por um mês.
Um primeiro recurso foi impe-
trado no sábado pelo BTG Pac-
tual, que tem R$ 1,9 bilhão a rece-
ber da empresa. Outras institui-
ções financeiras pretendem en-
trar com ações nos próximos
dias, apurou o Valor.
Executivos dos bancos passa-
ram o fim de semana em conver-
sas entre eles e com seus respecti-
vos departamentos jurídicos pa-
ra definir os próximos passos.
Obtida pela Americanas na
noite de sexta-feira, a medida
cautelar antecipa, na prática, os
efeitos de uma recuperação judi-
cial — algo que os bancos querem
evitar porque reduz a margem de
negociação para receber o que a
empresa lhes deve. Ao mesmo
tempo, as instituições financeiras
pretendem pedir explicações de-
talhadas sobre as “inconsistên-
cias contábeis” de R$ 20 bilhões
reveladas pela Americanas para
entender se são fruto de erro ou
resultado de fraude. Tais proble-
mas levaram Sérgio Rial a renun-
ciar ao cargo de CEO, na quarta-
feira, depois de apenas dez dias.
O clima entre os bancos e os
acionistas de referência da Ame-
ricanas — o trio formado por Jor-
ge Paulo Lemann, Marcel Telles e
Carlos Alberto Sicupira — já esta-
va tenso, mas piorou muito com a
decisão judicial obtida pela em-
presa. O movimento pegou os
credores de surpresa e gerou irri-
tação entre eles.
Na cautelar, a Americanas apre-
sentou dívida de R$ 40 bilhões. A
companhia deve R$ 18,8 bilhões às
Plano de venda de ativos considera
Hortifruti e lojas de conveniência
Fernanda Guimarães e Adriana
Mattos
De São Paulo
Após buscar na Justiça uma me-
dida cautelar preparatória para
uma recuperação judicial, a Ame-
ricanas começa a estruturar um
plano de venda de ativos, anteci-
pou o site do Valor na sexta-feira.
Pressionada para levantar capi-
tal em meio a uma das maiores cri-
ses da história corporativa brasilei-
ra, a varejista tem entre os negó-
cios já avaliados para venda o Hor-
tifruti Natural da Terra, varejista de
itens frescos adquirida há um pou-
co mais de um ano, e a sua fatia na
Vem Conveniência, uma joint ven-
ture com a Vibra (ex- BR Distribui-
dora), apurou o Valor. Por ambas,
poderiam conseguir até R$ 3 bi-
lhões, segundo fontes.
A Americanas calcula que a sua
parte de 50% na Vem vale cerca de
R$ 1 bilhão. Neste caso, o caminho
“Se fornecedor precisar receber, não recebe”
Laura Ignacio
De São Paulo
A Americanas obteve na Justiça
uma decisão que concede à com-
panhia um prazo de 30 dias para se
preparar para pedir a recuperação
judicial, sem cobranças dos credo-
res. A medida, chamada de “tutela
de urgência cautelar preparató-
ria”, é incomum, mas legal.
A varejista utilizou o instrumen-
to jurídico para “evitar iminente
dano irreparável” de valor aproxi-
mado, de acordo com o processo,
de R$ 40 bilhões.
Na prática, durante esse período
de 30 dias ficam suspensos: venci-
mentos antecipados das dívidas
junto a credores; obrigações relati-
vas a bancos; efeitos de inadimple-
mento; e qualquer arresto, penho-
ra, sequestro, busca e apreensão e
constrição de bens.
Além disso, ficam preservados
todos os contratos necessários à
operação do Grupo Americanas,
inclusive linhas de crédito e forne-
cimento. Também foi imposta a
imediata restituição de todo valor
Rial disse aos bancos que acionistas de referência aportariam R$ 6 bilhões
instituições financeiras, segundo
lista obtida pelo Valor. No balanço
do terceiro trimestre, a empresa
apresentava um endividamento
bruto de R$ 19,3 bilhões.
Os bancos haviam sinalizado
que estavam dispostos a rolar as
dívidas da empresa. Para isso, que-
rem que os acionistas de referência
façam um aporte na Americanasa.
As instituições financeiras calcu-
lam que será necessária uma capi-
talização entre R$ 10 bilhões e
R$ 12 bilhões para sanar os proble-
mas. Rial, representando os acio-
nistas, acenou na sexta-feira com
algo em torno de R$ 6 bilhões.
Diante do impasse, Rial ficou de
conversar novamente com os acio-
nistas e voltar aos bancos com uma
resposta, o que era esperado para
esta segunda-feira. Mas a decisão
da Americanas de buscar proteção
na Justiça contra credores, por 30
dias, mudou o cenário e azedou o
humor. A partir daí, os bancos
também passaram a pensar numa
solução judicial.
O BTG Pactual tentou derrubar o
inicial é levar à Vibra a opção de
compra da sua fatia no negócio,
numa saída que poderia ser rápida
pois não exigiria a fase de busca de
interessados e de análise dos nú-
meros. A Vem tem 1,3 mil lojas de
conveniência em postos BR Mania.
Na Vibra, o presidente do conse-
lho de administração (indepen-
dente) é Sérgio Rial, que deixou a
presidência da Americanas após a
descoberta do rombo, mas tem as-
sessorado os maiores acionistas in-
dividuais do grupo — Jorge Paulo
Lemann, Marcel Telles e Beto Sicu-
pira. Na época do acordo entre as
empresas, a eventual existência de
um conflito de interesses de Rial
chamou a atenção de gestores.
Em relação ao Hortifruti, o mer-
cado estima “valuation” em torno
de R$ 1 bilhão, mas a empresa cal-
cula o dobro, informou o site Pipe-
line. Um gestor lembra que a ven-
da desses negócios não atingiria
montante relevante, considerando
que os credores eventualmente ti-
verem compensado, retido ou se
apropriado, em virtude do fato re-
levante veiculado ao mercado no
dia 11 de janeiro e seus desdobra-
mentos.
Na quarta-feira, fato relevante
da Americanas, divulgado após fe-
chamento do mercado, noticiou a
existência de inconsistências con-
tábeis referentes aos exercícios an-
teriores, incluindo o ano de 2022,
em montante aproximado de R$
20 bilhões.
Segundo um advogado especia-
lista em recuperação judicial, a
medida cautelar deferida antecipa
os efeitos de eventual pedido de re-
cuperação judicial a ser requerido
pela Americanas, dentro do prazo
de 30 dias. Assim, ela pode se pre-
parar para o pedido sem sofrer me-
didas constritivas dos credores.
“Em geral, a tutela impede que,
durante esse período, os credores
da companhia venham a cobrar
suas dívidas e atingir o patrimônio
da companhia, permitindo que a
Americanas tenha algum fôlego
para apresentar seu pedido de re-
ANA PAULA PAIVA/VALOR
bloqueio de execuções obtido pela
Americanas no TJ-RJ, mas o desem-
bargador de plantão neste domin-
go, Luiz Roldão Filho, não deferiu o
pedido, alegando não ser de sua
competência. A varejista havia ido
à Justiça depois que o banco blo-
queou R$ 1,2 bilhão em aplicações
da empresa, como garantia de pa-
gamento antecipado de dívidas.
No pedido, o BTG define o rom-
bo na Americanas como “fraude
confessada” e fala da capacidade
de pagamento. “Num processo de
recuperação ordinário, os insuces-
sos corriqueiros de uma atividade
empresarial podem ser comparti-
lhados numa barganha coletiva
entre empresário-devedor e credo-
res (...). Já numa crise de insolvên-
cia de uma empresa que tem frau-
de contábil em seu modelo de ne-
gócio, não há função social subja-
cente que se possa preservar”, disse
o banco na ação. E emendou:
“Fraude contábil não é função so-
cial legítima, merecedora de pro-
teção da lei, mas ato que deve ser
punido severamente, com suas po-
o tamanho do ajuste que a empre-
sa terá que fazer. As “inconsistên-
cias contábeis” somam R$ 20 bi-
lhões. O valor total das dívidas que
a empresa cita em seu pedido cau-
telar é de R$ 40 bilhões.
A compra da Hortifruti pela
Americanas, por R$ 2,1 bilhões, em
2021, teve outros três interessados,
pelo menos — entre eles, o Grupo
Oba, apurou o Valor. Nesse seg-
mento, fundos de private equity
também podem ser uma opção.
A questão central é que uma boa
parte dos ativos da empresa é pou-
co líquida — como operações de
softwares e logística, e que já fo-
ram absorvidas dentro da estrutu-
ra da Americanas, especialmente
no digital. Mas a Hortifruti e a Vem
são negócios que têm uma opera-
ção física relevante e não estão
100% integradas com a America-
nas. São avaliados como ativos
atraentes pelo mercado e com me-
lhor potencial no setor.
cuperação judicial no prazo assi-
nalado pelo juízo”, diz a fonte que
preferiu não se identificar.
Após esse prazo, se a America-
nas não apresentar pedido de re-
cuperação judicial, perde a prote-
ção concedida pela cautelar.
“Agora, se um fornecedor preci-
sar receber da Americanas nesta
segunda-feira, não recebe”, diz a
advogada Juliana Bumachar, espe-
cialista em recuperação judicial e
sócia de escritório que leva seu no-
me. “Ou seja, não vence mais ante-
cipamente o contrato”.
De acordo com Juliana, trata-se
de uma decisão inédita. “Com base
em uma medida cautelar, sem me-
diação ou conciliação junto aos
credores, se antecipam os efeitos
de um processo de recuperação ju-
dicial, com a suspensão das ações e
medidas constritivas dos contra-
tos, inclusive dos financeiros”, diz.
No processo, a Americanas ar-
gumentou que as inconsistências
contábeis, apontadas no fato rele-
vante, exigirão reajustes nos lança-
mentos da companhia, que pode-
rão impactar nos resultados finais
Exposição à Americanas
Quem são os bancos credores da varejista - em R$ bilhões
Risco sacado*
Bradesco
Santander
Itaú Unibanco
Safra
BTG Pactual
Banco do Brasil
BV
Daycoval
ABC
Total
0 10
R$ 40 bilhões é o valor que
Americanas alega ter em dívidas, em
um pedido de tutela de urgência
cautelar, concedido pela Justiça na
sexta-feira
Fonte: Informações de mercado obtidas pelo Valor. *Financiamento para pagar fornecedores.
tenciais consequências criminais”.
Além das operações de anteci-
pação de recebíveis a fornecedo-
res da Americanas, contabiliza-
das no risco sacado, o BTG tam-
bém fez operações de derivativos
para a B2W, empresa do grupo
Americanas. Essas operações te-
riam sido a motivação principal
do bloqueio, uma vez que teriam
gerado chamada de margem,
com custo para o banco.
Uma tese que circula entre os
credores faz paralelos entre o erro
bilionário do balanço da gigante
de alimentos Kraft Heinz, investi-
da da 3G Capital (fundada pelo
trio Lemann, Telles e Sicupira),
com a incongruência do balanço
da Americanas. Na Kraft, a área de
compras declarava descontos in-
flados de fornecedores e isso aju-
dava a aumentar o lucro. A SEC (a
CVM dos Estados Unidos) acabou
multando a companhia.
Caso não se chegue a um enten-
dimento, há quem também cogite
pedir à Justiça o afastamento da di-
retoria e de conselheiros da Ameri-
Negócios da Americanas
Alguns dos principais ativos (Dados de 2022, até setembro, em R$ milhões)
Controladas diretas e indiretas
SuperNow
Uni.co
Hortigil (Hortifruti)*
Natural da Terra*
Imaginarium Franchising
Vem Conveniência
Fonte: Notas explicativas de demonstrações da Americanas. (*) Dados referem-se ao ano de 2021, e não a o ano de 2022
Entre os negócios de maior por-
te, um dos únicos com lucro líqui-
do é a Vem Conveniência, segundo
notas explicativas do balanço.
Eram R$ 8 milhões até setembro, e
patrimônio de R$ 750 milhões.
Entre as 40 controladas diretas,
indiretas e em conjunto da Ameri-
canas, 24 apuravam prejuízo em
2022, até setembro. Entre as con-
troladas indiretas, são 19 compa-
nhias como Imaginarium Franchi-
sing e a Ame Digital Brasil. A Ame,
plataforma financeira do grupo, é
um dos negócios que mais se de-
senvolveram nos últimos anos,
divulgados nos respectivos exercí-
cios anteriores. A consequência se-
ria a alteração do grau de endivi-
damento da empresa e do volume
de capital de giro.
Essa situação implicaria “o des-
cumprimento de ‘covenants finan-
ceiros’ previstos em contratos, in-
clusive estrangeiros”. Segundo a
empresa, o resultado seria o venci-
mento antecipado e imediato de
dívidas em montante aproximado
de R$ 40 bilhões.
A tutela cautelar foi deferida pe-
lo juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª
Vara Empresarial da Comarca do
Rio de Janeiro (processo nº
0803087-20.2023.8.19.0001). Esse
instrumento é previsto no artigo
300 do Código de Processo Civil.
Sua aplicação para empresas em
crise foi reforçada pela reforma da
Lei de Recuperação e Falências (Lei
nº 11.101, de 2005) ocorrida em
2020 (Lei nº 14.112).
Os advogados que representam
a Americanas e o administrador
judicial Bruno Rezende, nomeado
pelo juiz, foram procurados pelo
Valor, mas não se pronunciaram.
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Total geral
3,9 4,7
1,8 3,7
2,7 3,4
2,1 2,5
1,9 1,9
0,3 1,3
0 0,4
0,6 0,6
0,3 0,3
13,6
20 30 0 10
30 dias é o prazo dado pela Justiça
suspendendo a cobrança de dívidas por parte
de credores da Americanas. Depois disso,
Americanas poderá ou não pedir
recuperação judicial
canas. Sicupira e Paulo Lemann, fi-
lho de Jorge Paulo, são membros
do conselho da Americanas.
Não bastasse a surpresa com o
rombo de R$ 20 bilhões, os credo-
res também estão incomodados
com a intermediação escolhida
pela Americanas e com a composi-
ção do comitê independente cria-
do para apurar potenciais irregu-
laridades.
Ninguém tem nada contra Rial,
ao contrário. Mas, como o próprio
executivo deixou claro, ele não po-
de tomar decisões em nome da
empresa e, além disso, há um po-
tencial conflito de interesses,
apontam três fontes. O Santander
é um dos maiores credores, inclu-
sive na conta do risco sacado, e Rial
continua sendo o chairman do
banco no Brasil.
Na reunião com bancos na sex-
ta-feira, Rial afirmou que não tem
mandato para fazer promessas ou
bancar cifras. “Se ele não pode ne-
gociar, por que estamos abrindo
negociação com ele?”, questiona
um dos credores mais irritados. O
Áreas de atuação
Plataforma on-line para supemercados
Lojas de moda e artigos de presentes
Varejo de alimentos
Varejo de alimentos
Lojas de utensílios doméstico
Lojas de conveniência
mas é braço crucial do negócio. “A
questão é que a venda de negócios
estratégicos para a Americanas
não faria muito sentido, até por-
que a empresa precisa se manter
competitiva, mas ao mesmo tem-
po, é preciso analisar as saídas pos-
síveis”, diz um analista.
Rial conduziu na sexta-feira
uma reunião com times da área de
crédito dos bancos credores da
companhia, e ouviu deles que a
venda de ativos seria um movi-
mento obrigatório, um pilar do tri-
pé entre capitalização e renegocia-
ção de dívidas. Na ocasião, o execu-
Bumachar, advogada: “Se antecipam os efeitos de uma recuperação judicial”
| Valor | B7
alvo da fúria não é Rial, mas os
acionistas de referência, que deve-
riam ter chamado para si ao me-
nos a reunião inicial, numa sinali-
zação mais firme aos bancos, ava-
lia esse executivo.
Outro alvo de incômodo para os
credores, o comitê independente
criado pela Americanas para apu-
rar os problemas passará por mu-
danças. Já foi definido que Pedro
Melo será substituído. O executivo
era presidente da KPMG quando a
companhia auditava a America-
nas, em exercícios anuais que se-
18,8
20 30
rão justamente alvos do trabalho
de supervisão. A PwC foi sucessora
em período recente e também terá
balanços escrutinados. Vanessa
Lopes também pode ser substituí-
da uma vez que estava no comitê
de auditoria e faz parte do conse-
lho há pouco mais de um ano. O
comando do comitê segue com o
advogado Otavio Yazbek, ex-presi-
dente da CVM e sócio fundador do
Yazbek Advogados. O papel do co-
mitê não é negociar com bancos
ou pensar em reestruturação, mas
averiguar se houve fraude.
Em nota divulgada na tarde deste
domingo, a Americanas disse que a
medida cautelar obtida para sus-
pender a cobrança de dívidas “visa
somente a sustentação jurídica ne-
cessária” para que a empresa e os
credores tentem “chegar a um possí-
vel acordo”.
“A Americanas reitera a impor-
tância da manutenção da liminar,
apesar da tentativa de suspensão, o
que poderia gerar assimetria entre
os seus credores, inclusive bancos, e
não ajudaria no processo”, disse a
empresa por meio de nota. “Nesse
momento, a companhia segue acre-
ditando na proteção da medida cau-
telar e no compromisso dos credo-
res de retornarem com uma propos-
ta. A Americanas apontará em breve
a sua equipe de negociação com os
credores.” (Colaborou Adriana Mat-
tos)
Patrimônio Lucro/prejuízo
líquido líquido
32,6 - 32,1
87,6 - 10,7
641,5* -79,3*
17,5* -0,178*
-0,338 -0,456
747,0 8,2
tivo teria dito que a Americanas
venderá os ativos para fazer caixa.
Entre os bancos que têm as maio-
res partes das dívidas em “risco sa-
cado” — a operação que concentra
o rombo da rede — estão Bradesco,
Santander e Itaú.
No fim da tarde de sexta-feira, o
juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio
de Janeiro, Paulo Assed, concedeu
medida de tutela de urgência cau-
telar solicitada pela empresa. Isso
suspende bloqueio, sequestro ou
penhora de bens da rede. O pedido
é preparatório para ação de recu-
peração judicial (ver nesta página).
LEO PINHEIRO/VALOR
B8 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Empresas | Serviços&Tecnologia
Saúde Após 25 aquisições desde 2020, a empresa controlada pela DNA Capital investe no crescimento da operação
Viveoexpandesetecentrosdedistribuição
Beth Koike
De São Paulo
Líder no segmento de distri-
buição de materiais e medica-
mentos controlada pela gestora
DNA Capital, a Viveo está inves-
tindo R$ 70 milhões na expansão
de sete unidades de armazena-
mento no Sul e Sudeste do país e
em renovação tecnológica.
A companhia tem hoje 20 cen-
tros de distribuição no país e
uma frota de 230 veículos que
entregam 43,5 mil itens por mês
para hospitais, clínicas e farmá-
cias. “Hoje, nossos CDs estão com
Inteligência artificial
‘ensina’ a escrever redação
Inovação
João Luiz Rosa
De São Paulo
Redações podem ser uma dor
de cabeça para estudantes que
não gostam de escrever ou pro-
fessores sem tempo para comen-
tar os textos. Mas uma tecnologia
desenvolvida pela startup brasi-
leira Letrus pode ajudar a ambos.
Baseado em inteligência artifi-
cial (IA), o software já despertou
o interesse do prestigiado Insti-
tuto de Tecnologia de Massachu-
setts, o MIT; recebeu apoio da
Fundação Lemann e foi reconhe-
cido pela ONU como uma das
melhores tecnologias educacio-
nais do mundo. O sistema está
sendo usado por 180 mil alunos
e 1,5 mil professores de 630 esco-
las e a meta dos seus criadores é
dobrar a base neste ano.
“A Letrus foi criada com o objeti-
vo de dar novo significado ao letra-
mento no ambiente escolar”, diz
Thiago Rached, cofundador e CEO
da empresa. Em sala de aula, redi-
gir tornou-se uma atividade muito
voltada à correção e avaliação pos-
terior do texto, sem ligação mais
direta com a vida do aluno, obser-
va o executivo. “É preciso reconec-
tar o estudante ao desenvolvimen-
to da escrita. A tecnologia que de-
senvolvemos está voltada à melho-
ria da capacidade de escrever, ler e
entender textos de forma crítica.”
Curtas
Ser Educacional
A Ser Educacional comunicou
que os acionistas da companhia,
reunidos em assembleia n sex-
ta-feira, aprovaram a incorpora-
ção de suas controladas Centro
de Ensino Superior Piauiense
(FAP Teresina), Centro Integrado
de Educação Superior do Piauí
(FAP Aliança) e Sociedade de En-
sino Superior Piauiense (FAP Par-
naíba). A aprovação segue os ter-
mos do protocolo de justificação
e incorporação assinado entre as
administrações em 13 de dezem-
bro de 2022.
Assaí antecipa
O grupo de atacarejo Assaí co-
municou a antecipação de 21 de
fevereiro para 17 de fevereiro do
pagamento de juros sobre capi-
tal próprio aprovado no final de
dezembro. A mudança de data
foi decidida, pois dia 21 de feve-
reiro não haverá expediente
bancário, por conta do feriado
de carnaval. O montante bruto a
ser distribuído permanece em
R$ 50 milhões, o equivalente a
R$ 0,03706, levando em conside-
ração a composição acionária do
dia 28 de dezembro de 2022.
UnitedHealth I
A UnitedHealth, dono da Amil
no Brasil, registrou lucro líquido
de US$ 4,76 bilhões no quarto
trimestre, alta de 16,9% na com-
paração anual. A controladora
da Amil somou receitas de
US$ 82,7 bilhões entre outubro e
dezembro, crescimento de 12,2%
sobre o mesmo período de 2021.
De acordo com a companhia, os
90% de sua capacidade preenchi-
da. Com essa expansão, esse per-
centual cai para 70%. E, com o in-
vestimento em tecnologia, que é
da ordem de R$ 30 milhões, nos-
sos processos vão se tornar mais
eficientes porque passaremos a
trabalhar com um único siste-
ma”, disse Vilson Schvartzman,
vice-presidente comercial de dis-
tribuição e operações da Viveo,
que está usando recursos do cai-
xa para bancar a expansão.
A companhia vem dedicando
esforços para integrar todas as
operações adquiridas. Desde
2020, a Viveo fez 25 aquisições,
O programa funciona sob uma
plataforma digital. Para reduzir o
problema do gargalo de acesso à
internet, principalmente nas esco-
las públicas, a tecnologia não re-
quer infraestrutura sofisticada, diz
Rached. Cinco computadores por
cem alunos é o suficiente. A em-
presa também está desenvolvendo
uma versão da plataforma que
funcionará em celulares simples,
mesmo off-line. O aluno escreve a
redação e passa a contar com os re-
cursos quando estiver on-line.
A inteligência artificial analisa
o texto em camadas — gramática,
ortografia, semântica etc. — e dá
retorno imediato ao aluno, expli-
ca Luís Junqueira, cofundador da
Letrus. Se falta coesão, por exem-
plo, o software mostra as falhas e
reforça o uso de elementos como
os conectivos, que dão sentido às
ideias. Se precisar, o aluno pode
acessar informações adicionais,
como vídeos explicativos e exem-
plos de uso. “Isso permite ao estu-
dante evoluir e reescrever o texto,
fazendo alterações para melho-
rar a qualidade”, diz Junqueira. A
plataforma consegue estimar a
nota que o estudante receberá.
A IA é comumente acusada de
tornar frias as relações entre as
pessoas, mas pode fazer o contrá-
rio e humanizar o processo peda-
gógico, afirma Junqueira. No caso
da Letrus, ao mostrar as deficiên-
cias de cada aluno, a plataforma
traça um perfil de escrita indivi-
resultados foram impulsionados
pelo bom desempenho das suas
duas linhas de negócios, Optum
e UnitedHealthcare. A sinistrali-
dade no quarto trimestre ficou
em 82,8% no quarto trimestre,
em linha com estimativas da em-
presa.
UnitedHealth II
Nos resultados completos de
2022, a UnitedHealth teve lucro lí-
quido de US$ 20,1 bilhões, alta de
16,4% sobre 2021. O faturamento
entre janeiro e dezembro do ano
passado foi de R$ 324,1 bilhões,
crescimento de 12,7% em um ano.
“Esperamos que os esforços da
pessoas que levaram a nossa per-
formance robusta em 2022 defina
nosso 2023 também”, diz Andrew
Witty, diretor-presidente da Uni-
tedHealth, em nota.
Metais e Petróleo
Comparativos de preços
Metais não-ferrosos - US/ton. (1)
Alumínio high grade
Disponível
Três meses
Alumínio secundário (liga)
Disponível
Três meses
Chumbo
Disponível
Três meses
Cobre grade A
Disponível
Três meses
Estanho high grade
Disponível
Três meses
Níquel (2)
Disponível
Três meses
Zinco special high grade
Disponível
Três meses
Petróleo - US/barril (3)
WTI - mercado futuro
Brent - mercado futuro
Fontes: LME e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. (1) Métrica. (2) cotações máximas sob efeito de limites diários de estabilização, para mais informações acesse o site da LME. (3) Segunda posição
com investimentos que deman- A Viveo também vem diversifi- do, a Viveo apurou uma receita está promovendo um forte pro-
daram mais de R$ 1,5 bilhão. cando seu mercado de atuação. líquida de R$ 6,2 bilhões, o que cesso de consolidação é a Elfa,
Além do negócio de distribui- Recentemente, entrou no seg- representa um crescimento de empresa controlada pela gesto-
ção, o grupo é dono de fabrican- mento de vacinas e fornecimento 33% quando comparado ao mes- ra de private equity Pátria.
tes de materiais médicos como a de medicamentos já separados mo período de 2021. O lucro an- No mundo, a maior companhia
Cremer, Daviso, Flexicotton (fa- por dose conforme a demanda tes de juros, impostos, deprecia- nesse mercado é a americana Caps
bricante de algodão, absorven- de cada paciente. Na maioria dos ção e amortização (Ebitda) ajus- Pharmacy, que possui 22 unidades
tes de marcas próprias de farmá- hospitais, esse tipo de trabalho é tado da companhia subiu 55,4%, regionais e outras três com presen-
cias), entre outras. Durante a fa- feito pela equipe interna. No en- para R$ 532 milhões. ça nacional nos Estados Unidos
se mais aguda da pandemia da tanto, há desperdícios, o que tem A companhia detém 25% do fornecendo medicamentos em
covid, a Viveo ampliou sua pro- feito as instituições de saúde ter- mercado de distribuição de me- grande escala e dosagens específi-
dução de máscaras, luvas, aven- ceirizar o serviço. dicamentos para hospitais pri- cas, soluções de dieta nutricional
tais, entre outros itens, para su- A divisão de distribuição de vados. Esse setor ainda é bastan- — um caminho que a Viveo vem se-
prir parte da escassez desses in- medicamentos de alto custo re- te pulverizado, por isso há mui- guindo. O grupo brasileiro firmou
sumos no país. A maior produ- presenta cerca de 60% do fatura- tas transações de aquisições uma parceria técnica com a alemã
ção desses materiais vem dos mento. No acumulado dos nove ocorrendo. Além da Viveo, outra B/Braum, dona da Caps, para ab-
países asiáticos como a China. primeiros meses do ano passa- grande companhia do setor que sorver expertise nesse mercado.
. ANA PAULA PAIVA/VALOR
dualizado, com maiores chances
de despertar o interesse do estu-
dante, diz ele. Para os professores,
é a oportunidade de chegar à sala
de aula com conhecimento das
demandas individuais. “Isso colo-
ca o aluno no centro do ensino e
valoriza o professor.”
A Letrus nasceu do encontro en-
tre Junqueira, professor de portu-
guês, e Rached, egresso do merca-
do financeiro. O primeiro cursou
economia até o terceiro ano antes
de decidir mudar de área e se dedi-
car ao ensino. O segundo foi sócio Junqueira (à esq.) e Rached, sócios: “Letrus foi criada com objetivo de dar novo significado ao letramento no ambiente escolar”
da Monashees, gestora de venture
capital, para a qual buscava opor- A Unesco premiou os resulta- disciplina foi de 413 pontos, de Ventures, além da Península Par-
tunidades de investimento em dos de uma experiência feita no acordo com o Programa Interna- ticipações, “family office” da fa-
educação. Em 2014, Junqueira de- Espírito Santo em 2019, com pa- cional de Avaliação de Estudan- mília Diniz. A previsão é captar
cidiu se tornar empreendedor e le- trocínio da Fundação Lemman e tes (Pisa), feito pela Organização mais investimentos neste ano, se-
var adiante o projeto Primeiro Li- do J-Pal, laboratório do MIT volta- para a Cooperação e Desenvolvi- gundo os sócios da Letrus.
vro, uma espécie de semente da Le- do à redução da pobreza e funda- mento Econômico (OCDE) a ca- No ano passado, o número de
trus. Dois anos depois, após uma do por dois prêmios Nobel de da três anos. Metade dos estu- usuários cresceu cinco vezes em
estada fora do Brasil, Rached viu o Economia — o indiano Abhijit Ba- dantes alcançou o nível básico — relação a 2021, diz Rached. A
protótipo da plataforma. Acabou nerjee e a francesa Esther Duflo. o que significa que conseguem maior parte das escolas que adota
se juntando ao negócio. A opera- Durante cinco meses, cerca de 19 entender a ideia central de um o sistema (80%) é da rede particu-
ção comercial começou em 2017. mil estudantes e 400 professores texto. Mas só 2% atingiram os pa- lar. Para 2023, a expectativa é de
A plataforma da Letrus foi reco- da rede pública de ensino usaram tamares mais altos, relacionados pelo menos dobrar a base, afirma
nhecida como uma das melhores a plataforma. No Enem daquele à compreensão de textos longos o executivo. A Letrus está desen-
tecnologias educacionais do mun- ano, os alunos que participaram e complexos. Há dez anos o país volvendo uma versão mais com-
do pela Organização das Nações do projeto ficaram em 2 o lugar na patina nesse quesito, com a pon- pleta do software, além de módu-
Unidas para Educação, Ciência e prova de redação entre todos os tuação passando de 412 para 413 los adicionais para expandir a
Cultura (Unesco), em 2020. Foi a Estados da Federação. Os demais, entre 2009 e 2018. No bloco da plataforma atual para mais ciclos
primeira empresa brasileira a ga- que não tiveram acesso aos recur- OCDE, a média é de 487 pontos. de ensino. Nos próximos meses
nhar o prêmio Rei Hamad Bin Isa- sos, acabaram na 8 a posição. De- A Letrus recebeu aporte de um também planeja promover novas
Al Khalifa, entregue desde 2005, pois disso, o governo do Espírito grupo de investidores liderado edições do concurso Escrever para
com apoio do reino do Bahrein. A Santo passou a usar a tecnologia pelo fundo americano Potencia Transformar, voltado a estudantes
cada ano, apenas duas tecnologias em todas as escolas públicas. Ventures em 2020. Participaram, de ensino médio das redes públi-
são premiadas. A entrega ocorreu O Brasil é deficiente em leitura. entre outras, as empresas de ven- cas. As duas primeiras edições
no ano passado, em Paris. Em 2018, a média nacional nessa ture capital Canary e Positive ocorreram no Pará e na Paraíba.
Agenda Tributária
Movimento falimentar Mês de Janeiro de 2023
Data de vencimento: data em que se encerra o prazo legal para pagamento dos tributos administrados pela
querente: Max Zeladoria Eireli ME - Vara/Comarca: Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil.
Falências Requeridas 2a Vara Regional de Competência Empresarial e de
Requerido: Comarplast Indústria e Comércio Lt- Conflitos Relacionados À Arbitragem da 1ª Raj/SP
Data de
Vencimento Tributos
Código
Darf*/GPS**
Período de Apuração
do Fato Gerador (FG)
da. - CNPJ: 50.251.636/0001-84 - Endereço: Av. In- - Observação: Falta de interesse de agir. Diária Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Rendimentos do Trabalho
dustrial, 99, Distrito Industrial - Requerente: Tecno Tributação exclusiva sobre remuneração indireta 2063* FG ocorrido no mesmo dia
CleanIndustrialLtda.-Vara/Comarca:2aVaradeCa- Recuperação Judicial Requerida Rendimentos de Residentes ou Domiciliados no Exterior
Royalties e Assistência Técnica - Residentes no Exterior 0422* FG ocorrido no mesmo dia
pão Bonito/SP - Observação: Pedido redistribuído. Empresa: Sp Multi Distribuidora de Medica- Renda e proventos de qualquer natureza 0473* ”
Requerido: Comarplast Indústria e Comércio mentos Ltda. - CNPJ: 24.848.142/0001-71 - En- Juros e Comissões em Geral - Residentes no Exterior 0481* ”
Ltda. - CNPJ: 50.251.636/0001-84 - Endereço: Av. dereço: Rua Santa Clara, 681, Lote 17, Bairro Par-
Obras Audiovisuais, Cinematográficas e Videofônicas (L8685/93) -
Residentes no Exterior
5192* ”
Industrial, 99, Distrito Industrial - Requerente: Biq que Industrial San José - Vara/Comarca: 3a Vara Fretes internacionais - Residentes no Exterior
Remuneração de direitos
9412*
9427*
”
”
Bocaina Indústria Química Eireli Epp - Vara/Co- de Cotia/SP
marca: 2a Vara de Capão Bonito/SP - Observação:
Previdência privada e Fapi
Aluguel e arrendamento
9466*
9478*
”
”
Pedido redistribuído. Recuperação Judicial Deferida Outros Rendimentos
Pagamento a beneficiário não identificado 5217* FG ocorrido no mesmo dia
Requerido: Nutrisenior Indústria, Comércio, Im- Empresa: Comércio e Indústria Orsi Ltda. - CNPJ:
portação e Exportação de Produtos Nutricionais 51.423.358/0001-68 - Endereço: Rua Coronel Joa-
Diária Imposto sobre a Exportação (IE) 0107* Exportação, cujo registro da
declaração para despacho aduaneiro
Ltda. - CNPJ: 10.812.314/0001-42 - Endereço: Rua quimAnselmoMartins,1288,Centro-Administrador Diária Cide - Combustíveis - Importação - Lei nº 10.336/01
tenha se verificado 15 dias antes.
Passadena, 240, Bairro Parque Industrial San José - Judicial: Fernando Borges Administração, Participa-
Requerente: Pharmedi Comércio de Medicamentos ções e Desenvolvimento de Negócios Ltda., Represen-
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a
importação de petróleo e seus derivados, gás natural, exceto sob a forma
9438* Importação, cujo registro da
declaração tenha se verificado no
liquefeita, e seus derivados, e álcool etílico combustível. mesmo dia.
Ltda. - Vara/Comarca: 3a Vara de Cotia/SP tadaPeloDr.FernandoJoséRamosBorges-Vara/Co- Diária Contribuição para o PIS/Pasep
Requerido: T & G Gráfica e Editora Eireli - CNPJ: marca: 2a Vara de Lençóis Paulista/SP Importação de serviços (Lei nº 10.865/04) 5434* FG ocorrido no mesmo dia
02.963.583/0001-81 - Endereço: Rua Iris Meimberg, Empresa: Especialy Terceirização Ltda. - CNPJ: Diária Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
170, Vila Jovina, Bairro Barro Branco - Requerente: 20.522.050/0001-46 - Endereço: Rua Flamengo, Diário (até 2 dias úteis
Importação de serviços (Lei nº 10.865/04)
Associação Desportiva que mantém Equipe de Futebol Profissional -
5442* FG ocorrido no mesmo dia
2550** Data da realização do evento (2 dias
Megaprint Comércio e Representações Ltda. - Va- 38, Bairro Chácara California, São Paulo/sp - Ad- após a realização do
evento)
Receita Bruta de Espetáculos Desportivos - CNPJ - Retenção e
recolhimento efetuado por entidade promotora do espetáculo (federação
úteis anteriores ao vencimento)
ra/Comarca: 2a Vara de Cotia/SP ministrador Judicial: Laspro Consultores Ltda., Re-
presentada Pelo Dr. Oreste Nestor de Souza Laspro Diário (até 2 dias úteis
ou confederação), em seu próprio nome.
Pagamento de parcelamento de clube de futebol - CNPJ - (5% da receita 4316** Data da realização do evento (2 dias
Processos de Falência Extintos
- Vara/Comarca: 2a Vara Regional de Competência após a realização do
evento)
bruta destinada ao clube de futebol) úteis anteriores ao vencimento)
Requerido: L. A. M. Folini Me, Nome Fantasia Empresarial e de Conflitos Relacionados À Arbitra-
Mundial Editora - CNPJ: 07.979.729/0001-09 - gem da 1ª Raj/SP
Até o 2º dia útil após a Contribuição do Plano de Seguridade Social Servidor Público (CPSS)
data do pagamento das
Endereço: Av. Nove de Julho, 1904, Sala 01, Bairro Empresa: União de Educação e Cultura Vale do remunerações dos
servidores públicos
Jardim Stabili - Requerente: Ivonir Birck Padilha - Jaguaribe Ltda. - CNPJ: 00.138.864/0001-74 - CPSS - Servidor Civil Licenciado/Afastado, sem remuneração 1684* Dezembro/2022
Vara/Comarca: 3a Vara de Birigui/SP - Observação: Endereço: Rodovia Ce 040, Km 138, S/nº, Bairro Data de vencimento do Reclamatória Trabalhista - NIT/PIS/Pasep 1708** Mês da prestação do serviço
Desistência homologada. Aeroporto, Aracati/ce - Administrador Judicial:
tributo na época da
ocorrência do fato
Requerido: Max Zeladoria Eireli ME - CNPJ: Dra. Silvana Claudia Silva Andrade Almeida - Va- gerador (vide art. 10 do
11.330.158/0001-46 - Endereço: Av. São Paulo, ra/Comarca: 2a Vara Empresarial de Recuperação
ADE Corat nº 17, de
2022)
899, Bairro Vila Oliveira, Mogi Das Cruzes/sp - Re- de Empresas e Falências de Fortaleza/CE Reclamatória Trabalhista - CEI
Reclamatória Trabalhista - CEI - pagamento exclusivo para outras
2801**
2810**
”
”
entidades (Sesc, Sesi, Senai, etc.)
Reclamatória Trabalhista - CNPJ 2909** ”
Reclamatória Trabalhista - CNPJ - pagamento exclusivo para outras
entidades (Sesc, Sesi, Senai, etc.)
2917** ”
16 Contribuição do Plano de Seguridade Social Servidor Público (CPSS)
CPSS - Servidor Civil Ativo 1661* 1º a 10/janeiro/2023
CPSS - Servidor Civil Inativo
CPSS - Pensionista Civil
1700*
1717*
”
”
CPSS - Patronal - Servidor Civil Ativo - Operação Intra-Orçamentária 1769* ”
13/01/23 Há uma semana
Cotações
Fim de dez/22 Fim de 2022 Há um ano
Var. até a última data indicada - em %
Semana Mês Ano 12 meses
Cotação em 12 meses
Menor Maior
CPSS - Patronal - Servidor no Exterior - Operação Intra-Orçamentária 1814* ”
16 Contribuição do Plano de Seguridade Social Servidor Público (CPSS)
CPSS - Servidor Civil Ativo - Precatório Judicial e Requisição de Pequeno 1723* 1º a 10/janeiro/2023
2.511,0 2.242,5 2.360,5 2.360,5 2.960,0 11,97 6,38 6,38 -15,17 2.080,0 3.984,5 Valor
2.546,0 2.275,0 2.392,0 2.392,0 2.970,0 11,91 6,44 6,44 -14,28 2.103,0 3.968,0 CPSS - Servidor Civil Inativo - Precatório Judicial e Requisição de Pequeno 1730* ”
Valor
2.090,0 2.094,0 2.123,0 2.123,0 2.300,0 -0,19 -1,55 -1,55 -9,13 1.411,0 2.894,0 CPSS - Pensionista - Precatório Judicial e Requisição de Pequeno Valor 1752* ”
2.150,0 2.150,0 2.175,0 2.175,0 2.300,0 0,00 -1,15 -1,15 -6,52 1.425,0 2.900,0 16 Contribuinte Individual - recolhimento mensal NIT/PIS/Pasep 1007** 1º a 31/dezembro/2022
Contribuinte Individual - recolhimento mensal - com dedução de 45% (Lei 1120** ”
nº 9.876/99) - NIT/PIS/Pasep
2.215,0
2.195,0
2.235,0
2.196,0
2.335,0
2.281,0
2.335,0
2.281,0
2.367,0
2.350,0
-0,89
-0,05
-5,14
-3,77
-5,14
-3,77
-6,42
-6,60
1.754,0
1.767,0
2.513,0
2.535,0
Contribuinte Individual - Opção: aposentadoria apenas por idade -
recolhimento Mensal - NIT/PIS/Pasep
1163** ”
Segurado Facultativo - recolhimento mensal - NIT/PIS/Pasep 1406** ”
9.107,0 8.362,5 8.387,0 8.387,0 9.972,0 8,90 8,58 8,58 -8,67 7.000,0 10.730,0 Facultativo - Opção: aposentadoria apenas por idade - recolhimento 1473** ”
9.131,0 8.387,0 8.400,0 8.400,0 9.965,0 8,87 8,70 8,70 -8,37 7.005,0 10.720,0 mensal - NIT/PIS/Pasep
Segurado Especial - recolhimento mensal - NIT/PIS/Pasep 1503** ”
28.530,0 25.250,0 24.800,0 24.800,0 41.850,0 12,99 15,04 15,04 -31,83 17.700,0 50.050,0
Facultativo Baixa Renda - recolhimento mensal - Complemento para Plano
Simplificado da Previdência Social - PSPS - Lei nº 12.470/2011
1830** ”
28.650,0 25.300,0 24.900,0 24.900,0 41.550,0 13,24 15,06 15,06 -31,05 17.700,0 49.500,0 MEI - Complementação Mensal 1910** ”
Facultativo Baixa Renda - recolhimento mensal - NIT/PIS/Pasep 1929** ”
27.175,0 27.465,0 30.425,0 30.425,0 22.130,0 -1,06 -10,68 -10,68 22,80 19.100,0 48.241,0 Facultativo Baixa Renda - recolhimento mensal - Complemento 1945** ”
27.400,0 27.675,0 30.550,0 30.550,0 21.975,0 -0,99 -10,31 -10,31 24,69 19.050,0 48.063,0 16 Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral NIT/PIS/Pasep 1104** 1º outubro a 31 dezembro/2022
Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral - Com dedução de 45% 1147** ”
3.301,5 2.994,0 3.025,0 3.025,0 3.575,0 10,27 9,14 9,14 -7,65 2.682,0 4.530,0 (Lei nº 9.876/99) - NIT/PIS/Pasep
Contribuinte Individual - Opção: aposentadoria apenas por idade 1180** ”
3.281,5
13/01/23 Há uma semana
2.982,0 2.990,0
Fim de dez/22
2.990,0
Fim de 2022
3.559,0
Há um ano
10,04
Semana
9,75
Mês
9,75
Ano
-7,80
12 meses
2.666,0
Menor
4.460,0
Maior
Recolhimento Trimestral - NIT/PIS/Pasep
Segurado Facultativo - recolhimento trimestral - NIT/PIS/Pasep 1457** ”
80,11
85,55
74,04
78,75
80,45
85,65
80,45
85,65
81,62
83,77
8,20
8,63
-0,42
-0,12
-0,42
-0,12
-1,85
2,12
71,21
76,59
119,78
123,48
Facultativo - Opção: aposentadoria apenas por idade – Recolhimento
Trimestral - NIT/PIS/Pasep
1490** ”
Segurado Especial - recolhimento trimestral - NIT /PIS/Pasep
Facultativo Baixa Renda - recolhimento trimestral - Complemento para
1554**
1848**
”
”
Plano Simplificado da Previdência Social - PSPS - Lei nº 12.470/2011
Facultativo Baixa Renda - recolhimento trimestral - NIT/PIS/Pasep 1937** ”
Facultativo Baixa Renda - recolhimento trimestral - Complemento 1953** ”
Fonte: Secretaria da Receita Federal
Obs.: Em caso de feriados estaduais e municipais, os vencimentos deverão ser antecipados ou prorrogados de acordo com a legislação de regência
 Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | B9

