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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Centro de Estudos Gerais


Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Área de História
Departamento de História
Curso de Graduação em História
Professor: Cecília Azevedo
Disciplina: História da América III
Período: 8º/2005
Aluno: João Koatz Miragaya

Cárdenas e o povo mexicano; uma relação de reciprocidade

“Aplica-se em certa medida à América


Latina, grande importadora de ideologias
européias da moda, como o fascismo ou o
comunismo, e, sobretudo ao México,
revivendo sua grande revolução na década
de 1930 sob o presidente Lázaro Cárdenas
(1934-1940) e apoiando apaixonadamente
a República espanhola na Guerra Civil. Na
verdade, o México continuou sendo o único
a reconhecer a República como governo
legítimo da Espanha”.1

Inicio o trabalho com esta citação a fim de demonstrar as diversas formas como se
pode enxergar o período no qual o México foi governado pelo presidente Lázaro Cárdenas
(1934-1940). Muitas vezes encaixado no ramo designado populismo, Cárdenas por vezes
também pode ser considerado um político de esquerda, implementador de grandes reformas
sociais. De fato, a época na qual o México o teve como presidente, amplas reformas
econômicas e sociais foram implementadas. É verdade, também, que a burocracia política
construída neste período permanece vigente até hoje. A partir de seus discursos e feitos
sociais, analisaremos o quanto de populista que o presidente carregava consigo, ou se é
mais justo qualificá-lo como ele mesmo o fazia; um seguidor da Revolução Mexicana
ocorrida na década de 1910.
O que é populismo?
1
HOBSBAWM, Eric: “Contra um inimigo comum” IN: A Era dos Extremos. São Paulo, Companhia das
Letras, 1995. Pp. 171.
O populismo é um fenômeno latino-americano bastante complexo, que se deu a
partir do fim da década de 1920, e que apresentou características peculiares nas sociedades
onde ocorreu.
Existem quatro grupos de interpretação sobre o que é o populismo: “1) a
interpretação que tem como chave de explicação o processo de modernização tributária do
funcionalismo, que pensa o populismo como fenômeno típico dos países
‘subdesenvolvidos’ em transição da sociedade tradicional para a moderna (…) 2)
interpretação histórico-estrutural, que vincula o populismo ao estágio do desenvolvimento
do capitalismo latino-americano surgido com a crise do modelo agroexportador e do estado
oligárquico. Os autores destacam o rol interventor do estado. (…) 3) o grupo dos
conjuntaristas (…) questionam os estudos que remetem o populismo ao passado pré-
populista na América Latina, mas há distintas correntes neste grupo, como a de Daniel
James, que destaca a cultura social e política da classe trabalhadora, a constituição dos
sujeitos e os sentidos que têm para os atores sociais as experiências vividas, e a de D.
French, que centra seu estudo na complexa rede de alianças relacionada com processos
sócio-econômicos que criaram distintas e dinâmicas possibilidades entre as classes. 4)
compreende as análises da especificidade do populismo no plano do discurso ideológico.
(…) Enquanto Laclau sustenta que o que transforma um discurso ideológico em populista é
a articulação das interpelações popular-democráticas como conjunto sintético-antagônico
em relação à ideologia dominante, e que existe uma relação de continuidade entre o
populismo e o socialismo, De Ipola e Portantiero argumentam, a partir de uma noção
gramsciana de construção de uma vontade nacional e popular, que a relação entre
socialismo e populismo significa, sobretudo, uma ruptura”.2
De acordo com os novos rumos que a história vem seguindo, especialmente quando
nos deparamos com uma situação onde devemos analisar sob todos os pontos de vista, fico
com a perspectiva grupo 3, pois acredito que a sua ênfase na cultura política seria mais
coerente com o tema. Para se analisar o populismo deve-se levar em conta uma série de
influências em diversos campos temáticos, e acredito que “a história das idéias políticas faz
necessariamente fronteira com a história da opinião pública e a história da propaganda:
2
CAPELATO, Maria Helena Rolim: Populismo Latino-americano em Discussão IN: FERREIRA, Jorge (org)
“O Populismo e sua história”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001. Pp. 134.
distingue-se delas, mas seus entendimentos com uma e outra encontram-se em uma relação
de reciprocidade, em uma sociedade de expressão pública desenvolvida”.3
A partir disto, devemos levar em consideração o contexto pelo qual a América
Latina passava quando do início da propagação do populismo. Sabemos que a repressão dos
estados oligárquicos (predominantes na América Latina) aos movimentos comunistas e
anarquistas foi bastante violenta. Em termos de construção de cidadania, o proletariado na
América Latina tinha seus direitos ainda bastante escassos (mesmo que em países como a
Argentina algumas leis trabalhistas já existissem, a maioria não havia saído do papel),
enquanto as cidades viviam um considerável surto industrial. O aumento deste proletariado
se deu na medida que, este surto industrial levou para as cidades os trabalhadores do
campo, que, por desconhecerem movimentos sociais, foram facilmente atraídos por
promessas de concessões de direitos sociais.
Em contraste com os governos oligárquicos, o populismo se portava de uma forma
antiimperialista, tornando o Estado um agente econômico atuando face à criação de
empresas estatais (e à nacionalização de algumas privadas), além da preocupação com
neutralizar a descapitalização da economia em conseqüência da saída de capitais. E
surgiram em momentos quando alguns movimentos sociais estavam em forte crescimento,
em épocas de crise (no México e no Brasil após a crise de 1929, enquanto na Argentina
durante a 2ª. Guerra Mundial), através de lideranças carismáticas com discursos
nacionalista, corporativista e de estímulo à sindicalização.
A propaganda do regime foi muito destacada em todos os locais onde líderes
considerados populistas governaram. A oratória destes líderes carismáticos, também.
Examinaremos, a partir dos discursos de Lázaro Cárdenas, como se manifestam às
características populistas na sua oratória, especialmente quando falava aos trabalhadores.
Mas antes veremos um pouco das suas realizações no México.

