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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Instituto de Ciências Humanas


Departamento/Curso: História – 4.º Período
Disciplina: América Contemporânea
Prof. Edison Gomes
Aluno (a): João Vitor Dias Rezende

AVALIAÇÃO PARCIAL (30 pontos)

1. “A Revolução Mexicana foi iniciada e dirigida em sua maior parte pelas classes média e
alta do Porfiriato. Sem dúvida, há que se levar em conta que se produziram várias revoluções
dentro da própria Revolução. A frente revolucionária era fluida e os grupos revolucionários
heterogêneos, com objetivos muito distintos e, inclusive, contraditórios.”
MEYER, Jean. A reconstrução dos anos vinte: Obregón e Calles. In ANNA, T. e outros.
Historia de México. Barcelona: Crítica, 2003, p. 215.

- Após a leitura do texto, responda às questões propostas.

a) ELABORE uma síntese da Revolução Mexicana.


A Revolução Mexicana ocorreu no México entre 1910 e 1920 e se iniciou com uma
insurreição liderada por Francisco Madero contra o governo ditatorial de Porfírio Díaz, que havia
governado o país por mais de três décadas. A insatisfação popular sobre o governo cresceu à
medida que as políticas de Díaz favoreciam a elite mexicana e estrangeira em detrimento da
grande maioria dos mexicanos.
Os conflitos internos, bem como os conflitos com os Estados Unidos, marcaram de forma
direta o caminho da revolução pois, durante o governo de Porfirio Díaz, o México se tornou mais
dependente do capital estrangeiro, especialmente do investimento americano. Esse fator, causou
uma crescente desigualdade social e econômica no país, com muitas empresas estrangeiras
lucrando com os recursos mexicanos, especialmente o petróleo; ou seja, as companhias
petrolíferas americanas, tiveram grandes investimentos na indústria mexicana.
Além disso, a Revolução Mexicana também foi influenciada pelas ideias políticas e
sociais dos Estados Unidos. O liberalismo e o movimento progressista - que estavam ganhando
força nos EUA na época - influenciaram os líderes revolucionários mexicanos, como Francisco
Madero e Venustiano Carranza, que defendiam a democracia, a justiça social e a igualdade para
todos os mexicanos, ideias que foram incorporadas na Constituição mexicana de 1917 que
estabeleceu as bases para uma reforma social e econômica significativa, incluindo a
nacionalização do petróleo e a reforma agrária.
Madero conseguiu mobilizar uma grande base popular e, em 1911, derrotou as forças de
Díaz, que renunciou e partiu para o exílio. No entanto, Madero teve dificuldade em consolidar
seu governo e, em 1913, foi deposto e assassinado por um golpe liderado por Victoriano Huerta.
No entanto, a tomada de poder de Huerta foi rejeitada por diversos setores da sociedade
mexicana, incluindo os líderes revolucionários Francisco Villa, Emiliano Zapata e Venustiano
Carranza que se uniram em um acordo contra Huerta, conhecido como a Aliança
Constitucionalista, e iniciaram uma guerra civil para derrubar o governo.
A guerra civil durou dois anos e a Aliança Constitucionalista acabou vencendo. O
governo de Huerta foi derrotado em 1914, e o líder constitucionalista Venustiano Carranza
assumiu o poder como presidente do México. Carranza promoveu a elaboração de uma nova
constituição, que foi promulgada em 1917.
Em 1920 foram realizadas as primeiras eleições democráticas no México após décadas. O
novo presidente eleito, Álvaro Obregón, havia lutado na Revolução e era popular entre as
diferentes facções revolucionárias. Sua eleição foi um importante passo para a estabilização
política do país e a consolidação do poder de Álvaro Obregón foi fundamental na negociação
com os líderes de diferentes facções revolucionárias para garantir a paz e a estabilidade do país.

b) IDENTIFIQUE as características da sociedade mexicana sob o chamado “Porfiriato”, ou


seja, os governos de Porfírio Díaz de 1876 a 1880 e 1884 a 1911?

