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A corrupção como arma política no segundo governo Vargas 1951-1954.

Giuliana Monteiro da Silva.2

Este artigo propõe examinar como o fenômeno da corrupção é


instrumentalizado como arma política na produção de escândalos através de
denúncias na imprensa, interrogando sobre o papel do conflito político neste cenário
3
. Privilegio como corte temporal o segundo governo de Getúlio Vargas, por ser
evidenciado nos jornais da época denúncias de irregularidades contra agentes da
administração pública. Foram examinados três grandes escândalos relacionados à
4
corrupção: o Inquérito do Banco do Brasil, o Escândalo da Cexim e o Caso Última
Hora, a partir da análise dos jornais “Correio da Manhã”, “Tribuna da Imprensa” e
“Última Hora”. A escolha destes obedeceu respectivamente aos critérios de jornal de
grande tiragem, de oposição e governista.
A imprensa, assim como os meios de comunicação em geral, desempenha
importante papel não somente na transmissão de informação a indivíduos, mas
também interfere na criação de novas formas de ação e de interação no mundo
social, assim, a imprensa se converte num poderoso instrumento capaz de ditar
normas, comportamentos e interferir na construção de representações sociais
(Thompson, 2000). Esse processo não é isento de disputas e interesses políticos.
As práticas designadas como corruptas e corruptoras não são idênticas, elas
sofrem uma variação significativa no tempo e espaço, isto é, o fenômeno da
corrupção possui uma dimensão legal, histórica e cultural que não pode ser
negligenciada ao analisá-lo (Bezerra, 1995). Por essa razão, situar o contexto
político em que projetos de poder estão em disputa é de grande relevância para o
entendimento da realidade histórica do contexto estudado.

1. Projetos políticos de poder em disputa nos anos 1950.

1
Este artigo é uma versão modificada de capítulos de minha dissertação de mestrado intitulada
“Corrupção, narrativas de imprensa e moralidade pública nos anos 50: A conversão da corrupção em
problema público no Brasil” (PPGS/UFF).
2
Doutoranda em História (PPHR/UFRRJ), pós-graduanda no PRD/Ensino de História (Colégio Pedro
2) e professora da rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC/RJ).
3
Ao propor tal análise, não se pretende conceber um conceito de corrupção, nem mesmo se
apropriar de uma definição sobre o termo.
4
Caixa de Exportação e Importação do Banco do Brasil.
Entre as décadas de 1940 e 1960, o cenário político brasileiro era disputado
por dois projetos de poder. O getulismo, de caráter nacional-estadista: “pautado no
nacionalismo, proposta de fortalecimento de um capital nacional, criação de
empresas estatais em setores estratégicos e a valorização do capital humano com
redes de proteção humana” (Ferreira, 2008, p.303). E o projeto de caráter liberal-
conservador que “defendia a abertura irrestrita a investimentos, empresas e capitais
estrangeiros; ressaltando as leis do mercado e negando a intervenção estatal na
economia, reticente aos movimentos sociais e da participação popular”. (Ferreira,
2008, p.304). Estes dois projetos mediram forças gerando momentos de grandes
tensões políticas.

Nos anos 1950 estas disputas se tornaram mais latentes muito impulsionadas
pelas agitações políticas do período. Getúlio Vargas assumia pela segunda vez a
presidência do país, contrariando as notícias veiculadas pela imprensa da época e
‘nos braços do povo’, atribuindo caráter popular ao presidente que se autointitulava
“um líder das massas” (Wainer, 1988). ‘Nos braços do povo’ também configurava a
forma pela qual Vargas assume seu mandato, através de eleições diretas, diferente
de seu primeiro governo (1930- 1945). Sua chegada ao poder contrariava aos
interesses da elite brasileira inscrita numa lógica de redução do papel do Estado e
na exclusão da participação popular (Benevides, 1981).
A disputa entre o getulismo e o antigetulismo atingiria seu auge nos meses que
antecederam o suicídio de Vargas. Os parlamentares da UDN (notadamente
opositores ao getulismo), bem como a grande imprensa, atuaram como fatores
desestabilizadores do governo (Ferreira, 2008). Cotidianamente circulava pela
imprensa ofensas ao presidente do tipo “imoral, corrupto, desonesto” entre outras
visando desqualificar sua imagem e seu governo. (Ferreira, 2008 p. 307).

