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Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Técnico em Design de Móveis


Disciplina: História III

Resumo: Era dos Extremos


Cap. 04 “A queda do liberalismo”

Prof.: Gilmary Façanha


Aluna: Samara Jhowsyllen
São Luís, 23 de maio de 2023.
A QUEDA DO LIBERALISMO
O autor começa o capítulo dizendo: “De todos os fatos da Era da Catástrofe, os
sobreviventes do século XIX ficaram talvez mais chocados com o colapso dos valores e
instituições da civilização liberal cujo progresso seu século tivera como certo, pelo
menos nas partes “avançadas” e “em avanço” do mundo.” Esses valores que o mesmo
fala eram a desconfiança da ditadura e do governo absoluto. O Estado e a Sociedade
deveriam ser alertados pelos valores da razão, do debate público, da educação, da
ciência e da melhoria das condições humanas. Esses valores pareciam cada vez mais
claros, tinham progredido durante todo o século e estavam certos de que iam avançar
cada vez mais e mais. Antes de 1914, esses valores só tinham sido contrariados por
forças tradicionalistas, como por exemplo a Igreja Católica Romana, que ergueu
barricadas defensivas contra forças superiores da modernidade. E também existem
alguns fatos motivos de alarme, como por exemplo: “A ignorância e atraso das massas,
seu compromisso com a derrubada da sociedade burguesa pela revolução social, e a
irracionalidade humana latente tão facilmente explorada por demagogo” (cita Eric
Hobsbawm). Entretanto, o movimento trabalhista socialista, o mais perigoso dos novos
movimentos de massa, era na verdade, tão apaixonadamente comprometido com os
valores quanto qualquer outro.
E sim, as instituições Da democracia liberal havia avançado politicamente, A explosão
do barbarismo em 1914 a 1918 aparentemente apenas apressou esse avanço. Com
exceção da Rússia soviética, todos os regimes que surgiram da primeira guerra mundial,
sejam novos ou velhos eram basicamente regimes parlamentares representativos eleitos.
A verdade é que as instituições básicas do governo liberal constitucional E eleições para
assembleia representativas, eram quase universais no mundo de países independentes
nessa época. Representativas. Os que não tiveram quaisquer eleições no período de
1919 a 1947 eram restos políticos isolados. Outros cinco estados que tiveram apenas
uma eleição nesse período, o que não quer dizer uma forte inclinação para democracia
eram Afeganistão, a China de Kuomintang, a Guatemala, o Paraguai, e a Tailândia, mas
a própria existência das eleições era indício de alguma intervenção das ideias das
políticas liberais. Claro que não é sugerido que a simples presença ou frequentes de
eleições prove mais que isso. O autor cita no capítulo que nem o Irã que teve seis
eleições depois da década de 30, nem o Iraque que teve três, poderiam ser considerados
“bastiões da democracia” como diz Eric Hobsbawm.
Do mesmo jeito, esses regimes eleitorais representativos eram bastante frequentes. “E
no entanto os 23 anos entre a chamada Marcha sobre Roma de Mussolini e o auge do
sucesso do Eixo da Segunda Guerra Mundial viram uma retirada acelerada e cada vez
mais catastróficas das instituições políticas liberais” (Eric Hobsbawm). Em 1918 a
1920, as assembleias legislativas foram desfeitas ou foram se tornando inúteis em dois
Estados europeus, em 1920 em seis, em 1930 em nove Estados, durante o tempo em que
a ocupação alemã destruía o poder constitucional em outros cinco Estados durante a
Segunda Guerra Mundial.
Nas Américas, a outra região de estados Independentes, a situação era um pouco mais
confusa, mas não chegava a surgir um avanço Geral das instituições democráticas. O
melhor que podemos dizer é que os movimentos entre o fim da Primeira Guerra
Mundial e o fim da segunda foram às vezes para a esquerda às vezes para a direita.
Quanto ao resto do mundo grande parte do qual consiste em colônias e portanto não
liberais, afastou-se das constituições liberais, na medida em que algum dia as tinham
tido.
Em certo ponto do capitulo o autor faz um breve resumo sobre o liberalismo“[...]Em
resumo, o liberalismo fez uma retirada durante toda a era da catástrofe, movimento que
se acelerou acentualmente depois que Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha em
1933 tomando-se o mundo como um todo, havia talvez 35 ou mais governos
constitucionais e eleitos em 1920 ponto até 1938, havia talvez 17 desses estados, em
1944 talvez 12, de um total global de 65 a tendência mundial parecia clara.”
