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Câmara Dos Deputados - Emenda Constitucional Do Teto de Gastos
Câmara Dos Deputados - Emenda Constitucional Do Teto de Gastos
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil
em 2009
Capa
Lays Paulino de Medeiros
Revisão
João Pedro Diniz Paiva
Jorge Alexandre Zato
Confecção
Daniel Simões Monteiro
Isabela Alana Godoi Silva
Manuela Farias Murta Dutra
[2021]
Todos os direitos desta edição reservados à FUNDAÇÃO ECONO
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Queridos(as) delegados(as),
É com imensa felicidade que lhes damos as boas-vindas ao comitê da Câmara dos
Deputados sobre a Emenda Constitucional do Teto de Gastos na III EconoMUN. Estejam
prontos para dias de muitos desafios e aprendizados, não somente econômicos, mas também
de acontecimentos mundiais e atuais que são de extrema relevância, além de terem uma
oportunidade única de estabelecer conexões e amizades com pessoas de todo o Brasil.
Vale ressaltar a importância da leitura deste Guia de Estudos, já que ele será o norte
para o entendimento da problemática nacional tratada neste comitê, além de seu amplo auxílio
para o desenvolvimento dos debates. Entretanto, caros delegados, não limitem suas pesquisas
e perspectivas apenas a este material de estudo, busquem além do abordado neste documento
e expandam suas análises pré-simulação, carregando consigo aprendizados valiosos que
jamais serão esquecidos.
Nós, da mesa diretora, estamos muito animados e contamos com a presença de todos
para que tenhamos discussões enriquecedoras e diversas, em um maravilhoso evento que
abordará temas de alta relevância no cenário econômico mundial e nacional.
Por fim, é de suma importância atentar-se à data de congelamento. Esta Câmara é um
comitê histórico, sendo assim, acontecimentos, dados e informações posteriores ao dia
07/10/2016 serão desconsiderados para o debate, pois irão tratar de eventos e fatos ainda não
ocorridos e presenciados no período da reunião.
Mal podemos esperar para vê-los e gerirmos o vosso debate!
Atenciosamente,
Direção da Câmara dos Deputados, EconoMUN III 2021.
fortalecendo assim a gestão dos recursos da União e o Senado Federal é composto por
senadores que representam os Estados brasileiros. Com isso, a missão da Câmara dos
Deputados – composta por parlamentares democraticamente eleitos em cada Unidade da
Federação – é representar os anseios do povo no que tange à defesa dos interesses dos mais
diversos grupos maioritários e minoritários no país, por meio de determinações legislativas.
Por isso, vocês, senhores Deputados e senhoras Deputadas, ouçam o povo.
2.3. Conduta da Câmara dos Deputados
a) No que tange a eleição de deputados e seus critérios:
Para um cidadão se candidatar ao cargo de deputado(a), o mesmo deve seguir as
seguintes exigências:
1. Ter idade mínima de 21 anos;
2. Não apresentar nenhum antecedente criminal, já que ser um representante popular
servirá como exemplo de justiça;
3. Possuir nacionalidade Brasileira, visto que, nos partidos, os candidatos representam
seus respectivos Estados;
4. Pleno exercício dos direitos políticos no Estado que representará;
5. Filiação partidária, sendo o mesmo reconhecido por obrigatoriedade e registrado
perante a lei;
A eleição ao cargo de Deputado Federal segue a mesma periodicidade das eleições
presidenciais, ocorrendo a cada 4 anos. Entretanto, enquanto o Presidente da República pode
exercer apenas 2 mandatos seguidos, um parlamentar pode assumir consecutivas e irrestritas
Legislaturas, desde que seja eleito democraticamente para tal;
b) Sessões na Câmara dos Deputados:
Atualmente, a legislatura é dividida em quatro Sessões Legislativas Ordinárias (uma
para cada ano do mandato), que se iniciam no dia 2 de Fevereiro e são interrompidas até o
dia 17 de Julho. Após isso, são retomadas no dia 1° de Agosto, para serem encerradas no dia
22 de Dezembro.