A tentativa de golpe de Estado sobre o governo Vargas em 1954 mobilizou,


dentre outros fatores, as denúncias de corrupção como arma política para o
enfraquecimento do Estado getulista. Sob o discurso da necessidade de moralização
da administração pública, apropriado e difundido pela UDN, cunharam-se as
expressões “mar de escândalos”5 e “ mar de lama”6 para referirem-se as
irregularidades envolvendo o governo Vargas, ou seja, as denúncias de corrupção

5
Jornal Tribuna de Imprensa, 12/09/1952, p. 3.
6
Idem, 07/12/1953, manchete.
desempenharam importante papel no desfecho político de Getúlio Vargas (Silva,
2017).

2. Sobre a imprensa.

Na década de 1950 o ‘clube da imprensa’ era restrito a umas poucas famílias7.


No Rio de Janeiro o maior deles era jornal o Correio da Manhã, de Paulo Bittencourt,
seguido pelo Diário de Notícias da família Dantas. O Globo ainda tinha repercussão
mais reduzida, e o Jornal do Brasil estava mais associado ao catálogo de
classificados. Havia outros jornais e alguns com relativa penetração, mas não se
podia compará-los aos grandes, sobretudo, o Correio da Manhã. Nos anos
seguintes, o Brasil assistiria à escalada dos Diários Associados, liderado por Assis
Chateaubriand (Wainer, 1988).

No Brasil, ao contrário do que acorre em países como os Estados Unidos, o


jornal era porta voz do seu dono. “Sempre foi assim, é assim ainda. O Estadão, por
exemplo, reflete os humores, valores e preconceitos dos Mesquitas. A Folha de São
Paulo é a família Frias, O Globo é Roberto Marinho, o Jornal do Brasil, é a família
Nascimento Brito” (Wainer, 1988, p.137). Por trás da aparente independência que
ostentavam, os jornais são o que seus donos desejam que seja (Wainer, 1988).

O levantamento do material jornalístico publicado pela imprensa escrita sobre


os casos de corrupção foi realizado através de três veículos que atuavam no Rio de
Janeiro, então Capital Federal. Os jornais Correio da Manhã, Tribuna da Imprensa e
o jornal Última hora. O Correio da Manhã (1901- 1974) fundado pelo advogado
Edmundo Bittencourt foi um dos mais respeitáveis periódicos da imprensa diária e
considerado um dos veículos de informação mais importantes do século XX. O
Jornal Tribuna da Imprensa (1949- 2008) foi fundado pelo jornalista por Carlos
Frederico Werneck de Lacerda (UDN) e se tornou porta voz das proposições da
União Democrática Nacional (UDN),que viria fazer oposição ao getulismo8. O jornal

7
“No Rio Grande do Sul reinava o Correio do Povo, comandado pelo jovem Breno Caldas. No Paraná
e em Santa Catarina, como em quase todos os outros Estados, não havia jornais importantes. Em
São Paulo, o Estadão, da família mesquita, já era hegemônico, embora também tivesse influência A
Gazeta, de Cásper Líbero, e o tradicional Correio Paulistano, que fora porta-voz do Partido
Democrático, controlado pelo grupo de Francisco Morato. No Nordeste e no Norte, só tinham algum
peso A Tarde, da Bahia, pertencente à família Simões, o Jornal do Commercio, de Pernambuco
controlado pelos Pessoa de Queiroz, e O Liberal, do Pará. Mas os grandes jornais brasileiros, os que
realmente contavam, eram editados no Rio de janeiro” (Wainer, 1988, p. 135)
8
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/tribuna-da-imprensa
Última Hora (1951-1984) também um importante jornal do século XX, fundado pelo
jornalista Samuel Wainer9. Na campanha presidencial de 1950, Wainer entrevistou
Getúlio Vargas e nesta entrevista Vargas afirmara que voltaria nos braços do povo
(Diniz, 2001). A partir daí Wainer se aproxima de Getúlio e cobre sua campanha,
nascia aí uma relação de amizade. Vargas foi eleito com larga vantagem sobre os
adversários, mas enfrentava dura oposição no meio político e na imprensa.

3. Escândalos de corrupção no governo Vargas.

Na década de 1950 surge uma peculiaridade: o termo corrupção sofre um


deslocamento, ele passa a entrar no discurso, adquire visibilidade e é amplamente
explorado pela imprensa. As denúncias atribuem à corrupção dimensão de problema
público.
A segunda gestão de Vargas foi palco de três casos de corrupção
envolvendo órgãos e agentes do governo: Inquérito do Banco do Brasil, Cexim e
Última Hora. Tais casos expressaram e ao mesmo tempo contribuíram por fixar certa
concepção social do que seja corrupção na sociedade brasileira nos anos 50.
Examiná-los implica em considerar que estes são apenas amostras de uma
realidade bem mais ampla de práticas que recortam a sociedade, mas que podem
nos fornecer ingredientes para observar outras questões que tangenciam o estudo
da corrupção no período, como a presença de um conflito político e o uso corrupção
como um instrumento de acusação política.

