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INSTITUTO DE APLICAÇÃO FERNANDO RODRIGUES DA SILVEIRA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA
PROFESSOR: ANDERSON OLIVEIRA
3A.SÉRIE – ENSINO MÉDIO

OS FASCISMOS E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

I – OS FASCISMOS

I.1 – Conceituação

Conceituar o que é fascismo não é uma tarefa fácil (...). A palavra fascismo tem origem no termo latino
“fasci” (feixe), e, na Roma Antiga representava um símbolo e um princípio de autoridade. O feixe de varas
paralelas, entrecortadas por um machado, era, assim, um símbolo de autoridade dos magistrados romanos. O
movimento fascista, surgido inicialmente na Itália, no período entreguerras, vai se valer dessa simbologia.
Definir-se o fenômeno histórico fascista, significa pelo menos tentar compreender o que o fascismo
rejeita:
- a sociedade liberal do século XIX, organizada segundo a filosofia liberal do século XVIII (“filosofia das
luzes”), alicerçada no racionalismo, no individualismo e nas idéias de progresso;
- a democracia, entendida como incapaz de salvaguardar os “reais” interesses da pátria, por ser um
instrumento de pressão dos grupos econômicos hegemônicos. Também o parlamentarismo é entendido como
inútil, além do pluralismo partidário, vistos como causadores de dissenção e divisão entre a sociedade.
Portanto, a livre escolha por parte do povo de seus governantes é não apenas inútil, como até mesmo, nociva,
pois, os escolhidos, necessariamente, não são o melhores, os mais aptos e os mais capazes;
- o individualismo, rejeitado porque o homem somente adquire valor para a pátria, quando parte
integrante do grupo. Assim, os direitos individuais, e, por extensão, os direitos humanos, também são
rejeitados, pois, o homem e seus interesses pessoais devem se subordinar aos interesses maiores da nação;
- o liberalismo, visto como um princípio que leva a degenerescência, ao enfraquecimento do princípio
maior que é o grupo. Este tem o direito de “enquadrar”, à força se necessário, aqueles que, baseados no
liberalismo, recusam-se a fazer parte do grupo maior;
- o racionalismo, que asfixia o instinto, o impulso vital, a vontade primária do homem. Assim, o
intelectualismo é visto como nocivo, desagregador, entrave à coesão do grupo, na medida em que limita ou
mesmo impede a ação, que, em última análise, é o que conta;
- o marxismo, obviamente porque este é fundamentado na luta de classes, e, segundo a ótica fascista,
resulta em enfraquecimento e divisão da sociedade.
Uma vez apresentadas as rejeições do fascismo, torna-se necessário discutir aquilo que o fascismo
acredita, ou seja, seus princípios básicos:
- o nacionalismo exagerado, uma vez que, para os fascistas, a nação é o bem supremo, e em nome dela
qualquer tipo de sacrifício deve ser exigido dos indivíduos. Daí, chega-se ao culto da nação, e mesmo à
mitificação desta. É preciso recuperar as raízes, preservar as origens, e manter a “pureza” da etnia;
- o racismo, uma vez que é preciso “purificar” o elemento nacional de qualquer tipo de “contaminação”
do sangue. Cultua-se, portanto, dependendo do caso, as origens germânicas (Alemanha, Áustria, etc.), latinas
(Itália), hispânicas (Espanha), lusitanas (Portugal), helênicas (gregas), etc. O racismo, assim, se alimenta do
nacionalismo e vice-versa;
- o expansionismo, visto como uma necessidade básica para os “povos vigorosos e dotados de vontade”.
As fronteiras devem ser alargadas, pois, é preciso conquistar o “espaço vital”;
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- o militarismo, essencial à expansão e à afirmação do elemento nacional e racial. Ao mesmo tempo, a
vida militar passa a ser sinônimo de cooperação do grupo, e o militarismo algo inerente aos “povos
vigorosos” na sua marcha para subjugar os “fracos e degenerados”. Assim, o militarismo reforça os laços
entre o poder econômico e o poder militar, desdobrando-se, necessariamente, no expansionismo;
- a submissão de todos ao Estado, que deve ser forte e inquestionável, entendido pelos fascistas como o
catalizador da vontade nacional, elemento de preservação da identidade da nação, instrumento da “vontade
coletiva”. A subordinação do indivíduo ao Estado é o passo seguinte, e, em nome do Estado, o fascismo
implanta o totalitarismo, regime no qual o que conta são os deveres do indivíduo para com o Estado;
- o unipartidarismo, considerando-se que, segundo os fascistas, o pluripartidarismo conduz à divisão. O
partido único encarna a vontade da nação, preserva e confunde-se com o próprio Estado, e, por extensão,
com a própria vontade nacional;
- o culto ao chefe, entendido como líder, o guia infalível, aquele que encarna em si a vontade nacional, o
que zela pela preservação da vontade nacional, pela pureza da raça, pela integridade do Estado, ou do
partido-Estado. Daí o fanatismo e a transformação do culto ao chefe em uma apoteose mística, pois o
“Führer não falha”, o “Duce é infalível”;
- a hierarquização da sociedade, uma vez que uns (a elite do partido) mandam e os outros obedecem
cegamente. O elitismo é o desdobramento natural dessa linha de raciocínio, pois o fascismo constrói uma
visão de mundo segundo a qual cabe aos mais fortes, mais aptos, mais vigorosos comandar, tudo em nome da
“vontade nacional”, não se admitindo a contestação em hipótese alguma, mas sim a cooperação. O Estado
zela por todos, e, em tese (na prática, os regimes fascistas não agiram assim), defende, através do
corporativismo, os interesses dos trabalhadores e dos mais fracos economicamente contra os mais
poderosos. Chega-se, dessa maneira, ao que os fascistas alemães designavam como “nacional-socialismo”;
- por último, não se pode desconsiderar, também, a construção de um novo homem, moldado segundo a
ótica do partido, do Estado, do líder. Este novo homem dever ser viril, insensível em relação aos fracos,
porta-voz da vontade nacional, etnicamente puro, instintivo, primário, corajoso, disciplinado, solidário com
aqueles que lhe são iguais, obediente, hierarquizado, enquadrado, em última instância, capaz de executar,
sem discutir, qualquer ordem emanada de seus superiores e sobretudo do líder. Segundo o historiador Henri
Michel, em sua obra Os Fascismos, “este tipo de homem novo foi quase realizado na SS hitleriana”.