As sessões voltadas para a discussão da Proposta de Emenda à Constituição nº 241
(PEC do Teto de Gastos) ocorrerão durante os dias 5, 6 e 7 de Novembro de 2021 -
atentando-se a data de congelamento, dia 7 de Outubro de 2016, que implica que todas as
fontes e informações utilizadas para a escrita de documentos e para os debates deverão ter
embasamento em fatos ocorridos até essa data. As falas e documentos que conterem
informações posteriores ao referido limite serão desconsiderados.
c) Função e atuação do Presidente:
É dever do presidente da Câmara dos deputados, sendo nesta reunião Rodrigo Maia,
coordenar e supervisionar os trabalhos da casa. Além desses encargos, cabe ao presidente
definir as pautas de votações do plenário. Vale ressaltar que a simulação não será
completamente fiel à realidade da Câmara, sendo assim, o chefe desta Casa não possuirá o
encargo moderador visto que essa função será desempenhada pelas mesas diretoras.
d) Plenário:
Órgão supremo de deliberação da câmara, onde os representantes populares votam e
discutem os projetos, entre eles propostas de emendas constitucionais. É responsável
também pela fiscalização financeira e orçamentária da Câmara dos deputados.
e) Comissões Temáticas:
São comissões compostas por um número limitado de parlamentares que visa debater e
votar e propostas de temas específicos. Existem, no total, 25 comissões permanentes (como a
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) que atuam sobre uma ampla gama de
projetos. Além disso, existem comissões temporárias para tratar de temas específicos e
momentâneos, como a Comissão Especial - PEC 241/16, que foi criada para agregar ao
trâmite da PEC do Teto de Gastos. Após ser aprovada em uma comissão específica, a
proposta é encaminhada para o Plenário.
f) Conselho de Ética e Decoro Parlamentar:
É o Conselho responsável pelos procedimentos disciplinares, tendo como uma de suas
funções atribuir penalizações em casos de violação ao decoro parlamentar. Regidos por um
regulamento próprio, zelam pela disciplina e o cumprimento dos preceitos éticos,
atentando-se a preservação da dignidade.
g) Emenda Constitucional:
As emendas são aparatos jurídicos e legislativos que tem por finalidade, após terem
seu projeto aprovado, alterar artigos e inserir novos tópicos à Constituição Federal Brasileira
de 1988. O mecanismo de emenda promove debates acerca de problemáticas econômicas,
políticas e sociais, visando manter a Carta Magna brasileira atualizada e justa a todos os
setores do tecido social.
3. HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA
3.1. Plano Real
No ano de 1993, o Brasil registrava inflação de 2477% e, entre as décadas de 1980 e
1990, o país passou por sete planos de retomada econômica e quatro trocas de moeda com a
intenção de reduzir a inflação no país, a qual causava graves problemas que impactavam em
muito a microeconomia.
O então presidente Itamar Franco (29 de dezembro de 1992 até 1 de janeiro de 1995),
que assumiu após o Impeachment de Fernando Collor, implementou o Cruzeiro Real como
moeda provisória, de modo que não chegou a ficar 1 ano em circulação. Enquanto isso,
alguns líderes de seu governo elaboravam o último plano econômico, o qual diminuiria a
inflação brasileira. Entre os líderes estava o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique
Cardoso, o presidente em exercício do Banco Central, Pedro Malan, e outros economistas
brasileiros.
Desse modo, foi consolidado o Plano Real. Ele foi apresentado à população no dia 7 de
dezembro de 1993 e a moeda Real entrou em circulação no dia 1º de julho de 1994 — ano em
que a inflação chegava a 4922% em junho. Contudo, o ano de 94 fechou com a inflação em
916%, mostrando sucesso do Plano Real.
Desta forma, é possível observar que o governo de Fernando Henrique manteve uma
baixa inflação, em comparação aos anos anteriores, mas as dívidas cresceram abruptamente.
No entanto, antes que surja qualquer dúvida, não existe uma relação direta entre a inflação e a
dívida pública.
b) Luiz Inácio Lula da Silva (Lula)
Luiz Inácio, mais conhecido como Lula, é filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores),
que formou coligações partidárias com Partido Liberal (PL), Partido Comunista do Brasil
(PCdoB), Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido da Mobilização Nacional (PMN) nas
eleições de 2002 e com o Partido Republicano Brasileiro (PRB). Ele governou do dia 1 de
janeiro de 2003 até 31 de janeiro de 2010, completando dois mandatos como Presidente do
Brasil. Tendo como destaque durante os 8 anos a redução da pobreza e do crescimento
econômico, porém atualmente é investigado na Operação Lava-Jato.