Empresas | Tendências&Consumo
Chocolate Com 3.770 lojas no Brasil, das quais 1.000
SILVIA ZAMBONI/VALOR

abertas em 2022, a companhia faturou R$ 4 bi

Cacau Show aumenta

produção em 26% e
fatura R$ 4 bi em 2022
Ana Luiza de Carvalho
De São Paulo
A varejista de chocolates Ca-
cau Show abriu 1.000 lojas em
2022, o dobro de inaugurações
do ano anterior, alcançando o
marco de 3.770 unidades em
funcionamento. O faturamento
somou R$ 4 bilhões no ano pas-
sado, com alta de 32% em rela-
ção a 2021, enquanto a produ-
ção de chocolates avançou
26,2%, para 27,4 mil toneladas.
De acordo com a companhia, o
patamar de inaugurações a colo-
ca como a maior rede varejista do
país, em número de lojas, ultra-
passando a rede de perfumaria e
cosméticos O Boticário, que pos-
sui pouco mais de 3.700 unida-
des em operação.
O fundador e presidente da Ca-
cau Show, Alê Costa, afirma que so-
licitou à organização do livro de
recordes “Guinness World Re-
cords” o reconhecimento da com-
panhia como maior rede de choco-
lates do planeta. “Mil lojas era uma
meta quase inatingível, abrir mil
lojas de chocolate em um país não
tem precedente na história”, diz.
Costa compara o porte da rede
da Cacau Show à rede da Lindt,
que possui cerca de 800 lojas em
todo o mundo. A operação glo-
bal da rival suíça equivalente a
21% do número de lojas da Cacau
Show. Do total de lojas da Lindt,
54 unidades operam no Brasil.
O executivo afirma que a mé-
dia de inaugurações da Cacau
Show foi de três inaugurações a
cada dia útil. Das mil unidades
abertas no ano passado, 920 são
franquias e outras 80 fazem parte
da rede própria. Durante 2022, a
expansão da companhia tam-
bém incluiu 120 novos produtos
em seu portfólio.
O faturamento da Cacau Show
foi de R$ 4 bilhões em 2022, o que
representa um aumento de 32%
em relação ao faturamento de Alê Costa: “Mil lojas era uma meta quase inatingível, abrir mil lojas de chocolate em um país não tem precedente na história”
2021. Em termos de volumes, a
companhia produziu 27,4 mil to- ção de 510 mil no período corres- ma Alê Costa. Os investimentos cau Show, ou 1.548 unidades, são
neladas de chocolate no ano pas- pondente de 2021. Em número de para as novas unidades vão de- no formato convencional, en-
sado, o que representa crescimen- itens vendidos, a alta foi de 10,3%, mandar R$ 350 milhões. quanto as lojas smart (compac-
to de 26,2% no comparativo anual. para 1,75 bilhão de unidades. Além da rede varejista, a Cacau tas, ou em shopping centers) re-
A Associação Brasileiras da In- Para 2023 e 2024, a Cacau Show conta também com um presentam 25,7% da rede, com
dústria de Chocolates, Cacau, Show prevê inauguração de 600 centro de distribuição em Itape- 968 unidades. O terceiro tipo
Amendoim, Balas e Derivados lojas anuais. “Alcançamos um vi, ao lado de uma fábrica da mais comum da rede é o de con-
(Abicab) informa que entre janei- crescimento muito grande no companhia, e um centro de pro- têiner (nas ruas), com 648 lojas —
ro e setembro a produção total ano passado, então vamos admi- dução de sobremesas em Cam- ou 17,2% do total. Os formatos
brasileira somou 556 mil tonela- nistrar esse crescimento e a ma- pos do Jordão (SP). incluem ainda quiosques, mega
das, 9% a mais em relação à produ- turidade do nosso negócio”, afir- Cerca de 41% das lojas da Ca- stores, gelaterias e chocolaterias.

Vendas de chocolate crescem 16% no ano passado, até setembro

De São Paulo
O faturamento total do merca-
do de chocolate no Brasil somou
R$ 7,2 bilhões entre janeiro e se-
tembro do ano passado, o que re-
presenta alta de 16,3% em relação
ao mesmo período de 2021, de
acordo com a Associação Brasilei-
ras da Indústria de Chocolates, Ca-
cau, Amendoim, Balas e Derivados
(Abicab). Em volume, cresceu 9%,
para 556 mil toneladas.
Os dados, divulgados com ex-
clusividade ao Valor, são parte de
um levantamento do Instituto
Kantar, realizado nas regiões me-
tropolitanas de Fortaleza, Recife,
Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo,
Santa Catarina e Porto Alegre.
O volume produzido foi de 556
mil toneladas até o fim do terceiro
trimestre, um aumento de 9% em
relação à produção de 510 mil no
período correspondente de 2021.
Em número de itens vendidos nos
nove primeiros meses do ano pas-
sado, a alta foi de 10,3%, para 1,75
bilhão de unidades.
Segundo a Abicab, o consumo
fora de casa foi um dos fatores que
impulsionou o mercado de choco-
late em 2022, próximo dos níveis
registrados na pré-pandemia.
Enquanto 28,9% das unidades
foram consumidas fora de casa até
o terceiro trimestre do ano passa-
do, o percentual era de 27,1% no
mesmo período de 2021. O núme-
ro de unidades vendidas para con-
sumo fora de casa foi de 507 mi-
lhões de unidades, 17,8% a mais no
comparativo anual.
O consumo dentro de casa, po-
rém, representa a maioria das
vendas do setor — 1,2 bilhão do
total de unidade, 7,5% maior em
base anual. Esse segmento somou
faturamento de R$ 5 bilhões, com
crescimento de 12,8%.
A pesquisa indica que os produ-
tos de 80 g a 90 g são os mais vendi-
dos para consumo dentro de casa,
enquanto bombons e trufas, entre
31 g e 79 g, representam o tipo pre-
ferido para consumo fora de casa.
O produto preferido dos consu-
midores é o chocolate ao leite. As
barras e tabletes são o formato
mais demandado e representaram
41,4% das unidades vendidas em
2022, até setembro. Caixas e paco-
tes de chocolates somaram 27,7%
das vendas, seguidas por trufas e
bombons para consumo fora de
casa, com 17,6% do total. (ALC)

Americanas S.A.
CNPJ/ME nº 00.776.574/0006-60 - NIRE 33.300.290.745 - Companhia Aberta
Edital de 1ª (Primeira) Convocação de Assembleia Geral de Debenturistas da
17ª (Décima Sétima) Emissão de Debêntures Simples, não Conversíveis em Ações,
DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM da Espécie Quirografária, em Série Única, para Distribuição Pública com Esforços
Restritos, da Americanas S.A.
AVISO Nº 014/2023 – DER SEDE Nos termos do artigo 71, §§ 1º e 2º, da Lei 6.404/76 e da Cláusula X do Instrumento Particular de
Escritura da 17ª (décima sétima) Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações,
CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 011/2022 DER/DOP da Espécie Quirografária, em Série Única, para Distribuição Pública com Esforços Restritos, da
GMS 171/2022 (CP) Americanas S.A., celebrado em 22 de junho de 2022, conforme aditado (“Debêntures”, “Emissão”,
“Companhia” ou “Emissora” e “Escritura de Emissão”, respectivamente), ficam os Senhores,
RESULTADO DA ANÁLISE DOS DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FINAL titulares das Debêntures (“Debenturistas”), convocados para reunirem-se em assembleia geral de
OBJETO: Contratação de empresa especializada para a execução de serviços de manutenção Debenturistas (“AGD”), a ser realizada, em primeira convocação, no dia 06 de fevereiro de 2023, às
15:00, que será realizada de forma exclusivamente digital conforme previsto na Cláusula 10.5.4 da
de 5 (cinco) Obras de Arte Especiais localizadas na Região do Escritório Regional do Centro Escritura de Emissão e nos termos da Resolução CVM nº 81 de 29 de março de 2022, para apreciarem
Sul, nas rodovias PR-151 e PR-438. e deliberarem acerca da seguinte Ordem do Dia: (i) A não declaração do Vencimento Antecipado das
Debêntures, nos termos das cláusulas 7.1.2. e 7.1.2.1. da Escritura de Emissão, pelo não cumprimento
Modalidade e Tipo de Licitação: Concorrência - Menor Preço. da Cláusula 7.1.(h) da Escritura de Emissão, diante do teor do Fato Relevante publicado pela Emissora
Após análise pela Comissão de Julgamento, comunicamos às empresas participantes do pro- em 11/01/2023, no qual informa inconsistências na dimensão de R$20 bilhões que não se encontram
cesso de licitação do Edital de Concorrência nº 011/2022, GMS nº 171/2022 (CP), o resultado adequadamente refletidas nas demonstrações financeiras na data base de 30/09/2022, informando,
ainda, a possibilidade de existência de inconsistência contábil em balanços realizados em exercícios
da análise dos documentos de habilitação e classificação final, conforme segue: anteriores, constatado assim eventual descumprimento pela Emissora em razão das declarações
dispostas na Cláusula 11.1. h. da Escritura de Emissão; e (ii) Eventual contratação de assessor legal
Classificação Empresa Preço Preço Resultado e/ou financeiro para assessorar os Debenturistas da presente Emissão. Informações Gerais: Nos
Proposto (R$) Corrigido (R$) termos da cláusula 10.2 da Escritura de Emissão e art. 71, §3º da Lei nº 6.404/1976, a Assembleia a
Geral de Debenturistas instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de Debenturistas que
MATERA representem a metade, no mínimo, das Debêntures em Circulação e, em segunda convocação, com
1º ENGENHARIA LTDA 1.307.200,00 1.307.200,00 Vencedora qualquer número de Debenturistas. Procedimentos Aplicáveis à Participação e Votação à Distância:
Em atendimento à Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 81, de 29 de março de
2022 (“Resolução CVM 81”), apresentamos abaixo os procedimentos aplicáveis à participação e
ZULI CONSTRUTORA DE votação a distância na AGD: 1 - Acesso e utilização do Sistema Eletrônico: A participação na AGD
2º 1.370.396,16 1.370.396,16 Habilitação a ser realizada através de plataforma digital, que possibilitará a participação e votação a distância
OBRAS LTDA dos Debenturistas. Para participarem da AGD, os Debenturistas deverão enviar até 2 (dois) dias
antes de sua realização, para o e-mail af.assembleias@oliveiratrust.com.br: (i) a confirmação de sua
CONSÓRCIO OAES participação acompanhada do CNPJ ou CPF dos Debenturistas, conforme o caso, (ii) a indicação dos
3º CENTRO SUL (UNITE representante(s) que participara(ão) da AGD, informando seu CPF, telefone e e-mail para contato,
CONSTRUTORA DE 1.423.211,94 1.423.211,94 Habilitação e (iii) as cópias dos respectivos documentos de comprovação de poderes, conforme item 2 abaixo.
OBRAS EIRELI / LEGNET O Agente Fiduciário enviará até 2 (duas) horas antes da realização da AGD, um e-mail ao respectivo
ENGENHARIA LTDA) Debenturista contendo as orientações para acesso e os dados para conexão ao sistema eletrônico para
cada um dos Debenturistas que tiverem confirmado a participação, conforme acima indicado. Caso
determinado Debenturista esteja com problemas de acesso à plataforma ou não tenha recebido o
convite individual para participação na AGD com até 2 (duas) horas de antecedência em relação ao
Verificar subitem 17.2 do Edital, referente ao prazo para interposição de recursos, que se horário de início da AGD, deverá entrar em contato com o Agente Fiduciário para o telefone +55 (21)
encerrará em 23/01/2023, às 17h. 3514-0000, com no mínimo 1 (uma) hora de antecedência em relação ao horário de início da AGD
para que seja prestado o suporte adequado e, conforme o caso, o acesso do Debenturista seja liberado
mediante o envio de novo convite individual. Caso o Debenturista tenha dúvidas gerais relacionadas
Curitiba, 13 de janeiro de 2023. à AGD, deverá entrar em contato com o Agente Fiduciário no endereço de e-mail af.assembleias@
Thais Volttani Koyama oliveiratrust.com.br. No dia de realização da AGD, os Debenturistas deverão se conectar com 30 (trinta)
minutos de antecedência munidos de documento de identidade e dos documentos previamente
Presidente da Comissão de Julgamento encaminhados por e-mail, os quais poderão ser exigidos pelo Agente Fiduciário. O Agente Fiduciário
não se responsabilizará por eventuais falhas de conexão ou problemas operacionais de acesso ou
equipamentos dos Debenturistas. Os Debenturistas que participarem via plataforma digital, de
acordo com as instruções do Agente Fiduciário, serão considerados presentes na AGD e deverão ser
considerados assinantes da ata. Admissão de Instrução de Voto: O Debenturista poderá exercer seu
direito de voto à distância, por meio do preenchimento da instrução de voto (“Instrução de Voto”),
o qual estará disponível na página da rede mundial de computadores do Agente Fiduciário (www.