3.1. O inquérito do Banco do Brasil.


No início de seu mandato no ano de 1951 o presidente Getúlio Vargas
determinou a constituição de comissões de inquérito em ministérios, autarquias e
órgãos subordinados para averiguar a atuação de seus antecessores. No caso do
Banco do Brasil, a comissão de inquérito presidida por Miguel Teixeira tinha por
objetivo examinar de forma minuciosa irregularidades no banco a partir do governo
Dutra.10
Em junho do mesmo ano a comissão de inquérito denunciava o ex-
presidente do Banco do Brasil, Guilherme da Silveira, por distribuir milhões de

9
Famosa eram as divergências entre os jornalistas Carlos Lacerda e Samuel Wainer. Seus jornais
eram palco de suas polarizações políticas expressas respectivamente no antigetulismo e getulismo.
10
Correio da Manhã, 14/02/1951, p. 8.
cruzeiros para fins particulares e políticos inteiramente estranhos aos objetivos do
principal estabelecimento de crédito. Em matéria do jornal Última Hora sobre o
relatório da comissão encaminhado ao presidente, é afirmado que constava
impressionante documentação sobre uma verdadeira ‘orgia de verbas’ de
publicidade distribuídas pelo Banco do Brasil a partir de 1946, custeando
campanhas políticas e publicidades de indústrias particulares. Também foi apurado
que grande parte dos valores custeados pelo Banco do Brasil era para publicidade
da fábrica de tecidos do ex-presidente do Banco do Brasil, a fábrica Bangu. Por
outro lado, grandes fortunas foram usadas para custear a propaganda de
desmoralização política e pessoal do presidente Getúlio Vargas. A matéria ainda
afirmava que não só a transcrição de discursos parlamentares, mas a encomenda
de artigos e entrevistas, e até caricaturas e charges, foram distribuídas a preço de
ouro a diversos jornais e revistas do país.11
No inquérito promovido por Vargas para investigar irregularidades no
governo Dutra, o nome de seu Ministro da Fazenda, Horácio Lafer, foi citado como
beneficiado por dinheiro público. Essa questão não foi abordada pela matéria do
jornal Última Hora ao tratar sobre o relatório parcial do inquérito. Com a criação da
comissão nos meses iniciais do governo e indicado seu posicionamento em apurar
as irregularidades cometidas no Banco do Brasil, ao longo de 1951 pouco se obteve
informações sobre o andamento do inquérito, apenas indicação de que este estaria
sendo apurado com rigor. Tal postura rendeu logo no início do ano de 1952 a
publicação pelo jornal Tribuna da Imprensa de uma charge na primeira página sobre
a forma como o governo estava encaminhando o inquérito.

Figura 1 – “Rigoroso Inquérito”. Fonte: Tribuna da Imprensa, 22/01/1952, p. 1

11
Última Hora, 14/06/1951, p. 5.
A caricatura fazia alusão ao então presidente Getúlio Vargas que, sentado
sobre o inquérito, não oferecia as informações sobre o que havia apurado de fato.
No dia seguinte a esta matéria o Correio da Manhã trouxe um artigo intitulado
“Inquéritos Administrativos”, cobrando ao presidente os resultados do inquérito sobre
o Banco do Brasil. O artigo também fazia uma breve abordagem dos inquéritos que
o presidente mandou apurar desde que assumiu e que somente se referem ao
governo anterior, e insinua que há uma farsa dos escândalos.12.
Em agosto de 1952 em artigo intitulado “Inquérito” publicado no Correio da
Manhã, outra questão surge em torno do inquérito, de o porquê de somente se
investigar as relações do Banco do Brasil no governo Dutra e não ter estendido
também ao governo atual13. Também é denunciado o interesse pessoal e político em
detrimento do interesse coletivo, Getúlio não atuou como deveria atuar um
representante da administração pública. A preocupação de investigar alguns e não a
outros, ou mesmo da utilização da situação para benefício próprio, como sugere a
matéria, compromete a imparcialidade que um agente público deveria prezar no
exercício de sua função. Gradativamente a pressão para a divulgação do inquérito e
a postura do governo em não divulgá-los voltou-se de certa forma para o próprio
Governo Vargas, questionava-se o que existia no inquérito que não possibilitava sua
divulgação. Cogita-se então nos jornais o envolvimento de agentes ligados ao
governo.14
Lacerda, em matéria de capa, faz um balanço dos interesses envolvendo o
inquérito, ao qual teve acesso. Reforça o porquê do inquérito não avançar no
governo Vargas e levanta a acusação de que a condução do inquérito resulta na
evidência de uma série de negociatas para favorecer o partido que então constituía
a base parlamentar do governo, o PSD. Afirmava ser indispensável que “alguém
furasse a cortina de silêncio de meias verdades e de difamações sussurradas, que
assustava os meios políticos, econômicos e administrativos do país, mantendo-os
sob coação moral intolerável”15.
O desfecho do inquérito residiu no impasse de sua não publicação, tanto os
jornais Última Hora, Correio da Manhã e Tribuna da Imprensa noticiavam que foi
decidido pela mesa da Câmara a não publicação do inquérito no Diário do