O então presidente assumiu o cargo com a inflação chegando a 12,53% e entregou a
posse a cerca de 5,90%. Dos 8 anos de mandato, durante 7 anos, ela esteve dentro da meta
estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Em janeiro de 2003, mês em que Lula assumiu o cargo de presidente, a dívida líquida
total representava 38,70% do PIB, o valor era de R$581.343.010 bilhões. Ao final do seu
sofrer o Impeachment, tal fato aconteceu logo após o início do seu 2º mandato, sendo então, a
segunda pessoa a sofrer a destituição da Presidência da República no Brasil.
Dilma foi afastada do cargo dia 11 de maio de 2016 e o Impeachment foi confirmado
no dia 31 de agosto de 2016. Desse modo, o PT completou um pouco mais de 13 anos no
poder, visto que o ex-Vice-Presidente Michel Temer assumiu o cargo após o processo.
Durante os seis anos e meio de mandato, a inflação continuou a crescer. Em janeiro de
2011, a porcentagem inflacionária era de 6,50%, mas, já no final de 2016, a inflação foi a
maior dos últimos treze anos, sendo 10,67%.
Além disso, as dívidas cresceram de forma considerável durante o mandato da
ex-Presidenta. A dívida líquida interna no início de 2011 era de R$794,20 bilhões que
equivalia a 20,21% do PIB e em maio de 2016 encontrava-se no valor de
R$1.200.437.760.000,00 (um trilhão, duzentos bilhões, quatrocentos e trinta e sete milhões,
setecentos e sessenta mil reais) que correspondia a 19,72% do PIB. Portanto, relacionando o
valor das duas porcentagens do PIB, é possível afirmar que houve um crescimento econômico
interno perante aos gastos públicos.
A dívida líquida externa foi de R$251,46 bilhões que correspondiam a 6,4% do PIB de
janeiro de 2011, para R$558,18 bilhões, igualando-se a 9,17% do PIB de maio de 2016.
Somando os dois débitos, temos o valor total. Ademais, no início do mandato tinha o valor
líquido era de R$1.045.669,080.000,00, representando 26,61% do PIB e em maio de 2016 se
encontrava em R$1.758.618.010.000,00, correspondendo a 28,89% do PIB.
No gráfico abaixo é possível observar a crescente das dívidas líquidas interna, externa
e total, durante o mandato de Dilma.
4. PROBLEMÁTICA ECONÔMICA
4.1. Crise de 2014
No ano de 2014, a economia brasileira apresentou graves sintomas de uma crise:
aumento do desemprego, descontrole dos gastos públicos, desconfiança dos investidores,
aumento da inflação, redução do poder de compra, dentre outros. É crucial analisar o cenário
micro e macroeconômico que antecede o atual período para que seja possível compreender as
causas e efeitos que o compõem.
4.2. Fim do Boom das Commodities
Na década de 2000, a economia mundial observou uma supervalorização das
commodities devido ao acelerado crescimento das economias desenvolvidas e suas indústrias,
com destaque para a China, os Estados Unidos e a Europa. O aumento da demanda por
matéria prima brasileira para atender o mercado externo fez com que houvesse um grande
interesse dos setores público e privado, os quais direcionaram suas ações e intenções para essa
nova febre.
Embora tenha sido extremamente lucrativo para o setor primário brasileiro, o setor
secundário (industrial) não recebeu grandes benefícios com esse cenário. Pelo contrário:
presenciou a exportação de commodities e a importação de produtos industrializados, o que
reduziu a competitividade das mercadorias nacionais no mercado interno.
A crise mundial de 2008, ocasionada pela ruptura da bolha do mercado imobiliário,
pôs fim ao superciclo das commodities, o que afetou o crescimento da economia brasileira de
forma considerável. Sendo a principal atividade econômica nacional, a queda do preço das
commodities do setor primário reduziu a entrada de riquezas no país. A desaceleração da
economia mundial é o fator que está diretamente relacionado a tal impasse. Perante essa
situação, o Governo Federal buscou elaborar formas de retomar a homeostase econômica
(equilíbrio, pleno funcionamento).