Durante esse período chamado “Porfiriato”, a sociedade mexicana passou por várias mudanças
significativas. Algumas das características da sociedade mexicana durante o Porfiriato incluem:

1) Concentração de poder: Durante o Porfiriato, foi mantido um controle rigoroso sobre o


poder político do México. Díaz governou o país com um regime ditatorial, e o poder
estava altamente centralizado nas mãos do governo federal. As liberdades civis e os
direitos individuais eram frequentemente restringidos em nome da estabilidade política.

2) Modernização econômica: Durante o Porfiriato, o México passou por um período de


modernização econômica. Grandes projetos de infraestrutura foram realizados, como a
construção de ferrovias e portos, que ajudaram a conectar o México com os mercados
internacionais e facilitaram a exportação de matérias-primas. O país também se tornou
um grande produtor de minerais, como prata e cobre.

3) Desigualdade social: Embora a economia do México tenha crescido significativamente


durante o Porfiriato, a riqueza era concentrada nas mãos de uma pequena elite de
fazendeiros e empresários. A maioria dos mexicanos continuou a viver em condições de
pobreza extrema, com acesso limitado a serviços básicos como saúde e educação.
4) Política oligárquica: Durante o Porfiriato, o México era governado por uma oligarquia de
empresários, militares e políticos poderosos. O poder era transmitido de forma hereditária
e era muito difícil para “pessoas comuns” influenciarem a política do país.

5) Tensões sociais: As desigualdades sociais e econômicas do Porfiriato criaram tensões


entre a elite governante e a população em geral. Isso acabou contribuindo para o estouro
da Revolução Mexicana em 1910, que foi motivada em parte pela luta contra as injustiças
do regime de Porfirio Díaz.

c) O nome de Emiliano Zapata figura entre as lideranças tidas como radicais da Revolução
Mexicana. Do ponto de vista socioeconômico, DESCREVA o principal projeto de Zapata.

Emiliano Zapata é considerado um líder radical por sua luta pelos direitos dos
camponeses e das comunidades indígenas. O principal projeto de Zapata era a reforma agrária,
que visava a distribuição justa de terras e a eliminação do sistema de haciendas, que era uma
forma de latifúndio que prevalecia no México da época.
O objetivo de Zapata era promover a justiça social e econômica no México, que estava
marcado pela concentração de terras nas mãos de uma pequena elite e pela exploração dos
camponeses. Ele defendia a redistribuição das terras, de modo que cada família camponesa
tivesse uma parcela de terra para trabalhar e viver. A ideia era que a terra pertencesse a quem a
trabalha, em vez de ser monopolizada pelos latifundiários.
Para alcançar esse objetivo, Zapata organizou um movimento armado no sul do México,
composto principalmente por camponeses e indígenas. Ele defendia a ideia de que a revolução
deveria ser liderada pelos pobres e oprimidos do país, em vez de pela elite política e econômica.
Sua luta era vista como uma ameaça pelos latifundiários e pela elite do país, que temiam perder
seus privilégios.
Assim, o principal projeto de Zapata visava a justiça social e a eliminação das
desigualdades no campo mexicano. Seu objetivo era promover a participação dos camponeses na
economia e na política do país, e criar condições para que pudessem ter uma vida digna e livre da
exploração.