I.2 – A conjuntura de ascensão dos fascismos

Buscando uma síntese, seria possível apresentar as condições históricas que explicam a ascensão do
fascismo, no período entreguerras, da seguinte maneira:
a) a profunda crise do capitalismo após a I Guerra Mundial. Trata-se de uma crise estrutural (...). Essa
crise determinou uma polarização social (burguesia x proletariado) que, ao se agudizar, levou as classes
dominantes (empresários, banqueiros, industriais, grandes proprietários rurais) a temer pela sobrevivência do
próprio capitalismo. O exemplo da Revolução Russa de 1917 era muito recente, e a ameaça bolchevique
algo que não se devia desprezar;

b) as frustrações decorrentes da I Guerra Mundial. No caso alemão, a derrota na guerra e a aceitação por
parte da República de Weimar (nome pelo qual ficou conhecida a República alemã, proclamada com o
término do conflito, e que teve curta duração – 1919/1933) das condições impostas pelos vencedores, em
Versalhes. O Tratado de Versalhes, assim, catalizou o sentimento de revanche do povo alemão,
inconformado com as cláusulas definidas pelos vencedores. No caso italiano, apesar da Itália ter lutado ao
lado dos vencedores, o inconformismo do povo italiano em relação ao pouco que recebeu pela sua
participação na guerra;

c) a proletarização da classe média e da pequena burguesia. Trata-se de um outro dado de importância,


pois, a crise afetou em larga escala as condições sociais desses grupos. Espremidos entre o avanço do
proletariado e a insensibilidade da alta burguesia, os elementos da pequena burguesia serão presas fáceis à
pregação fascista. Será em grande parte nesses setores que o fascismo, inicialmente, irá recrutar os seus
quadros partidários (...). A pequena burguesia, descrente nas soluções da ordem liberal e democrática,
procura alternativas milagrosas (...) nas promessas messiânicas dos movimentos fascistas;
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d) o perigo vermelho (...) levou a classe dominante e os altos escalões das forças armadas, a ver no
fascismo uma alternativa contra-revolucionária, única forma de liquidar com a ameaça comunista (...). O
fascismo apresentava-se como um mal menor para as elites, uma vez que, com ele preservar-se-ia a ordem
burguesa e capitalista fundada na propriedade privada.