4.3. Nova Matriz Econômica (NME)
Embora não fosse um pacote de medidas oficializadas com esse nome, a NME
esquematizou a postura econômica adotada pelo governo com o objetivo de alavancar a
indústria nacional e retomar o vigoroso crescimento econômico. Diante dos impactos da crise
de 2008, foi tido como necessidade a revitalização do setor industrial e redução da
dependência econômica para com o setor primário, evitando assim graves problemas com as
quebras de ciclo.
A NME era caracterizada por apresentar dezenas de medidas que objetivavam retomar
o crescimento industrial, o qual havia sido menosprezado de alguma forma perante o Boom
das Commodities. As principais atitudes tomadas foram:
a) redução artificial da taxa SELIC e concessão de créditos;
b) incentivos fiscais;
c) controle de preços;
d) desvalorização do real;
e) protecionismo.
É necessário ter bastante atenção ao primeiro item. A política monetária adotada nos
últimos anos determinava que a Taxa SELIC (ver Glossário Econômico) fosse elevada em
períodos de crescimento da inflação, ao passo que era reduzida quando a inflação baixava.
período de aumento inflacionário. Tal ação foi tomada com o objetivo de incentivar a
contração de empréstimos para que o consumo e o investimento fossem estimulados,
alavancando assim a economia. Isso acontece porque a taxa de juros, estando abaixo do
padrão, encoraja que empréstimos sejam contraídos, uma vez que o endividamento é
drasticamente reduzido em relação a um cenário usual. Além disso, como a Taxa SELIC era
muito próxima à inflação, os investimentos mais conservadores apresentaram pouca
rentabilidade (ver Glossário Econômico).
Nesse sentido de recuperação econômica, o Governo Federal buscou estimular a
indústria nacional por meio da concessão de créditos e subsídios. A título de exemplo, a
Petrobras – empresa estatal de setor estratégico – representou cerca de 10% de todos os
investimentos feitos no país, no período subsequente à adoção das diretrizes da NME. Como
parte dessa política, os gastos públicos presenciaram grande crescimento.
Além da demanda crescente por investimento nessa nova fase da Petrobrás, a qual se
desenvolvia por grande incentivo estatal, foi instituído o controle de preços. Foi determinado
que a empresa deveria adquirir petróleo e derivados do exterior e vendê-los por um preço
menor ao mercado nacional. No primeiro semestre de 2014, foi registrado um prejuízo de
R$8,691 bilhões. Apesar do aumento do volume de investimentos na Petrobras, não houve
expressivo crescimento significativo na produção de derivados de petróleo, o que frustrou
investidores do mercado aberto.
Nesse cenário de desbalanceamento dos gastos públicos e intervenção estatal na
economia, o risco-Brasil subiu consideravelmente, o que contribui para a redução dos
investimentos estrangeiros no país, desvalorização do real, desaquecimento da economia,
aumento da inflação e da taxa de juros.
Risco-Brasil em pontos – Série histórica 2008-2016.
5. SITUAÇÃO ATUAL
5.1. A dívida pública do Brasil
Como apresentado no Histórico da Problemática, o grande ponto de todo esse Guia de
Estudos é a dívida pública brasileira e suas características. Em decorrência de diversos fatores
externos e internos, a economia brasileira está negativamente abalada. A crescente dívida se
aproxima de 70% do PIB, enquanto volumosos gastos são preservados e o mercado
permanece repulsivo aos investidores. O seguinte gráfico retrata a progressão temporal do
endividamento do governo (atenção, trata-se da dívida líquida)
As causas para essa questão foram apresentadas nos tópicos anteriores, referentes ao
âmbito econômico. Cabe agora, portanto, estudar as minúcias dessa questão para que seja
alcançada a solução mais assertiva para o dilema do próximo passo.