12
Correio da manhã, 23/01/1952. p. 4.
13
Correio da Manhã, 02/08/1952, p. 4.
14
Idem
Tribuna da Imprensa, 01/08/1952, p. 1.
15
Congresso. Os parlamentares, bem como um grande número de jornais,
consideravam a iniciativa danosa aos interesses públicos16. Em edição de outubro
de 1952, Lacerda emite um parecer sobre os motivos que levaram a Tribuna da
Imprensa a não publicar o relatório. Neste, bancos seriam afetados gerando um
“crack” e também traria agonia para a população e ruína da nação17.
Uma questão que se coloca principalmente em relação à Tribuna na
Imprensa é a mudança de seu posicionamento. De forma ostensiva cobrava os
desdobramentos do inquérito e apresentava matérias irônicas sobre seu andamento.
Quando a Câmara decide por sua não publicação é evidenciado o silêncio deste
veículo e somente depois Lacerda emite o parecer de concordar com a não
publicação. Depois deste feito não identificamos mais questionamentos oriundos da
Tribuna.
Fato é que o inquérito, embora conduzido de forma reservada, habitava as
páginas dos jornais entre os anos de 1951 e 1952 e gradativamente foi sendo
preterido em detrimento de outras notícias até cair em esquecimento. Contudo, ele
foi considerado nesta pesquisa por algumas razões: A primeira por mobilizar certo
clamor acerca de seu teor por ser entendido como práticas que comprometiam o
bem público. Segundo porque a forma recorrente como foi noticiado lhe atribuiu
dimensão de escândalo político envolvendo práticas consideradas irregulares em
relação à administração pública.

3.2. O escândalo da Cexim.


A Cexim foi um órgão criado pelo Decreto-Lei nº 3.293/1941, durante o
Estado Novo, com a finalidade de “estimular e amparar a exportação de produtos
nacionais e assegurar condições favoráveis à importação de produtos
estrangeiros”18. A Cexim encarregava-se da administração do sistema de controle
das importações através de licenciamento.
As primeiras notícias sobre irregularidades na CEXIM datam de novembro
de 1951 e de forma pontual são denunciadas pelo jornal ‘Última Hora’19. De acordo
com o jornal houve falsificação e adulteração de guias de importação e exportação e
diversos funcionários do Banco do Brasil e várias firmas estavam implicadas. Em

Tribuna da Imprensa, 28/10/1952, p. 4.


16

Tribuna da Imprensa, 28/10/1952, p. 4.


17
18
CPDOC/FGV/Verbete – Cexim.
19
Última Hora, 06/11/1951, p. 5.
março de 1952, o ‘Tribuna da Imprensa’ denunciava o flagrante de suborno na
Cexim, cujo fiscal do órgão foi preso quando recebia cheque de 200.000 cruzeiros
de representante de uma firma paulista para dar informação favorável em processo
de importação20. Em junho de 1952 foi instituída a Comissão Parlamentar de
Inquérito para investigar as atividades da Carteira de Redesconto e na Caixa de
Imobilização Bancária do Banco do Brasil desde 194521.
No ano de 1953 as matérias dos jornais se ocupavam de temáticas mais
específicas. No caso da Cexim, o Correio da Manhã encabeçava uma campanha
contra o órgão com volumosas e recorrentes matérias e o jornal Última Hora
apresenta-se como porta-voz da defesa das acusações contra a Cexim. Neste
mesmo ano o presidente do Banco do Brasil pede exoneração do cargo, Vargas
prontamente aceita e nomeia para seu lugar o General Anápio Gomes22.
O Segundo matéria no Correio da Manhã, num período em que se negava
licença até mesmo para importação de medicamentos, a Cexim concedeu licenças
para importação de automóveis e seus acessórios23. As práticas identificadas na
Cexim, ainda segundo a matéria, obedeciam a critérios de uma moralidade não
administrativa. Observamos que lei e moral estão situados em campos distintos,
contudo, independente dos critérios legais ou morais adotados, as práticas
identificadas dentro do órgão foram consideradas como desculpa para justificar o
benefício de alguns em detrimento de outros na obtenção de licenças.
Em matéria intitulada “A Cexim trouxe a corrupção nos negócios de
importação e exportação”24, embora a palavra ‘corrupção’ somente tenha aparecido
no título da matéria, a referências à irregularidades, favoritismo e prejuízos à
economia do país ao longo da matéria englobam o universo considerado como
prática corrupta. O órgão constantemente associado ao favoritismo e à facilidade em
obtenção de licenças para alguns e a dificuldade de obtenção para outros, dividia-se
entre “os lucros dos apadrinhados e a aflição dos sem padrinhos”25, isto é, um
instrumento de favores.