Oportunidade imperdível
oliveiratrust.com.br). Para que a Instrução de Voto seja considerada válida, é imprescindível: (i) o
preenchimento de todos os campos, incluindo a indicação do nome ou denominação social completa
do debenturista e o número do CPF ou CNPJ, bem como indicação de endereço de e-mail para eventuais
contatos; (ii) a assinatura ao final da Instrução de Voto pelo Debenturista ou por representante legal
do Debenturista, conforme o caso, e nos termos da legislação vigente. A Instrução de Voto deverá ser

de investimento!
apresentada, preferencialmente, com até 2 (dois) dias de antecedência da data de realização da AGD,
juntamente com os documentos listados no item 2 abaixo, aos cuidados do Agente Fiduciário, para
o e-mail af.assembleias@oliveiratrust.com.br. Os Debenturistas que fizerem o envio da Instrução de
Voto acima mencionada e esta for considerada válida, não precisarão acessar o link para participação
digital da AGD, sendo sua participação e voto computados de forma automática. Contudo, em caso
de envio da Instrução de Voto de forma prévia pelo Debenturista ou por seu representante legal com

Leilão de Carteira de Crédito DaCasa. a posterior participação da assembleia via acesso ao link, o Debenturista caso queira, poderá votar na
AGD, caso em que o voto anteriormente enviado deverá ser desconsiderado. 2 - Depósito Prévio de
Documentos: Os Debenturistas deverão enviar ao endereço eletrônico af.assembleias@oliveiratrust.
com.br, preferencialmente, com até 2 (dois) dias de antecedência da data de realização da AGD, os
seguintes documentos: (i) quando pessoa física, documento de identidade; (ii) quando pessoa jurídica,
cópia de atos societários e documentos que comprovem a representação do Debenturista; e (iii)
quando for representado por procurador, procuração com poderes específicos para sua representação
na AGD, obedecidas as condições legais. Em todo caso, os Debenturistas ou seus representantes legais,
munidos dos documentos exigidos acima, poderão participar da assembleia ainda que tenha deixado
Leilão de carteira de crédito constituída por de depositá-los previamente, desde que os apresente até o horário estipulado para a abertura dos
trabalhos, conforme § 2º, do artigo 72, da Resolução CVM 81. Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2023 -
contratos de operações de crédito pessoal (CP), OLIVEIRA TRUST DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS S.A.

crédito direto ao consumidor (CDC)

e cartão de crédito.

Data: 01/02/2023 às 15h

Lance mínimo: R$ 76.002.821,21
Obedecidos os lances mínimos
por lote previstos no Edital.

Saiba mais em:

portalzuk.com.br
B10 | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Agronegócios
Cenários Indústria deve aumentar mix açucareiro na safra 2023/24; empresas estudam investir em fábricas
Incerteza eleva aposta de usinas em açúcar
Camila Souza Ramos
De São Paulo
As incertezas sobre as políticas
de equilíbrio fiscal do governo Lu-
la, sobre os preços da Petrobras e
os tributos sobre combustíveis,
além das dúvidas sobre o rumo do
dólar, mantêm as usinas de cana
em clima de suspense, mesmo fal-
tando apenas três meses para a no-
va safra (2023/24). Como a tendên-
cia é que esses fatores tenham im-
pacto mais imediato sobre o mer-
cado de etanol, as empresas dão si-
nais de que pretendem adotar o
açúcar como um “porto seguro” e
priorizar a produção do adoçante.
Willian Hernandes, sócio da
consultoria FG/A, diz que há até
usinas considerando investir em
fábrica para garantir mais capaci-
dade já no próximo ciclo, se neces-
sário. “Essa indecisão [política] é
ruim para as decisões [empresa-
riais]. Nesse cenário de tributos, fa-
zer ajustes para elevar a produção
de açúcar é iminente”, afirmou.
Um investimento desses, po-
rém, só leva a aumento de produ-
ção em no mínimo seis meses. Isso
. DIVULGAÇÃO
Novo laudo contratado pela gestora calcula em R$ 4,3 bi o valor de fazendas que a empresa agrícola arrendou à SLC
Esh questiona valor de terras
arrendadas pela Terra Santa
Mercado de capitais
De São Paulo
Em mais um capítulo da suces-
são de animosidades que marcam
a relação entre a Esh Capital e a
Terra Santa Propriedades Agríco-
las, a gestora está divulgando um
laudo feito pela consultoria Fac-
tum Brasil que indica que os valo-
res de fazendas que companhia
arrendou à SLC Agrícola são me-
nores que os de mercado, o que se
reflete nos termos do acordo de
20 anos celebrado entre ambas.
Para Vladimir Timerman, sócio
e gestor da Esh, isso significa que a
Terra Santa está recebendo menos
do que deveria pelos arrendamen-
tos e que, portanto, o pacto deveria
ser revisto. A Esh tem participação
inferior a 4% na Terra Santa, mas li-
dera um grupo de investidores cu-
ja fatia conjunta é de mais de 12%.
Contratada pela Esh, a Factum
concluiu que as fazendas, localiza-
das nos municípios de Diamanti-
no, Santa Rita do Trivelato, Nova
Mutum, Campo Novo do Parecis,
Nova Maringá e Tabaporã, todas
em Mato Grosso, valem, juntas,
R$ 4,27 bilhões. Segundo a Factum,
a área total das propriedades é de
80.545 hectares, quase 40 mil dos
quais arrendados para a SLC.
Timerman observa que, há um
Açúcar e etanol
Evolução no Centro-Sul
Produção de açúcar
Em milhões de toneladas
55
44 38,5
32,1
33
26,8
22
11
0 0
2019/20 2020/21 2021/22
Fonte: Unica
significa que se uma decisão for to-
mada agora, ela só terá reflexos a
partir de julho, avalia Ricardo Pin-
to, sócio da consultoria RPA.
Para os analistas, o mais prová-
vel é que as usinas aumentem o
direcionamento da cana para
suas fábricas de açúcar. Na ava-
liação da Dedini, que fornece
equipamentos e máquinas para
fábricas de açúcar e etanol, have-
ria espaço para aumentar o mix
açucareiro de forma expressiva.
Nas últimas três safras, o mix
ano, a Terra Santa calculou o valor
conjunto das propriedades em
R$ 2,7 bilhões. Laudo recente con-
tratado pela empresa já recalculou
o montante para uma faixa entre
R$ 3,4 bilhões e R$ 3,7 bilhões.
“Ainda é pouco. Hoje, a Terra Santa
recebe cerca de R$ 100 milhões por
ano pelos arrendamentos, mas o
valor deveria ser maior”, afirma
ele. No mercado de terras, é co-
mum que os arrendamentos sejam
firmados pelo equivalente a entre
5% e 8% do valor da propriedade.
Essa discrepância, diz o gestor,
deverá ser incluída em um pedido
de abertura de arbitragem que a
Esh vai apresentar para ter acesso a
documentos e laudos da Terra San-
ta. As partes mantêm divergências
e disputas na Justiça desde que ati-
vos da Terra Santa foram incorpo-
rados pela SLC, um negócio con-
cluído no mês de julho de 2021.
Procurada pelo Valor, a Terra
Santa não concedeu entrevista. Em
nota, contudo, deixou claro que
não vê motivos para questiona-
mento de seus negócios com a SLC.
“A operação entre Terra Santa e SLC
foi extensivamente negociada en-
tre partes independentes, visando
ao melhor resultado possível para
a companhia. Foi aprovada em as-
sembleia geral extraordinária na
forma da lei com ampla maioria de
votos, e todos os acionistas tiveram
Produção de etanol
Em bilhões de litros
55
44
33,5 33,2
33
30,4
27,6
22
11
2022/23 2019/20 2020/21 2021/22
açucareiro oscilou próximo das
máximas históricas, de 45%, mas
haveria espaço para alcançar 65%
no parque instalado hoje, estima
Sérgio Leme, vice-presidente da
Dedini. “O aumento da produção
se faz com capacidade já instalada,
dada a flexibilidade de produzir
açúcar ou etanol que muitas das
usinas brasileiras possuem”, disse.
O recorde de produção de açú-
car no Centro-Sul foi de 38 milhões
de toneladas na safra 2020/21,
quando a pandemia estourou,
tratamento igualitário. Como re-
sultado dessa transação, a SLC
Agrícola incorporou as operações
da Terra Santa Agro, mas não as
terras, que mantiveram-se com os
acionistas da Terra Santa Agro por
meio da Terra Santa Propriedades
Agrícolas”, diz a empresa.
E continua: “Como boa prática
de mercado, a companhia contra-
ta anualmente avaliação indepen-
dente do seu portfólio. Essa avalia-
ção reflete o melhor entendimen-
to da empresa contratada sobre o
valor das terras no momento da
emissão do relatório. Contudo, co-
mo a SLC incorporou apenas as
operações agrícolas, essa informa-
ção não tem qualquer relação com
a operação concluída em julho de
2021. No que se refere aos supos-
tos laudos elaborados pela Factum
Brasil, contratados pela Esh, como
a companhia não teve acesso a
eles, não há como comentar o te-
ma”, conclui a Terra Santa.
O laudo está disponível no site
da ESH. Os valores do contrato de
arrendamento entre Terra Santa e
SLC são revistos a cada três anos.
Essa não é a única fonte de diver-
gências da Esh. Recentemente, a
empresa obteve na Justiça deci-
são favorável contra um aumento
de capital da Gafisa, na qual tem
participação de 9%. A decisão li-
minar já foi revogada. (FL)
Mix açucareiro das usinas
Em %
55
30,4 27,6
44
33,2
27,5 33
22
11
0 tes assumir o comando da estatal.
2022/23 2019/20 2020/21 2021/22
atingindo em cheio o mercado de
combustíveis. Na ocasião, as usinas
direcionaram toda sua carga para
o açúcar. As duas safras seguintes
foram abaladas por seca e geadas,
mas a expectativa agora é de reto-
mada da colheita em 2023/24.
O clima de incerteza cresceu
depois que o governo publicou a
MP 1.157/2023, que postergou
por dois meses a desoneração
dos combustíveis. Embora o mi-
nistro da Fazenda, Fernando
Haddad, tenha previsto na últi-
Produção agroindustrial
cresceu 3% em novembro
Conjuntura
Fernando Lopes
De São Paulo
Em novembro, o Índice de
Produção Agroindustrial (PIMA-
gro) calculado pelo Centro de Es-
tudos em Agronegócios da Fun-
dação Getulio Vargas (FGV Agro)
registrou variação positiva de
3,4% em relação a novembro de
2021, acumulando alta de 1,3%
nos primeiros 11 meses de 2022.
Com isso, a expectativa é que o
resultado de todo o ano passa-
do, que será divulgado em feve-
reiro, seja um avanço de 1,4%.
“Esse crescimento será deriva-
do de uma expansão de 2,9% no
segmento de produtos alimentí-
cios e bebidas e de uma leve que-
PIMAgro
Índice de Produção Agroindustrial da FGV Agro (% a.a.)
Produtos alimentícios e bebidas
10
8
6
4,6
4,2
4 2
2
0,2
0
-0,1
-2
Jun Jul Ago Set
Fonte: FGV Agro
valor.com.br
Proteínas Comércio
Demanda fraca reduz Exportação de arroz
os preços do frango cresceu 85% em 2022
A fraqueza da demanda tem
pressionado o preço da carne de
frango desde o fim de dezembro,
segundo o Centro de Estudos
Avançados em Economia
Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
O quilo do animal congelado no
atacado paulista acumula queda
de 8,8% em janeiro, tendo
chegado a R$ 6,94 na última
quinta-feira. Os pesquisadores do
Cepea afirmam que as despesas
extras das famílias neste início de
ano têm reduzido o poder de
compra da população.
valor.com.br/agro
ma semana o retorno dos impos-
tos federais em março, ele indi-
cou que a decisão será política.
Não se sabe se, portanto, se o
etanol voltará a ter o diferencial de
alíquota em relação à gasolina que
havia antes das mudanças tributá-
27,5 rias — conforme prevê emenda
constitucional aprovada no ano
passado — nem qual será o nível de
controle dos preços da gasolina
pela Petrobras, ou mesmo se have-
rá controle, quando Jean Paul Pra-
2022/23
O receio das usinas é de uma re-
edição do que ocorreu no gover-
no Dilma, quando os preços do-
mésticos da gasolina foram man-
tidos muito abaixo dos níveis glo-
bais, e o etanol hidratado não
conseguiu competir nas bombas.
Isso afetou até o mercado de açú-
car, já que as usinas deram prefe-
rência à produção do adoçante.
Um executivo de uma das maio-
res empresas do setor, porém, afir-
mou ao Valor, sob reserva, que po-
de haver uma intermediação com
a proposta de Prates de uma conta
estabilizadora de preços. Mas a al-
ternativa ainda guarda incertezas
da, de 0,1%, no de produtos não-
alimentícios”. Em novembro, o
segmento de produtos alimentí-
cios e bebidas subiu 7,9% em
comparação com o mesmo mês
de 2021, puxado pelos produtos
de origem vegetal (21,9%), e o de
não-alimentícios caiu 1,2%.
O cálculo do PIMAgro baseia-
se em dados da Pesquisa Indus-
trial Mensal (PIM-PF), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísti-
cas (IBGE), e nas variações do Ín-
dice de Atividade Econômica do
Banco Central (IBC-BR), da taxa
de câmbio e do Índice de confian-
ça do Empresário da Indústria de
Transformação (ICI), da FGV.
O FGV Agro destacou que, em
relação a outubro, o PIMAgro su-
biu, 0,7%, depois de seis meses con-
secutivos de quedas de um mês a
Produtos não-alimentícios
6 6,0
8,2 7,9
4 3,6
2,7 2,6
0 1,5
-0,7 -0,5
-2
Out Nov Jun Jul Ago Set Out
As exportações brasileiras de
arroz somaram 2,11 milhões de
toneladas no ano passado, o que
representou um crescimento de
85% em relação a 2021, de
acordo com a Associação
Brasileira da Indústria do Arroz
(Abiarroz), que elaborou o
relatório com base em dados do
Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC). De um ano a outro, a
receita dos embarques do cereal
passou de US$ 359 milhões
para US$ 657,4 milhões.
valor.com.br/agro
e deve demorar a se consolidar,
mantendo um cenário inseguro
nos primeiros meses da safra.
As usinas ainda estão estudan-
do se entram com uma ação contra
a União no caso da prorrogação da
isenção fiscal, mas a normalização
da política tributária também não
deve mudar o cenário. “Mesmo
que haja o retorno dos impostos
sobre a gasolina, dificilmente o
preço do etanol vai ficar maior que
açúcar”, disse Tiago Medeiros, di-
retor da trading Czarnikow.
A incerteza também está pro-
vocando cautela nas operações
de hedge, que estão dentro do
ritmo histórico de fixação para
esta época do ano. Das exporta-
ções de açúcar da próxima safra
acertadas com a Czarnikow, 65%
estão com preço definido. Para a
safra 2024/25, a fatia é de 10%.
“O hedge, por mais que seja
uma proteção, gera incertezas re-
lacionadas ao custo, ao retorno to-
tal do negócio, considerando um
cenário de etanol talvez menos in-
teressante com um controle de
preços da Petrobras. O resultado é
a inação”, avaliou Medeiros.
outro. “Em novembro, o desempe-
nho da agroindústria foi notada-
mente beneficiado pelo aqueci-
mento do mercado de trabalho,
bem como pela redução dos custos
de produção”, avalia o centro.
Mesmo assim, a alta foi garanti-
da exclusivamente pelo grupo de
produtos alimentícios e bebidas
(2,1%), uma vez que houve retra-
ção de 1% no de não-alimentícios
— que só não foi maior por causa
do desempenho positivo das
áreas de biocombustíveis (que se-
gue em recuperação após patinar
nos primeiros anos da pandemia)
e de insumos agropecuários.
valor.com.br
Outras informações sobre produção
agroindustrial estão disponíveis em
www.valor.com.br/agro
Agroindústria
4,5
3,9 3,9
3,4
3,0
2,0
1,3
1,2
-1,2
0,0
Nov Jun Jul Ago Set Out Nov
Políticas
China anuncia aval
a oito transgênicos
A China anunciou a liberação de
oito produtos agrícolas
geneticamente modificados,
entre eles duas tecnologias de
cana-de-açúcar desenvolvidas no
Brasil. Alguns dos itens da lista,
como uma variedade de canola
da Corteva e duas de alfafa da
Bayer, todas resistentes ao
herbicida glifosato, esperavam
por liberação há mais de uma
década. A China aprovou
também um algodão transgênico
da Basf e tecnologias de soja e
milho desenvolvidas no país.
valor.com.br/agro