5.2. Instabilidade política – impeachment de Dilma Rousseff
Como consequência da NME, o Governo Federal observou crescimento dos gastos e
um indesejado efeito das medidas tomadas. Para conseguir efetuar os devidos pagamentos aos
programas sociais, aos investimentos e demais despesas, a Caixa Econômica Federal teve de
alocar mais recursos do que o disponível em caixa. É dever do Governo, enquanto provedor
dos bancos públicos, repor o dinheiro que foi gasto em excesso pelo banco. Entretanto,
durante esse período deficitário para as contas públicas, os repasses do Governo Federal não
foram executados da forma esperada. Esse sistema ficou conhecido como “pedaladas fiscais",
visto que o Governo “pedala” para driblar o dever da restituição patrimonial aos bancos.
A criação de créditos suplementares de maneira autocrática pelo poder executivo
federal representou, sem aprovação legislativa, o descumprimento da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Além disso, a Operação Lava-Jato levantava informações sobre esquemas de
contexto atual, a referida Proposta é lançada como a medida mais debatida no que tange a
resolução do problema e receptividade do Congresso Nacional – o que tem sido sinalizado
pelas lideranças partidárias nas comissões realizadas nas últimas semanas.
Considerando todo o Histórico da Problemática e seus entremeios, a Proposta é
descrita com embasamento na EMI 83/2016 e sob a preocupação da situação em que “a
Dívida Bruta do Governo Geral aumentou de 51,7% do PIB em 2013 para 67,5% do PIB em
abril de 2016”. Além disso, aponta como "raiz do problema fiscal'' do Governo federal o
aumento acelerado da despesa pública primária, que cresceu 51% acima da inflação no
período de 2008 a 2015. Por outro lado, a receita evoluiu apenas 14,5% no mesmo período”.
Cabe aos deputados, portanto, analisar as peculiaridades da Proposta e decidir se prosseguir
com essa PEC é realmente o melhor caminho para o futuro do Brasil, tanto em termos
políticos quanto em termos econômicos.
b) Restrição orçamentária para variados órgãos dos 3 poderes, existindo, por exemplo,
limites individualizados para a Câmara e o Senado. Os órgãos que desobedecerem ao
teto sofrerão como consequências no ano seguinte: impossibilidade de conceder
aumento salarial, contratar funcionários e criar novas despesas.
● A favor:
Os gastos públicos vêm crescendo exponencialmente desde o fim do século XX, sendo
responsável por grande parte da instabilidade econômica em todas as suas variáveis: inflação,
risco-país, desemprego, dentre outras. Dessa maneira, um modo de controlar o abrupto
endividamento público é a criação do Teto de Gastos, que instituirá o Novo Regime Fiscal
para administrar os recursos da União. Assim, será possível restabelecer o funcionamento da
economia, sem os empecilhos causados por ingerências dos órgãos reguladores.
Abaixo, demonstra-se um trecho da Exposição de Motivos Interministerial nº 83/2016
(EMI 83/2016), em que a Proposta é defendida e justificada sob a perspectiva de seus
apoiadores no Governo Federal:
É fundamental para o equilíbrio macroeconômico que a despesa pública seja
gerida numa perspectiva global. Nesse sentido, qualquer iniciativa que
implique aumento de gastos não deve ser analisada isoladamente, haja vista
que essa abordagem tende a levar a conclusões equivocadas sobre seus
benefícios e custos.
● Contra:
A Proposta é fruto de um diagnóstico errôneo da problemática fiscal do país, sendo
que, na verdade, essa foi ocasionada pela queda abrupta da arrecadação e pelos altos gastos
com a dívida, e não com as despesas convencionais.
Ademais, confere-se prejuízo a setores pilares da sociedade brasileira, visto que terão
suas verbas limitadas no futuro, depreciando o exercício da cidadania e dos direitos humanos.
O sucateamento das instituições públicas representa uma agressão à democracia e a
deploração da cidadania, visto que o Estado não terá condições de garantir o acesso da
população aos devidos serviços públicos caso não haja recursos. Por esse motivo, é
denominada como PEC da Morte por seus opositores.
8. QUESTÕES A PONDERAR
a) Quais são os impactos socioeconômicos da aprovação ou não da Proposta de Emenda
Constitucional do Teto de Gastos?
b) O quão abrangente, no que tange aos setores, deve ser essa proposta?
c) Qual a influência dos fatores externos e internos no cenário atual?
d) Quais mecanismos podem ser adotados, ou criados, para haver uma maior
responsabilidade fiscal?
e) Qual seu impacto nas leis LOA (Lei Orçamentária Anual) e LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e como elas devem ser formuladas de agora em diante?
f) Quais são as especificações que validam, ou não, a efetividade da proposta?