20
Tribuna da Imprensa, 20/03/1952, p. 7.
21
Tribuna da Imprensa, 10/06/1952, p. 3.
22
Correio da Manhã, 13/01/1953, p. 12.
23
Correio da Manhã, 29/03/1953, p. 1
24
Correio da Manhã, 09/05/1953, p. 1.
25
Correio da Manhã, 03/06/1953, p. 10
“A cexim não é vítima de uma crise moral, mas um agente da corrupção”26.
Em poucos meses a corrupção passa a estar associada diretamente à Cexim. O
termo sofre um deslocamento gradativo de um contexto mais amplo para fixar-se na
figura do órgão que representa o governo. No caso do ‘Inquérito do Banco do Brasil’,
o termo ‘irregularidade’ era predominante para identificar práticas que lesavam a
administração pública. No caso da Cexim, claramente o termo corrupção passa a
tomar corpo e é associado às práticas de favoritismo dentro do órgão do governo.
Com os sucessivos escândalos e os interesses políticos envolvidos, a Cexim é
substituída pela Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil através
da Lei nº 2.145, de 29 de dezembro de 1953.
É importante salientar o contexto político-econômico que contribuiu para a
extinção da Cexim. Entre 1949 e 1953, o Ministério da Fazenda foi ocupado por dois
industriais. Os dois órgãos que trabalhavam com política cambial eram a Cexim, que
representava a autoridade na emissão das licenças de importação e exportação e a
Sumoc (Superintendência de Moeda e Crédito). Vargas também indicou um
industrial para a presidência do Banco do Brasil, Ricardo Jafet. Desta forma, a
política protecionista garantiu o enriquecimento dos industriais devido à acumulação
de matérias-primas e equipamentos e aumentado às importações (Leopoldi, 1994).
Contudo, nos anos de 1951 e 1952, justamente quando surgem às
denúncias de corrupção na Cexim, as importações sobrepujaram as exportações,
gerando urna crise cambial e uma escassez de divisas que praticamente paralisou o
sistema de licença prévia. A alternativa apresentada pelos industriais para
superação da crise cambial era o controle mais rigoroso das importações de
produtos supérfluos, incentivos à exportação, maior controle dos pagamentos feitos
ao exterior e participação dos industriais na formulação de tratados comerciais,
iniciando o período de austeridade na prática do órgão (Leopoldi, 1994).
A escassez de divisas e a lentidão do processo pela Cexim geraram muitas
críticas a carteira do Banco do Brasil, principalmente pela UDN e por neoliberais,
então grandes críticos do intervencionismo estatal. Dentre esses críticos estavam de
um lado os industriais da Firj (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) que
queriam o fim da Cexim e a liberação total do câmbio, e do outro a Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), que defendia a manutenção da Cexim e o

26
Correio da Manhã, 27/03/1953, p. 11.
controle das importações (Leopoldi, 1994). A Cexim foi extinta e em seu lugar foi
criada a Cacex. Terminava assim o controle quantitativo das importações e a
agência controladora, a Cacex se abre aos industriais na determinação das taxas de
câmbio conforme a essencialidade dos produtos (Leopoldi, 1994).