Finanças
Destaques
Rating do CAF
A agência de classificação de risco
Fitch melhorou o rating de longo
prazo do CAF, banco de desenvol-
vimento da América Latina, que
passou de A+ para AA-, com pers-
pectiva estável. Em seu relatório, a
Fitch destacou o compromisso
dos países acionistas do CAF em
fortalecer o patrimônio da insti-
tuição com um aumento de capi-
tal no valor total de US$ 7 bilhões,
o maior de sua história. “O signifi-
cativo aumento de capital recen-
temente aprovado e a dinâmica
favorável da carteira de crédito
apoiarão a melhoria contínua do
perfil de solvência do CAF. Os
aportes de capital dos acionistas
apoiarão a expansão do crédito e
a diversificação da carteira do
banco nos próximos anos, além
de ajudar a manter indicadores
de capitalização excelentes”, afir-
mou a Fitch. O presidente executi-
vo da CAF, Sergio Díaz-Granados,
destacou também que com a ele-
vação do rating os países-mem-
bros poderão ter acesso a melho-
res condições de financiamento
para promover programas sociais
e projetos estratégicos que me-
lhorem a qualidade de vida da
população. (Álvaro Campos)
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/dez/99
1.812
1.803
1.794
1.785
1.776
1.767
1.758
2/dez
2022
Variações
No dia
No mês
No ano
Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Lucro do J.P. Morgan
O J.P. Morgan Chase informou que
teve lucro líquido de US$ 11,0 bi-
lhões, ou US$ 3,57 por ação, no
quarto trimestre, ante US$ 10,4 bi-
lhões no mesmo período do ano
anterior. A receita alcançou os
US$ 34,547 bilhões, de US$ 29,257
bilhões no ano anterior. O consen-
so do FactSet era de lucro por ação
de US$ 3,08 e receita de US$ 34,353
bilhões. A receita líquida de juros
aumentou 48%, para US$ 20,3 bi-
lhões. A receita não decorrente de
juros caiu 8%, para US$ 15,3 bi-
lhões, impulsionada por menores
comissões de banco de investi-
mento em meio à escassez de ne-
gócios, menores taxas de adminis-
tração e desempenho em gestão
de patrimônio e menor receita lí-
quida em empréstimos imobiliá-
rios em meio a taxas de juros mais
altas. As provisões para perdas
com empréstimos do banco che-
garam a US$ 2,3 bilhões, refletin-
do um acréscimo de US$ 1,4 bi-
lhão e perdas líquidas de US$ 887
milhões. (Dow Jones Newswires)
Ganho menor da BlackRock
O lucro do quarto trimestre de
2022 da BlackRock caiu 23%, en-
cerrando um ano turbulento para
os mercados, que causaram pesa-
das perdas aos investidores. A
maior gestora de ativos do mundo
reportou lucro líquido de US$ 1,26
bilhão, abaixo do US$ 1,64 bilhão
no mesmo período do ano ante-
rior. O lucro foi de US$ 8,29 por
ação. Isso superou os US$ 8,13 es-
perados pelos analistas consulta-
dos pela FactSet. A receita caiu
15%, para US$ 4,3 bilhões, supe-
rando ligeiramente estimativas de
analistas. (Dow Jones Newswires)
Resultado do BofA
O Bank of America (BofA) superou
seus ganhos e metas de receita no
último trimestre de 2022, benefi-
ciando-se de taxas de juros mais
altas em seus empréstimos. O
Bank of America informou que lu-
crou US$ 7,1 bilhões, ou US$ 0,85
por ação no quarto trimestre, em
comparação com US$ 7 bilhões,
ou US$ 0,82 por ação no mesmo
trimestre do ano anterior. A recei-
ta, líquida de despesas com juros,
aumentou 11%, a US$ 24,5 bilhões.
Ações Participação da categoria
cai de 35% em 2019 para 23,7%
Investidor
institucional
reduz fatia
na bolsa
Matheus Prado e Augusto Decker
De São Paulo
Em um cenário de juros reais e
nominais elevados, sem perspec-
tiva de uma reversão no curto pra-
zo, e ainda sofrendo com saques
de cotistas, o investidor institu-
cional — nesse caso, basicamente
fundos de investimentos — tem
encolhido progressivamente sua
participação na bolsa brasileira.
Depois de atingir um pico, ao res-
ponder por uma fatia de 35,2%
dos negócios em 2019, a categoria
viu sua participação ser reduzida
a 23,7% no último dia 11, o menor
1.806,19 percentual em 12 anos, mostra le-
vantamento do Valor Data.
O movimento é oposto ao do in-
vestidor internacional. Mais oti-
mista com o Brasil e com emergen-
tes como um todo, por conta da
13/jan reabertura da economia chinesa e
2023 do enfraquecimento do dólar com
um possível fim do ciclo de aperto
0,00% do Federal Reserve mais próximo,
0,89% os estrangeiros registram agora
0,89% 55,8% de participação na bolsa, o
maior patamar desde o início da
série histórica em 1994 — em
2019, essa fatia era de 42,6%.
O saldo de aportes dos não resi-
dentes no segmento secundário
da B3 (ações listadas) no ano já era
de R$ 1,54 bilhão até o dia 11, en-
quanto os institucionais acumula-
vam saques de R$ 965,9 milhões.
No ano passado, o saldo foi positi-
vo em R$ 100,8 bilhões para o es-
trangeiro e negativo em R$ 142,5
bilhões para o segundo grupo.
Parte da movimentação dos ins-
titucionais é explicada pelo pró-
prio desempenho da indústria do-
méstica de fundos no ano passado,
quando houve resgates em todas
as modalidades — R$ 158,1 bilhões
nos multimercados e de ações, e
outros R$ 48,9 bilhões nos de ren-
da fixa. Ou seja, os gestores tiveram
que se mexer diante desse cenário.
Os investidores institucionais
ensaiaram uma volta à bolsa no
terceiro trimestre de 2022, justa-
mente quando a expectativa de
Cerc atinge R$ 1 tri em recebíveis de cartões
Mariana Ribeiro
De São Paulo
Um ano e meio depois de o sis-
tema de registro de recebíveis de
cartão entrar em funcionamen-
to, a Cerc atingiu a marca de R$ 1
trilhão em valor financeiro regis-
trado. O volume é referente ao to-
tal de transações feitas em “ma-
quininhas” de cartões e registra-
das na empresa no período.
O sistema foi lançado em ju-
nho de 2021 com o objetivo de
facilitar o uso do fluxo de paga-
mentos com cartões como ga-
rantia para empréstimos. A ideia
é aumentar e baratear a oferta de
crédito, principalmente para pe-
quenos e médios negócios. Com
a nova regra, os valores recebidos
por vendas passaram a ser regis-
trados em câmaras registrado-
ras. Atualmente, há outras três
empresas atuando nesse merca-
do além da Cerc: a Nuclea (anti-
ga CIP), a Tag e a B3, que ingres-
sou mais recentemente na área.
A Cerc é hoje líder de mercado
cortes na Selic a partir deste ano foi
mais precificada. Mas isso foi com-
pletamente revertido após as pri-
meiras sinalizações do novo gover-
no, seja na seara fiscal, com a PEC
da Transição, seja na montagem da
equipe econômica, mais política
do que o mercado desejava.
“Acredito que o posiciona-
mento atual reflete o que já se de-
senhava na eleição, com o inves-
tidor estrangeiro preferindo o
novo presidente e o local queren-
do a reeleição [de Jair Bolsonaro].
A formação da equipe econômi-
ca e as primeiras medidas fiscais
também não ajudaram. Agora,
os fundos brasileiros desenvolve-
ram essa visão mais cautelosa,
mesmo que ainda seja muito ce-
do para afirmar que não teremos
ancoragem fiscal ou algo nessa
linha”, diz Joaquim Kokudai, di-
retor da Somma Investimentos.
O executivo afirma que, se o
novo governo tivesse aproveita-
do um pouco melhor “a largada”,
o ambiente seria mais propício
para entrada na bolsa agora. Sem
isso, os agentes de mercado ago-
ra esperam uma sinalização fis-
cal mais robusta para precificar
uma eventual redução da Selic.
Os preços atrativos das ações
não chamam tanto a atenção dos
investidores locais, avalia Fábio
Spinola, sócio-fundador e gestor
da Apex Capital, em razão das ta-
xas de juros altas no Brasil. Para o
investidor de fora, é diferente. “O
estrangeiro não tem um custo de
oportunidade de 13,75%, que é a
taxa Selic. O custo de oportuni-
dade dele é o juro americano”,
diz. “Precificávamos corte de ju-
ros no meio do ano, agora acredi-
tamos que será no fim do ano,
mas em magnitude pequena e
passível de revisão.”
Segundo o gestor, no entanto,
quando o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, começar a
deixar claro o arcabouço fiscal
com que irá trabalhar, isso deve
reduzir os prêmios de risco, que
estão elevados por conta das in-
quando considerado o número
de estabelecimentos comerciais
ligados aos recebíveis. Segundo a
registradora, existem cerca de 52
milhões de negócios ativos em to-
do o sistema de registro no país e,
desse total, aproximadamente 40
milhões estão cadastrados em
sua plataforma. Além disso, a em-
presa tem uma participação de
mercado de cerca de 75% em
quantidade de credenciadoras e
subcredenciadoras conectadas.
Já quando considerado o volu-
me financeiro registrado, o presi-
dente do conselho e cofundador
da Cerc, Marcelo Maziero, afirma
que o peso é de cerca de 40%. A li-
derança nesse quesito fica com a
Nuclea, ligada às maiores cre-
denciadoras e, consequente-
mente, a lojistas de maior porte.
O sistema de registro de rece-
bíveis de cartão teve uma estreia
bastante conturbada, com diver-
sos problemas de interoperabili-
dade. Um ano e meio depois, os
participantes avaliam que a
parte operacional entrou nos
Joaquim Kokudai, da Somma: fundos de investimentos brasileiros desenvolveram uma visão mais cautelosa
Institucional local pouco presente na bolsa
Grupo tem menor fatia em 12 anos; estrangeiros estão na máxima
Investidores individuais
60
50
40 34,3
30
33,0
20
20,5
10
2010 11 12 13 24 2015
Fonte: B3. Elaboração: Valor Data. Nota: participação em % dos investidores sobre o total negociado no seguimento Bovespa.
certezas. Ele também destaca
que esse efeito pode ser menor
para o estrangeiro, que mantém
na memória o pragmatismo dos
dois governos anteriores de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Spinola diz ainda aprovar a pre-
sença mais forte do investidor in-
ternacional na bolsa brasileira —
embora destaque a diferença entre
o estrangeiro investidor, que estu-
da as companhias de perto, e o “tra-
der”, que costuma comprar índice
ou empresas mais líquidas. “Vejo o
investidor com bons olhos. É como
se estivesse dizendo que o local não
precisa ser tão negativo. E é preciso
tomar cuidado, porque o mercado
está tão pessimista que pode haver
uma alta e o local não participar.”
Luiz Alves, gestor da Versa Asset,
acredita que os juros precisarão
cair por conta da recessão que,
projeta ele, deve ocorrer neste ano.
“Nossa projeção é que haja queda
forte da atividade já no quarto tri-
trilhos. De acordo com a Cerc,
desde o início da implantação,
os índices de sucesso das opera-
ções em que as registradoras
trocam informações entre si
vêm subindo e, agora, atingi-
ram 97%. O percentual foi de
apenas 18% em junho de 2021.
Em dezembro, o Banco Central
(BC) editou novas regras para o
funcionamento do sistema que, na
visão dos participantes, apararam
“arestas” ainda existentes nas ope-
rações. Maziero vê ainda outras
evoluções possíveis mais adiante.
Uma delas diz respeito à entra-
da dos recebíveis dos emissores
no sistema. “A relação entre o
emissor do cartão e o cliente pes-
soa física também gera um rece-
bível, que é elegível para crédito,
mas ainda não está no modelo
que o BC implementou no ano
passado”, explica o executivo.
A ideia é que o BC introduza
mecanismos para que especial-
mente bancos médios e digitais
consigam se financiar mais facil-
mente usando os valores que
Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Previdência perde fôlego
com atividade fraca e juros
e inflação consumindo
renda, diz Scripilliti,
do Bradesco C4
Institucionais Investidor estrangeiro
26 17 18 19 2020 21
mestre e, por mais que exista uma
ideia de manutenção das taxas, a
recessão vai conter a inflação e o
juro vai ter que cair. Depois, se
houver convergência fiscal por
parte da Fazenda, o que não é tão
difícil assim, e a reforma tributária
avançar, teremos um ambiente
propício para a bolsa andar”, diz.
No entanto, mesmo que haja re-
visão nos lucros em 2023, refletin-
do a recessão projetada, Alves
acredita que há espaço para que
ocorra a tão alardeada reprecifica-
ção das ações locais, com investi-
dores projetando números melho-
res para 2024. Ele afirma que opera
atualmente com quase nenhum
dinheiro em caixa e mantém posi-
ção forte em varejo, apesar de ter
aumentado sua exposição aos se-
tores financeiro e de commodities.
Na Apex, os fundos “long only”
(que apostam sempre na valoriza-
ção das ações que investe) estão
bem alocados, com caixa baixo:
têm a receber. O registro daria
segurança às operações. As con-
versas ainda estão em estágio
inicial, mas a Cerc vê como posi-
tivo um cenário em que a nor-
ma seja editada em 2023 pelo
BC para que a nova sistemática
possa eventualmente ser imple-
mentada no próximo ano.
O executivo observa que, des-
de a implementação do sistema,
as taxas de antecipação se manti-
veram estáveis, mesmo em um
ambiente em que a Selic passou
de 3,5% para 13,75% ao ano. O
mercado também cresceu e, do
R$ 1 trilhão registrado, cerca de
R$ 450 bilhões se converteram
em operações de antecipação ou
crédito no período, acrescenta.
A iniciativa já teve impacto
também sobre novos modelos de
negócios, diz Maziero, citando o
surgimento de fintechs voltadas
a atuar na área, além de iniciati-
vas não-financeiras, como de
uso dos recebíveis entre os pró-
prios elos da cadeia produtiva.
Apesar disso, o executivo desta-
| C1
SILVIA ZAMBONI/ VALOR
“Acho que tem muita coisa barata,
então tenho pouco caixa”, diz Spi-
nola. Já os “long short” (que bus-
cam ganhar tanto na alta quanto
na queda de certos ativos) estão “a
meio tanque, com espaço para au-
mentar se houver clareza boa”. As
55,8
alocações do momento, diz ele, são
mais defensivas. “Se entrar numa
trajetória de fiscal mais crível e
possibilidade mais forte de queda
23,7 de juros, podemos entrar mais em
companhias cíclicas, setores como
varejo. Isso não temos hoje. Esta-
mos mais expostos a commodities,
15,7
alguma coisa no setor financeiro.”
22 2023
Sem mandato para investir em
11/Jan
bolsa, Rodrigo Melo, estrategista-
chefe do ASA Hedge, fundo multi-
mercados da ASA Investments, diz
que o posicionamento na modali-
dade não está apenas abaixo do
histórico, e sim negativo. No mer-
cado local, tem o que chama de po-
sição de “double carry”, em que
opera comprado (aposta na alta)
em real, que tem sido ajudado pelo
diferencial de juros, e vendido
(aposta na queda) em bolsa. Nos
EUA, está tomado (prevendo alta)
em juros e vendido em bolsa.
Nem para se expor ao setor de
commodities, um dos poucos que
andaram na bolsa brasileira em
2022, a casa tem recorrido às em-
presas listadas na B3. “Antes a gente
até fazia investimentos direcionais
nas empresas, agora estamos ope-
rando os produtos diretamente. De-
pois da correção recente, adiciona-
mos petróleo à carteira”, afirma.
“Nossa visão não significa que ne-
nhum gestor de multimercados
tem bolsa, mas não nos parece um
ambiente muito propício para fazer
esse movimento agora”, diz.
ca que a concessão de crédito ga-
rantida pelo fluxo futuro de rece-
bíveis de cartões (chamada de “fu-
maça”) ainda evolui lentamente,
em meio a um cenário mais adver-
so para o crédito. “Para quem já fa-
zia ficou ultrasseguro, mas ainda
não conseguimos perceber muito
aumento de volume concedido.”
A Cerc tem iniciado um traba-
lho de fornecimento de dados
para instituições que desejam
começar a atuar com o crédito
“fumaça”. A registradora recebeu
no fim do ano passado um apor-
te de R$ 550 milhões liderado pe-
lo Mubadala Capital, e um dos
planos com a entrada dos recur-
sos é justamente expandir a atua-
ção na área de informações.
Nascida como registradora de
recebíveis, em 2015, a compa-
nhia começa a colocar em práti-
ca a estratégia de avançar em
outras frentes e atuar também
como depositária, escrituradora,
clearing e, por fim, plataforma
de negociação de ativos finan-
ceiros e valores mobiliários.
C2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Finanças
Ibovespa
Em pontos
109.697
105.334
23/dez 4/jan
2022 2023
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Mercados Governos aproveitam melhora do cenário para iniciar o ano com fortes vendas internacionais de dívida
Países emergentes captam US$ 41 bi em bônus
Tommy Stubbington
Financial Times
Os governos de países emer-
gentes captaram mais de US$ 40
bilhões nos mercados interna-
cionais de bônus até esta altura
do ano, num momento em que
o abrandamento das pressões
inflacionárias globais e as espe-
ranças de uma recuperação
econômica da China abrem ca-
minho para a mais acelerada
onda de tomada de emprésti-
mos em janeiro já registrada.
A contundente venda em mas-
sa que varreu a renda fixa global
no ano passado, quando grandes
bancos centrais reagiram à dispa-
rada da inflação elevando acen-
tuadamente as taxas de juros, efe-
tivamente afastou muitos toma-
dores dos mercados de bônus por
Suspeita de
corrupção afasta
CEO do Banpará
Álvaro Campos
De São Paulo
Mais de 20 anos depois de estar
no centro de um escândalo que
levou à renúncia do então sena-
dor Jader Barbalho, o Banco do
Estado do Pará (Banpará) está en-
volvido novamente em suspeitas
de corrupção. O caso provocou o
afastamento da presidente da
instituição, Ruth Pimentel Méllo,
e do diretor financeiro, Vando
Ferreira. Depois de o conselho de
administração retirar tempora-
riamente os dois das suas fun-
ções, o governo paraense, que é o
acionista controlador, iniciou
uma batalha para trocar quatro
dos sete membros do colegiado.
O banco tem ações na bolsa e,
assim, é obrigado a cumprir uma
série de regras da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM). Po-
rém, a liquidez é baixíssima. O
governo paraense detém
99,9767% do capital. Foi por cau-
sa dessas obrigações com o órgão
regulador do mercado de capi-
tais e da presença de membros
independentes no conselho que
o escândalo veio à tona.
O imbróglio começou em se-
tembro do ano passado, quando
uma denúncia anônima feita por
funcionários foi encaminhada
para o conselho de administra-
ção, apontando supostas irregu-
laridades cometidas por Méllo e
Ferreira. A acusação é a de que
eles estavam interferindo no flu-
xo de pagamentos a fornecedo-
res, cobrando propina para libe-
rar esses pagamentos e favore-
cendo determinadas empresas.
Uma delas é a Lanlink Soluções,
onde trabalha o companheiro
de Méllo, Celso Penalber.
Segundo documentos aos
quais o Valor teve acesso, in-
cluindo o relatório elaborado pe-
lo comitê de auditoria, não foi
possível comprovar tratativas ou
concretização do recebimento
de propina. Ainda assim, o órgão
concluiu que houve falta de zelo
na adoção de boas práticas de
governança corporativa, de ges-
tão de riscos e controles internos
e de mecanismos de proteção aos
acionistas. “São ações que infrin-
gem os princípios da impessoali-
dade, legalidade, integridade,
moralidade, igualdade, publici-
dade, vinculação ao instrumento
convocatório, obtenção de com-
petitividade e probidade admi-
Bolsas internacionais
Variações no dia 13/jan/23 - em %
Ibovespa
fecha 0,63
110.916 pregão com 0,33 0,40
0,19
queda de
0,84%
13/jan Dow S&P- Euronext DAX
Jones 500 100
longos períodos. Mas o dinheiro
voltou a fluir para os bônus neste
novo ano, movido por sinais de
que a inflação pode ter alcança-
do seu pico nos EUA e na zona do
euro, com países como México,
Hungria e Turquia tendo lança-
do grandes vendas de bônus.
“No ano passado, a paciência,
na verdade, não valeu a pena, o
mercado continuou a piorar com
o correr do tempo”, disse Stefan
Weiler, diretor de mercados de
capitais de dívida mobiliária para
a Europa Central, do Leste, Orien-
te Médio e África do J.P. Morgan.
“Assim, neste ano, muitos toma-
dores soberanos aproveitaram
essa janela de oportunidade o
mais rápido que puderam.”
Catorze tomadores soberanos
de mercados emergentes capta-
ram um total de US$ 41 bilhões
nistrativa”, diz o relatório.
Além dos supostos pedidos de
propina, há indicações de que
Méllo beneficiou a Lanlink. Esta
teria sido favorecida em uma lici-
tação e depois recebido um pa-
gamento de cerca de R$ 11 mi-
lhões usando um fluxo previsto
para situações excepcionais, fora
dos sistemas normais do banco.
“Identificou-se que a diretora-
presidente, Ruth Méllo, possui
relação próxima com o sr. Antô-
nio Celso Vasques Penalber pelo
menos desde 2020, pois se evi-
denciou em uma rede social dele
publicação de foto em viagem a
Cancún, no México, na compa-
nhia da diretora-presidente.
Identificou-se (sic) ainda transa-
ções a débito da conta corrente
da diretora-presidente em favor
de Celso Penalber, no período de
maio de 2021 a julho de 2022”,
diz o relatório da auditoria.
Após a denúncia, a executiva
teria atuado para dificultar as
apurações internas. Há relatos
de pressão a funcionários que
foram ouvidos pela auditoria e
atraso na divulgação da ata da
reunião do conselho de admi-
nistração que deliberou pela
apuração do caso. Ainda assim,
em novembro o colegiado aca-
bou decidindo afastá-la, assim
como Ferreira, dos respectivos
cargos, até que seja concluído o
processo administrativo interno
que apura o caso, o que deve
ocorrer em meados de fevereiro.
CEO e CFO do banco são
acusados de interferir
no fluxo de pagamentos
aos fornecedores e
cobrar propina
A decisão do conselho não foi
unânime. Segundo o Valor apu-
rou, o afastamento foi aprovado
pelos membros independentes
do colegiado, Aláudio Mello Ju-
nior, Tereza Serrão e Roberto
Barreto, além do representante
dos minoritários, Adilson Dias.
João Lima e Genyce Amorim fo-
ram contrários. A própria Ruth
Méllo tem assento no órgão,
mas não pode votar em temas
nos quais é parte interessada. O
conselho indicou que a presi-
dência do banco fosse assumida
interinamente pelo diretor co-
mercial e de fomento, Jorge An-
Juros
DI-Over futuro - % ao ano
1,01
0,69
13,52
1 311
13,31
13
12,83
-1,25
CAC- Nikkei- Xangai 23/dez
40 225 SE 2022
do início de janeiro até o último
dia 12, segundo dados da Dealo-
gic. Isso supera de longe os pri-
meiros dias de qualquer mês de
janeiro anterior, normalmente
um mês movimentado para ven-
das de dívida mobiliária, segun-
do estrategistas do Bank of Ame-
rica. O único ano com um volu-
me maior — mas captado ao
longo de todo o mês — foi o de
2021, com US$ 48,7 bilhões.
A enxurrada de vendas ocorre
num momento em que os preços
dos bônus dos mercados emer-
gentes se recuperam das pesadas
perdas de 2022. Um indicador
das dívidas dos mercados emer-
gentes em moeda estrangeira já
subiu 1,7% em janeiro, tendo
caído 17,8% no ano passado.
Os investidores reduziram
suas expectativas de novos au-
Governo do Pará, que controla o banco, defende permanência da presidente investigada e tenta alterar maioria dos membros do conselho de administração
tunes, mas o governo do Pará
acabou indicando o diretor de
controle e risco, João Lima, que
como citado acima é membro
do conselho e próximo de Méllo.
Após o colegiado afastar a exe-
cutiva, o governo do Pará iniciou
uma jornada para alterar a com-
posição do órgão. Primeiro, con-
vocou uma assembleia geral ex-
traordinária (AGE) para tentar
dissolvê-lo. Depois, descobriu
que isso não seria possível por es-
se caminho, e tentou então indi-
car quatro novos conselheiros,
que foram aprovados em AGE no
último dia 9, mas cuja posse ain-
da depende de aprovação do
Banco Central. Enquanto isso, o
governo acabou tirando Mello
Júnior da presidência do órgão e
colocando Genyce Amorim.
Na semana passada, o BC res-
tabeleceu Mello Júnior como
presidente do conselho e a AGE
realizada em dezembro foi con-
siderada sem efeito. Nesse meio
tempo, há acusações de que a
administração do banco estaria
dificultando os trabalho da co-
missão interna de sindicância,
trocando auditores, advogados e
até mesmo atrasando serviços
de secretaria. Ruth Méllo teria
feito um boletim de ocorrência
contra alguns auditores, alegan-
do que eles quebraram seu sigi-
lo bancário de forma ilegal.
Depois da denúncia inicial
contra Méllo e Ferreira, surgiram
mais duas, a respeito de irregula-
ridades que envolveriam outros
membros da diretoria. Essas no-
Dólar comercial
Cotação de venda - R$/US$
Jan/2024 Jan/2025
13,79
13,44
5,1655
12,41
4/jan 13/jan 23/dez
2023 2022
mentos das taxas de juros nas
grandes economias desenvolvi-
das, o que eliminou os empeci-
lhos à emissão de papéis dos
mercados emergentes.
Os operadores apostam agora
que o Federal Reserve (Fed, o BC
dos EUA) aumentará as taxas de
juros em apenas 0,25 de ponto
percentual no mês que vem,
após a inflação dos Estados Uni-
dos ter caído para seu menor rit-
mo anual de mais de um ano.
A reabertura da economia da
China — um motor decisivo de
crescimento no mundo em de-
senvolvimento —, num mo-
mento em que são suspensas as
restrições draconianas à covid-
19, fortaleceu o otimismo.
“O abandono das políticas de
‘covid zero’ ocorreu muito antes
do que a maioria das pessoas pre-
vas acusações foram encaminha-
das pelo conselho, mas ainda
não há um parecer do comitê de
auditoria sobre elas.
Os problemas no Banpará já
foram comunicados ao Ministé-
rio Público Federal, ao Banco
Central e à CVM. Segundo o Va-
lor apurou, a KPMG, que audita o
balanço do banco, teria indicado
que seria preciso contratar uma
investigação externa para apurar
as denúncias, o que ainda não foi
feito. Procurados, o BC disse que
não comenta, a CVM também
afirmou que não pode falar so-
bre casos específicos, mas disse
que “acompanha e analisa infor-
mações e movimentações no âm-
bito do mercado de valores mo-
biliários brasileiro, tomando as
medidas cabíveis, sempre que
necessário”. O MPF confirmou
que no fim de novembro recebeu
representação (denúncia) com
solicitação de apuração do tema.
“A documentação aguarda análi-
se inicial de membro do MPF”.
Méllo, Ferreira e Penalber fo-
ram procurados, mas não res-
ponderam, assim como o pró-
prio Banpará. A Lanlink refutou
as denúncias e disse que todos os
processos envolvidos no contra-
to com o Banpará, desde a licita-
ção por meio de pregão eletrôni-
co, o cumprimento das obriga-
ções e a sistemática de pagamen-
to pelo objeto da prestação de
serviços estão dentro das normas
legais e previsões contratuais.
“Atendemos o Banpará desde
2005 com dezenas de contratos e
Índices de ações Valor-Coppead
Dólar
Em pontos
comercial
5,4523
encerra 153.916
o dia em
alta de
0,13%
em relação
5,1064 80.186
ao real
4/jan 13/jan 23/dez
2023 2022
via”, afirmou Uday Patnaik, diretor
de dívida de mercados emergentes
da Legal & General Investment Ma-
nagement. “Embora se estime que
os países [desenvolvidos] entrarão
em recessão, se olhar para as gran-
des economias dos mercados
emergentes, a única a entrar em re-
cessão neste ano será a Rússia.”
A escala das emissões reflete
também a demanda de investido-
res finais, que estão se aquecendo
para a renda fixa após o banho de
sangue do ano passado, segundo
Patnaik, que participou das re-
centes vendas de bônus de Israel,
Turquia e México. E acrescentou:
“Estamos vendo o interesse por
novas alocações [de investimen-
to] ingressar nos mercados
emergentes em parte porque os
rendimentos aumentaram tan-
to. Há dinheiro que tem de ser
serviços prestados e soluções
entregues ao longo desses 17
anos de atuação, sem qualquer
mácula ou vínculo a qualquer
administrador ou gestor públi-
co. Nossa atuação sempre foi e
será técnica, buscando entregar
a melhor solução aos clientes,
com total comprometimento e
dentro do que está preconizado
nos contratos acordados.”
Os problemas no
Banpará já foram
comunicados ao
Ministério Público
Federal, ao BC e à CVM
A Lanlink disse ainda que o pa-
gamento da parcela de R$ 11 mi-
lhões, que na realidade é de
R$ 10,877 milhões após as devidas
retenções de tributos federais, “foi
realizado da forma habitual do
nosso histórico com o banco”. So-
bre a relação de Penalber com Mél-
lo, a empresa afirmou que, após o
questionamento do Valor, houve a
abertura de ocorrência que está
em análise pela área de complian-
ce e será conduzida à luz das políti-
cas internas. “Caso seja apurado
algum descumprimento, medi-
das cabíveis serão tomadas.”
Já o governo do Pará informou
que um dos requisitos para a in-
dicação a cargos no Banpará é
que a pessoa seja idônea e não te-
nha contra si nenhum fato que a
desabone ou mesmo ponha em
dúvida seu histórico profissio-
Performance Mínima Variância
159.948
151.104
79.664 81.596
4/Jan 13/jan
2023 2023
posto para render, e os emisso-
res estão se beneficiando disso”.
Mesmo assim, uma desacelera-
ção global pode significar que a
atual tranquilidade poderá durar
pouco, especialmente no caso da
dívida emergente de maior risco,
argumentam alguns analistas.
Essa perspectiva aumentou ain-
da mais o grau de urgência da
ofensiva de tomada de emprésti-
mos pelos mercados emergentes,
argumenta Cristian Maggio, dire-
tor de estratégia de carteiras de in-
vestimento da TD Securities. “Al-
guns emissores podem ter decidi-
do concentrar a carga antecipa-
damente”, afirmou. “Se tivermos
razão de que haverá uma reces-
são em várias economias funda-
mentais, acho que as condições
do mercado não continuarão, ne-
cessariamente, favoráveis.”
DIVULGAÇÃO
nal. O governo ressalta que Méllo
foi assessora do ex-presidente do
Banpará, indicada ao conselho
de administração e à diretoria, e
depois à presidência. “Exerceu
todos estes cargos sem nenhuma
notícia de irregularidade até o
momento do seu inesperado
afastamento por conta de um re-
latório preliminar. O governo in-
forma ainda que não vai substi-
tuir uma funcionária com este
perfil, homologada pelo Banco
Central, a partir de denúncias
que não sejam formalizadas por
canais oficiais e comprovadas.”
O governo paraense alega que
não houve denúncia formal no
conselho de administração. Na
realidade, as atas mostram que os
conselheiros alinhados com o go-
verno argumentavam que o conse-
lho não pode receber denúncias,
que elas deveriam ter sido encami-
nhadas via Sistema de Gerencia-
mento de Denúncias e recepciona-
das pelo núcleo de controles inter-
nos e compliance. Esse órgão é que
faz a análise inicial e, no caso de de-
núncias especiais, envia para a au-
ditoria interna. A maioria dos
membros do conselho aceitou a
denúncia com base no inciso XXX-
VII do artigo 4 do regimento inter-
no do colegiado. Esse trecho diz
que compete ao conselho, em ca-
sos de investigações especiais,
“avaliar e deliberar sobre a con-
dução dos procedimentos inves-
tigativos, quando a denúncia en-
volver conselheiros, membros da
diretoria colegiada e de comitês
estatutários”.
 Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | Valor | C3

Finanças
Reestruturação Cortes vão atingir mais de 10% do banco de investimento, segundo pessoas a par do assunto

Credit Suisse prepara demissões na Europa

STEFAN WERMUTH/BLOOMBERG
Owen Walker banco de investimentos foram pendente do First Boston, que se- fileiras de concorrentes, bem co-
Financial Times duramente prejudicadas no ano rá encabeçado pelo ex-diretor do mo aos funcionários que traba-
passado, e os bancos estão sendo Credit Suisse Michael Klein. lham em projetos decisivos.
O Credit Suisse se prepara para pressionados a cortar custos, Mas há menos certeza sobre os “Prevejo que as bonificações
cortar mais de 10% dos executi- após terem intensificado as con- cargos de banco de investimento na minha equipe serão próxi-
vos de bancos de investimento tratações nos últimos dois anos. na Europa, pelo fato de o First mas de zero”, disse um diretor fi-
europeus neste ano, após já ter O Credit Suisse enfrenta pro- Boston ser centrado no mercado nanceiro. “Mas os de escalão má-
dispensado centenas de funcio- blemas ainda maiores que os americano. ximo no private banking vão re-
nários em Londres e Zurique no seus pares, por ter sofrido enor- “É difícil saber onde vamos nos ceber muita atenção, e a empre-
mês passado, segundo pessoas a mes retiradas de clientes em ou- encaixar, embora esteja claro sa tentará reter o maior número
par da iniciativa. tubro após rumores nas redes so- que as atividades europeias serão possível deles.”
O banco suíço, acossado por ciais sobre sua saúde financeira, diminuídas com o passar longo Em apenas três semanas em
uma crise, anunciou em outubro além de ter acumulado uma su- do tempo”, disse um funcionário outubro do ano passado, os
que planejava cortar nada menos cessão de prejuízos trimestrais lotado na Europa. “Estamos no clientes de gestão de patrimônio
que 9 mil vagas globalmente nos nos últimos três anos. modo esperar para ver.” sacaram 63,5 bilhões de francos
próximos três anos, de seu qua- A onda inicial de 2,7 mil demis- Outras ferramentas que os (US$ 68 bilhões) do Credit Suisse,
dro total de 52 mil funcionários. sões globais em dezembro incluiu gestores têm quando se trata de o equivalente a 10% dos ativos.
Mas esses planos ganharam 540 cortes de vagas na Suíça e nada administrar cortes é reduzir o Para fins de comparação, o
maiores dimensões nas últimas menos que 200 em Londres. fundo de bônus, que foi cortado UBS sofreu 10% de resgates du-
semanas, uma vez que o banco se O Credit Suisse emprega mais em 33% no ano passado. rante todo o ano da crise finan-
prepara para anunciar seu se- de 5 mil pessoas em Londres e 16 Credit Suisse: Demissões enquanto banco deve anunciar novo prejuízo anual Poucos dos funcionários de ceira global.
gundo prejuízo anual consecuti- mil na Suíça. Consultas em torno banco de investimento do Credit O presidente do conselho de
vo no mês que vem. da próxima rodada de afasta- mil altos executivos de banco de funções sobrepostas e cargos de Suisse têm grandes expectativas administração do Credit Suisse,
Analistas preveem uma onda mentos começaram antes do Na- investimento no mundo inteiro, atendimento direto ao cliente. de receber uma bonificação nes- Axel Lehmann, disse ao “Finan-
de fortes cortes de funcionários tal, com mais de 10% dos empre- com seus principais centros locali- Muitos funcionários de banco te ano, em vista do prejuízo que o cial Times” no mês passado que
em bancos de investimentos gos nos departamentos de banco zados em Nova York e em Londres. de investimentos que sobrevive- banco sinalizou que divulgará as retiradas tinham se estabiliza-
globais, que se seguem aos pro- de investimento na Europa sen- Em alguns postos avançados ram aos cortes de emprego no es- no mês que vem. do e que os clientes estavam vol-
movidos pelo Goldman Sachs, do objeto de discussões, segundo menores do Credit Suisse na Eu- critório do Credit Suisse em Nova Mas graduados gestores estão tando ao banco.
que iniciou um plano de demitir pessoas a par das negociações. ropa, cerca de 33% dos empregos York, seu polo principal fora da ansiosos por oferecer incentivos a O Credit Suisse preferiu não
mais de 3 mil funcionários na Prevê-se uma decisão definitiva estão sendo ameaçados, diante Europa, têm a perspectiva de gestores de patrimônio, que têm comentar sobre a perspectiva de
semana passada. para o mês que vem. da reestruturação das operações aderir ao planejado desmembra- fortes laços pessoais com clientes, novos cortes de postos e sobre
As receitas das operações de O banco emprega cerca de 17 pelo banco, que visam eliminar mento como uma unidade inde- para evitar que eles engrossem as sua política de bonificações.