Realizações do governo Cárdenas

3
WINOCK, Michel. “As idéias políticas”. IN: RÉMOND, René. Por uma história política. Ed. FGV. Rio de
Janeiro, 2003. Pp. 278-279.
Lázaro Cárdenas assumiu a presidência do México – de forma democrática – em
um período bastante conturbado; ainda vivendo os efeitos da crise de 1929, em um país
conturbado por uma revolução cujos ecos permaneciam à flor da pele (algumas reformas
estavam pendentes de serem executadas desde 1917), em meio ao crescimento do nazi-
fascismo e do comunismo. Sua missão no México era muito mais do que industrializar o
país, mas contentar a massa revolucionária e livrar o México dos interesses imperialistas
(sobretudo norte-americanos).
Baseado em uma política fortemente nacionalista, Cárdenas tratou de nacionalizar
ou colocar sobre controle nacional os setores básicos da economia. O líder concretizou uma
reforma agrária que estava pendente desde a década de 1910, criando os ejidos
(propriedades coletivas), resgatando latifúndios que estavam nas mãos de fazendeiros
norte-americanos (sobretudo no norte do país) através da expropriação. Cárdenas também
nacionalizou as ferrovias do país e estatizou o petróleo, principal marca de seu governo, e a
posterior criação do Pemex. A industrialização também foi implementada.
Ilan Semo, no entanto, desenvolve a tese de que “Cárdenas teve uma atuação
ambígua: promoveu liberdades políticas e direitos civis, mas criou as bases sociais e
institucionais do autoritarismo presidencial no México. Distribuiu terras entre pueblos e
‘comunidades’ de camponeses marginalizados e criou condições que possibilitassem a
concentração de riquezas e de seus produtos em poucas mãos. Ainda que tenha fomentado
as organizações de assalariados e operários, não lhes garantiu autonomia política e
orgânica. Impulsionou um programa para criar uma ‘terceira via’ (…) do desenvolvimento
social e político, e concluiu admitindo a corporativização das relações entre estado e
sociedade. Procurou fixar uma posição autônoma do país frente às potências estrangeiras,
mas acabou se curvando ao predomínio estadunidense na economia nacional”. 4 A política
externa de Cárdenas, no entanto, diferenciou-se bastante da de Perón e Vargas, na medida
que ambos tiveram em algum momento relações com os governos italiano, alemão ou
espanhol franquista, enquanto Cárdenas recebeu muitos refugiados da Guerra Civil
Espanhola e o líder comunista Leon Trotsky. Além disto, “apresentou resistência ao