e) a escalada fascista na Itália – “Recessão, desemprego, inflação. Entre 1918 e 1920, o custo de vida
aumentou na Itália a um ritmo de 30 a 40 % ao ano. Nesse contexto, o movimento sindical se radicalizou e o
Partido Socialista conquistou milhares de adeptos. Em 1919, cerca de um milhão de trabalhadores fizeram
greve em todo o país. No ano seguinte, esse número dobrou, agravado pela ocupação das fábricas em Turim
e outras regiões do Norte industrial. Devido ao ardor revolucionário do movimento grevista, esses dois anos
ficaram conhecidos como biênio vermelho.
Temerosa da incapacidade do governo em controlar os movimentos grevistas e as agitações espontâneas,
que culminavam em assaltos a lojas e armazéns, a burguesia começou a olhar com simpatia o Fascio de
Combattimento, uma organização paramilitar fundada em Milão, em março de 1919, por Benito Mussolini”
(PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea. 14a. edição. São
Paulo: Ática, 2002, p. 268.)
Ex-adepto do Partido Socialista, o jornalista Benito Mussolini se transformará no líder do fascismo
italiano. Em agosto de 1922, os partidos de esquerda organizam uma greve geral com o objetivo de expressar
o repúdio pelos métodos fascistas. A essa altura, Mussolini já havia sido eleito deputado e os fascistas
dispunham de várias cadeiras no parlamento. O governo é criticado pelos fascistas como incapaz de
restabelecer a ordem social (...). Em outubro de 1922, os fascistas realizam a famosa “Marcha sobre
Roma”, quando cerca de 50.000 “camisas negras” desfilam pela capital e exigem a entrega do poder. O rei
Vítor Emanuel III, pressionado por militares e pela alta burguesia, convida Mussolini para ocupar o cargo de
1o. Ministro (...). Em 1924, realizam-se eleições para o parlamento, e, por meio do terror, os fascistas obtêm
65% dos votos (...). Os sindicatos são enquadrados, a greve é proibida, estabelece-se o corporativismo
baseado na “Carta del Lavoro” em 1927 (...). Em 1928, Mussolini assina um acordo com a Igreja Católica,
pondo fim a “questão romana” (...). Pelo Tratado de Latrão (...) a Igreja Católica recebe uma indenização
pelos territórios (...) perdidos quando da unificação, a religião católica torna-se obrigatória nas escolas
italianas. Em contrapartida Mussolini obtém o apoio da Igreja Católica, fundamental em um país com as
características da Itália (...). Durante a década de 30, o parlamento é suprimido e substituído por uma Câmara
Fascista (1939) (...), a educação é totalmente controlada, assim como os meios de comunicação;