Talvez vale a pena ressaltar que nesse mesmo período a ameaças às instituições liberais
vinham apenas da política de direita, já que entre 1945 e 1989 se supôs, que vinha
essencialmente do comunismo. Até este momento o termo “totalitarismo”, inicialmente
inventado como uma descrição do fascismo italiano e era aplicado quase que somente
esses regimes. A Rússia Soviética estava afastada, não podia e nem mesmo queria,
ampliar o comunismo. A revolução social sobre a liderança Lenista, ou qualquer outra,
deixou de se espalhar após a onda inicial de depois da guerra refluiu. Os marxistas
(movimento social-democrata) tornaram-se mais forças mantendo-as do Estado que
forças subversivas, e não era questionado seu compromisso com a democracia. Nos
movimentos trabalhistas da maioria dos países Os Comunistas eram minorias e onde
eram fortes, na maioria dos casos foram ou iriam ser suprimidos o medo da revolução
social, e do papel dos comunistas na mesma Era bastante real, como foi provado na
segunda onda de revolução durante e após a Segunda Guerra, porém, nos 20 anos do
declínio do liberalismo, nem um único regime sequer que pudesse ser chamado de
“liberal-democrático” foi derrubado pela esquerda. O perigo vinha especialmente da
direita e a mesma não representava apenas uma ameaça ao governo constitucional e
representativo, mas sim uma ameaça ideológica a civilização liberal, e um movimento
potencialmente mundial, para que o rótulo do fascismo é ao mesmo tempo tanto
insuficiente quanto relevante.
Insuficiente pelo fato de que de modo algum todas as forças que derrubavam os regimes
liberais eram fascistas. E relevante pois o fascismo, primeiro na sua forma italiana e
segundo em sua forma alemã do nacional-socialismo, inspirou outras formas não
liberais, apoiou as mesmas e deu pulará a direita internacional um senso de confiança
histórica.
As forças que derrubaram esses regimes liberal-democrático eram de três tipos, todos
eram contra a revolução social, e todos eram hostis e autoritários às políticas liberais.
Logo após a derrubada da breve República Soviética Húngara de 1919, o almirante
Horthy, chefe do que ele dizia ser rei da Hungria, governou um Estado autoritário que
continuou sendo parlamentar, mas não democrático. Tudo visava favorecer os militares
e promover a polícia, ou qualquer grupo de homens capazes de exercer opressão física,
pois esses eram o principal alicerce contra a subversão. E realmente o apoio deles foi
muitas vezes essencial para a direita chegar ao poder. Todos pretendiam ser
nacionalistas, primeiro por causa do ressentimento contra Estados estrangeiros, guerras
perdidas ou impérios insuficientes e segundo porque agitar bandeiras nacionais tinham
dois caminhos, ou a legitimidade ou a popularidade.
Todavia, se os regimes reacionários tinham origens e inspirações mais antigas que o
fascismo, e algumas vezes bem diferente dele, nenhuma linha nítida os separavam, até
porquê ambos compartilhavam os mesmos inimigos e se duvidar, as mesmas metas.
Dessa forma, a Igreja Católica Romana, profunda e inflexivelmente reacionária, não era
fascista. Na verdade, por sua hostilidade a estados essencialmente seculares com
pretensões totalitárias, a igreja veio a sofrer a oposição do fascismo. Mas a doutrina do
"estado corporativo", melhor exemplificada em países católicos, foi elaborada em
grande parte por círculos fascistas embora estes, tivesse recorrido a tradição católica
para fazê-lo. A ambiguidade da atitude da igreja em relação ao racismo de Hitler foi
muitas vezes comentadas, com uma frequência menor observaram a ajuda considerada
dada após a guerra por pessoas dentro da igreja, a fugitivos nazistas ou fascistas de
vários tipos inclusive muitos deles acusados de crimes de guerra horripilantes.