4
CAPELATO, Maria Helena Rolim: Populismo Latino-americano em Discussão IN: FERREIRA, Jorge (org)
“O Populismo e sua história”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001. Pp. 154-155.
fascismo, à frente popular, à guerra civil austríaca, à invasão italiana na Abssínia, à
agressão japonesa contra a China (…)”.5
De fato, o presidente Cárdenas lançou mão muitas vezes (algumas até bastante
espontâneas) do apoio popular “Na verdade, a eleição de Cárdenas pelo PNR não seria
possível sem o apoio da CCM (Confederação dos Camponeses Mexicanos) e da CGOCM
(Confederación General de los Obreros y Campesinos Del México)”.6 A oposição ao seu
governo, em várias ocasiões, foi pressionada pelas confederações dos trabalhadores: “La
CGOCM acusa Calles de querer incitar al gobierno a iniciar uma repressión contra el
proletariado (1935)”.7 Deve-se levar mais em conta, por fim, que a reforma trabalhista
(comum em todos os regimes ditos populistas) realizada por Cárdenas, contando com um
decisivo apoio popular, pôde foi sua base de apoio em todo o seu governo. Os sindicatos,
no entanto, ficaram fortemente atrelados ao governo, sem a mesma autonomia de antes
(comum também em todos os regimes ditos populistas).

Cárdenas e o povo mexicano; uma relação de reciprocidade

Veremos, agora, através alguns trechos de discursos de Cárdenas os aspectos da sua


oratória e do seu governo que nos possibilitam enxergar os aspectos corporativistas do seu
governo, muitas vezes cruciais para que analistas o considerassem um líder populista.
Afinal, “a análise dos discursos políticos de Cárdenas revela a maneira como os indivíduos
concretos constituem-se como sujeitos da ação política e como são convidados a sustentar
determinados projetos políticos, ocupando um determinado lugar na sociedade”.8
Em 25 de maio de 1939, Cárdenas proclamou um discurso ao povo mexicano sobre
a expropriação petroleira seguida da sua nacionalização, uma das grandes marcas de seu
governo. Neste discurso, Cárdenas disse:

5
CAPELATO, Maria Helena Rolim: Populismo Latino-americano em Discussão IN: FERREIRA, Jorge (org)
“O Populismo e sua história”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001. Pp. 161.
6
CRIPA, Ival de Assis. Cap. IV: A política de Massas do Cardenismo IN: “O Vento das Reformas: Lázaro
Cárdenas e a Revolução Mexicana”. Dissertação de Mestrado pela USP.
7
ROMERO, Javier: La Censura, el punto de apoyo, el gran salto IN: “Públicos de Lázaro Cárdenas”.Siglo
Veintiuno Edictores. Ciudad de México.
8
CRIPA, Ival de Assis. Cap. IV: A política de Massas... op.cit.
“(…) decreto de expropriación a que se vio obligado a recurrir el govierno de México ante la
soberania extranjera.
La recuperación de la riqueza petrolera de México está definitivamente asegurada.;
tenemos el derecho de defender nuestra soberania y em este asunto afortunadamente há
habido um reconocimento jurídico de todos los países del mundo. El govierno de la
República se mantiene firme em su resolución de mejorar las condiciones de miseria en
que vive el pueblo. Nos interesan los problemas que ustedes tienen. No podemos
resolverlos en un momento; ni siquiera en un período de govierno se podrían mejorar
integralmente las condiciones de vida de nuestro pueblo; pero estamos haciendo lo
possible para resolverlos.
Afortunadamente há tenido la administración que me há tocado el honor de presidir, el
respaldo de la nación. Ustedes nos han manifestado sus nesesidades como gambusinos
para buscar su liberación económica. Este año, la Secretaría de la Economia Nacional
establecerá uma planta de benefício.
Debemos hacer constar que nuestra satisfación es grande al observar la organización,
disciplina y espíritu de cooperación que ustedes tienen para resolver sus problemas más
vitales y ello nos estimula; y solo queremos recomendarles que sigan todos interesados em
seguir elevando su fuerza moral y mantener la unidad de la família mexicana para bien de
la pátria”.9