f) a escalada nazista na Alemanha – em 1919, funda-se o Partido dos Trabalhadores Alemães, do qual
Adolf Hitler (...) é o sétimo membro. Em 1920, Hitler já é a principal figura do partido, que altera seu nome
para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista. Em
1923 (...) Hitler e seu partido tentam um golpe (...). A tentativa acaba em fracasso e Hitler é condenado a
cinco anos de prisão (...). Já nacionalmente conhecido, Hitler escreve o livro “ Mein Kampf” (Minha Luta),
onde apresenta o programa político e a ideologia nazista (...) Entre 1924/25, os nazistas têm pouquíssima
expressão política. A Alemanha, graças a investimentos norte-americanos, reorganiza sua economia e afasta
a crise. No entanto, tudo é passageiro, e em 1929, com a crise mundial do capitalismo, e a retirada dos
financiamentos norte-americanos, o país será drasticamente atingido pela crise. (...) A ordem capitalista é
combatida pelos comunistas que alcançam expressivas votações nas eleições de 1930 e 1932. Paralelamente
o nazismo passa ser visto como a melhor solução para os setores conservadores, nacionalistas, antiliberais
(...). Nas eleições de 1930, os nazistas haviam conseguido eleger 107 deputados; nas de 1932, 196 deputados.
Para os desempregados, marginalizados, pequenos burgueses empobrecidos, escalões militares e alta
burguesia, o nazismo é a solução (...). Em 1932, Hitler concorre às eleições presidenciais. É derrotado, mas
obtém expressiva votação. Em janeiro de 1933, o presidente Hindemburg, pressionado por setores militares e
por empresários que acreditavam poder controlar Hitler, convida este para ocupar o cargo de Chanceler.(...)
Em 1934, morre o presidente Hindemburg e Hitler passa a gozar do título de Füher, chefe inconteste. No
mesmo ano, os nazistas providenciam um incêndio do Reichstag (sede do parlamento alemão). Os
comunistas são acusados, o Partido Comunista declarado ilegal, e seus líderes presos em campos de
concentração. O terror se espalha e inicia-se a vertiginosa nazificação da Alemanha. Tudo é controlado pelo
Estado e o unipartidarismo se impõe. A indústria bélica e o militarismo resolvem o problema do desemprego.
(Texto adaptado de FARIA, Ricardo de Moura e outros. História 3. Belo Horizonte: Editora Lê, 1993)
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II – A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

A ordem internacional imposta pelas potências vencedoras da Primeira Guerra dificultou o acesso da
Alemanha e da Itália aos mercados consumidores externos e às fontes de matérias-primas. Insatisfeitas, as
duas nações adotaram medidas para solucionar seus problemas internos e aumentar sua influência econômica
e política em diversas partes do mundo.
Seriamente afetada pela Grande Depressão, a Alemanha nazista estabeleceu como meta prioritária a
conquista do “espaço vital”, enquanto a Itália de Mussolini reivindicava novas possessões coloniais. Em
1935, os italianos conquistaram a Etiópia. No ano seguinte os alemães remilitarizaram a região da Renânia,
na fronteira com a França, e, em 1938, anexaram a Áustria (Anschluss).
Esse avanço estimulou novamente a competição entre as grandes potências, colocando em xeque o
precário equilíbrio sobre o qual se apoiava a segurança internacional e desencadeando a Segunda Guerra
Mundial.

II.1 – Da Paz Armada ao Conflito

Os avanços nazi-fascistas eram recebidos com desagrado pelas democracias ocidentais – Estados Unidos,
Inglaterra e França -, mas estas nada faziam para impedi-los ou reprimi-los. Na verdade, as potências
capitalistas revelavam-se mais intransigentes com o comunismo soviético do que com as duas versões de
direita do totalitarismo. Assim, a cada avanço nazi-fascista, apresentavam seus protestos, mas não assumiam
nenhuma atitude concreta para debelar o perigo. Essa política de apaziguamento culminou, em 1938, com a
Conferência de Munique.
Depois de anexar a Áustria, em março de 1938, Hitler ameaçou invadir a região dos Sudetos, na
Tchecoslováquia, com a justificativa de que ali vivia um grande número de alemães (política do “espaço
vital”). A ameaça provocou sérias tensões entre a França e a Inglaterra, por um lado, e a Alemanha, por
outro. Para resolver o impasse, realizou-se em setembro de 1938 a Conferência de Munique, na qual as duas
potências aceitaram o fato consumado da ocupação dos Sudetos pelos alemães.
Assim, de concessão em concessão, as democracias da Europa deixavam o campo livre para a expansão
nazista. Em março de 1939, Hitler completou sua agressão à Tchecoslováquia, submetendo duas de suas
regiões – a Boêmia e a Moravia – ao protetorado alemão e proclamando a independência da Eslováquia.
Logo depois, a Itália invadiu e anexou a Albânia, na região dos Bálcãs.
Entretanto, não era só na Europa que regimes autoritários de extrema direita agrediam impunemente
outras regiões. Também na Ásia isso vinha acontecendo. Ali, o Japão – que nunca conhecera uma forma
democrática de governo – invadiu a província chinesa da Manchúria em 1931, instalando na região um
governo fantoche; mais tarde, em 1937, lançou uma ofensiva geral para dominar todo o território da China.
Dessa forma, o país do Sol Nascente retomava suas aspirações imperialistas. A Liga das Nações Protestou
contra as agressões. A resposta do governo japonês foi retirar-se da organização.
Como era natural, os três países agressores acabaram estabelecendo uma aliança entre si, no caminho da
preparação para a guerra. Em 1936, a Alemanha firmou com o Japão o Pacto Anti-Komintern, ao qual
aderiram a Itália, a Hungria e, mais tarde, a Espanha. Nesse mesmo ano, Hitler e Mussolini criaram o Eixo
Roma-Berlim.
As alianças de extrema direita e a debilidade das democracias seriam testadas também na Guerra Civil
Espanhola (1936-1939). Nesta, um grupo de generais, chefiados por Franco, inicia uma revolta contra o
governo republicano de esquerda, legalmente constituído na Espanha. Itália e Alemanha prontamente
apoiaram os fascistas espanhóis. Apesar de algum tipo de apoio da União Soviética ao governo republicano
espanhol, França e Inglaterra não se interessaram pelo problema, e assistiram a destruição de mais um
regime democrático na Europa. Acrescente-se que a Guerra Civil Espanhola constituiu-se em verdadeiro
laboratório de experiência para o terror militar nazista.
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A Guerra Civil Espanhola