3.3. O Caso Última Hora.


Em 1951 surge o jornal Última Hora. O primeiro desafio apresentado ao seu
fundador, Samuel Wainer, era encontrar instalações para abrigar o vespertino, que
foi resolvido graças aos membros do grupo ligado a Wainer: Valter Moreira Sales
(superintendente da Moeda e do Crédito do Banco do Brasil), o deputado Euvaldo
Lodi e Ricardo Jafet (presidente do Banco do Brasil), todos eles alvo da Tribuna da
Imprensa no passado (Dulles, 1992).
Resolvida à questão da instalação, foi preciso financiar o lançamento do
novo jornal. Parte deste dinheiro veio de um empréstimo do Banco do Brasil. Em
abril e maio de 1951, Jafet e o deputado Lutero Vargas (filho de Getúlio Vargas)
ajudaram o grupo Wainer a assumir o controle de uma companhia de radiodifusão
em dificuldades financeiras (Rádio Clube Brasil), cujas dívidas incluíam 54 milhões
de cruzeiros ao Banco do Brasil. Entre o final de 1951 e início de 1952, Wainer
levantava fundos para lançar a edição paulista de Última Hora, recebendo
considerável ajuda financeira de Francisco Matarazzo e do Banco do Brasil (Dulles,
1992).
Em 12 de junho de 1951 a primeira edição do ‘Última Hora’ chegava às
bancas, tendo como destaque uma carta elogiosa escrita por Vargas (Wainer, 1992).

Prezado amigo Samuel Wainer, venho agradecer-lhe a carta que me enviou


e na qual me comunica o próximo lançamento de seu jornal Última Hora.
Fazendo votos pelo completo êxito desse empreendimento, que há de
construir, por certo, um novo marco de progresso na imprensa brasileira,
apraz-me dizer-lhe que muito espero de um jornalista de seu valor, serene
inteligente, objetivo, sempre capaz de bem escolher os assuntos, expô-los
com clareza, simplicidade e elegância, sentido o que diz e sabendo dizer o
que sente. Na realidade gosto de ser interpretado, combatido, discutido ou
louvado por espíritos isentos e desinteressados, que sabem enaltecer, nos
homens públicos, os atos merecedores de elogio, criticar quando precisam
ser esclarecidos ou corrigidos ou reprovar quando são reprováveis ou
errôneos.
Quem quer que exerça uma parcela da atividade pública aprecia sempre a
crítica da imprensa, quando essa se faz com lealdade e com propósito
sincero de esclarecer e corrigir. O que nos fere é a desleal e mal-
intencionada deturpação dos fatos, é o premeditado silêncio quando algo
existe que merece o louvor [...]
[...] É por isso que recebo com satisfação a notícia do aparecimento de um
novo jornal para cuja orientação elevada e patriótica o espírito desse
fundador constitui garantia eficiente e motivo de bastante confiança e de
contentamento. Que ele saiba exprimir com fidelidade e elevação as
tendências da opinião pública e colaborar, através de uma acrítica muito
bem intencionada e construtiva, na solução dos nossos problemas – São os
27
meus votos mais sinceros.

A carta do presidente da República demonstra uma proximidade entre o


jornalista e Vargas. O teor elogioso da carta também reforça essa relação. A carta
não foi transcrita na íntegra, mas trata-se de uma carta extensa que ocupou grande
parte da primeira página do jornal. Em seu teor também é observado uma
insatisfação com o posicionamento ético da imprensa do período e Vargas pontua
essa questão em vários trechos da carta. O surgimento do ‘Última Hora’
apresentava-se como uma alternativa positiva àquele cenário.
As primeiras denúncias envolvendo a relação entre o jornal e o governo
datam do início de 1952. Em matéria de capa no jornal Tribuna da Imprensa,
Lacerda questionava o processo de obtenção do papel para produção do jornal e
fazia referência ao controle deste processo ainda no primeiro mandato de Vargas.
No período analisado, a imprensa dependia da importação de papel para confecção
dos jornais. Lacerda também observava a lei sobre a importação de papel, na qual o
processo deveria ser conduzido pelos veículos de imprensa e não por um Banco do
governo. Aí reside o estranhamento da obtenção do papel para o jornal Última Hora.
(Dulles, 1992).
Lacerda questionava o porquê de o governo ordenar ao Banco do Brasil que
fornecesse dinheiro para que o grupo comprasse o prédio, as máquinas e
instalações e em seguida fornecer mais dinheiro pelas instalações e máquinas e
prédio que já eram do banco porque provinham de títulos já vencidos. As constantes
denúncias fomentaram a criação de uma CPI em 1953 para investigar transações
entre o Banco do Brasil e as empresas jornalísticas, tendo como o alvo principal o
vespertino de Wainer. A comissão ficou conhecida como CPI da Última Hora.28.
Inquerido Samuel Wainer, suas declarações tiveram como principal ponto de
referência às denúncias de Carlos Lacerda. Wainer afirmou que as organizações
gráficas e jornalísticas de que fazia parte foram constituídas exclusivamente com