2. O termo “populismo” costuma ser empregado para descrever regimes políticos


desenvolvidos entre a Crise de 1929 e meados do século XX na América Latina. Ele pode
ser considerado impreciso, pois, ao ser utilizado, refere-se aos aspectos comuns a todos os
países afetados por este tipo de governo, sem ponderar as especificidades conjunturais das
diferentes realidades nacionais, evidenciadas quando analisadas comparativamente.
Levando em conta essas considerações e o contexto mencionado,
a) CONCEITUE e CARACTERIZE o populismo na América Latina.
O populismo na América Latina é um movimento político e ideológico que surgiu no
início do século XX e se consolidou nas décadas seguintes. O populismo tem sido uma força
política significativa na região, tendo influenciado muitos governos e líderes políticos ao longo
dos anos.
O populismo na América Latina é caracterizado por uma retórica que apela diretamente
ao povo, utilizando frequentemente discursos emocionais. Os líderes populistas se apresentam
como defensores do povo contra a elite política e econômica e, muitas vezes, se propõem a
resolver os problemas sociais e econômicos da população por meio de políticas de redistribuição
de renda e de proteção social.
Os governos populistas na América Latina frequentemente buscam estabelecer um forte
controle do Estado sobre a economia, nacionalizando empresas e implementando políticas
protecionistas. O populismo também é frequentemente associado a políticas sociais e econômicas
que priorizam a inclusão social e a redução da desigualdade.
No entanto, o populismo na América Latina também é frequentemente associado a
tendências autoritárias e à concentração de poder nas mãos do líder populista. A oposição
política é muitas vezes demonizada e o governo pode utilizar mecanismos para limitar a
liberdade de imprensa e a liberdade de expressão.
Com isso, o populismo na América Latina é caracterizado por uma retórica que busca
mobilizar as massas e apelar diretamente ao povo, com políticas sociais e econômicas que visam
a reduzir as desigualdades e a inclusão social. Porém, também pode ser associado a tendências
autoritárias e à concentração de poder nas mãos do líder populista.

b) DESCREVA os principais governos latino-americanos ditos populistas e suas respectivas


lideranças políticas;
A América Latina tem uma longa história de governos populistas, que remonta ao início do
século XX. Abaixo, descrevo alguns dos principais governos populistas da região e suas
lideranças políticas:
1) Juan Perón (Argentina, 1946-1955, 1973-1974): Juan Perón foi um líder populista que
governou a Argentina por dois períodos. Seu governo foi caracterizado por políticas de
proteção social, nacionalização de empresas e forte presença do Estado na economia.
Perón também promoveu a criação de sindicatos e fortaleceu a classe trabalhadora,
tornando-se um símbolo da justiça social.
2) Getúlio Vargas (Brasil, 1930-1945, 1951-1954): Getúlio Vargas foi um líder populista que
governou o Brasil por dois períodos. Seu governo foi marcado pela criação de leis
trabalhistas e previdenciárias, bem como por políticas de industrialização e
nacionalização de empresas. Vargas também promoveu a criação de um forte Estado
centralizado e a construção de uma identidade nacional brasileira.
3) Lázaro Cárdenas (México, 1934-1940): Lázaro Cárdenas foi um líder populista que
governou o México durante um período de grande reforma agrária. Seu governo foi
caracterizado pela expropriação de terras de latifundiários e sua distribuição para
camponeses. Cárdenas também nacionalizou a indústria petrolífera mexicana e promoveu
a criação de sindicatos de trabalhadores.
4) Hugo Chávez (Venezuela, 1999-2013): Hugo Chávez foi um líder populista que governou
a Venezuela por 14 anos. Seu governo foi marcado por políticas sociais voltadas para os
mais pobres, nacionalização de empresas e forte presença do Estado na economia.
Chávez também promoveu a integração regional através da criação da Aliança
Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).
5) Evo Morales (Bolívia, 2006-2019): Evo Morales foi um líder populista que governou a
Bolívia por 13 anos. Seu governo foi caracterizado pela nacionalização de empresas,
políticas sociais e econômicas que visavam a inclusão social e a redução das
desigualdades. Morales também promoveu a defesa dos direitos dos povos indígenas e a
proteção ambiental.

c) INDIQUE e CARACTERIZE uma semelhança e uma diferença entre cada um dos casos
citados no item anterior.
Com base nos governos populistas citados na questão anterior, apresento abaixo uma semelhança
e uma diferença entre cada um deles:

1) Juan Perón (Argentina) e Getúlio Vargas (Brasil)


