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Isso ocorre por uma razão simples: a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial
permitiu às potências vitoriosas não só estabelecer uma nova ordem geopolítica
global, em Yalta, mas também construir a sua própria narrativa histórica, e impor
a sua própria agenda de valores. Nesse esquema, ao fascismo foi atribuído o papel
de “Mal Absoluto”.
Para o liberalismo, só “combater o Mal” legitima a guerra, então o inimigo deve ser
invariavelmente apontado como o Mal Absoluto, a encarnação do Diabo, sendo
então desumanizado e podendo ser completamente exterminado, pela desculpa de
que “ele também faria isso”.
Para Roger Griffin, cientista político britânico, escritor de “The Nature of Fascism”,
o fascismo é uma ideologia revolucionária política cujo núcleo é uma forma
palingênica (renascida) de ultranacionalismo populista, que busca moldar o povo
em uma comunidade nacional por uma aliança entre classes para deter a maré de
decadência.
Para Augusto del Noce, o fascismo não seria de fato uma negação completa do
marxismo, mas antes uma "revisão" dele. O fascismo se projeta, portanto, como
uma revolução "posterior" no que diz respeito ao marxismo-leninismo.
Para A. James Gregor "O fascismo foi uma variante do sindicalismo de Sorel, que
se anunciava como socialismo voluntarista, neo-idealista e elitista." (A. James
Gregor, in The Ideology of Fascism: The Rationale of Totalitarianism, (1969, pag. 317)
"Os primeiros fascistas eram quase todos marxistas - sérios teóricos que há
muito se identificavam com a intelligentsia de esquerda da Itália."
"A inspiração ideológica mais direta do fascismo veio da influência colateral dos
"subversivos" mais radicais da Itália - os marxistas do sindicalismo
revolucionário."
James Gregor ainda diz que "[...] o termo “fascismo”, que cientificamente
compreendido se aplica com bastante propriedade a muitos governos
esquerdistas do Terceiro Mundo (v. A. James Gregor, The Ideology of Fascism, 1969,
e Interpretations of Fascism, 1997), é usado pela esquerda como rótulo infamante
para denegrir idéias tão estranhas ao fascismo como a liberdade de mercado e o
anti-abortismo.
Para João Camilo de Oliveira Torres, "O certo é que o fascismo foi uma nova forma
de socialismo — a leitura de certos livros como o Socialismo Alemão de Sombart,
mostra isto muito bem — um socialismo voltado não para a classe, mas para a
nação." (João Camilo de Oliveira Torres, A libertação do liberalismo. Livraria
Editora da Casa do Estudante do Brasil, 1949, p. 41)
"O fascismo é, afinal, o socialismo de homens que não mais acreditam em Marx e
que acham conveniente agradar a todos os grupos que lhes possam ser úteis."
(João Camilo de Oliveira Torres, Ameaça fascista? Tribuna da Imprensa, 10 de maio
de 1960)
Para Winston Churchill, "O fascismo foi a sombra ou o filho torto do comunismo.
Enquanto o cabo Hitler prestava serviços ao oficialato alemão em Munique,
despertando nos soldados e trabalhadores um ódio feroz contra judeus e
comunistas, a quem ele culpava pela derrota da Alemanha, outro aventureiro,
Benito Mussolini, dava à Itália uma nova tese de governo que, conquanto alegasse
estar salvando o povo italiano do comunismo, elevou-o a um poder ditatorial.
Assim como o fascismo brotou do comunismo, o nazismo criou-se do fascismo.
Puseram-se, pois, de pé os movimentos gêmeos que, dentro em pouco, estavam
destinados a mergulhar o mundo num conflito ainda mais hediondo, que ninguém
pode afirmar que tenha terminado com sua destruição." (W. Churchill, Memórias
da Segunda Guerra Mundial, vol.1)