E com certeza era fascista assinalou uma virada na história católica, em grande parte
porque a identificação da igreja com A direita cujos maiores porta-voz internacionais
eram agora Hitler e Mussolini, ponto por outro lado o antifascismo ou a simples
resistência Patriótica ao conquistador estrangeiro pela primeira vez dava legitimidade ao
catolicismo democrático dentro da igreja. A igreja resistia fazer concessões a política da
democracia e do liberalismo em países oficialmente católicos, embora se preocupasse
com a ascensão do socialismo ateu o bastante para formular em 1891, uma política
social que acentuava a necessidade dos trabalhadores e o que lhes era devido, mantendo
ao mesmo tempo o caráter sagrado da família e da propriedade privada mas não do
capitalismo como tal. Exceto a Itália, onde o papa Benedito permitiu por um pequeno
período que um grande Partido Popular, e é claro, católico, surgisse após a Primeira
Guerra Mundial , até o fascismo destruir o Partido Popular, os católicos democráticos e
sociais continuaram sendo minorias políticas marginais. Graças ao avanço do fascismo
em 1930 que os tirou do “casulo”, embora os católicos que declaravam seu apoio à
República Espanhola era um grupo bem pequeno, apesar de ser intelectualmente
importante. A resistência que eles justificavam com base no patriotismo e não na
ideologia, deu-lhes uma oportunidade, e a vitória lhes permitiu tomá-la. E quando o
liberalismo desmoronou, a igreja se rejubilou com sua queda.
Restam os movimentos que podem realmente serem chamados de fascistas. O primeiro
foi o italiano, que sozinho não teve muita atração internacional, mesmo que tentasse
influenciar e financiar pequenos movimentos em outras partes.
Eric Hobsbawm diz “[...] Sem o triunfo de Hitler na Alemanha no início de 1933, o
fascismo não teria se tornado um movimento geral. Mais que isso sem o trunfo de Hitler
na Alemanha, a ideia do fascismo como um movimento universal, uma espécie de
equivalente direitista do comunismo internacional tendo Berlim como sua Moscou, não
teria evoluído.”
O autor diz também que não é fácil discernir, depois de 1933, o que vários tipos de
fascismo tinham em comum, além do senso geral de hegemonia alemã. Atraíam todo
tipo de teóricos reacionários em países de vida intelectual conservadora ativa, mas esses
eram elementos muito mais decorativos do que estruturais do fascismo, dito isso, Eric
Hobsbawm afirma “[...] Mussolini poderia facilmente ter dispensado seu filósofo de
plantão, Giovanni Gentile, e Hitler na certa nem soube nem se importou com o filosofo
Heidegger.”
A brutal diferença entre a direita fascista e não fascista era que o fascismo existia
parando massas de baixo pra cima. Pertencia essencialmente à era da política
democrática e popular. O fascismo se alegrava na mobilização das massas, e mantinha
simbolicamente na forma de teatro público mesmo quando chegava ao poder. Os
fascistas eram os revolucionários da contra revolução.
Apesar de tudo, o que precisa ser explicado é a combinação de valores conservadores,
técnicas de democracia de massa e a ideologia de barbarismo irracionalidade. Certos
movimentos não tradicionais da direita radical tinham surgido em vários países
europeus no século XIX, em reação ao liberalismo, à ascensão dos movimentos da
classe trabalhadora e à onda de estrangeiros que invadiam o mundo na maior migração
de massa da história.
O final do século XIX introduziu a xenofobia de massa, da qual o racismo se tornou
uma expressão comum. Sua força pode ser mentira não apenas pelo temor da imigração
polonesa que levou o grande sociólogo alemão liberal Max Weber a apoiar
temporariamente a liga Pangermânica, mas também pela campanha cada vez mais Febril
contra a imigração de massa dos EUA que acabou levando durante e após a primeira
guerra Liberdade a fechar suas fronteiras.
A ascensão da direita radical depois da Primeira Guerra foi sem sobra de dúvidas uma
resposta ao perigo e também a realidade, da revolução social e do poder operário, e
também a Revolução de Outubro e ao Leninismo. Sem esses, não haveria fascismo
nenhum, pois mesmo os demagógicas ultradireitistas tivessem sido politicamente
barulhentos e agressivos em alguns países europeus, quase sempre tinham sido mantidos
em controle.
Entretanto, duas restrições deveriam ser feitas. “[...] Primeiro subestima o impacto da
Primeira Guerra Mundial sobre uma importante camada de soldados e jovens
nacionalistas, em grande parte da classe média e média baixa, os quais, depois de
novembro de 1918, ressentiram-se de sua oportunidade perdida de heroísmo...” e “[...] A
segunda restrição é que a reação da direita respondeu não ao bolchevismo mas a todos
os movimentos que ameaçavam a ordem existente da sociedade ou podiam ser culpados,
essencialmente a classe operária organizada.”