Podemos perceber neste discurso fortes tendências ao nacionalismo, quando se fala


em expropriar algo que pertence ao país e que estava nas mãos estrangeiras, e de uma
vontade do governo de promover uma melhoria na situação social dos trabalhadores a partir
desta nacionalização do petróleo. A forte relação entre um país com um governo forte
melhora a vida dos seus cidadãos é o ponto forte do discurso.E, no fim, o presidente pede o
espírito de cooperação e a elevação moral do povo para resolver os problemas mais difíceis
do povo.
Cárdenas, muitas vezes, fazia a “crítica à propriedade individual. Em seu programa
de reformas, pretendeu promover redes sociais e institucionais que permitissem transformar
o ‘capitalismo liberal’ em um ‘capitalismo social’ baseado em princípios globais de
regulação econômica que significa: conjugar o mundo da tradição com o da técnica, da
planificação e do espírito profissional”.10 Podemos ver melhor isso quando o líder fala, em
1936 a um povoado camponês:
9
CÁRDENAS, Lázaro: Palabras Del presidente de la República sobre la Expropriación Petrolera, Pilares de
Nacozari, 25 de mayo de 1939. IN: “Públicos de Lázaro Cárdenas”.Siglo Veintiuno Edictores. Ciudad de
México.
“El día 30 de noviembre último dirigi um mensage a la nación con motivo de desarollo del
programa agrario en esta comarca lagunera. En dicho mensaje está claramente explicada
la acción de la autoridad agraria y la labor emprendida por el Banco Nacional de Crédito
Ejidal, de lo que se há logrado realizar hasta la fecha en matéria de dotaciones ejidales y
de organización económica y social de las comunidades agrarias, así como del entusiasmo
y definida orientación de las ligas feminiles. (…)
Es indispensable quem los ejidatarios, uma vez que se han entrado em posesión de su
ejido, y que han sido organizados en sociedad local de crétito ejidal, obteniendo así, los
elementos y recursos necesarios para sus trabajos agrícolas, otorgados con toda buena
voluntad y plena confianza en el resultado de las actividades, se dediquen de lleno al
cultivo de su tierra, olvidando qualesquiera divergencias que pudieran haber existido
durante su lucha sindical, cuando trabajaran bajo el sistema de peonaje o de asalariados,
pensando siempre que, por igual, son dueños de su ejido responsables de sus actos,
autónomos y libres em su determinaciones y que no deben perder esfuerzos para obtener
las mayores utilidades, que solo a ellos corresponden para investirlas en mejorar en todos
los aspectos las condiciones de vida de sus famílias”. (…) 11

Percebe-se, a partir deste discurso, a relação de reciprocidade que o presidente traça


com seus concidadãos. Ele lhes mostra o que está fazendo (a reforma agrária), lhes diz
como produzir e coloca os interesses nacionais acima dos de classe. Afinal, mesmo com a
criação dos ejidos, Cárdenas não visava “abolir a propriedade privada, tratava-se de uma
luta de classes que permitia lograr o equilíbrio inexistente nesse momento entre as forças
produtivas. O Estado deveria garantir o equilíbrio entre as classes”. 12 Este equilíbrio seria a
sua forma de controle sobre a burguesia e o proletariado. O corporativismo, mesmo que não
tão visto nos discursos de Cárdenas quanto nos de Vargas e Perón, se fazia presente sempre
que necessário.
Em um momento de crise, em 1936, Cárdenas reuniu-se com grupos empresariais,
operários e trabalhadores liberais, e coloca seus 14 pontos sobre política empresarial e
operária. “En síntesis: necessidad de cooperación entre el gobierno y los factores de la
10
CAPELATO, Maria Helena Rolim: Populismo Latino-americano em Discussão IN: FERREIRA, Jorge
(org) “O Populismo e sua história”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001. Pp. 155.
11
CÁRDENAS, Lázaro: Mensaje del Presidente de la República a los Trabajadores de La Laguna. San Pedro
de Las Colônias, Coah, 8 de deciembre de 1936. IN: “Públicos de Lázaro Cárdenas”.Siglo Veintiuno
Edictores. Ciudad de México. Pp. 232-233.
12
CRIPA, Ival de Assis. Cap. IV: A política de Massas do Cardenismo IN: “O Vento das Reformas: Lázaro
Cárdenas e a Revolução Mexicana”. Dissertação de Mestrado pela USP.
producción; la conveniencia de la central única de los trabajadores y el cese de la pugna
intergremial; el gobierno es árbitro y regulador da la vida social; las demandas de los
trabajadores serán consideradas dentro de las posibilidades económicas de las empresas; no
acordar ayuda preferente a una organización obrera; negación rotunda a que los patrones
intervengan en la organización obrera; derecho de los patrones a vincularse en un
organismo nacional; interes del gobierno en no agotar las indústrias del país, sino en
acresentarlas (…)”.13
O governo Cárdenas também tentava demonstrar que o interesse deveria ser o
mesmo para todas as classes. E a relação de reciprocidade existiu também no México.
“Toda dádiva só se cumpre com a aceitação do que é dado. Sua lógica é bilateral, e assim
como aquele que dá o faz também por necessidade, e aquele que recebe precisa aceitar o
benefício. A recusa de uma dádiva é o descumprimento de uma obrigação social”.14 Quando
o presidente concedia as reformas sociais que estavam atrasadas desde a revolução, algo
deveria vir em troca. Cárdenas conseguiu o apoio das massas populares, que o viam, não só
como um presidente que outorgava-lhe os seus direitos sociais, mas que realizava a
revolução permanente. E a sua cobrança vinha em cada discurso, sobretudo após a
amostragem de alguma concessão.