Finanças | Indicadores
IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 13/01/23 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 13/01/23 12/01/23 11/01/23 10/01/23 09/01/23 06/01/23
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 13/01/23 12/01/23 1 semana dezembro 1 mês 12 meses 27/12 a 27/01 0,2406 0,7418 0,7418 1,0926 Índice 1.806,19 1.806,12 1.801,72 1.797,69 1.794,55 1.791,46
IRF-M 1* 13.496,7804510 0,06 0,52 0,52 Selic - meta ao ano 13,75 13,75 13,75 13,75 13,75 9,25 28/12 a 28/01 0,2394 0,7406 0,7406 1,0914 Var. no dia 0,00% 0,24% 0,22% 0,18% 0,17% 0,28%
IRF-M 1+** 17.051,4255840 -0,10 1,34 1,34 Selic - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 29/12 a 29/01 0,2123 0,7091 0,7091 1,0441 Var. no mês 0,89% 0,88% 0,64% 0,41% 0,24% 0,06%
IRF-M Total 15.554,8798960 -0,04 1,00 1,00 Selic - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,0425 30/12 a 30/01 0,1750 0,7091 0,7091 0,9964 Var. no ano 0,89% 0,88% 0,64% 0,41% 0,24% 0,06%
IMA-B 5*** 8.066,1591650 0,03 0,75 0,75 Selic - taxa efetiva ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 31/12 a 31/01 0,1709 0,7091 0,7091 0,9923 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 9.818,2958120 -0,07 0,91 0,91 Selic - taxa efetiva ao mês 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 0,7323 01/01 a 01/02 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398
IMA-B Total 8.608,0111280 -0,03 0,84 0,84 CDI - taxa over ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 02/01 a 02/02 0,2353 0,7365 0,7365 1,0873
IMA-S Total 5.672,2887850 0,05 0,52 0,52 CDI - taxa over ao mês 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,5236 1,0425 03/01 a 03/02 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929
IMA-Geral Total 6.975,0113760 0,00 0,72 0,72
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 13,65 13,65 13,65 13,65 13,65 9,15 04/01 a 04/02
05/01 a 05/02
0,2362
0,2085
0,7374
0,7095
0,7374
0,7095
1,0882
1,0402
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 1,1233 0,7323
maior que 5 anos 06/01 a 06/02 0,1715 0,6724 0,6724 0,9929
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 12,63 11,19
07/01 a 07/02 0,1767 0,6776 0,6776 0,9981 Em 13/01/23
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,9959 0,8878 Em US$ * Em R$ **
08/01 a 08/02 0,2141 0,7152 0,7152 1,0459
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 12,51 8,59 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - - 0,9874 0,6890
09/01 a 09/02
10/01 a 10/02
0,2416
0,2370
0,7428
0,7382
0,7428
0,7382
1,0937
1,0890 Baht (Tailândia) 32,8800 32,9400 0,15530 0,15560
Taxa de juros de referência - B3 11/01 a 11/02 0,2412 0,7424 0,7424 1,0932 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 5,1140 5,1146
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 13,69 13,69 13,68 13,69 13,69 10,67 12/01 a 12/02 0,2146 0,7157 0,7157 1,0464 Bolívar Soberano (Venezuela) 19,2302 19,2784 0,2653000 0,2660000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 13,70 13,72 13,75 13,74 13,92 11,47 Boliviano (Bolívia) 6,8600 6,9800 0,7327 0,7456
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 30/12 29/12 semana novembro mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 573,6000 576,2000 0,008875 0,008917
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 31,00 30,32 31,83 33,07 33,07 28,72 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 13,66 13,66 13,66 13,65 13,66 9,70 Coroa (Dinamarca) 6,8698 6,8705 0,7443 0,7445
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 24,24 25,82 25,77 24,86 24,86 25,21 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 13,67 13,67 13,67 13,67 13,68 10,22 Coroa (Islândia) 142,3200 142,6500 0,03585 0,03594
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
51,14
25,85
52,34
26,21
43,24
27,53
48,72
27,90
48,72
27,90
36,30
21,06
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 13,69 13,69 13,68 13,69 13,71 10,67 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
9,8769
22,1250
9,8801
22,1350
0,5176
0,2310
0,5178
0,2312
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 13,70 13,70 13,71 13,72 13,77 11,02
Vendor pré - a.a. 18,18 18,32 19,35 19,44 19,44 15,95 Coroa (Suécia) 10,3957 10,3987 0,4918 0,4920
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 21,93 21,51 20,92 21,10 21,10 17,98
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 13,70 13,72 13,75 13,74 13,91 11,47 Índices de ações em 13/01/23 Dinar (Argélia) 136,1573 136,7473 0,03740 0,03756
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 19,23 18,55 21,07 20,66 20,66 18,48 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 13,42 13,43 13,61 13,43 14,09 11,92
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3051 0,3054 16,7453 16,7637
Conta garantida pós - a.a. 26,56 27,37 28,54 28,47 28,47 23,66 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,7731 4,7954 1,0664 1,0715
ACC pós - a.a. 8,04 8,18 8,46 7,73 7,73 2,84 Direitos Especiais de Saque *** 1,3484 1,3484 6,8957 6,8965
Factoring - a.m. 3,62 3,63 3,65 3,71 3,71 3,73 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6729 3,6732 1,3922 1,3925
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 110.916 -0,84 1,08 1,08 5,10 Dirham (Marrocos) 10,0840 10,0890 0,5069 0,5072
IBrX 47.142 -0,77 1,28 1,28 4,34 Dólar (Austrália)*** 0,6959 0,6961 3,5588 3,5603
Em 13/01/23 IBrX 50 18.745 -0,70 1,30 1,30 4,45 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,1140 5,1146
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
77.905
1.995
-1,37
-1,57
-0,98
-0,67
-0,98
-0,67
5,51
-8,72
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,5152 2,5596
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,3395 1,3399 3,8167 3,8183
ISE 3.142 -1,20 -0,48 -0,48 -10,72 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,1246 6,1995
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em fev/23 99.341,87 13,655 22.976 13,652 13,656 13,652 IMOB 663 -2,65 0,57 0,57 -0,49 Dólar (Cingapura) 1,3200 1,3205 3,8728 3,8747
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em mar/23 98.437,12 13,661 21.050 13,660 13,662 13,660 IDIV 7.315 -0,75 2,26 2,26 16,14 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,1140 5,1146
13/01/23 12/01/23 semana dezembro mês meses Vencimento em abr/23 97.289,89 13,680 68.439 13,676 13,682 13,680 Dólar (Hong Kong) 7,8095 7,8100 0,6548 0,6549
IFIX 2.838 0,19 -0,99 -0,99 2,68
Libor - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em mai/23 96.399,79 13,693 4.493 13,690 13,705 13,695 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,6363 0,6367 3,2540 3,2565
1 mês 4,4544 4,4590 4,4016 4,3916 4,3263 0,1063 Vencimento em jun/23 95.322,67 13,703 18.258 13,700 13,725 13,700 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7566 6,8260 0,7492 0,7570
3 meses 4,7924 4,8297 4,8099 4,7673 4,7363 0,2391 Vencimento em jul/23 94.309,13 13,700 223.032 13,690 13,735 13,705 Ibovespa 21.686 -0,34 3,11 3,11 13,53 Euro (Comunidade Européia)*** 1,0826 1,0832 5,5364 5,5401
6 meses 5,1011 5,1297 5,1970 5,1389 5,1253 0,3969 Vencimento em ago/23 93.301,03 13,710 2.295 13,700 13,725 13,710 IBrX 9.217 -0,28 3,32 3,32 12,70 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,8099 2,8661
9 meses - - - - - -
Vencimento em set/23 92.233,80 13,670 2.767 13,670 13,695 13,690 IBrX 50 3.665 -0,21 3,34 3,34 12,82 Franco (Suíça) 0,9260 0,9264 5,5203 5,5233
1 ano 5,3570 5,4091 5,5589 5,4821 5,4069 0,7136
Vencimento em out/23 91.323,46 13,630 74.578 13,610 13,680 13,630 IEE 15.232 -0,88 1,01 1,01 13,97 Guarani (Paraguai) 7383,0700 7397,1900 0,0006913 0,0006927
Euro Libor - empréstimos interbancários em euro *
Vencimento em nov/23 90.371,97 13,605 8.945 13,585 13,645 13,610 SMLL 390 -1,09 1,30 1,30 -1,42 Hryvnia (Ucrânia) 36,5600 36,9300 0,1385 0,1399
1 mês - - - - - -
Vencimento em dez/23 89.519,49 13,521 5.680 13,515 13,575 13,525 ISE 614 -0,74 1,50 1,50 -3,58 Iene (Japão) 127,5100 127,5200 0,04010 0,04011
3 meses - - - - - -
IMOB 130 -2,16 2,64 2,64 7,53 Lev (Bulgária) 1,8056 1,8063 2,8312 2,8326
6 meses - - - - - - Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
1 ano - - - - - - IDIV 1.430 -0,27 4,33 4,33 25,44 Libra (Egito) 29,5000 29,6000 0,1728 0,1734
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
Euribor ** IFIX 555 0,67 0,98 0,98 10,91 Libra (Líbano) 1505,7000 1518,7000 0,003367 0,003397
Vencimento em fev/23 5.112,19 0,23 197.565 5.096,00 5.172,00 5.116,00 Libra (Síria) 2510,0000 2513,0000 0,00204 0,00204
1 mês - 1,918 1,904 1,884 1,697 -0,568 Vencimento em mar/23 5.136,01 0,22 2.200 5.130,00 5.140,00 5.140,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3 meses - 2,288 2,254 2,132 2,081 -0,563 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,2214 1,2218 6,2462 6,2490
Vencimento em abr/23 5.169,05 - 0 0,00 0,00 0,00 Naira (Nigéria) 452,0900 453,0900 0,01129 0,01131
6 meses - 2,818 2,805 2,693 2,519 -0,534
Vencimento em mai/23 5.191,39 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 18,7896 18,7969 0,2721 0,2722
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
3,325 3,328 3,291 2,871 -0,483
Vencimento em jun/23 5.223,97 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 30,2820 30,2940 0,16880 0,16890
Prime Rate 7,50 7,50 7,50 7,50 7,00 3,25 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,8010 3,8309 1,3349 1,3456
Federal Funds 4,50 4,50 4,50 4,50 4,00 0,25 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 181,2700 181,2800 0,02821 0,02822
Taxa de Desconto 4,50 4,50 4,50 4,50 4,00 0,25 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 826,4800 827,1500 0,006183 0,006188
Vencimento em fev/23 5.545,36 -0,03 60 5.530,00 5.545,00 5.530,70 Peso (Colômbia) 4689,1900 4698,6900 0,001088 0,001091
T-Bill (1 mês) 4,45 4,35 4,08 3,68 3,77 0,03 Vencimento em mar/23 5.582,63 - 0 0,00 0,00 0,00 12/01/23 11/01/23 No dia No mês No ano
T-Bill (3 meses) 4,62 4,59 4,61 4,41 4,29 0,12 Geral 387 388 -1,0 12,0 12,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2131 0,2131
Vencimento em abr/23 5.630,04 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 54,8730 54,8930 0,09316 0,09321
T-Bill (6 meses) 4,79 4,78 4,82 4,72 4,68 0,28 África do Sul 392 377 15,0 -1,0 -1,0
T-Note (2 anos) 4,22 4,15 4,25 4,37 4,24 0,91 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina 1.999 2.006 -7,0 -197,0 -197,0 Peso (México) 18,7925 18,8030 0,2720 0,2722
T-Note (5 anos) 3,60 3,56 3,70 3,94 3,64 1,50 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil 258 258 0,0 2,0 2,0 Peso (Rep. Dominicana) 56,5200 57,0000 0,08972 0,09049
T-Note (10 anos) 3,50 3,47 3,56 3,82 3,50 1,73 Vencimento em fev/23 112.086 -0,83 128.650 111.425 112.915 112.000 Colômbia 367 371 -4,0 7,0 7,0 Peso (Uruguai) 39,6400 39,6800 0,12890 0,12900
T-Bond (30 anos) 3,61 3,61 3,69 3,90 3,54 2,06 Vencimento em abr/23 113.915 - 0 0 0 0 Filipinas 124 121 3,0 49,0 49,0 Rande (África do Sul) 16,8017 16,8167 0,3041 0,3044
Fontes: EMMI e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa da British Bankers Association com base em informações de 16 bancos ** Taxas da México 196 203 -7,0 -7,0 -7,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7557 3,7563 1,3614 1,3618
Vencimento em jun/23 116.033 - 0 0 0 0 Peru 153 164 -11,0 6,0 6,0
BBA e da Federação Bancária da União Europeia Rial (Irã) 42000,0000 42005,0000 0,0001217 0,0001218
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 479 464 15,0 66,0 66,0 Ringgit (Malásia) 4,3340 4,3380 1,1789 1,1801
Venezuela 42.416 41.092 1.324,0 -2.504,0 -2.504,0 Rublo (Rússia) 68,7765 68,7855 0,07435 0,07437
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 81,1990 81,2540 0,06294 0,06299
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 15140,0000 15150,0000 0,0003376 0,0003378
Rúpia (Paquistão) 228,6000 229,0000 0,02233 0,02237
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,4129 3,4182 1,4961 1,4986
Mês Acumulado Em 13/01/23 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1237,8300 1239,0000 0,004128 0,004132
Renda Fixa jan/23* dez/22 nov/22 out/22 set/22 ago/22 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 6,7010 6,7050 0,7627 0,7633
Selic 0,51 1,12 1,02 1,02 1,07 1,17 0,51 12,39 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,3353 4,3368 1,1792 1,1798
CDI 0,51 1,12 1,02 1,02 1,07 1,17 0,51 12,39 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,1140 5,1146 -0,49 -1,98 -1,98 -7,42
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) - 0,79 0,95 0,83 0,90 0,86 - 10,35 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,1058 5,1064 0,13 -3,25 -3,25 -7,62 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Poupança (2) 0,71 0,71 0,65 0,65 0,68 0,74 0,71 7,90 Dólar Turismo (R$/US$) 5,1104 5,2904 -0,40 -3,41 -3,41 -7,77 mai/22 346.415 03/01/23 338.245
Poupança (3) 0,71 0,71 0,65 0,65 0,68 0,74 0,71 7,90 Euro (BC) - (R$/€) 5,5364 5,5401 -0,27 -0,53 -0,53 -12,50 Dólar Ouro 1911,37 0,01627 314,3208 314,3577
jun/22 341.958 04/01/23 339.369
IRF-M 1,00 1,48 -0,66 0,93 1,40 2,05 1,00 8,82 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,5287 5,5293 -0,05 -1,88 -1,88 -12,73 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B 0,84 -0,19 -0,79 1,23 1,48 1,10 0,84 6,37 Euro Turismo (R$/€) 5,5669 5,7469 -0,34 -2,02 -2,02 -12,93 jul/22 346.403 05/01/23 338.206 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 0,52 1,11 1,01 1,08 1,11 1,19 0,52 12,74 Euro (BC) - (US$/€) 1,0826 1,0832 0,22 1,48 1,48 -5,49 ago/22 339.664 06/01/23 340.458 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* set/22 330.580 09/01/23 341.850 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa 1,08 -2,45 -3,06 5,45 0,47 6,16 1,08 4,69 out/22 329.546 10/01/23 341.166 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap -0,67 -3,01 -11,23 7,30 -1,84 10,90 -0,67 -15,06 B3 (R$/g) ** - 309,000 -0,96 2,32 2,32 -3,74 nov/22 335.505 11/01/23 341.673 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 1,30 -2,55 -2,19 5,32 0,49 6,33 1,30 5,72 Nova York (US$/onça troy) - 1.920,54 1,16 5,33 5,33 5,48 dez/22 337.703 12/01/23 342.838 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE -0,48 -4,37 -10,48 7,65 -2,54 5,97 -0,48 -13,96 Londres (US$/onça troy) - 1.904,05 1,11 5,06 5,06 4,48
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB 0,57 -3,97 -16,57 2,17 12,40 7,01 0,57 -8,95 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV 2,26 -1,61 0,78 4,03 -1,80 4,27 2,26 12,65
IFIX -0,99 0,00 -4,15 0,02 0,49 5,76 -0,99 2,22
Dólar Ptax (BC) -1,98 -1,44 0,71 -2,77 4,39 -0,18 -1,98 -6,50
Dólar Comercial (mercado) -3,25 1,47 0,70 -4,24 3,71 0,51 -3,25 -5,32 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) -0,53 2,14 4,91 -1,75 1,49 -1,53 -0,53 -11,89
Euro Comercial (mercado) (4) -1,88 4,06 6,08 -3,43 1,16 -1,18 -1,88 -10,76 Em 12 meses
Ouro B3 2,32 4,50 6,64 -5,57 0,70 -1,72 2,32 -8,48 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 13/01/23 12/01/23 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA - 0,62 0,41 0,59 -0,29 -0,36 - 5,79 Índice 13/01/23 12/01/23 dez/22 dez/22 dia mês Ano Américas
IGP-M - 0,45 -0,56 -0,97 -0,95 -0,70 - 5,45
Valor-Coppead Performance 159.947,95 160.455,57 154.559,59 154.559,59 -0,32 3,49 3,49 EUA Nova York Dow Jones 34.302,61 34.189,97 0,33 3,49 3,49 -5,01 28.725,51 36.113,62
Fontes: Anbima, BC, B3, FGV, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data
* Rendimento até o dia dia 13/jan. ** Até dez/22. (1) rendimento bruto do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos Valor-Coppead Mínima Variância 81.595,65 82.262,64 80.469,68 80.469,68 -0,81 1,40 1,40 EUA Nova York Nasdaq-100 11.541,48 11.459,61 0,71 5,50 5,50 -25,52 10.679,35 15.611,59
até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de 04/05/12; Lei nº 2.703/2012. (4) Variação sobre o Real Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 11.079,16 11.001,11 0,71 5,85 5,85 -25,18 10.213,29 14.893,75
EUA Nova York S&P 500 3.999,09 3.983,17 0,40 4,16 4,16 -14,16 3.577,03 4.662,85
Canadá Toronto S&P/TSX 20.360,10 20.211,20 0,74 5,03 5,03 -4,38 18.206,28 22.087,22
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
53.576,72
1.337,44
53.593,86
1.336,65
-0,03
0,06
10,55
3,99
10,55
3,99
-0,66
-8,81
44.626,80
1.112,84
56.609,54
1.635,71
Venezuela Caracas IBVC 20.236,75 19.514,88 3,70 -3,39 -3,39 247,70 5.098,80 20.947,68
Análise diária da indústria - em 10/01/23 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 5.156,65 5.201,83 -0,87 -2,00 -2,00 14,28 4.375,69 5.779,25
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 23.236,32 23.012,94 0,97 8,94 8,94 -1,76 17.752,60 25.642,58
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 242.154,50 234.153,70 3,42 19,83 19,83 183,65 81.004,41 242.154,50
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2023 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 2.886.353,71 19.816,40 47.466,12 47.466,12 -26.207,81 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 142.793,54 0,35 0,21 0,21 9,83 -46,54 -158,10 -158,10 -38.025,11 JBS 02/02/22 02/02/29 84 600 3 - 145,0 Euro - Euronext 100 1.326,90 1.318,53 0,63 7,74 7,74 -3,11 2.995,33 3.590,03
RF Duração Baixa Soberano (2) 527.960,08 0,05 0,33 0,33 11,65 9.988,29 12.283,34 12.283,34 -31.122,96 JBS 02/02/22 02/02/52 360 900 4,375 - 220,0 Alemanha Frankfurt DAX 15.086,52 15.058,30 0,19 8,35 8,35 -5,90 11.975,55 16.031,59
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 721.637,15 0,05 0,37 0,37 13,01 2.024,46 22.277,79 22.277,79 40.787,70 Usina Coruripe 10/02/22 10/02/27 60 300 10 10 823,3 França Paris CAC-40 7.023,50 6.975,68 0,69 8,49 8,49 -2,47 5.676,87 7.201,64
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 93.586,88 0,06 0,05 0,37 12,87 -15,02 753,03 753,03 6.687,22 Itaú Unibanco 14/04/22 14/04/25 36 63 3,7 3,7 97,7 Itália Milão FTSE MIB 25.783,48 25.733,96 0,19 8,76 8,76 -7,40 20.352,98 27.844,45
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 155.036,79 0,21 0,33 0,33 10,10 3,38 191,34 191,34 -2.446,25 Natura 19/04/22 19/04/29 84 600 6 - 341,1 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.940,32 3.918,58 0,55 6,46 6,46 -7,44 3.313,82 4.266,01
RF Duração Livre Soberano (2) 212.799,26 0,11 0,30 0,30 11,44 2.533,41 9.028,76 9.028,76 6.362,46 Arcos Dorados 27/04/22 27/05/29 85 350 6,125 - 317,0 Dinamarca Copenhague OMX 20 1.845,26 1.828,17 0,93 0,54 0,54 6,92 1.516,18 1.885,79
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 608.683,12 0,09 0,31 0,31 12,34 2.577,82 -563,76 -563,76 22.532,00 Aegea 06/05/22 20/05/29 85 500 7 - 413,7 Espanha Madri IBEX-35 8.881,70 8.828,10 0,61 7,93 7,93 0,73 7.261,10 8.933,60
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 179.929,96 0,18 0,24 0,24 11,35 195,18 -1.168,52 -1.168,52 24.365,53 Grécia Atenas ASE General 968,38 964,26 0,43 4,15 4,15 1,32 779,20 971,09
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 13/01/23. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 748,04 741,90 0,83 8,57 8,57 -5,47 630,58 791,33
Ações 479.190,40 -283,33 -3.235,46 -3.235,46 -67.203,43 mesmo prazo
Ações Indexados (2) 9.467,31 1,58 1,00 1,00 7,76 -147,34 -171,98 -171,98 -2.687,02 Hungria Budapeste BUX 46.097,83 46.151,47 -0,12 5,26 5,26 -14,21 37.035,79 53.736,16
Ações Índice Ativo (2) 35.885,99 1,64 0,63 0,63 6,93 -24,34 -111,53 -111,53 -13.944,80 Polônia Varsóvia WIG 61.565,83 61.751,50 -0,30 7,14 7,14 -15,95 45.621,39 73.245,28
Ações Livre 200.395,94 1,54 0,27 0,27 -0,70 -62,67 -2.210,72 -2.210,72 -33.597,70 Portugal Lisboa PSI-20 6.031,64 6.041,64 -0,17 5,34 5,34 5,71 5.190,28 6.349,21
Fechados de Ações 49.824,09 0,54 -0,93 -0,93 -1,31 0,00 0,00 0,00 710,76 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 1.010,40 1.015,94 -0,55 4,10 4,10 -33,39 742,91 1.546,79
Multimercados 1.625.948,27 -2.473,10 -1.290,85 -1.290,85 -85.651,84 Suécia Estocolmo OMX 2.217,18 2.225,27 -0,36 8,50 8,50 -7,54 1.794,39 2.397,96
Multimercados Macro 192.559,81 0,08 0,22 0,22 17,07 -127,33 -1.414,31 -1.414,31 -8.348,23 Em 12/01/23 Suíça Zurique SMI 11.290,79 11.287,82 0,03 5,23 5,23 -10,54 10.072,62 12.633,21
Multimercados Livre 577.482,84 0,19 0,09 0,09 10,19 -450,30 1.578,20 1.578,20 -49.617,51 Turquia Istambul BIST 100 4.984,86 4.970,71 0,28 -9,52 -9,52 140,74 1.851,38 5.661,10
Multimercados Juros e Moedas 61.931,32 0,08 0,34 0,34 12,12 -1.507,05 -1.648,78 -1.648,78 -2.964,84 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 - 1.848,26 - 1,93 1,93 -14,12 1.784,80 2.152,16
Multimercados Invest. no Exterior (2) 712.062,88 0,02 -0,30 -0,30 4,03 -393,17 105,46 105,46 -7.359,65 Índice 12/01/23 11/01/23 30/12/22 30/12/22 12/01/22 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 79.333,72 78.627,56 0,90 8,60 8,60 4,49 63.263,94 79.333,72
Cambial 7.775,38 -0,85 -1,29 -1,29 -6,28 24,31 -182,84 -182,84 100,61 S&P BNY 152,91 150,61 141,56 141,56 167,88 1,53 8,01 8,01 -8,92 Ásia e Pacífico
Previdência 1.183.667,78 125,76 134,17 134,17 14.556,91 S&P BNY Emergentes 305,07 300,31 271,49 271,49 364,01 1,58 12,37 12,37 -16,19 Japão Tóquio Nikkei-225 26.119,52 26.449,82 -1,25 0,10 0,10 -8,32 24.717,53 29.222,77
ETF 37.318,16 -0,83 -1.295,32 -1.295,32 -1.310,27 S&P BNY América Latina 195,25 192,36 181,83 181,83 188,73 1,50 7,38 7,38 3,45 Austrália Sidney All Ordinaries 7.540,10 7.489,90 0,67 4,41 4,41 -3,30 6.609,50 7.887,10
Demais Tipos 1.693.123,20 2.636,96 4.303,76 4.303,76 -75.837,78 S&P BNY Brasil 201,77 198,56 190,33 190,33 195,27 1,62 6,01 6,01 3,33 China Shenzhen SZSE Composite 2.067,15 2.048,77 0,90 4,63 4,63 -15,10 1.752,27 2.473,01
Total Fundos de Investimentos 6.220.253,70 17.209,21 41.595,83 41.595,83 -165.715,84 S&P BNY México 278,87 274,89 246,74 246,74 282,99 1,45 13,02 13,02 -1,46 China Xangai SSE Composite 3.195,31 3.163,45 1,01 3,43 3,43 -10,12 2.886,43 3.569,91
Total Fundos Estruturados (3) 1.201.297,69 -2.395,74 1.588,15 1.588,15 29.256,60
S&P BNY Argentina 122,86 120,10 106,49 106,49 71,69 2,29 15,37 15,37 71,36 Coreia do Sul Seul KOSPI 2.386,09 2.365,10 0,89 6,69 6,69 -19,45 2.155,49 2.962,09
Total Fundos Off Shore (4) 58.945,68 - - - -
S&P BNY Chile 177,14 176,78 171,62 171,62 150,05 0,20 3,22 3,22 18,05 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 21.738,66 21.514,10 1,04 9,89 9,89 -11,02 14.687,02 24.965,55
Total Geral 7.480.497,06 14.813,48 43.183,97 43.183,97 -136.459,24
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia 2.832,68 2.819,80 2.841,98 2.841,98 3.378,58 0,46 -0,33 -0,33 -16,16 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 60.261,18 59.958,03 0,51 -0,95 -0,95 -1,59 51.360,42 63.284,19
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia 181,00 177,00 162,47 162,47 222,19 2,26 11,40 11,40 -18,54 Indonésia Jacarta JCI 6.641,83 6.629,93 0,18 -3,05 -3,05 -0,25 6.568,17 7.318,02
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de novembro de 2022 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos S&P BNY China 406,28 407,78 338,39 338,39 464,90 -0,37 20,06 20,06 -12,61 Tailândia Bangcoc SET 1.681,73 1.687,45 -0,34 0,78 0,78 0,10 1.533,37 1.713,20
regidos pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da re- S&P BNY Rússia 252,95 234,89 221,34 221,34 316,43 7,69 14,29 14,29 -20,06 Taiwan Taipé TAIEX 14.824,13 14.731,64 0,63 4,86 4,86 -19,60 12.666,12 18.525,44
presentatividade da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não S&P BNY Turquia 19,36 19,48 20,63 20,63 17,49 -0,64 -6,16 -6,16 10,68 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid e Zurique. Elaboração: Valor Data
informaram o PL na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares
C4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
Investimentos Com atividade
fraca, 2023 tende a ser ano difícil
Previdência
perde fôlego
com inflação
e juros altos
Adriana Cotias
De São Paulo
O ano de 2022 foi mais de “rou-
ba-monte” na previdência com-
plementar do que de dinheiro no-
vo, e 2023 tem elementos para re-
petir essa dinâmica. O setor guar-
da relação estreita com a ativida-
de econômica, e fatores como ju-
ros altos e inflação consomem po-
der de compra e a capacidade de
poupança da população. Mas são
justamente os momentos de taxas
elevadas considerados os melho-
res para se construir reservas para
a aposentadoria, valendo-se da
capitalização do dinheiro no tem-
po. A renda fixa tem liderado a
preferência dos investidores.
Olhando-se a fotografia dos
fundos que acolhem os recursos
dos planos privados de previdên-
cia, a captação líquida totalizou
R$ 13,0 bilhões no ano passado,
um recuo de 2,5% em relação a
2021, com o patrimônio do seg-
mento chegando a R$ 1,2 trilhão,
segundo a Anbima, que represen-
ta o mercado de capitais e de inves-
timentos. Em termos nominais, é o
pior desempenho desde 2008.
Pelos números parciais de por-
tabilidade da Susep, o regulador
do setor de seguros e previdência,
mais de R$ 40 bilhões tinham tro-
cado de mãos, conforme as estatís-
ticas disponíveis em novembro.
Entre os grandes grupos segu-
radores, que em seus conglomera-
dos também são os maiores ges-
tores de fundos de previdência, só
o Itaú Unibanco tinha um valor lí-
quido positivo entre portabilida-
des aceitas e cedidas para a con-
corrência, com R$ 1,6 bilhão. Bra-
desco Vida e Previdência perdeu
R$ 4,3 bilhões; a Brasilprev cedeu
liquidamente R$ 6,4 bilhões; a
Caixa, R$ 2,1 bilhões; a Zurich
Santander Brasil, outro R$ 1,5 bi-
lhão; e o Safra, R$ 198,1 milhões.
Na ponta positiva ficaram a se-
guradora do BTG Pactual, que as-
sumiu liquidamente R$ 5,6 bilhões
que estavam em outras institui-
ções, e a XP Vida e Previdência,
com R$ 9,9 bilhões. São os compe-
tidores mais novos, que construí-
ram uma base de distribuição via
digital e de assessorias de investi-
mentos, rivalizando com os gru-
pos financeiros estabelecidos
com suas redes de agências.
Para 2023, executivos do setor
esperam outro ano complicado
para a previdência. “Desde os pri-
meiros meses de 2021, com a in-
flação alta corroendo a renda e a
capacidade das pessoas de pou-
par, se observa resgates maiores
na previdência”, diz Estevão
Possotrabalharcomoautônomodepoisdemeaposentar?
Consultório
financeiro
S
ou aposentado e
gostaria de voltar
a trabalhar para
ter um dinheirinho
extra e ajudar
nas contas de casa. Posso
ser aposentado e trabalhar
como autônomo?
Jonatha de Carlos Fernandes, CFP,
responde:
Scripilliti, diretor da Bradesco
Vida e Previdência. “Minha im-
pressão é que isso se repete nes-
te ano, mas com o cenário gra-
dualmente se abrandando.”
No lado da captação propria-
mente, ele diz que 2022 já foi me-
lhor para a instituição, com ingres-
so de cerca de R$ 800 milhões de-
pois de quatro, cinco anos sucessi-
vos de resgates. “Foi muito em fun-
ção de medidas tomadas ao longo
do tempo, com maior diversifica-
ção da grade de produtos, aprimo-
ramento da jornada digital do
cliente, seja de alta renda, seja do
varejo, que melhoraram a capaci-
dade de oferta de PGBL e VGBL.”
Apesar das inovações, o execu-
tivo avalia que a guerra da porta-
bilidade segue intensa e que,
olhando para o mercado de for-
ma geral, o setor praticamente
não cresceu, “chegou num platô
de mais estabilidade em relação
a 2021, não vejo o volume cres-
cendo”. Ele diz que a briga nos úl-
timos anos tem sido em cima da
diversificação, mas que a oferta
como um todo agora está mais
parecida porque “quem ficou de-
fasado teve que correr atrás”.
Sem bolo crescer,
portabilidade domina
entre principais grupos,
com XP, BTG e Itaú
com saldo positivo
Nessa linha, a Bradesco lançou
na semana passada quatro pro-
dutos “data alvo”, de 2030, 2040,
2050 e 2060, para a fase de acu-
mulação. Nesses planos, a cadên-
cia do risco vai se moldando ao
longo do tempo. Começa com
um nível maior, incluindo renda
fixa, variável, ativos internacio-
nais e de proteção para cenários
adversos, com uma taxa de admi-
nistração de 1%. Depois, a meta
de volatilidade e o custo vão de-
caindo, até chegar numa taxa de
administração de 0,30%, confor-
me se aproxima do prazo de con-
versão dos recursos em renda.
No Santander, as movimenta-
ções na previdência refletiram
muito do que se viu no segmen-
to de fundos líquidos, com o in-
vestidor resgatando de multi-
mercados, ações e até da renda
fixa tradicional, para incluir car-
teiras com crédito privado, diz
Clayton Calixto, especialista de
portfólio da Santander Asset.
O executivo avalia que, com a
desaceleração da atividade eco-
nômica e piora do mercado de
trabalho, dificilmente a previ-
Hoje em dia é muito comum
que pessoas aposentadas
atuem no mercado de trabalho,
seja por um desejo pessoal,
seja para se sentirem ativas.
Diante da falta de uma
educação financeira ampla no
Brasil, e de problemas sociais
e econômicos, muitos
aposentados têm a necessidade
de voltar a trabalhar. Hoje em
dia, a média das aposentadorias
não passa de R$ 2.500 mensais,
e nessa fase da vida alguns
custos, como os de saúde, por
exemplo, podem comprometer
boa parte desse valor. Por isso,
aposentar-se atualmente,
em alguns casos, não
significa parar de trabalhar.
A resposta à pergunta pode
ajudar e beneficiar diversas
pessoas com essa dúvida, desde
Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência: “Quem ficou defasado na oferta teve que correr atrás”
dência vai ter algum alento no
seu fluxo. “O mais provável é ter
uma estabilização. Mas o carrego
de quase 14% é bastante positivo
para a classe crescer”, diz, referin-
do-se à Selic em 13,75% ao ano,
um ponto de partida poderoso
de multiplicação de capital.
Na captação da previdência, o
Itaú Unibanco ficou no zero a zero,
apesar de ter capturando cerca de
R$ 2 bilhões da concorrência via
portabilidade, diz Claudio San-
ches, diretor de produtos de inves-
timentos e previdência do banco.
Segundo o executivo, houve
bastante pedido de resgate de
clientes, mas feito da maneira cor-
reta, em produtos cuja tributação
já estava em 10% — com mais de
dez anos. O executivo atribui a
maior resiliência à consolidação
da estratégia digital, com a plata-
forma íon, e à distribuição de in-
vestimentos por meio do canal de
especialistas, com cerca de 2 mil
profissionais, dado que a previ-
dência costuma ser uma venda
mais consultiva e é preciso olhar
a carteira como um todo.
Sanches afirma que, nessa inte-
ração, se percebe que o cliente
tem de fato olhado a previdência
como poupança de longo prazo.
Uma fatia de 30% dos recursos foi
para multimercados, ante 50% em
2021. Os planos ligados a fundos
com crédito privado tiveram a
preferência, representando 37%
do bolo. Outro efeito da assesso-
ria, diz, é que já tem mais cliente
chegando à aposentadoria bus-
cando conversão em renda por
tempo determinado, quebrando
um pedaço dos recursos para ga-
rantir as despesas mais constan-
tes. O mais comum, historicamen-
te, era o investidor resgatar tudo.
O executivo também considera
que 2023 será um ano particular-
mente difícil para a previdência,
que mais do que qualquer outro
produto está relacionado ao cres-
que a sua aposentadoria
não seja, por exemplo:
● Por incapacidade: nesses
casos a lei é muito clara; não se
pode trabalhar em hipótese
alguma. Isso porque esse tipo de
aposentadoria é concedido aos
trabalhadores que não possuem
mais a capacidade de trabalhar.
● Especial: voltada
aos trabalhadores com
exposição à insalubridade e a
agentes prejudiciais à saúde.
● Servidor público
estatutário: a regra exige que
os servidores não trabalhem
no cargo em que se
aposentaram, o que pode
gerar o cancelamento do
recebimento da aposentadoria.
Fora das modalidades acima, o
aposentado pode, sim, trabalhar
como autônomo e receber o seu
cimento econômico. “Faz sentido
para o investidor que está real-
mente empregado, contribui para
o INSS e faz a declaração completa
[no caso do PGBL]. Caso não faça,
não é o melhor produto de investi-
mento”, diz. “Pode ser até que me-
lhore se houver algum efeito con-
tracíclico em relação à economia.
Pessoas mais conservadoras no
consumo guardam mais.”
Quanto maior o nível de conhe-
cimento, mais resiliente é o inves-
timento em previdência, diz Clara
Sodré, analista de alocações e fun-
dos da XP Investimentos. A con-
quista de novos mandatos, com
mais opções na grade, tem auxi-
liado na construção de um mix de
carteiras de longo prazo. “A gente
tem levado para a rede, para o
cliente final, um olhar diferente
para a previdência, não só para a
aposentadoria, mas como estraté-
gia para buscar eficiência tributá-
ria daquele dinheiro de longo
prazo, porque é o único veículo
com alíquota de 10% de imposto
de renda [após dez anos].”
A abordagem em cima de re-
cursos que estão na concorrência
segue na linha de que há diferen-
ciação de retorno mesmo em
produtos ligados ao CDI, e “mais
que isso, com o investidor preso
em produtos ruins com taxas al-
tas”, diz Sodré. Com a flexibiliza-
ção das regras da previdência pa-
ra os gestores e mais versões sur-
gindo de fundos que já apresen-
tam um histórico na estratégia
original, ela diz que ficou mais
fácil a conversa com o cliente.
Para o BTG Pactual, a previ-
dência se tornou estratégica pa-
ra trazer novos clientes para a
base, diz José Lucio Nascimento,
sócio e head de produtos da ins-
tituição. “Quando você traz o ca-
ra com previdência, ele tende a
ser poupador, é mais assertivo o
‘lead’ [a captura digital] do que
de alguém que não tenha.”
benefício. Inclusive, grande parte
dos aposentados se utiliza dessa
estratégia para obter uma renda
mensal maior. Mas também
existem aqueles que trabalham
para manter a mente ocupada e
até mesmo pelo sonho de ter
um novo negócio ou carreira.
Nessa hora surgem outras
dúvidas também. “Se já me
aposentei, trabalhando como
autônomo preciso contribuir
para o INSS?” A resposta é sim.
O aposentado que deseja
trabalhar como autônomo
precisa contribuir mensalmente
para o INSS, classificado como
contribuinte individual. Essa
é uma obrigação para poder
trabalhar dentro da lei.
Um ponto importante que
vale destacar é que o benefício
pago pelo INSS atual não sofre
CAROL CARQUEJEIRO/VALOR
Gabriel Escabin, head de previ-
dência do banco, afirma que a ra-
diografia global da carteira do
cliente tem ajudado a instituição
a se defender no ranking de por-
tabilidade. “A gente busca, no
processo de investimento, enten-
der qual o produto mais adequa-
do para o momento de vida, e a
previdência não fica longe disso.”
Com a previdência se aproxi-
mando cada vez mais do mercado
de investimentos, o executivo cita
que é mais fácil encaixar o leque
de produtos ao perfil do cliente.
“Hoje, no autosserviço [da plata-
forma digital] há uma oferta que
atende tanto os mais conservado-
res quanto os mais sofisticados.”
Em 2021, ele conta que o BTG
chegou a ter 50% dos recursos da
previdência em multimercados,
fatia que caiu a 34% em 2022.
“Com a alta abrupta de juros
em função do cenário macro,
houve um impacto maior na
renda variável”, diz. A parcela
em ações, que beirou os 20%, foi
reduzida a 6% no ano passado.
Já a renda fixa passou a repre-
sentar 60% do estoque, partido
de 40% no exercício anterior.
A captação nessa classe foi dire-
cionada principalmente para fun-
dos de crédito e renda fixa ativos.
Nascimento diz que, para uma
carteira de volatilidade maior
chamar a atenção, o retorno tem
que ser muito superior aos 13,75%
da Selic, é difícil competir.
Escabin considera que 2023 de-
ve ser um ano de fluxo negativo na
previdência. É um movimento que
tem relação não só com o momen-
to econômico, como também com
a maturidade de planos contrata-
dos dez anos atrás e que já estão
na alíquota de tributação menor.
.com
Leia reportagens sobre investimentos
e finanças pessoais no site
www.valorinveste.com
nenhuma alteração de valor
por conta da nova contribuição.
Essas e outras questões são
extremamente relevantes e
precisam ser sanadas para
que o aposentado não tenha
nenhum problema com o
benefício pago pelo INSS.
O aposentado também pode
querer regularizar esse
trabalho autônomo e abrir
uma empresa como MEI
(Microempreendedor
Individual) ou ser sócio de
outra empresa, casos em
que deve respeitar as
orientações já mencionadas.
Caso esteja recebendo seguro-
desemprego, a abertura ou
sociedade em empresa resulta
na perda desse benefício.
Por fim, os aposentados que
decidem voltar a trabalhar
Fibra fecha
parceria com
Red Ventures
focada em PME
Álvaro Campos
De São Paulo
O banco Fibra anunciou uma
parceria com a Red Ventures, em-
presa de tecnologia com atuação
em vendas e marketing digital. O
foco é atender de maneira digi-
tal e escalável pequenas e mé-
dias empresas (PMEs) que ainda
são mal servidas por bancos tra-
dicionais. A meta é chegar a 15
mil novos clientes e R$ 1 bilhão
de carteira em cinco anos.
O Fibra, que sempre atendeu
grandes companhias, voltou-se
para empresas de médio porte
(“middle”) há alguns anos e, com
a nova parceria, passa a atender
também as menores. A expectati-
va é que, em médio a longo pra-
zo, elas representem quase 20%
da carteira total do banco, que
hoje é de mais de R$ 6,6 bilhões.
Segundo o diretor comercial
do Fibra, Rodrigo Bueno, a Red
Ventures chega para modernizar
a marca, potencializando sua
capacidade de prospecção e
oferta de produtos e soluções.
“A Red Ventures nos coloca em
um patamar acima no mercado,
nos desafiando estrategicamen-
te para que toda a nossa in-
fraestrutura melhore a ponto
de nos sentirmos confortáveis a
ir para ‘mar aberto’”, comenta.
Para Dioscoro Gomes, vice-pre-
sidente da Red Ventures, o Fibra
proporcionará uma oportunidade
de conquistar espaço no segmento
PME. “Só fazemos parceria com
quem enxergamos uma conexão,
de modo a agregar valor para os
dois lados. Nosso negócio é de co-
investir em tecnologia e tomar ris-
co junto com o parceiro”, afirma.
Bueno conta que o Fibra já vi-
nha investindo bastante em tec-
nologia nos últimos anos e que
não prevê grandes desembolsos
adicionais com a parceria, mas
diz que, se forem necessários, o
banco vai intensificar os investi-
mentos. Gomes aponta que a Red
Ventures só fechou a parceria
com o banco após verificar a dis-
posição em renovar seus sistemas
e constatar que a cultura das duas
instituições está bem alinhada.
“Quando a gente entra, recria o
fluxo de aquisição de clientes.
Nosso compromisso é fazer com
que a jornada das PMEs seja
bem-sucedida. Isso exige muita
experimentação, muita vontade
de testar alternativas”, conta.
O acordo comercial entre as par-
tes é de longo prazo e há um esque-
ma de “profit sharing”. Os clientes,
no entanto, são do Fibra e todo o
risco fica no balanço do banco.
Segundo Bueno, o crédito é
um grande chamariz, mas ter es-
ses clientes dentro de casa vai
permitir um “cross-sell” interes-
sante, oferecendo serviços como
cash management, seguros, câm-
bio, investimentos, fianças, entre
outros. O executivo admite que
esse público tende a ter um índi-
ce de inadimplência maior que
as grandes empresas, mas que is-
so já está na conta do banco. “Os
spreads são confortáveis e esse
cross-sell torna a relação risco/re-
torno bastante interessante.”
podem contar com os
benefícios do INSS da mesma
forma, como o décimo-terceiro
pago pelo INSS, o salário-
família, o salário-maternidade
e a reabilitação profissional.
Jonatha de Carlos Fernandes é
planejador financeiro pessoal e possui a
certificação CFP (Certified Financial
Planner) concedida pela Planejar –
Associação Brasileira de Planejamento
Financeiro
E-mail: jonatha.cfernandes@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do autor,
e não do jornal Valor Econômico ou da
Planejar. O jornal e a Planejar não se
responsabilizam pelas informações acima
ou por prejuízos de qualquer natureza em
decorrência do uso destas informações.
Perguntas devem ser encaminhadas para:
consultoriofinanceiro@planejar.org.br