Além disso, Eric Hobsbawm também afirma que a ameaça implícita na ascensão da
força dos trabalhadores fazia gelar o sangue dos conservadores, ainda mais que a
transformação de líderes sindicais é orações da oposição em ministro do governo,
embora isso já tenha sido difícil de entender.
Mas o que deu oportunidade ao fascismo após a Primeira Guerra, foi o colapso de
velhos regimes, e junto com eles a velha classe dominantes e sua máquina de poder. O
fascismo não era necessário onde uma nova classe oi grupo nacionalista podia assumir o
poder em países que são recém independentes.
A novidade do fascismo era que, uma vez no poder, ele se recusava a jogar segundo as
regras dos velhos jogos políticos, e tomava posso onde podia. Durante o decorrer das
afirmações sobre o fascismo, Eric Hobsbawm destaca duas teses igualmente
inadequadas sobre o fascismo: “uma fascista, mas adotada por muitos historiadores
liberais, e outra cara ao marxismo soviético ortodoxo. Não houve ‘revolução fascista’,
nem foi o fascismo a expressão do ‘capitalismo monopolista’ ou do grande capital”.
Existe uma questão na parte IV do capítulo que é: “Teria o fascismo se tornado muito
significativo na história do mundo se não fosse a Grande Depressão?” e o próprio autor
a responde “É provável que não”. Na década de 1920, nenhum outro movimento
europeu de contra-revolução da direita radical dava a impressão de ter muito futuro, em
grande parte pelos mesmos motivos que levaram o fracasso o as tentativas
insurrecionais de revolução social comunista. Na Alemanha, os pilares da sociedade
imperial, generais, funcionários públicos e o resto, tinham realmente dado apoio aos
paramilitares mercenários.
Entretanto, mesmo a Grande Depressão não teria dado ao fascismo a força e nem
mesmo a influência que o mesmo exerceu em 1930 se por acaso não tivesse levado um
movimento desse tipo ao poder na Alemanha. Mesmo a derrota absoluta em duas
guerras mundiais não impediu a Alemanha de acabar o século XX como 9 Estado
dominante do continente.
O fascismo europeu não podia ser reduzido a um feudalismo oriental com uma missão
imperial nacional. Pertencia essencialmente à era da democracia e do homem comum,
embora o próprio conceito de um movimento de mobilização de massa para fins novos,
na verdade revolucionários, guiados pelos líderes autodesignados...
Os regimes fascistas europeus destruíram os movimentos trabalhistas, os líderes latino-
americanos que eles inspiraram e criaram. Independente de filiação intelectual,
historicamente não podemos falar do mesmo tipo de movimento.
Também esses movimentos devem ser vistos como parte do declínio e queda do
liberalismo na Era da Catástrofe . Pois embora a ascensão é trunfo do fascismo fossem a
expressão mais espetacular da derrota liberal, é um erro, mesmo na década de 30, ver
essa queda exclusivamente em termos de fascismo.
Em certas circunstâncias, a democracia tornava-se mais um mecanismo para formalizar
a divisões de grupos inconciliáveis que qualquer outra coisa. Muitas vezes, até mesmo
nas melhores das circunstâncias, não produziam nenhuma base estável para o governo
democrata. A própria retórica da política anuncia candidatos e partidos como
representativos do Nacional do que do estreito interesse partidário. Em tempos de crise,
os custos do sistema pareciam insustentáveis, e seus benefícios incertos.
Eric Hobsbawm finaliza o capítulo 4 dizendo: “[...] ninguém provia eu esperava a sério
seu renascimento do pós-guerra, menos predominante em todo o grupo Na década de
1990. Para os que observavam retrospectivamente, a partir dessa época, O período entre
guerras, a queda de sistemas políticos liberais parecia uma breve interrupção em sua
secular Conquista do Globo. Infelizmente, à medida que se aproximava o novo milênio,
às incertezas em torno da democracia política não parece assim tão remotas. O mundo
pode estar vindo infelizmente e entrando num período em que as vantagens desse
sistema não parecem mais tão óbvias quanto em 1950 e 1990”.

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