27
Última Hora, 12/06/1951, p. 1.
28
Correio da Manhã, 27/05/1953, p. 5.
capital particular, montando em pouco mais de setenta e cinco milhões de cruzeiros
o débito das mesmas com o Banco do Brasil. Contestou que o valor dessa dívida
fosse mais de duzentos e cinquenta milhões de cruzeiros, declarando que a renda
da empresa, de que é um dos diretores, lhe assegura completa solvabilidade
financeira29.
Em 1953, a Tribuna da Imprensa promoveu uma campanha contra a Última
Hora. Sob o discurso moralizador e da crítica à violação do bem comum, Lacerda
potencializara de forma ostensiva as denúncias contra os interesses que envolviam
a criação do vespertino. Esta campanha não foi travada apenas no jornal, mas
também na rádio e na TV. Ao longo da campanha, o apoio recebido por diversos
segmentos da população, a forma ovacionada que Lacerda era recebido em
diversos comícios e palestras principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro,
contribuíram para potencializar sua influência política. Gradativamente, neste
contexto de denúncias construiu-se a imagem de Lacerda como um ‘herói’ no
combate à corrupção.
Muitas foram às audiências referentes ao inquérito e acompanhado
diariamente seu desfecho pela imprensa. Lacerda, além da Tribuna, também
reforçava as denúncias na Tv Tupi e na Rádio Globo. Embora não fosse
comprovada legalmente a atuação do presidente, constatou-se que houve
favorecimento pessoal para o vespertino não somente através da facilitação de
empréstimos, mas por pagá-los através de compensação de juros com publicidade,
o que Lacerda denominava como uma modalidade do favoritismo: “receber do banco
para pagar ao banco”30
A Última Hora passa a ser associada à corrupção e a falta de moralidade do
governo e acentua-se via Tribuna da Imprensa um clamor para seu fechamento.
Segundo Lacerda, o ‘Última Hora’ representava o próprio centro da corrupção, além
disso, o UH tomou o significado de uma bastilha da corrupção e assim que deveria
desaparecer. Para reparar o erro, Getúlio deveria fechá-lo. Claramente os agentes
do governo Vargas são associados à corrupção por favorecerem a criação do jornal
Última Hora com recursos públicos.

29
Correio da Manhã, ed.18480, 24/06/1953, p. 12.
30
Tribuna da Imprensa, edição 1080, 14/07/1953, p. 1.
4. A denúncia pública: a corrupção como instrumento de acusação política.

Ao pensar a denúncia pública e o impacto que esta possui na reputação dos


envolvidos, as noções de campo e capital político de Bourdieu (1989) nos fornece
ingredientes para compreensão desta relação. O reflexo desta disputa é sentido no
jogo político, os projetos de poder que disputavam o Estado representam os distintos
interesses de agentes em distintos posicionamentos dentro do campo. O capital
simbólico é próprio ao campo político, pois ele interfere na representação que se
constrói acerca dos agentes nele inseridos. A reputação do agente público, sua
conduta na busca pelo interesse público, determinam sua ascensão ou manutenção
na vida política. Por essa razão o capital reputacional é tão caro a este campo, por
ser definidor da representação construída. Sendo a imprensa um influente
instrumento político de poder, seu posicionamento não é imparcial.

A questão do escândalo político emerge como um fenômeno social importante


que pode ter sérias consequências para as pessoas a ele associadas, visto poder
desconstruir o capital simbólico através da difamação moral dos envolvidos
(Thompson, 2002). O escândalo ou sua ameaça no campo político pode provocar o
esvaziamento do poder simbólico do qual o poder político depende (Thompson,
2002). Tanto Bourdieu quanto Thompson apontam para a questão do abalo da
honra de pessoas, partidos ou mesmo instituições dentro do campo político, cujo
capital reputacional é central para a sua manutenção.

Os casos de corrupção examinados estão relacionados à administração


pública, a práticas inadequadas cometidas por seus agentes resultando nas
investigações. Ao comprometer a administração pública, o interesse público é
violado e, portanto, é legítima a condenação dos envolvidos. Quem denuncia a
corrupção, aquele que é denunciado como agente corrupto ou corruptor, e de que
forma a denúncia é realizada só terá eficácia se de alguma forma atingir um
interesse maior, que atenda ao coletivo.