“(…) considero de mi deber expresar a trabajadores y patrones que, dentro de la ley,


disfrutarán de toda clase de garantias y apoyo para el ejercicio de sus derechos y que, por
ningún motivo, el presidente de la República permitirá excesos de inguna espécie o cós
que impliquen transgreciones a la ley o agitaciones inconvenientes”. 15

Percebe-se, então, o quanto o presidente podia exigir ou ameaçar o povo, em caso


de alguma agitação “fora dos planos”. O fato é que, sobretudo após 1936, o presidente foi
poucas vezes realmente ameaçado, e quando o foi, tinha o apoio popular que o garantia e o
legitimava quando necessário.

13
ROMERO, Javier: Mirada del topo de una clase atrsasada IN: “Públicos de Lázaro Cárdenas”.Siglo
Veintiuno Edictores. Ciudad de México.
14
GOMES, Ângela de Castro. [1994] A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro FGV Editora., 3ª. Ed.
Pp.128.
15
CÁRDENAS, Lázaro: Declaraciones del Presidente de la República sobre las causas de la agitación
prvaleciente, México, 13 de Junio de 1935.. IN: “Públicos de Lázaro Cárdenas”.Siglo Veintiuno Edictores.
Ciudad de México. Pp. 167.
Conclusão

Apesar de todos estes mecanismos de controle, não se pode negar os êxitos sociais
alcançados pelo México durante o período no qual o país foi governado por Cárdenas. O
governo Cárdenas representa, no México, “a introdução de uma nova cultura política
baseada no papel interventor do Estado nas relações sociais, o que representou, ao mesmo
tempo, atendimento de reivindicações de natureza social (…), política e subjetiva”.16
O que se pretendeu neste trabalho foi rever a cultura política do México na época.
Inscrever os termos no universo material das coisas: o Estado, a sociedade civil, a
conjuntura interna e internacional.
Podemos classificar o período de Cárdenas de duas maneiras; observando que, se
pensarmos Cárdenas como um populista, há de se levar em conta que, mesmo com um
caráter repressor por vezes, criando uma burocracia estatal e o controle dos sindicatos e
ligas camponesas, foi neste período que o país teve o seu maior avanço no que se diz
respeito a direitos sociais. As reformas agrária e industrial realizadas no México foram
impressionantes em termos de resultado, para os padrões na América Latina. Por outro
lado, se considerarmos Cárdenas um governante de esquerda, próximo ao socialismo, não
poderíamos esquecer todas as suas medidas de controle à cidadania no que se diz respeito à
direitos políticos e civis, além de um certo favorecimento à burguesia em alguns momentos.
O papel político da história nos faz muitas vezes ter que nos posicionar de forma
ideológica, obrigado a fazer críticas ou a louvar alguns governos. Talvez Cárdenas possa
ser considerado o mais democrático dos populistas quando se enxerga a construção da
cidadania mexicana em comparação com os outros Estados que passaram por experiências
de governo parecidas.

Bibliografia:

 CRIPA, Ival de Assis. O Vento das Reformas: Lázaro Cárdenas e a Revolução


Mexicana. Dissertação de Mestrado pela USP.
16
CAPELATO, Maria Helena Rolim: Populismo Latino-americano em Discussão IN: FERREIRA, Jorge
(org) “O Populismo e sua história”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001. Pp. 165.
 FERREIRA, Jorge (org) O Populismo e sua história. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 2001.
 GOMES, Ângela de Castro. [1994] A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro FGV
Editora., 3ª.Ed.
 HOBSBAWM, Eric: A Era dos Extremos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
 RÉMOND, René (org). Por uma história política. Ed. FGV. Rio de Janeiro, 2003.
 ROMERO, Javier: Públicos de Lázaro Cárdenas. Siglo Veintiuno Edictores. Ciudad de
México.

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