Legislação
Destaques
Depósito recursal
A 7ª Turma do Tribunal Superior
do Trabalho (TST) condenou a
GPMRV Segurança e Vigilância,
empresa de pequeno porte de
Guarulhos (SP), por litigância de
má-fé por ter apresentado com-
provantes de depósito recursal
não reconhecidos pelo Banco do
Brasil, que não constatou a exis-
tência dos valores supostamente
depositados. A empresa pagará in-
denização de 30% e multa de 1%
do valor corrigido da causa, além
dos honorários advocatícios e do
ressarcimento de todas as despe-
sas efetuadas pela parte contrária,
um vigilante. O colegiado tam-
bém determinou a expedição de
ofícios à Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) e ao Ministério Pú-
blico Federal para a devida apura-
ção dos fatos. Condenada pelo juí-
zo da 6ª Vara do Trabalho de Gua-
rulhos (SP) a pagar verbas rescisó-
rias e horas extras ao vigilante, a
GPMRV recorreu ao Tribunal Re-
gional do Trabalho de São Paulo,
que manteve a sentença. Inconfor-
mada, a empresa levou o caso para
o TST. Em petição apresentada à 7ª
Turma, o vigilante, por meio de
seu advogado, sustentou que a
empresa, nessa e em outras de-
mandas, havia apresentado os
comprovantes dos depósitos re-
cursais. No entanto, os valores do
depósito, em alguns processos,
não foram localizados pela vara
nem pelo Banco do Brasil (Ag-AI
RR-1000300-58.2018.5.02.0316).
Taxa em porto
A 22ª Câmara de Direito Privado
do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJSP) manteve a cobrança de taxa
de armazenamento de carga a
uma exportadora após atraso de
embarque de mercadoria em por-
to no litoral paulista. O acórdão
confirma sentença da 1ª Vara Cível
de Santos. Segundo os autos, a em-
presa de comércio exterior contes-
tou na Justiça a cobrança da taxa
referente aos dias de atraso, ale-
gando que entregou a carga den-
tro do prazo e que não foi respon-
sável pela demora no embarque,
uma vez que o transporte maríti-
mo foi realizado por empresa ter-
ceira, contratada pela própria ape-
lante. No entendimento da turma
julgadora, porém, independente-
mente de quem causou o atraso, o
custo de armazenamento cabe à
contratante da exportação, ainda
que haja a possibilidade de ressar-
cimento futuro do prejuízo junto
à empresa que realizou o trans-
porte. “A relação entre as partes é
de depósito oneroso, de modo que
não há como afastar a responsabi-
lidade da autora/apelante, na con-
dição de embarcadora e deposi-
tante da mercadoria nas depen-
dências da ré/apelada, operadora
portuária, pelo pagamento da ta-
xa de armazenagem incidente até
a data da embarcação”, diz o rela-
tor do acórdão, desembargador
Edgard Rosa (apelação nº
0012219-42.2022.8.26.056).
Atestado falso
A Vara Criminal da Comarca de
Brusque, em Santa Catarina, con-
denou um ex-funcionário de uma
marmoraria por falsificação e uso
de documentos públicos. O ho-
mem terá que cumprir pena de 3
anos, 1 mês e 10 dias de reclusão,
em regime semiaberto, além de
pagamento de multa. Segundo de-
núncia do Ministério Público de
Santa Catarina, após comparecer a
uma unidade de saúde do municí-
pio em fevereiro de 2020, ocasião
em que recebeu atendimento mé-
dico e um atestado para afasta-
mento de suas atividades pelo pe-
ríodo de um dia, o morador de
Brusque falsificou por duas vezes
o documento público recebido,
com o fim de justificar faltas pos-
teriores no local de trabalho, que
totalizaram 10 dias de afastamen-
to entre fevereiro e março. Diante
da reincidência e maus anteceden-
tes, ao homem não foi concedida a
substituição da pena privativa de
liberdade por restritivas de direi-
tos. O réu poderá recorrer da deci-
são em liberdade (processo nº
5000710-24.2021.8.24.0011).
& Tributos
Trabalhista Ministros seguem julgamento do Supremo referente ao negociado sobre o legislado
TST valida acordos coletivos que
restringem direitos trabalhistas
Beatriz Olivon
De Brasília
O Tribunal Superior do Traba-
lho (TST) passou a aceitar normas
de acordos e convenções coleti-
vas que limitam ou afastam direi-
tos trabalhistas — o chamado ne-
gociado sobre o legislado —, mes-
mo sem haver contrapartidas cla-
ras. Mas não em todos os casos. Os
ministros seguem o que foi fixa-
do em julgamento realizado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF),
em junho do ano passado.
O negociado sobre o legislado
é um dos pilares da reforma tra-
balhista (Lei nº 13.467, de 2017).
A decisão do STF, embora dada
em processo anterior às mudan-
ças na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), é importante e
sua aplicação pelo TST mostra co-
mo a tese está sendo interpreta-
da pelos ministros da Corte.
No Supremo, os julgadores fize-
ram uma ressalva ao assegurar a va-
lidade de acordos ou convenções co-
letivas. O texto da tese aprovada afir-
ma que são constitucionais “desde
que respeitados os direitos absolu-
tamente indisponíveis”. Há, desde a
reforma, um rol taxativo do que não
pode ser negociado no artigo 611-B
da CLT — praticamente o que está
garantido na Constituição. Já no ar-
tigo 611-A existem exemplos do que
pode ser negociado.
Em um dos julgados, em outu-
bro, a 4ª Turma do TST autorizou
jornada de 12 x 36 (12 horas de tra-
balho por 36 horas de descanso)
em ambiente insalubre. Em seu vo-
to, a relatora, ministra Maria Cristi-
na Peduzzi, afirma que, antes da
decisão do STF, a jurisprudência
do TST era de que regimes de com-
pensação em condição insalubre,
ainda que firmados por norma co-
letiva, exigiam autorização minis-
terial. O entendimento, acrescen-
ta, era o de que o legislado deveria
prevalecer sobre o negociado.
Porém, após o acórdão do STF,
.
União cria conselho para monitorar
riscos fiscais com litígios judiciais
Beatriz Olivon
De Brasília
Ministros, secretários e procura-
dores passarão a acompanhar mais
de perto a evolução dos litígios judi-
ciais envolvendo a União. O pacote
de medidas fiscais, anunciado na
quinta-feira, incluiu a criação do
Conselho de Acompanhamento e
Monitoramento de Riscos Fiscais Ju-
diciais, com o objetivo de dar um
passo além do que já vem sendo fei-
to — por algumas pastas — para evi-
tar surpresas de impacto bilionário.
Os riscos fiscais são enormes. Na
Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) de 2022, eram estimados
em R$ 1,172 trilhão. Nos últimos
anos, a União teve que desembol-
sar, em média, R$ 50 bilhões para o
pagamento de precatórios e de-
mais sentenças judiciais.
Pela proposta, o conselho irá sis-
tematizar a prática que alguns ór-
gãos já adotam para o acompa-
nhamento de processos. A ideia é
identificar e indicar possíveis fato-
res de estímulo de litigiosidade e
sugerir medidas para a prevenção
e a resolução, inclusive por auto-
composição, de discussões que en-
volvam o poder público.
Será possível que os envolvidos
peçam informações inclusive sobre
o impacto econômico de teses judi-
ciais e sua respectiva metodologia
de cálculo, o que nem todos os ór-
gãos conseguem fazer hoje. Além
disso, pretende-se buscar soluções
tecnológicas para o aprimoramen-
SP
diz, seria possível reconhecer que
“a jornada em regime de 12 x 36,
ainda que em ambiente insalubre,
não configura direito absoluta-
mente indisponível, podendo ser
negociado coletivamente, afastan-
do a necessidade legal de autoriza-
ção ministerial, sendo, inclusive,
prática corriqueira e tradicional
nos ambientes hospitalares” (RR-
789-42.2018.5.23.0021).
A 8ª Turma, também em outu-
bro, manteve condenação ao pa-
gamento de adicional noturno na
prorrogação de trabalho no horá-
rio diurno. O relator, ministro
Alexandre Agra Belmonte, desta-
ca em seu voto o julgamento do
STF e cita a necessidade de se ob-
servar a norma coletiva (AIRR-
10110-72.2021.5.03.0112).
Professor de Direito do Trabalho,
Ricardo Calcini lembra que ainda
não foi publicado o acórdão do STF,
em que poderia haver alguma deli-
mitação do que pode ou não ser ne-
gociado. Mas, acrescenta, devem
prevalecer os exemplos citados na
CLT. “Os direitos absolutamente in-
disponíveis estão no artigo 611-B,
ainda que o STF não tenha feito refe-
rência expressa a esse ponto, já que a
ação julgada é anterior à lei da refor-
ma trabalhista ”, afirma.
Em outro julgamento, o minis-
tro Alexandre Agra Belmonte, da
8ª Turma, aponta em que casos
não pode prevalecer o negociado
sobre o legislado. Naqueles em
que houver “afronta a padrão ci-
vilizatório mínimo” assegurado
constitucionalmente ao traba-
lhador. Nesses casos, acrescenta,
será sempre prestigiada a auto-
nomia da vontade coletiva con-
sagrada na Constituição Federal.
Esse julgamento reconheceu a
validade de norma coletiva que
previu a natureza indenizatória
de parcelas de prêmios, afastan-
do a integração ao salário e a
condenação ao pagamento dos
reflexos decorrentes. O acórdão
foi publicado no mês de outubro
to do monitoramento dos riscos
fiscais judiciais da União.
De acordo com a Advocacia-
Geral da União (AGU), a criação
do conselho com o seu comitê
técnico tem como objetivo fun-
damental a implementação de
um modelo de compartilhamen-
to de informações e de definição
conjunta de estratégias.
A criação do grupo consta no
Decreto nº 11.379, de 2023. Ele se-
rá composto pelo ministro da Fa-
zenda, pela ministra do Planeja-
mento e orçamento e pelo advoga-
do-geral da União, Jorge Messias.
“Com as três principais pastas rela-
cionadas à temática dos riscos fis-
cais trabalhando juntas em caráter
permanente, os ganhos de previsi-
bilidade são substanciais, o que é
central na mitigação das perdas”,
diz a AGU em nota.
Aideia,segundoafirmouominis-
tro da Fazenda, Fernando Haddad,
no lançamento do pacote de medi-
das fiscais, na semana passada, é
“atuar tecnicamente nos tribunais,
mas com muita força. Tecnicamente
paramostrararobustezdasdecisões
que tomamos e evitar que novos ca-
lotes e precatórios aconteçam como
aconteceu no governo anterior”.
Em nota, a Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional (PGFN) in-
forma que a instituição do conse-
lho tem o objetivo de fomentar a
busca por melhorias na gover-
nança sobre riscos fiscais judi-
ciais, para a promoção de mais
segurança e mais previsibilidade
São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023 | E1
DIVULGAÇÃO
Advogado Ricardo Calcini: os direitos absolutamente indisponíveis estão no artigo 611-B da CLT
(RRAg-1772-89.2013.5.15.0069). que deveria existir. bém servir de orientação para o
Segundo José Eymard Loguér- Para ele, pela decisão do Supre- momento do acordo. “Quem está
cio, sócio do LBS Advogados, que mo não se mantém a visão que sur- negociando deve ficar atento pa-
atua na defesa de trabalhadores, a giu a partir da reforma trabalhista ra a validade do instrumento”,
tese do STF traz três elementos de que qualquer acordo deveria diz o advogado.
que, nos julgamentos, ainda po- prevalecer. “Não tem como evitar Ronaldo Tolentino, sócio do es-
derão gerar algum tipo de discus- que os casos sejam levados ao Judi- critório Ferraz dos Passos Advoca-
são: o que são exatamente os “di- ciário, que era um pouco a tese ini- cia, destaca que a própria decisão
reitos absolutamente indisponí- cial, de dizer que é sempre consti- do Supremo impôs alguns limites,
veis”, a necessidade de adequação tucional”, diz o advogado, desta- indicando que não é qualquer di-
setorial para a negociação e a ex- cando que o STF colocou uma bar- reito que pode ser negociado, por
plicitação de vantagem compen- reira. “Não é sempre constitucio- causa dos “constitucionalmente
satória. Os ministros, afirma o ad- nal. É preciso examinar o que res- garantidos”. “A jurisprudência vai
vogado, não determinaram que é tou daquela negociação.” acabar decidindo, porque a tese fi-
indispensável haver vantagem pa- Loguércio afirma que a tese fir- xada não especifica e o acórdão
ra o trabalhador, mas sinalizaram mada pelo Supremo deve tam- ainda não foi publicado”, afirma.
DIVULGAÇÃO
na gestão fiscal do país.
Por ser composto pela AGU,
Fazenda e Planejamento, o cole-
giado estará apto a observar o
processo de acompanhamento e
monitoramento dos riscos fiscais
judiciais de forma ampla, segun-
do a PGFN. “O acompanhamento
judicial de demandas tende a se
beneficiar dos diagnósticos, es-
tudos e análises prévios a serem
realizados pelo conselho, na me-
dida em que poderão adotar atos
internos tendentes à prevenção
de litígios, inclusive em momen-
to anterior à sua disseminação”,
diz na nota enviada ao Valor.
Para o tributarista Alberto Me-
deiros, sócio do TozziniFreire,
quem litiga com a União, como as
empresas com disputas tributárias,
pode ser beneficiado pelo acompa-
nhamento. “Quando o conselho
perceber que há uma ação judicial
em que a Fazenda vai ser derrotada,
por exemplo, vai poder sugerir que
o governo faça medidas de transa-
ção para reduzir o impacto poten-
cial de perda”, afirma. Medeiros
lembra que essa interlocução já Andrea Mascitto: seria importante a participação da sociedade civil
existe hoje em algumas pastas, mas
não de forma tão sistematizada. importante se a sociedade civil pu- nelli Sorrentino lembra que já exis-
Segundo Andrea Mascitto, só- desse participar do conselho onde, tia um núcleo de contencioso estra-
cia do Pinheiro Neto Advogados, projeta, será discutido o futuro da tégico na própria PGFN, mas a cria-
a iniciativa é interessante pela transação e da arbitragem tributá- ção do conselho indica uma possibi-
possibilidade de o governo olhar ria na esfera federal. O decreto pre- lidade de inclusão do aspecto políti-
mais estrategicamente para as vê que as reuniões poderão convi- co e não apenas técnico nesse acom-
questões fiscais. “Daí podem in- dar especialistas de órgãos priva- panhamento, com a possibilidade
clusive vir ideias de novas transa- dos, mas sem direito a voto. de proposta de outras soluções pe-
ções de teses”, diz. Pesquisador do Núcleo de Estu- rante o conhecimento geral da gra-
A advogada destaca que seria dos Fiscais da FGV, Thiago Buschi- vidade do problema.
E2 | Valor | São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