Aqueles denunciados passam a ser ‘desmascarados’ e, portanto, devem sofrer


punição pelas práticas condenáveis que executaram. Aquele que denuncia está em
posição de vantagem por deter informações privilegiadas e comprometedoras sobre
aquele a quem ou o que ele denuncia. Essa posição lhe fornece a visibilidade
pública e também lhe confere o status de bem feitor por não colaborar com práticas
socialmente irregulares, cuja sua inquietação é refletida no ato de denunciar
determinada pessoa ou esquema.

O denunciado por sua vez é inserido na esfera da descredibilidade. Sua


reputação é questionada e, portanto, comprometida. Sendo uma figura pública, a
forma como é percebido sofre alteração. Mesmo que a denúncia seja posteriormente
comprovada ou mesmo sua inocência provada, para o senso comum o denunciado
passa a carregar uma espécie de marca que de forma recorrente mesmo com o
espaçamento do tempo, o associa àquela prática que foi denunciada. Por essa
razão o capital social na cena pública possui grande valia, a reputação de um
político interfere diretamente em sua projeção na vida pública ou sua condenação ao
ostracismo.

Nos casos de corrupção no governo Vargas essa questão pode ser observada.
A quantidade de denúncias construía uma imagem do governo inserido em uma
lógica de imoralidade. Lacerda foi um agente importante neste processo ao possuir
um jornal e ter entrada na Tv e na rádio, suas acusações contra órgãos e agentes do
governo eram potencializados. O ato de acusar de forma constante atribuía-lhe
credibilidade política e social. Lacerda era recebido em comícios de forma
alvoroçada como um herói no combate à corrupção. O governo por sua vez tinha
pouca entrada em veículos para voz de defesa, sendo o ‘Última Hora’ seu expoente
neste processo.

Ao conseguir dar visibilidade a um fato até então ocultado e que quando


exposto questiona a reputação do denunciado, a denuncia carrega em si um poder
de afirmar e mesmo atribuir um caráter de verdade previamente a algo que ainda
não foi comprovado. Ela passa a dar visibilidade ao oculto, chama atenção ao
irregular e mobiliza moralmente o que se compreende como errado ou não. Neste
sentido corrupção, denúncia pública, conflito e moral são faces da moeda que
compõe o jogo político. No campo político sua cunhagem é face dos interesses de
projeto políticos de poder.
Considerações.

Um importante fator a ser considerado é que as denúncias de corrupção


estavam associadas aos interesses dos grupos políticos opositores ao getulismo.
Neste aspecto, o posicionamento político dos jornais seja de oposição ou governista
era refletido nessas denúncias. Sob a bandeira da moralização do país e sob o
discurso de violação da moral pública, a corrupção foi ganhando contorno como um
problema público que precisava ser combatido e ganhava espaço na cena pública
como um poderoso instrumento político de acusação refletindo, os conflitos políticos.

Os escândalos de “corrupção” durante o governo foram amplamente


explorados pela UDN e ganhavam um contorno maior através das matérias
principalmente na Tribuna da Imprensa. Mobilizando o interesse público,
gradativamente as denúncias contribuíram para desgastar a imagem do governo e
teceram terreno para a solicitação do pedido de impeachment e posterior pressão
para o pedido de renúncia do presidente.
Apesar de contextos e práticas variadas em que as irregularidades apareciam
na análise das matérias observamos que as denúncias expressavam em muitos
momentos uma disputa de interesses políticos apropriando-se da bandeira de zelo
pelo bem comum. Ao comprometer a administração pública, as denúncias
passaram a ser percebidas como nocivas ao interesse coletivo, legitimando a
necessidade de seu combate efetivo e gradativamente ganhando contornos de
questão pública. Contudo, é importante salientar que casos envolvendo
irregularidades já existiam. Na gestão do governo Dutra, por exemplo, que resultou
em inquérito parlamentar durante o governo Vargas, foi encontrado diversas
irregularidades, mas elas não eram associadas à corrupção.

Este estudo nos possibilitou compreender como a corrupção pode ser utilizada
como moeda na pressão do jogo político e como a sua utilização pode interferir nas
decisões políticas do país. Isso só pode ser possível porque gradativamente foi
sendo construído um consenso de que a corrupção era nociva para o funcionamento
da administração pública. A corrupção nos anos 50 não está associada a somente
práticas individuais de agentes públicos, mas ao conjunto de ações consideradas
irregulares que comprometem a administração pública que visa o bem comum.
Neste aspecto e também pela mobilização das denúncias no jogo político através da
imprensa a corrupção ganha contornos de problema público no Brasil.

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