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MATRÍCULA: 202179240009
REVOLUÇÃO MEXICANA
Introdução:
Entre os líderes mais proeminentes da Revolução Mexicana estão Emiliano Zapata, que
liderou os camponeses no sul do país em busca de uma reforma agrária; Pancho Villa, um
carismático general que liderou uma força militar no norte do México; e Venustiano Carranza,
que inicialmente apoiou Madero, mas depois se tornou um líder importante na luta contra
Díaz.
A Revolução:
“Ainda que algumas mulheres de classe alta tenham lutado na Revolução, a maioria
encontrou maneiras de libertação através de ativismo político e se incluindo no
mercado de trabalho aberto pelos avanços econômicos do porfiriato. Formaram
grupos no intuito de obter o voto feminino, maior acesso à educação e à
contracepção e em apoio a candidatos políticos - exemplos de tais grupos incluem o
Consejo Feminista e a Liga Feminista Mexicana. Assim, a maioria se manteve sem
desafiar as barreiras que a classe social ergue e puderam ter seus nomes ligados à
História do país (TOSI, 2016, p. 143)
Outra forma de apoio das mulheres à guerra foi sua participação direta ao lado dos
homens, indo além das tarefas domésticas. Algumas mulheres integraram o Exército Federal
ou as forças opositoras, enfrentando situações mais desafiadoras do que os homens.
Exemplificando essa participação, a capitana Petra Herrera destacou-se por sua coragem e
habilidades no campo de batalha, liderando um regimento exclusivamente feminino e
alcançando muitas vitórias após ter seu segredo revelado (TOSI, 2016, 151 – 152). Os
processos revolucionários são intrinsecamente ambíguos e complexos, envolvendo
possibilidades emancipatórias e gestos de domesticação. A presença das mulheres nos
exércitos da Revolução Mexicana ilustra essa dualidade. Embora seus papéis prescritos
muitas vezes delimitassem uma participação doméstica, as mulheres, ao se tornarem
soldaderas e pegarem em armas, conseguiram transcender algumas das limitações tradicionais
em suas vidas.
No entanto, esse desenvolvimento também gerou contradições, visto que os trilhos que
escoavam produtos provocaram a resistência armada de líderes como Zapata e Villa. A
industrialização e a formação do mercado mundial trouxeram consigo contradições do
capitalismo, com os operários mexicanos, especialmente os ferroviários, desenvolvendo
consciência de luta de classes. As greves desses trabalhadores foram reprimidas violentamente
pelas oligarquias latino-americanas com apoio do capitalismo internacional, mas esses
movimentos foram precursores da Revolução Mexicana, desafiando a suposta "paz porfiriana"
que camuflava as crescentes lutas de classes.
Ainda segundo Waldir José Rampinelli (2011), A Revolução Mexicana atraiu a atenção
das principais potências mundiais devido às dimensões do processo revolucionário e por
ocorrer em um país subdesenvolvido ao lado de um desenvolvido. Alemanha, Inglaterra,
França e Japão exerceram pressões internacionais sobre os programas e políticas da
Revolução Mexicana para disputar a hegemonia sobre a América Latina, visando vantagens
nas relações internacionais em oposição aos Estados Unidos. O México, rico em commodities
como minerais e petróleo, era alvo de disputas e rivalidades entre potências mundiais antes
mesmo do início da Revolução. A ditadura de Porfírio Díaz, buscando afastar-se do
predomínio dos investimentos dos Estados Unidos, procurou atrair investimentos europeus,
irritando o governo de Washington. A elite governante mexicana optou por se distanciar dos
investimentos dos EUA devido ao maior envolvimento com os europeus, à disposição das
companhias europeias em aceitar propostas dos "científicos" mexicanos e à incompatibilidade
do predomínio de Washington com o conceito de desenvolvimento econômico dos
"científicos".