Legislação & Tributos | SP

TCFA: proteção do meio ambiente ou do Ibama?

da fiel rubrica legal ordinária, e o regular exercício do poder de licenciamentos nesse contexto, Lei nº 6.938/81, com redação tributo nada mais é do que uma
Opinião Jurídica pois, se não o for por sua polícia estatal, vem sendo sobretudo na forma dos artigos dada pela Lei nº 10.165/00), em própria medida (perspectiva
própria materialidade a ser cobrada sem qualquer (efetiva e 9º, XIII e XIV, “a”, e 17, caput e clara violação, ato contínuo, à material) de seu fato gerador e,
indevidamente prevista, assim regular) ação estatal de controle parágrafo 1º, da LC nº 140/11 e legalidade tributária (artigos com ele, deve manter coerência
Celso Alves Feitosa e o será, certamente, no que toca ou de fiscalização do Ibama, não artigo 23, III, VI, e VII e 5º, II, e 150, I, da CF e artigo 97, I, lógica dimensível.
Walter A. Bussamara à sua base de cálculo, ou à sua cabendo em nosso ordenamento parágrafo único, da do CTN). Feitas nossas reflexões e, por
sujeição ativa ou, então, jurídico, vale lembrar, qualquer Constituição Federal. Finalmente, além de estarmos vendo, contudo, uma
passiva. possibilidade de cobrança de desvirtuar a natureza da legitimação da TCFA, talvez, sob
Sucessivamente, ao longo taxa de polícia, que, de alguma atividade econômica dos uma visão (data vênia)
desses 34 anos da Carta vigente, forma, não tenha a contrapartida A TCFA vem supostos sujeitos passivos da embaçada do Texto Maior, por
temos visto o malferimento efetiva do Estado, no exercício de TCFA, a lei que a instituiu acaba, instâncias ordinárias judiciais,
dessa modalidade tributária, seu poder de polícia. A
sendo cobrada sem igualmente, de forma depositamos nossas maiores
nem sempre, assumidora de Constituição não prevê, ao qualquer, efetiva e anti-isonômica e esperanças de que haja
grandes vultos econômicos, o contrário do que faz em relação regular, ação estatal desproporcional, por atribuir à correção na boa interpretação
que, também, por isso, a sujeita, às taxas de serviços, uma taxa de tal taxa ambiental uma base de da doutrina acerca das taxas,
de controle ou de

O
infelizmente, a análises polícia meramente em potencial. cálculo distorcida, majorada, nos tribunais superiores,
estudo atinente ao subestimadas de seus No caso da TCFA, aliás, essa fiscalização além da conta, pois toma como sobremodo pelo guardião
tema taxa já foi intérpretes. discrepância decorre por nem seu elemento valorativo a constitucional representado
qualificado pela Exemplo dá-se com a mesmo caber ao Ibama, no receita bruta anual daqueles, e pela nossa Suprema Corte (STF).
doutrina, pátria e denominada Taxa de Controle e plano normativo, a Ainda quanto à não apenas, em várias Afinal de contas, quem deve ser
estrangeira, como Fiscalização Ambiental – TCFA competência administrativa materialidade da TCFA, não situações, a fração de suas protegido é o meio ambiente, e
divergente, espinhoso e (Lei nº 6.938/81, com atual que o habilitaria legitimamente bastasse o já acima pontuado, receitas que seriam, então, não o próprio Ibama.
discrepante (Roque Carrazza, redação dada pela Lei nº a exercer a materialidade da vale frisar que há indevida diretamente correspondentes à
Régis de Oliveira, e, Héctor 10.165/00), cobrada pelo taxa em comento, de controle e extensão da própria natureza correlata e suposta atividade Celso Alves Feitosa e Walter
Villegas), e, de fato, o é. Isso, Ibama, que, de uma só vez, de fiscalização nesse plano das atividades dos pretensos considerada potencialmente, Alexandre Bussamara são,
talvez, justifique o ininterrupto expõe distintos vícios que a ambiental, daí emanando que, sujeitos passivos, muitas vezes então, poluente (artigo 17-B e respectivamente, advogado, consultor
maltrato dessa espécie maculam, merecedores, então, na ausência de competência equiparados a hipóteses de ss. da Lei nº 6.938/81 e 5º, caput jurídico e sócio-fundador de Alves
tributária pela legislação de breves e importantes administrativa para tanto, lhe atividades com naturezas e LIV, da CF), esbarrando, com Feitosa Advogados Associados; e
ordinária, sobretudo, após a reflexões. faltaria, por consequência, a integralmente distintas das que isso, no próprio princípio advogado no escritório Alves Feitosa
promulgação da vigente Com efeito, já se revela correlata competência regularmente exercem, o que os informador da modalidade Advogados Associados, mestre em
Constituição Federal (1988). escancarada a ilegitimidade da tributária para a instituição transformam, da noite para o tributária taxa, representado Direito Tributário pela PUC-SP
De fato, em todos os planos própria forma de realização da dessa própria taxa, que, no caso, dia, em pseudo-gigantes pela retributividade, que exige
legislativos, seja federal, materialidade dessa TCFA, taxa seria das pessoas políticas poluidores do meio ambiente, a delimitação do valor de uma Este artigo reflete as opiniões do autor,
estadual (distrital) ou de polícia que é, e que ao municipais, uma vez que o em interpretação arrecadatória taxa de polícia aos custos e não do jornal Valor Econômico.
municipal, raramente vê-se a contrário do quanto disposto nos potencial de poluição em do Ibama que escapa por (ainda que aproximados) que o O jornal não se responsabiliza e nem
instituição de uma taxa que artigos 145, II, da CF e 77 e 78, questão seria de ordem e de completo do próprio texto legal Estado teve, justamente, com as pode ser responsabilizado pelas
seja, realmente, fiel merecedora parágrafo único, do CTN, que interesse meramente locais, que dispõe sobre a sua própria diligências fiscalizatórias, e não informações acima ou por prejuízos
da chancela constitucional, ou, exigem como pressuposto de cabendo somente aos pretensão tributária via taxa a elementos a isso alheios, até de qualquer natureza em decorrência
às vezes, sob dados aspectos, até qualquer taxa de polícia o efetivo municípios efetivar ambiental (artigo 17-B e D da porque a base de cálculo de um do uso dessas informações

INEPAR S.A. INDÚSTRIA E CONSTRUÇÕES

EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
CNPJ/MF n° 76.627.504/0001-06 - NIRE nº 41 3 0029559 0
COMPANHIA ABERTA
Edital de Convocação de Assembleia Geral de Debenturistas da 5ª Emissão de Debêntures da
LEILÃO
Presencial e Online
31/01/2023
3ª feira – às 11h00
INEPAR S.A. INDÚSTRIA E CONSTRUÇÕES – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Simplific Pavarini Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., na qualidade de Agente Fiduciário da 5ª O leilão já está aberto na internet para receber lances.
Emissão de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ação, em Série Única, da Espécie com Garantia Real
Representada por Cessão Fiduciária de Direitos Creditórios e de Aplicação Financeira e Alienação Fiduciária de
Bem Imóvel de emissão da Companhia (“Emissão”), convoca os Srs. Debenturistas da Emissão a reunirem-se Condomínio e IPTU quitados pelo ITAÚ até o dia do leilão!

em Assembleia Geral de Debenturistas a ser realizada no dia 03 de fevereiro de 2023, às 15:00 horas, de forma
exclusivamente digital, inclusive para fins de voto, por videoconferência online por meio da plataforma Microsoft
Teams, a partir da sede do Agente Fiduciário, sendo o acesso disponibilizado individualmente para cada Deben-
turista devidamente habilitado nos termos deste edital para deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia (“Assem-
bleia”): (a) a sustação, ou não, dos efeitos do Vencimento Antecipado da Emissão, em razão do descumprimento
de obrigações pecuniárias, até o dia 31 de janeiro de 2023, devidas e não adimplidas nas datas de 31 de outubro
de 2022 e 27 de dezembro de 2022; (b) caso não aprovado a sustação dos efeitos do Vencimento Antecipado
da Emissão, a contratação de um dos Escritórios de Advocacia, cujas propostas de prestação de serviços foram
encaminhadas aos Debenturistas, para a retomada da execução judicial contra a Emissora e (c) a autorização
ao Agente Fiduciário, para praticar todos e quaisquer atos ou documentos necessários à efetivação e implemen-
tação das deliberações acima. Em conformidade com a Resolução CVM nº 81, de 29.03.2022, o link de acesso
à Assembleia será disponibilizado pelo Agente Fiduciário aqueles Debenturistas que enviarem ao endereço
eletrônico do Agente Fiduciário, a saber spestruturacao@simplificpavarini.com.br, preferencialmente em até 2
(dois) dias antes da realização da Assembleia, os seguintes documentos: (a) quando pessoa física, documento
de identidade; (b) quando pessoa jurídica, cópia de atos societários e documentos que comprovem a represen-
tação do Debenturista; e (c) quando for representado por procurador, procuração com poderes específicos para
sua representação na Assembleia, obedecidas as condições legais. A Assembleia será integralmente gravada.
Após o horário de início da Assembleia, os Debenturistas que tiverem sua presença verificada em conformidade
com os procedimentos acima detalhados poderão proferir seu voto na plataforma eletrônica de realização da
Assembleia, verbalmente ou por meio do chat que ficará salvo para fins de apuração de votos. Os Debenturistas
presentes à Assembleia deverão formalizar a assinatura de presença por meio de assinatura eletrônica via
Docusign ou plataforma equivalente. O Agente Fiduciário permanece à disposição para prestar esclarecimentos
aos Debenturistas no ínterim da presente convocação e da Assembleia. Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2023.
Simplific Pavarini Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
CNPJ 15.227.994/0001-50
25 IMÓVEIS
CASAS APARTAMENTOS
CONJUNTO COMERCIAL
OCUPADOS E DESOCUPADOS
São Bernardo do Campo/SP - Porto Alegre/RS - Rio de Janeiro/RJ - Caucaia/CE -
Niterói/RJ - São Lourenço/MG São Paulo/SP- Itabuna/BA - Rio Verde/GO - Camaçari/BA
- Barra do Garças/MT - Candeias/BA - Montes Claros/MG - Jequitinhonha/MG -
Guarujá/SP - Sumaré/SP - Ribeirão Pires/SP - Campos dos Goytacazes/RJ
À vista ou À prazo: até 8X com sinal de 20% e sem juros; até 24X com sinal de 25% e juros de 12% a.a. tab. price + IGPM;
até 78X com sinal de 30% e juros de 12% a.a. tab. price + IGPM. Leia o Edital no site da leiloeira.
Cadastre-se antecipadamente para participar do leilão online. Rua Hipódromo, 1141, sala 66 – Mooca - São Paulo/SP.
Ana Claudia Campos Frazão – leiloeira oficial – JUCESP 836.
Tel. 11-3550-4066 | 11-97179-0728 – FrazaoLeiloes.com.br
IRANI PAPEL E EMBALAGEM S.A. CNPJ Nº 92.791.243/0001-03 NIRE Nº 43300002799 COM-
PANHIA ABERTA ATA DE REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO 1. Data, hora e lo-
cal: Realizada em 19 de dezembro de 2022, às 10:30 horas, na Av. Carlos Gomes, nº 400, salas
502/503, Bairro Boa Vista, em Porto Alegre/RS, CEP: 90.480-900, por vídeo conferência. 2. Presen-
ças e mesa: A reunião contou com a totalidade dos membros do Conselho de Administração, tendo
sido presidida pelo Sr. Péricles Pereira Druck. 3. Ordem do Dia: Aprovar a contratação de Auditores
Independentes. 4. Deliberações: Por unanimidade de votos e sem quaisquer ressalvas ou restri-
PR IA
ções, os membros do Conselho de Administração da Companhia, nos termos do ítem “f”, artigo 12
do Estatuto Social e conforme manifestação favorável do Comitê de Auditoria, autorizam a Diretoria,
O
•B IM
R
AS EX
IL I A T•
• FI A N
a contratar para prestação de serviços de auditoria independente, a empresa PricewaterhouseCoo-
pers Auditores Independentes Ltda., Código CVM 287-9, estabelecida na Capital do Estado de São
Paulo, com filial em Porto Alegre, RS., na Rua Mostardeiro, 800, 8º e 9º andares, Bairro Moinhos de
Companhia de Processamento de Dados Vento, CEP 90.430-000, inscrita no CNPJ/MF sob no 61.562.112/0006-35 (“PwCAI”), e responsável
técnico, Sr. Rafael Biedermann Mariante, CPF Nº 947.792.100-97, para auditar as Demonstrações
do Estado de São Paulo - PRODESP Financeiras da Companhia, no exercício de 2023. 5. Encerramento: Nada mais havendo a tratar,
CNPJ 62.577.929/0001-35 foi encerrada a reunião e lavrada a presente ata que, que vai por todos assinada. (Assinaturas: Péri-
cles Pereira Druck, Eurito de Freitas Druck, Paulo Sergio Viana Mallmann, Paulo Iserhard e Roberto
ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº 011/2022 Faldini). 6. Declaração: Declaro que a presente é cópia fiel da ata transcrita em livro próprio. Porto
Alegre, 19 de dezembro de 2022. Péricles Pereira Druck - Presidente do Conselho de Administração.
A PRODESP informa os preços unitários registrados na Ata, resultante do Pregão nº Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul. Certifico registro sob o nº 8661919 em
058/2022. Fornecedor: Positivo Tecnologia S/A (1ª class. p/ itens 1, 2 e 3). Item; 13/01/2023 da Empresa IRANI PAPEL E EMBALAGEM S.A., CNPJ 92791243000103 e protocolo
Descrição; Quantidade; Preço Unitário: 1; Notebook Básico; 7.935; R$ 4.350,00 / 2; 224841416 - 30/12/2022. Autenticação: 2543AD294FB810BF90B4AE90946E4BEACDDF1FC. José
Tadeu Jacoby - Secretário-Geral.
Notebook Plus; 9.632; R$ 5.300,00 / 3; Notebook Ultrafino; 7.282; R$ 5.600,00.
ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº 010/2022
A PRODESP informa os preços unitários registrados na Ata, resultante do Pregão nº
055/2022. Fornecedor: Lenovo Global Tecnologia Brasil - Comercial e Distribuição
Ltda. (1ª class. p/ itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6). Item; Descrição; Quantidade; Preço Unitário:
1; Servidor Dualprocessado Torre - Configuração I; 103; R$ 32.600,00 / 2; Servidor
Dualprocessado Torre - Configuração II; 442; R$ 53.400,00 / 3; Servidor
Dualprocessado Rack 1U; 265; R$ 44.800,00 / 4; Servidor Dualprocessado Rack 2U
- Configuração I; 290; R$ 140.530,00 / 5; Servidor Dualprocessado Rack 2U - COMUNICADO
Configuração II; 286; R$ 139.530,00 / 6; Servidor Quadriprocessado Rack; 268; Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
R$ 233.000. Eletrônico para Registro de Preços nº 218/2022 - 090201000012022OC00239, referente
ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº 002/2022 ao processo nº 2022/64020, objetivando a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO
A PRODESP informa os preços unitários registrados na Ata, resultante do Pregão nº DE PREÇOS PARA COMPRA DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do
101/2021. Fornecedores: Microsens S/A (1ª class. p/ itens 1, 2 e 3); Positivo Tecnologia Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do
S/A (1ª class. p/ item 4); Multilaser Industrial S/A (2ª class. p/ item 4). Item; Descrição; Governo do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 27/01/2023,
Quantidade; Preço Unitário: 1; Tablet android compacto; 3.108; R$ 2.104,00 / 2; Tablet a partir das 09:00 horas.
android básico; 3.014; R$ 1.554,00 / 3; Tablet android plus; 15.857; R$ 4.887,00 / 4;
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 16/01/2023 o site
Tablet android educacional; 457.523; R$ 926,00.
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de
ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº 012/2022
acesso ao sistema e credenciamento de seus representantes.
A PRODESP informa os preços unitários registrados na Ata, resultante do Pregão nº
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
062/2022. Fornecedores: Lenovo Comercial e Distribuição Ltda. (1ª class. p/ itens 1,
2, 4 e 5); Positivo Tecnologia S/A (1ª class. p/ item 6); Daten Tecnologia Ltda (1ª class. ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.