9. BLOCK POSITIONS
9.1. DEM - Democratas
Fundado em 1895 como Partido da Frente Liberal (PFL) e oriundo de uma fusão com
o Partido Democrático Social, o nome Democratas foi registrado em 2008. O Democratas
possui um papel importante na consolidação da democracia no país, conduzindo projetos de
reformas econômicas e para a modernização do país.
O espectro político desse partido é centro-Direita, e suas ideologias são consideradas
de âmbito conservador fiscal, federal, liberal e liberal econômico. Avaliando os valores do
Democratas, é provável que os deputados filiados sejam favoráveis ao Teto de Gastos.
9.2. PSC - Partido Social Cristão
A ideação do Partido se iniciou em 1970 com a criação do Partido Democrático
Republicano (PDR), mas apenas com o fim da ditadura militar que o idealizador do partido
conseguiu registrá-lo, em 1990, em que o Partido Social Cristão foi fundado. Seu espectro
político é identificado como Direita/extrema-Direita e suas ideologias são traçadas com o
conservadorismo social, democracia cristã, doutrina social da igreja e direita cristã. De acordo
com indícios do partido, é provável que os seus deputados votem a favor da Emenda do Teto
de Gastos.
9.3. PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira
O Partido foi fundado em 1988, e o primeiro presidente eleito pelo partido foi
Fernando Henrique Cardoso. Entretanto, este partido foi o maior apoiador do Plano Real. Em
menos de 10 anos o PSDB já mostrava ser um partido com extrema relevância no Brasil, em
que desde 1988, em todas as eleições presidenciais, pelo menos um governador filiado ao
partido foi eleito.
O espectro político do PSDB é centro-Direita/Direita, sua ideologia é orientada ao
liberalismo social e econômico, social-democracia e democracia-cristã. Além desses, é
possível afirmar que existem princípios da terceira via, e do socialismo democrático. O
posicionamento provável dos deputados filiados a esse partido é favorável ao Teto de Gastos.
9.4. PR - Partido da República
O Partido da República foi fundado em 2006 e é uma divisão do Partido de
Reedificação da Ordem Nacional e do Partido Liberal, que é uma junção de outros dois
partidos pré-existentes dos anos 90. Seu espectro político é identificado como
congruência com sua posição na Casa Legislativa, há uma perspectiva de que o partido
assuma um parecer favorável diante da PEC 241, seguindo o padrão da base governista.
9.9. PROS - Partido Republicano da Ordem Social
O PROS, foi idealizado em 2010 e oficializado apenas em 2013, podendo ser
considerado um dos partidos mais novos do Brasil. No entanto, em 2014, o partido apoiou o
PT, fazendo parte da coligação “Com a Força do Povo”. O seu espectro é identificado como
Centro, e as suas ideologias estão voltadas ao republicanismo e ao liberalismo social. O
partido, provavelmente, irá orientar seus deputados a votarem de acordo com seus próprios
princípios.
9.10. PPS - Partido Popular Socialista
O partido foi fundado em 1992. Anteriormente, ele era chamado de Partido Comunista
Brasileiro, mas, com o fim da Guerra Fria e a queda da URSS (União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas), os organizadores decidiram modificar o nome. O espectro do partido é
centro-Esquerda/Esquerda, e suas ideologias têm como base o socialismo democrático e o
nacionalismo. É provável que o PPS conduza seus deputados a votarem de acordo com os
seus próprios valores.
9.11. SD - Solidariedade
Fundado em 2012 por dissidentes do Partido Democrático Trabalhista (PDT), o SD
possui um posicionamento opositor aos governos exercidos por representantes do Partido dos
Trabalhadores (PT). Seu espectro político é de centro-Esquerda/Esquerda, tendo como ideais:
cooperatividade, desenvolvimento econômico humano e sustentável, além de estar associado
a correntes pró-capitalistas e em oposição a movimentos sindicais que acreditam na greve
como estratégia de negociação e o papel do Estado como interlocutor econômico. É esperado
que os líderes do partido Solidariedade orientem os demais deputados a votarem a favor da
aprovação da Emenda 241.