Semelhança: Ambos os líderes populistas promoveram políticas de proteção social, como a
criação de leis trabalhistas e previdenciárias, bem como políticas de nacionalização de empresas.
Diferença: Enquanto Perón defendia uma forte presença do Estado na economia, Vargas
promoveu uma política de substituição de importações, incentivando a industrialização do Brasil.
2) Lázaro Cárdenas (México) e Hugo Chávez (Venezuela)
Semelhança: Ambos os líderes populistas nacionalizaram empresas estratégicas, como a
indústria petrolífera.
Diferença: Enquanto Cárdenas promoveu a reforma agrária e a criação de sindicatos de
trabalhadores, Chávez enfatizou políticas sociais e econômicas que visavam a inclusão social e a
redução das desigualdades.
3) Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia)
Semelhança: Ambos os líderes populistas promoveram políticas sociais e econômicas que
visavam a inclusão social e a redução das desigualdades.
Diferença: Enquanto Chávez defendia uma forte presença do Estado na economia e promoveu a
integração regional, Morales promoveu a defesa dos direitos dos povos indígenas e a proteção
ambiental.

3. As décadas de 1960 e 1970 na América Latina foram marcadas pela instauração de


Regimes Militares, quando foram implementados sofisticados mecanismos de repressão
contra aqueles considerados “ameaças” aos Governos Ditatoriais.
- Considerando as informações contidas na imagem acima, ANALISE, historicamente, as
características do aparelho repressivo dos Regimes Militares nos diversos países da
América Latina, tendo em vista a Doutrina de Segurança Nacional.

A Doutrina de Segurança Nacional foi uma ideologia adotada pelos regimes militares na
América Latina durante as décadas de 1960 e 1970, que se baseava na premissa de que a
segurança nacional era a prioridade máxima do Estado, e que qualquer ameaça interna ou externa
deveria ser eliminada. Isso levou à implementação de sofisticados mecanismos de repressão
contra aqueles considerados “ameaças” aos governos ditatoriais, incluindo dissidentes políticos,
estudantes, sindicalistas e outros grupos que fossem considerados suspeitos.
As principais características do aparelho repressivo dos regimes militares na América Latina são:

Censura à imprensa e aos meios de comunicação: Os regimes militares impuseram rígidos


controles sobre a imprensa e os meios de comunicação, a fim de garantir que apenas as
mensagens oficiais fossem divulgadas. Isso incluía a proibição de jornais e revistas críticas ao
governo, bem como a censura de conteúdo de rádio e televisão.

Perseguição aos separatistas políticos: Os regimes militares promoveram uma ampla


perseguição política contra seus oponentes, incluindo prisões arbitrárias, torturas e execuções
extrajudiciais. Muitos dissidentes políticos foram forçados a deixar o país ou a viver na
clandestinidade para evitar a perseguição.

Controle da educação: Os regimes militares controlavam de perto o sistema educacional, a fim


de garantir que os valores do governo fossem ensinados às gerações mais jovens. Isso incluiu a
proibição de livros e ideias considerados subversivos.

Espionagem e vigilância: Os regimes militares utilizaram amplamente a espionagem e a


vigilância para monitorar a atividade política e suprimir qualquer ameaça ao governo. Isso
incluiu a criação de vastas redes de informantes e a utilização de tecnologia de vigilância
sofisticada.
Operações de contrainsurgência: Os regimes militares lançaram uma série de operações de
contrainsurgência para suprimir qualquer ameaça armada à ordem estabelecida. Isso incluiu o
uso de forças especiais e a realização de ações violentas contra grupos armados de oposição.

Os regimes militares na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 foram caracterizados
por um aparelho repressivo que suprimiu qualquer oposição política ou social. A Doutrina de
Segurança Nacional serviu como justificativa para a implementação dessas políticas, que
resultaram em violações generalizadas dos direitos humanos e em um legado duradouro de
trauma e divisão política na região.

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