Aviso de Licitação p/ item 3). Item; Descrição; Quantidade; Preço Unitário: 1; Desktop Básico; 16.405; R$
A PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA CAMPINA Torna Público que se encontra aberta a Licitação, na Modalidade 3.582,00 / 2; Desktop Avançado; 17.841; R$ 4.086,00 / 3; Desktop Plus; 23.850; R$
PREGÃO ELETRÔNICO RP- Tipo Menor Preço Por ITEM, tendo como Objeto: AQUISIÇÃO DE FRALDAS 5.904,00 / 4; Workstation Gráfica; 5.331; R$ 12.000,00 / 5; Mini-PC Atendimento;
GERIÁTRICAS, ATADURAS E ÁGUA DESTILADA, conforme melhor especificado no Edital do Pregão Eletrônico
RP nº 003/2023 – Proc. Adm. nº 5082/2022. Data e horário do recebimento das propostas: até às 09h do dia
9.975; R$ 4.152,00 / 6; Mini-PC Poupafila; 2.819; R$ 3.068,00.
27/01/2023. Data e horário do início da disputa: 09h01 do dia 27/01/2023; através da BBM - Bolsa Brasileira
de Mercadoria. Edital na integra disponível no Endereço Eletrônico https://www.novacampina.sp.gov.br/ e www.
bbmnet.com.br, outras informações por meio do Fone (15) 3535-6100 - Sessão de Licitações. SAÚDE

ORE SECURITIZADORA S.A. - Companhia Aberta - CNPJ/ME nº 12.320.349/0001-90 Secretaria de Governo

AVISO DE LICITAÇÃO
PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DOS TITULARES DE CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS
IMOBILIÁRIOS DA 45ª SÉRIE DA 1ª EMISSÃO DA ORE SECURITIZADORA S.A. Pregão Eletrônico Nº 042/2023-SMS.G - Processo 6018.2022/0074073-7
EDITAL DE CONVOCAÇÃO Objeto: Registro de preços para o fornecimento de CONJUNTO/KIT ESTÉRIL DE CAMPOS CIRÚRGICOS DE
Os senhores Titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários da 45ª Série da 1ª Emissão da ORE Securitizadora S.A. USO ÚNICO - Data da abertura/realização: 10:00h do dia 31 de janeiro de 2023, a cargo da 15ª Comissão
(respectivamente “Investidores” ou “Titulares”, “CRI” e “Securitizadora”), e a H. Commcor Distribuidora de Títulos e Permanente de Licitações da Secretaria Municipal da Saúde.
Valores Mobiliários Ltda. (“Agente Fiduciário”), estão convocados a se reunirem à Primeira Assembleia Geral Extraor- Documentação/Retirada do Edital: http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br, www.comprasnet.gov.br
dinária dos Titulares dos CRI (“1ª AGT”), a ser realizada, em primeira convocação, no dia 01 de fevereiro de 2023, Local: www.comprasnet.gov.br
às 10:00 horas, de modo exclusivamente digital, inclusive para fins de voto, por meio da plataforma “Microsoft
Teams”. O acesso à plataforma eletrônica será disponibilizado pela Securitizadora aos Titulares de CRI que enviarem
solicitação para psalomao@fator.com.br e/ou jfreitas@fator.com.br, sendo que, haverá a possibilidade de participação
a distância, por meio do preenchimento da instrução de voto, conforme instruções enviadas pelo Agente Fiduciário a AVISO DE LICITAÇÃO
todos os Investidores. Os Titulares dos CRI que fizerem o envio da instrução de voto até o início da 1ª AGT, e esta for
considerada válida, não precisarão acessar o link para participação digital da 1ª AGT, sendo sua participação e voto
computados de forma automática. Ordem do Dia: A 1ª AGT tem como objetivo deliberar sobre: (i) a possibilidade da A CDHU comunica às empresas interessadas a abertura da seguinte licitação:
Liberação referente a medição de dezembro de 2022, na forma de adiantamento, nos termos da cláusula 6.7 do Termo PG 10.46.042 – Licitação nº 042/2021 – Contratação de empresa para execução
de Emissão, sejam realizadas mediante o protocolo dos Contratos de Alienação Fiduciária de Imóveis perante os Car- de serviços de paisagismo para atendimento a Termo de Compromisso de
tórios de Registro de Imóveis competentes, a despeito do previsto no item (iii) da cláusula 4.12 do Termo de Emissão Recuperação Ambiental no empreendimento denominado SP-Parque do Carmo
referente a Condições Precedentes à Liberação exigir a comprovação dos efetivos registros, concedendo o prazo de 60
(sessenta) dias a contar da data de aprovação dessa AGT para que a Emitente apresente os referidos registros sob pena “A”, no município de São Paulo/SP. O edital completo estará disponível para
de caracterização de Evento de Vencimento Antecipado; (ii) a ratificação das liberações anteriormente realizadas pela download no site www.cdhu.sp.gov.br a partir das 00h00min do dia 17/01/2023
Securitizadora; (iii) autorização para utilização dos recursos do Fundo de Despesas da Operação para o pagamento de – Esclarecimentos até 01/02/2023 – Abertura: 08/02/2023 às 10h, na Rua Boa
tarifas bancárias da Conta Vinculada e (iv) a autorização para a Securitizadora, em conjunto com o Agente Fiduciário,
realizarem todos os atos necessários para a implementação das deliberações da presente 1ª AGT, incluindo, mas não
Vista, 175, Edifício CIDADE II – Térreo – Auditório da CDHU, Centro, São
se limitando, a celebração de eventuais aditamentos. Os termos iniciados por letras maiúsculas não definidos nesta Paulo/SP.
convocação terão os significados a eles atribuídos nos Documentos da Operação. As procurações e/ou instrução de
voto, se aplicável, deverão ser enviados acompanhados de cópia: (i) da totalidade dos documentos que comprovem a
representação do titular, incluindo mas não se limitando a, contratos e/ou estatutos sociais, regulamentos, atas e pro-
curações; e (ii) do documento de identificação dos signatários, e encaminhada até 02 (dois) dias úteis antes da reali-
zação da 1ª AGT, para os e-mails psalomao@fator.com.br, jfreitas@fator.com.br, e fiduciario@commcor.com.br. A 1ª
AGT será instalada em primeira convocação com a presença dos Investidores que representem, pelo menos 50% (cin-
quenta por cento) mais um dos CRI, nos termos da cláusula 14.3.1. do Termo de Securitização, sendo válidas as delibe-
rações tomadas pelos Titulares dos CRI representando 66% da maioria dos CRI presentes na 1ª AGT, conforme da cláu-
sula 14.8. do Termo de Securitização.
São Paulo/SP, 12 de janeiro de 2023. Diretor de Relação com Investidores

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAFELÂNDIA-SP - CNPJ 46.186.375/0001-99
Processo nº 100/2022. Leilão nº 02/2022. Edital nº 88/2022. A Prefeitura do Município de Cafelândia/SP, torna público para
conhecimento dos interessados pessoas físicas e jurídicas, que fará realizar licitação na modalidade LEILÃO, do tipo maior lance,
objetivando a alienação de bens móveis, considerados inservíveis ao patrimônio público municipal, de propriedade da prefeitura do
Município de Cafelândia, no estado em que se encontram, cuja relação, descrição e quantitativos encontram-se no edital disponibili-
zado no site da Prefeitura Municipal (www.cafelandia.sp.gov.br) e no SITE do Leiloeiro Oficial (www.sumareleiloes.com.br). Este
certame foi processado e julgado em conformidade com as normas gerais da Lei Federal nº 8.666/93 e demais normas complemen-
tares e disposições deste instrumento. A sessão pública será realizada dia 13/02/2023 a partir das 15:00 horas na modalidade “on
line”, através da internet, pelo leiloeiro oficial José Luís Teixeira Quenca, devidamente matriculado na Junta Comercial do Estado
de São Paulo sob nº 1074, através do site www.sumareleiloes.com.br devendo os interessados cadastrarem-se no referido site com
antecedência de 2 (dois) dias da realização do certame. Os interessados poderão visitar os veículos e bens nos dias: 09/02/2023 e
10/02/2023 das 09hs às 11hs e das 13hs às 16hs.Cafelândia, 12 de janeiro de 2023.
Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana - Prefeita Municipal
SUBPREFEITURAS
AVISO DE LICITAÇÃO
Concorrência Pública Nº 02/SMSUB/COGEL/2023 - Processo SEI N°: 6012.2022/0021970-8.
Objeto: Contratação de empresa especializada para elaboração de projeto executivo e execução de obras de canalização
de córrego na Rua Domênico Palma, altura do número 121, JARDIM CIDÁLIA - SÃO PAULO - SP - Data/hora envio
propostas: 15/02/2023 das 13:00 às 14:00 - Data da sessão: 15/02/2023 às 14:30h - Local: Rua Líbero Badaró, 504 - 23º andar
- Sala 231- A - Edifício Martinelli - Centro - São Paulo/SP. Documentação/Retirada do Edital http://e-negocioscidadesp.
prefeitura.sp.gov.br e https://drive.google.com/drive/folders/1UTLK-dTJt1HJow119V13QSFswjojAI58 - Obs.: Regime de
execução por EMPREITADA POR PREÇOS UNITÁRIOS do tipo MENOR PREÇO e critério de julgamento MENOR VALOR
GLOBAL. Os pedidos de esclarecimentos e impugnações deverão ser solicitados EXCLUSIVAMENTE através do
endereço de correio eletrônico: cogelsmsp@smsub.prefeitura.sp.gov.br.
COMUNICADO
Despacho da Senhora Coordenadora de Saúde - Coordenadoria de Assistência
Farmacêutica em 13/01/2023.
PROCESSO: SES - 2022/78595.
INTERESSADO: Coordenadoria de Assistência Farmacêutica.
ASSUNTO: Pregão (Eletrônico) - Registro de Preços nº 258/2022 - Medicamentos.
Trata-se de licitação realizada na modalidade Pregão Eletrônico nº 258/2022, visando
Constituição de Sistema de Registro de Preços para aquisição de medicamentos.
Considerando informação às fls. retro, AUTORIZO, a REAPRESENTAÇÃO DO EDITAL
sob a OC nº 090201000012022OC00292, com reabertura do prazo para as 09:30 horas
do dia 27/01/2023 e início de recebimento de propostas dia 16/01/2023, permanecendo
inalteradas as demais condições do edital.
CÂMARA MUNICIPAL DE LOUVEIRA
ERRATA AO EXTRATO DO CONTRATO Nº 49/2022
Onde se lê: OBJETO: Contratação de empresa para executar projeto de sistema de CFTV e CONTROLE DE
ACESSO da Câmara Municipal de Louveira, conforme as especificações do memorial descritivo e demais condições
deste edital e seus anexos. Onde se lê: “VIGÊNCIA CONTRATUAL: 30 (meses) meses a contar de 09 de janeiro de
2023.” Leia-se: “VIGÊNCIA CONTRATUAL: 30 (trinta) meses a contar após a implantação.”
ERRATA AO EXTRATO DO CONTRATO Nº 50/2022
Onde se lê: “OBJETO: Contratação de empresa especializada para cessão temporária onerosa de veículo com e
sem motorista, para atender a demanda Câmara Municipal de Louveira, conforme especificações e quantidades
constantes neste documento – Termo de Referência e demais condições deste edital e seus anexos.”; e; “VIGÊNCIA
CONTRATUAL: 30 (meses) meses a contar de 09 de janeiro de 2023.” Leia-se: “OBJETO: Contratação de empresa
especializada para cessão temporária onerosa de veículo com motorista, para atender a demanda Câmara
Municipal de Louveira, conforme especificações e quantidades constantes neste documento – Termo de Referência
e demais condições deste edital e seus anexos.”; e; “VIGÊNCIA CONTRATUAL: 30 (trinta) meses a contar de 09 de
janeiro de 2023.”
ERRATA AO EXTRATO DO CONTRATO Nº 51/2022
Onde se lê: “OBJETO: Contratação de empresa especializada para cessão temporária onerosa de veículo com e
sem motorista, para atender a demanda Câmara Municipal de Louveira, conforme especificações e quantidades
constantes neste documento – Termo de Referência e demais condições deste edital e seus anexos.” e; “VIGÊNCIA
CONTRATUAL: 12 (doze) meses a contar de 09 de janeiro de 2023.”; Leia-se: “OBJETO: Contratação de empresa
especializada para cessão temporária onerosa de veículo sem motorista, para atender a demanda Câmara
Municipal de Louveira, conforme especificações e quantidades constantes neste documento – Termo de Referência
e demais condições deste edital e seus anexos.” e; VIGÊNCIA CONTRATUAL: 30 (trinta) meses a contar de 09 de
janeiro de 2023.
Louveira, 12 de janeiro de 2023.
CLAUDENILDO GOMES DA CRUZ
Presidente
Encerramento:
LEILÃO 09/02/2023
Online 5ª feira – às 10h00
O leilão já está aberto na internet para receber lances.
CASAS - APARTAMENTOS
SALA COMERCIAL
CASA EM CONDOMÍNIO EM PRECABURA, EUSÉBIO/CE * CASA EM CAMBEBA, FORTALEZA/CE
* SALA COMERCIAL COM VAGA NA BARRA DA TIJUCA, RIO DE JANEIRO/RJ * APTO. COM
VAGA EM COLÔNIA, SÃO PAULO/SP * CASA NO JD. SÃO CAETANO, SÃO CAETANO DO SUL/SP
À vista ou direto a prazo: 50% de sinal + de 10 a 240 parcelas mensais,
com juros de 8% a.a + IPCA.
Veja fotos, matrícula, edital e mais informações no site da leiloeira.
Rua Hipódromo, 1141, sala 66 – Mooca – São Paulo/SP.
Ana Claudia Frazão – leiloeira oficial – JUCESP 836.
Tel. (11) 3550-4066 - (11) 97179-0728 | FrazaoLeiloes.com.br
São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023
MAPFRE BRASIL PARTICIPAÇÕES S.A.
NIRE 35300343212 - CNPJ 09.007.935/0001-74
ATA DA REUNIÃO DA DIRETORIA REALIZADA EM 28 DE MARÇO DE 2022
DATA, HORA E LOCAL: Em 28 de março de 2022 às 17h00, no edifício da Sede social da MAPFRE
BRASIL PARTICIPAÇÕES S.A. (“Companhia”), localizada nesta Capital do Estado de São Paulo,
na Avenida das Nações Unidas nº 11.711 - 21º andar - bairro Brooklin Paulista, CEP: 04.578-000.
PRESENÇAS: Os Diretores da Companhia: Fernando Pérez-Serrabona Garcia, Felipe Costa da
Silveira Nascimento, Sidney Rodrigues, Juan Carlos Lanau Arilla, Julien Clausse, Tiago de Freitas
Vieira, Raphael Bauer de Lima e Antonio Clemente Campanario. MESA: Presidente da Reunião,
Fernando Pérez-Serrabona Garcia e Secretária da Reunião, Simone Pereira Negrão.
DELIBERAÇÕES: Por unanimidade, a Diretoria decidiu, sem ressalvas, aprovar, nos termos do
artigo 26 do Estatuto Social da Companhia e da aprovação deliberada pelo Conselho de
Administração em reunião realizada no dia 28.03.2022, o pagamento de dividendos no valor total de
R$ 160.000.000,00 (cento e sessenta milhões de reais), oriundos da Reserva de Investimentos,
constituída por lucro de exercícios anteriores. Caberá a cada ação o recebimento de dividendos no
valor de R$ 0,071268605, a serem pagos em moeda nacional, até 30.04.2022, da seguinte forma:
(a) à acionista MAPFRE Internacional S.A. (nova denominação da MAPFRE América S.A.) o valor de
R$ 158.677.871,23 (cento e cinquenta e oito milhões, seiscentos e setenta e sete mil,
oitocentos e setenta e um reais e vinte e três centavos); e (b) à acionista MAPFRE Investment
S.A. (nova denominação da FANCY Investment S.A.) o valor de R$ 1.322.128,77 (um milhão,
trezentos e vinte e dois mil, cento e vinte e oito reais e setenta e sete centavos).
ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a tratar, foi suspensão a sessão pelo tempo necessário à
lavratura da presente ata, que depois de lida e achada conforme, foi aprovada e assinada por todos
os presentes. Assinaturas: Fernando Pérez-Serrabona Garcia - Diretor Presidente; Felipe Costa da
Silveira Nascimento - Diretor Vice-Presidente; Diretores: Sidney Rodrigues, Juan Carlos Lanau Arilla,
Julien Clausse, Thiago de Freitas Vieira, Raphael Bauer de Lima, Antonio Clemente Campanario;
Secretária da Reunião: Simone Pereira Negrão. Certidão: A presente ata é cópia fiel do original,
lavrada em livro próprio. São Paulo, 28 de março de 2022. Fernando Pérez-Serrabona Garcia -
Presidente da Reunião e Diretor Presidente; Simone Pereira Negrão - Secretária da Reunião.
JUCESP nº 183.070/22-7 em 06/04/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
Asa Branca Holding S.A.
CNPJ Nº 09.359.927/0001-97 - NIRE 35.300.391.811
Ata de Assembleia Geral Extraordinária realizada em 13 de janeiro de 2023
I. Data, Hora e Local: Aos 13 dias do mês de janeiro de 2023, às 14:00h, na sede social da Asa Branca
Holding S.A. (“Companhia”), situada na Rua James Joule, 65 - 16º andar, Sala 161, Parte F, Bairro
Cidade Monções, cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04576-080. II. Mesa: Sra. Sandra
Lópes Gorbe - Presidente; Sra. Natalia Machado de Oliveira - Secretária. III. Presença: Presente a
totalidade do capital social da Companhia, conforme assinatura constante do “Livro de Presença de
Acionistas”, arquivado na sede da Companhia. IV. Convocação: Dispensada a publicação do edital de
convocação, em razão do comparecimento de acionista representando a totalidade do capital social,
nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº. 6.404/76 (“Lei das S.A.”). V. Ordem do Dia: Deliberar
sobre (i) a redução de capital social da Companhia em decorrência de excesso de capital atualmente
estabelecido para o desenvolvimento do objeto social da Companhia, com a consequente alteração
do Art. 4º do Estatuto Social da Companhia; (ii) a consolidação do Estatuto Social da Companhia;
e (iii) a autorização para que a administração da Companhia pratique todos os atos, tome todas as
providências e adote todas as medidas necessárias à formalização, efetivação e administração das
deliberações desta Assembleia. VI. Deliberações: Após análise dos itens constantes da Ordem do
Dia, a acionista da Companhia, sem quaisquer ressalvas e/ou restrições, aprovou: (i) a redução do
capital social da Companhia, por ser considerado excessivo para o desenvolvimento de seu objeto
social, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 173 e 174 da Lei das S.A., no montante
de R$ 43.496.903,93 (quarenta e três milhões, quatrocentos e noventa e seis mil, novecentos e três
reais e noventa e três centavos) mediante o correspondente cancelamento de 55.466.685 (cinquenta
e cinco milhões, quatrocentas e sessenta e seis mil, seiscentas e oitenta e cinco) ações ordinárias,
nominativas, sem valor nominal, restituindo-se o valor correspondente para a acionista Contour Global
do Brasil Holding Ltda., com a consequente alteração do Art. 4º do Estatuto Social da Companhia,
para refletir a nova composição do capital social, que passará, após o prazo de oposição de credores,
a vigorar com a redação abaixo: “Artigo 4º - O capital social da Companhia, totalmente subscrito e
integralizado, é de R$ 50.222.130,28 (cinquenta milhões, duzentos e vinte e dois mil, cento e trinta
reais e vinte e oito centavos), dividido em 64.042.606 (sessenta e quatro milhões, quarenta e dois
mil e seiscentas e seis) ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal.” Uma vez transcorrido
o prazo legal de 60 (sessenta) dias da data de publicação do extrato da presente ata, observado o
disposto no artigo 174 da Lei das S.A., sem que haja oposição de credores, a redução de capital ora
aprovada e a correspondente alteração do Estatuto Social da Companhia se tornarão efetivas. (ii)
a consolidação do Estatuto Social da Companhia, refletindo a deliberação acima, de acordo com o
Anexo I à presente ata; e (iii) a autorização aos administradores da Companhia a praticarem todos os
atos necessários para a implementação da redução de capital ora aprovada, inclusive a publicação
desta ata para os fins legais. VII. Encerramento: Nada mais havendo a ser tratado, a Presidente da
Mesa encerrou os trabalhos da presente Assembleia Geral Extraordinária, tendo sido lavrada esta
ata na forma de sumário, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 130 da Lei das S.A., que, lida e
achada conforme, foi assinada por todos os presentes. Mesa: Sandra López Gorbe - Presidente; Sra.
Natalia Machado de Oliveira - Secretária. Acionista presente: Contour Global do Brasil Holding Ltda. A
presente ata é cópia fiel da via lavrada em livro próprio. São Paulo - SP, 13 de janeiro de 2023. Mesa:
Sandra López Gorbe - Presidente da Mesa, Natalia Machado de Oliveira - Secretária. Acionista
presente: Contour Global do Brasil Holding Ltda.
| Valor | E3
EDUCAÇÃO
AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico N° 03/SME/2023 - Processo Eletrônico Nº 6016.2022/0128556-0
Objeto: Registro de Preços para mobiliário escolar: mesa de escritório de 120 cm e mesa de escritório de
140 cm. - Data/hora sessão de abertura: 30/01/2023 às 09:30h
Pregão Eletrônico N° 04/SME/2023 - Processo Eletrônico nº 6016.2022/0102880-0
Objeto: Registro de Ata de Preços para aquisição de 46.800 Kg Cacau em Pó Alcalino 70% Cacau e 46.800Kg de
Cacau em Pó Alcalino 100% Cacau sem Açúcar, para atendimento ao Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE. - Data/hora sessão de abertura: 30/01/2023 às 09:30h - Documentação/Retirada do Edital:
www.comprasnet.gov.br e http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br.
Aviso de Credenciamento
A PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA CAMPINA vem por meio deste republicar e dar conhecimento aos
interessados que se encontra aberto o Credenciamento nº 001/2019 - Edital Reeditado, tendo como objeto:
Credenciamento de Serviços em Diversas Especialidades Médicas e Acompanhamento Nutricional, conforme
melhor especificado no Edital Reeditado nº 083/2019 – Proc. Adm. Nº 3263/2019. Os interessados poderão
apresentar a documentação no Protocolo Central da Prefeitura Municipal de Nova Campina. Edital na integra
disponível no Endereço Eletrônico http://www.novacampina.sp.gov.br/, outras informações por meio do Fone
(15) 3535-6100 - Coordenadoria de Compras e Licitações.
Stelo S.A.
CNPJ/ME: 14.625.224/0001-01 - NIRE 35.300.437.454
Ata de Assembleia Geral Extraordinária Realizada em 05 de Dezembro de 2022
1. Data, Hora e Local: Em 05 de dezembro de 2022, às 12h00, na sede social da Stelo S.A., localizada na
Cidade de Barueri, Estado de São Paulo, na Alameda Xingu, nº 512, Condomínio Evolution, 25º andar,
Unidade 2503, Sala Stelo, Alphaville Centro Industrial e Empresarial, CEP 06455-030 (“Companhia”).
2. Composição da Mesa: Presidente: Sr. Paulo Adriano Rômulo Naliato; Secretária: Paula Barretto Guerra.
3. Convocação e Presença: Dispensada a convocação, tendo em vista a presença dos acionistas
representando a totalidade do capital social da Companhia, conforme se evidencia pelas assinaturas
lançadas no Livro de Registro de Presença de Acionistas da Companhia, na forma do artigo 124, §4º, da Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei 6.404/76”). 5. Ordem do Dia: Examinar,
discutir e deliberar sobre (1) a retificação e a ratificação da Assembleia Geral Extraordinária da Companhia
realizada em 15 de agosto de 2022, arquivada na Junta Comercial do Estado de São sob o nº 632.717/22-1
em sessão de 25 de outubro de 2022 (“AGE de 15.8.2022”); e (2) a consolidação do Estatuto Social da
Companhia. 6. Deliberações: Os acionistas, após proposta e aprovada a lavratura da presente ata em
forma de sumário, nos termos do art. 130, §1º, “a” e “b” da Lei 6.404/76, por unanimidade de votos e sem
quaisquer restrições, aprovaram: (1) A retificação do número total de ações de emissão da Companhia, que
constou erroneamente no item 6.(2) da AGE de 15.8.2022 e no estatuto social consolidado da Companhia
como sendo de 735.426.778 (setecentas e trinta e cinco milhões, quatrocentas e vinte e seis mil, setecentas
e setenta e oito) ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, quando, na realidade, o correto seria
constar o número original de ações de emissão da Companhia, ou seja, 999.467.603 (novecentas e noventa
e nove milhões, quatrocentas e sessenta e sete mil e seiscentas e três) ações ordinárias, nominativas e sem
valor nominal. Assim, fica retificada a redação do item 6.(2) da AGE de 15.8.2022, para constar a seguinte
redação: (2) A redução do capital social da Companhia, com base no artigo 173 da Lei 6.404/76, de R$
627.198.458,43 (seiscentos e vinte e sete milhões, cento e noventa e oito mil e quatrocentos e cinquenta e
oito reais e quarenta e três centavos) para R$ 247.258.936,02 (duzentos e quarenta e sete milhões,
duzentos e cinquenta e oito mil, novecentos e trinta e seis reais e dois centavos), sendo, portanto, uma
redução de R$ 379.939.522,41 (trezentos e setenta e nove milhões, novecentos e trinta e nove mil,
quinhentos e vinte e dois reais e quarenta e um centavos), em razão das perdas verificadas até o montante
dos prejuízos acumulados e por julgar o capital social da Companhia excessivo em relação às atividades
constantes em seu objeto social. Para fins desta redução, e conforme balancete datado de 31 de julho de
2022, arquivado na sede da Companhia, os acionistas aprovaram a (i) utilização do saldo de reserva de
capital, no montante de R$ 58.950.000,00 (cinquenta e oito milhões e novecentos e cinquenta mil reais),
para abater parcela dos prejuízos acumulados da Companhia; (ii) absorção do saldo remanescente dos
prejuízos acumulados da Companhia, no valor de R$ 239.939.522,41 (duzentos e trinta e nove milhões,
novecentos e trinta e nove mil, quinhentos e vinte e dois reais e quarenta e um centavos); e (iii) restituição
do montante de R$ 140.000.000,00 (cento e quarenta milhões de reais) aos acionistas, a ser distribuído
entre os acionistas na proporção de sua participação no capital social. Nos termos do artigo 174, caput, da
Lei 6.404/76, a redução de capital ora aprovada somente se tornará efetiva após o decurso do prazo de 60
(sessenta) dias contados da publicação da ata desta Assembleia Geral. Em razão da redução do capital
social ora deliberada, o artigo 5o do Estatuto Social da Companhia passa a vigorar com a seguinte nova
redação: “Artigo 5º. O capital social da Companhia, totalmente subscrito, é de R$ 247.258.936,02 (duzentos
e quarenta e sete milhões, duzentos e cinquenta e oito mil, novecentos e trinta e seis reais e dois centavos),
dividido em 999.467.603 (novecentas e noventa e nove milhões, quatrocentas e sessenta e sete mil e
seiscentas e três) ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal.” (2) A ratificação das demais
deliberações tomadas na AGE de 15.8.2022. (3) A consolidação do Estatuto Social da Companhia de modo
a refletir a alteração aprovada no item acima, o qual passa a vigorar com nova redação, conforme Anexo I.
7. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e deu
por encerrados os trabalhos, suspendendo antes a assembleia para que se lavrasse a presente ata, a qual,
depois de lida, discutida e achada conforme, foi aprovada e assinada pelos presentes. Barueri, 05 de
dezembro de 2022. A presente ata é cópia fiel da lavrada em livro próprio. Mesa: Paulo Adriano Rômulo
Naliato - Presidente da Mesa; Paula Barretto Guerra - Secretária da Mesa. JUCESP nº 1.005.957/22-8 em
30/12/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
E4 | Valor | São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de janeiro de 2023

ENTENDA
O MUNDO
EM QUE
VIVEMOS
CONHEÇA A COLEÇÃO
AS GRANDES IDEIAS
DE TODOS OS TEMPOS

Mais de 1,9 milhão de exemplares

vendidos no Brasil
Para leitores curiosos,
estudantes e até especialistas
Ricamente ilustrados
Linguagem acessível
Temas e discussões importantes
Infográficos que descomplicam
teorias complexas