O Partido Liberal Mexicano teve influência marcante em grandes greves no país, como
as de Cananea (1906), Rio Blanco (1907) e San Luis Potosi (1907). Além disso, desempenhou
um papel significativo na formação de uma consciência anti-imperialista, dada a presença de
proprietários estadunidenses nas minas e fábricas, e na repressão da greve de Cananea pelo
Exército do Norte, reforçando a consigna do partido de um levante armado até o triunfo da
revolução.
Duas grandes abordagens para a queda de Porfirio Díaz foram discutidas: o Partido
Liberal Mexicano defendia uma revolução armada e anticapitalista, enquanto Francisco I.
Madero e a antirreeleição buscavam uma mudança não violenta com foco político. A
revolução maderista era reformista, visando preservar e fortalecer o sistema de livre empresa,
enquanto o Partido Liberal Mexicano buscava uma revolução social com a participação de
operários e camponeses. Essas divergências revelavam as contradições e objetivos distintos
entre os principais grupos revolucionários no início da Revolução Mexicana em 1910.
O Plano de Ayala, do artigo 1º ao 3º, lida com as questões políticas após a ruptura com
Madero, enquanto do artigo 9º ao 15º aborda as ações a serem tomadas após a derrota do
regime maderista. O Plano é considerado revolucionário por exigir a restituição imediata das
terras, criar tribunais revolucionários, responsabilizar fazendeiros pela legalidade da
propriedade, priorizar o bem-estar coletivo sobre o individual e estabelecer o direito de defesa
armada das conquistas.
Apesar de sua abordagem anticapitalista, o Plano de Ayala não propõe uma solução
para o problema do poder em si. Segundo Gilly, os limites do zapatismo estão na distribuição
das terras com base nos títulos da época vice-reinal. O Plano rompe com a estrutura do
latifúndio, mas ainda mantém traços da ideologia pequeno-burguesa.
O Manifesto de San Andrés, emitido por Villa em 1916, revela seu programa anti-
imperialista, propondo a abolição da dívida pública, a proibição da propriedade de terras por
estrangeiros, a nacionalização de minas estrangeiras e ferrovias, e o fechamento da fronteira
com os Estados Unidos.
Villa, perseguido pelo governo mexicano e boicotado pelos EUA, busca apoio popular.
Seu governo em Chihuahua é caracterizado por medidas sociais avançadas, incluindo salários
justos, controle de preços, construção de escolas e hospitais. O Centauro do Norte, como é
chamado, adota uma postura radical na terceira fase de sua atuação (1916-1920), envolvendo-
se em guerrilha contra o governo constitucionalista.
Waldir José Rampinelli afirma que a reconfiguração das classes sociais mexicanas foi
uma consequência marcante, acompanhada pelo surgimento da classe média urbana. O
movimento também estabeleceu um Estado de bem-estar-social mais proeminente em
comparação com outras nações latino-americanas. A fundação da Universidade Nacional
Autônoma do México e a implementação de um amplo projeto de alfabetização foram passos
significativos na promoção da educação.
Conclusão:
A Revolução Mexicana foi um fenômeno complexo e multifacetado, sendo crucial
analisar suas nuances através da lente das classes sociais mais baixas. A luta por terra, direitos
trabalhistas e igualdade de gênero convergiram em um movimento que transcendeu as
fronteiras tradicionais das revoltas políticas. O legado da Revolução Mexicana permanece
vivo nas estruturas sociais e políticas do México contemporâneo, recordando-nos de que as
vozes das classes mais baixas são, e devem continuar a ser, motoras da mudança social.
A Revolução Mexicana, marcada por sua complexidade e diversidade, revela uma trama
intricada de lutas e transformações, onde as classes sociais mais baixas desempenharam
papéis cruciais. Ao analisarmos esse fenômeno, é imperativo destacar a participação
significativa das mulheres, notadamente as soldaderas, que romperam as barreiras de gênero
ao se envolverem ativamente no conflito armado.
Referências:
RAMPINELLI, Waldir. A Revolução Mexicana: seu alcance regional, precursores, a luta de classes
e a relação com os povos originários. Revista Espaço Acadêmico, Paraná, N126, Novembro de 2011.