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BRASÍLIA
2023
O golpe de 1964 e as práticas de intervenção do exército brasileiro ao longo da
história.
Tendo ocorrido em abril de 1964, o golpe militar inaugurou um período marcado pela
insegurança e autoritarismo. O regime político que se desenvolveu a partir do golpe tinha
como objetivo conter o avanço dos movimentos sociais e promover um ambiente propício
para a expansão de uma economia capitalista. Além de servir de modelo para os golpes
militares que aconteciam por toda a América Latina e que pretendiam, também, reprimir os
movimentos populares e culturais que vinham tomando força e forma desde o fim da década
de 1950.
As Forças Armadas têm um histórico na intervenção política brasileira desde a
Proclamação da República e ajudaram Vargas chegar ao poder na mesma medida em que
foram protagonistas de sua queda, em 1945. Dessa forma, o Exército possuía autonomia e
domínio do uso da violência na sociedade, sob o pretexto da defesa dos interesses da
nação. Além disso, tinha a relação dos Estados Unidos com os países da América Latina,
marcada pelo domínio econômico do primeiro sobre os segundos.
A junta militar que assumiu o controle do Brasil após o golpe alegava defender a
democracia, a legalidade e as instituições, com o pretexto de eliminar a ameaça da
subversão e do comunismo. No entanto, muitas das medidas adotadas apresentavam um
caráter antidemocrático, especialmente os Atos Institucionais. Durante o regime, foi criado o
SNI (Serviço Nacional de Informações) e várias leis foram estabelecidas para regular a
atividade da imprensa.
Esses mecanismos, embora aparentassem manter o país sob controle, resultaram na
intensificação da repressão e na construção de um estado terrorista, caracterizado por
violações graves dos direitos humanos. Na verdade, a repressão minava os valores liberais
e democráticos aos quais os militares afirmavam ser comprometidos. O Ato Institucional 5
representou o limite na tentativa de repressão, pois afetava todos os setores da sociedade e
presumia a existência de oposição em todas as classes sociais.
O regime militar no Brasil perdurou por várias décadas devido a uma série de fatores.
Os militares, ao adotar medidas repressivas para conter as forças opositoras e utilizar
políticas econômicas, como o chamado "milagre brasileiro", conseguiram conquistar o apoio
das classes médias, o que contribuiu para sua estabilidade. Além disso, a Doutrina de
Segurança Nacional, aliada a uma ideologia homogênea, ajudou a criar uma imagem
distorcida de nacionalismo no país.
No entanto, ao mesmo tempo, a queda do regime militar pode ser explicada por
diversos fatores. Houve divisões dentro das próprias forças armadas, entre os militares
considerados "linha dura" e os "linha branda". O fim do milagre econômico resultou na
estagnação do crescimento econômico e na diminuição do poder de compra da população.
Além disso, houve uma mobilização das massas e um aumento das aspirações
democráticas, especialmente através da luta pelos direitos humanos, liberdade de
expressão e respeito às opiniões. Esses elementos foram fundamentais para o
enfraquecimento e a eventual queda do regime militar.
REFERÊNCIA