9.12. PTB - Partido Trabalhista Brasileiro
O Partido foi idealizado por Getúlio Vargas em 1945, após o fim do Estado Novo.
Entretanto, ele foi extinto em 1965 em razão da Ditadura Militar. Foi registrado novamente
em 1981, buscando restabelecer a postura anteriormente adotada. O espectro do partido é de
Direita/Extrema-Direita e possui ideologias ao trabalhismo, conservadorismo social,
deixada pelo governo de Getúlio Vargas, destacando-se entre alguns de seus ideais:
trabalhismo, solidarismo, humanismo cristão, nacionalismo e federalismo. No que tange a
votação a respeito da PEC 241, cabe a cada deputado votar baseado em seus próprios
princípios.
9.17. PSOL - Partido Socialismo e Liberdade
Fundado no ano de 2004 pela senadora Heloísa Helena e outros dissidentes do Partido
dos Trabalhadores (PT), o PSOL foi influenciado por ele e assumiu com as seguintes
ideologias: liberdade de expressão, construção de uma sociedade justa, fraterna e igualitária
que inclua a luta das minorias, povos e nações oprimidas. Seu regime amplo-democrático
divide-se através de instâncias como congressos e convenções, em que os principais debates e
pautas do partido buscam sempre a diversidade de opiniões e respeito. De acordo com seus
ideais de extrema-Esquerda, espera-se dos deputados um posicionamento de reprovação
perante a proposta da Emenda do Teto de Gastos.
9.18. REDE - Rede Sustentabilidade
Oficialmente registrado em setembro de 2015, o partido foi fundado por Marina Silva,
ex-Ministra do Meio Ambiente após sua candidatura à presidência pelo Partido Verde (PV). O
partido, além de seguir os 7 pilares da sustentabilidade, também expressa por meio de uma
plataforma de ação política suas bandeiras, entre elas: inclusão efetiva da mulher e do jovem
na política, mudanças no modelo econômico buscando um desenvolvimento social includente
e ambientalmente sustentável, democratização do acesso à comunicação, reforma urbana,
universalização dos serviços de saúde e proteção aos direitos animais. Os deputados
provavelmente serão orientados a assumirem um posicionamento contrário à aprovação da
proposta de Emenda 241.
9.19. PDT - Partido Democrático Trabalhista
O PDT surgiu em 1979 em Portugal, ainda durante a Ditadura Militar, após um penoso
processo em busca da redemocratização. Fruto da vontade pela participação política entre os
trabalhadores no Brasil e exilados políticos, o partido propôs reavivar o legado do antigo PTB
(Partido Trabalhista Brasileiro), fundado por Getúlio Vargas, presidido por João Goulart e
extinto pela Ditadura Militar. O PDT levanta bandeiras em prol do trabalhismo democrático,
que envolve assistência social e sindicalismo. De orientação voltada ao centro-Esquerda e
Bibliografia
AGÊNCIA SENADO (comp.). Emenda Constitucional. [s.d.]. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/emenda-constitucional. Acesso em:
5 out. 2021.
JUNGES, Cíntia. Fim do superciclo das commodities ameaça o Brasil: Boom das cotações
das matérias-primas ajudou no crescimento brasileiro por quase uma década. Agora, queda
dos preços expõe deficiências do país. 2014. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/economia/fim-do-superciclo-das-commodities-ameaca-o-b
rasil-edwwf1uh4oqmuqkboc84z895a/. Acesso em: 9 out. 2021.
http://dspace.insper.edu.br/xmlui/bitstream/handle/11224/1355/Luis%20Fernando%20Rod.
Acesso em: 8 Out. 2016.
ROMANI, André; KIANEK, Alessandra. Plano Real, que domou inflação e estabilizou
economia, completa 25 anos: Para FHC, sucesso se deve à equipe econômica, ao apoio do
então presidente Itamar Franco e aos acertos e erros de planos anteriores. 2019. Disponível
em:
https://veja.abril.com.br/economia/plano-real-que-domou-inflacao-estabilizou-economia-com
pleta-25-anos/. Acesso em: 4 out. 2021.