Nas primeiras décadas do século XX, a Espanha passou por um processo de intensa radicalização política, com a
formação e expansão dos grupos anarquistas, socialistas e comunistas fortemente enraizados entre os trabalhadores.
Em 1923, tentando deter o avanço esquerdista, o rei Afonso XIII apoiou secretamente a instalação de uma ditadura
militar, chefiada pelo general Miguel Primo Rivera. O general, entretanto, não conseguiu estabilizar-se no poder. A
partir de 1926, setores militares descontentes promoveram várias tentativas de derrubada do governo. Em 1929, a essa
inquietação militar somaram-se manifestações sociais de descontentamento contra a crise econômica desencadeada com
a quebra da Bolsa de Nova York. Em janeiro de 1930, Primo Rivera demitiu-se da chefia do governo e fugiu do país.
Em junho de 1931, realizaram-se em toda a Espanha eleições para uma Assembléia Constituinte. O resultado foi uma
vitória estrondosa dos partidos de esquerda, que conquistaram 315 das 466 cadeiras da Assembléia. O rei foi levado a
abdicar e a Assembléia proclamou a República espanhola.
Instalou-se então um governo de maioria socialista, que deu início a medidas de reforma agrária. As forças
conservadoras de direita reagiram, articulando-se em torno da Falange, partido de tendência fascista fundado em 1931.
Seguiu-se um período de instabilidade política. A reforma agrária não avançou e a direita acabou conquistando maioria
parlamentar nas eleições de 1933.
Três anos depois, as esquerdas uniram-se na Frente Popular e venceram as eleições gerais de 1936, o que lhes permitiu
formar um novo governo, cuja meta a era a reforma agrária.
Alarmados com o retorno da esquerda ao poder e com as agitações operárias e camponesas que sacudiram diversas
regiões da Espanha, os militares conservadores e nacionalistas passaram a conspirar contra o governo. O pretexto para o
golpe de Estado surgiu em 12 de julho de 1936, com o assassinato do líder conservador Calvo Sotelo. Cinco dias
depois, as tropas sediadas no Marrocos espanhol, comandadas pelo general Francisco Franco, se rebelaram contra o
governo republicano. (...)
Em auxílio ao general Franco, os alemães enviaram à Espanha alguns de seus armamentos mais modernos. (...) Os
italianos, além de armas, enviaram também tropas para reforçar os contingentes de Franco.
Quanto aos republicanos, a maior ajuda que receberam foi proporcionada pelas Brigadas Internacionais, unidades
formadas por militares e intelectuais comprometidos com a causa da democracia e provenientes de todas as partes do
mundo. Já a União Soviética procurou não se envolver no conflito, prestando pouco auxílio aos republicanos.
Mais reticentes ainda, as potências liberais – Estados Unidos, França e Inglaterra – preferiram manter uma posição de
neutralidade.
Com a conquista de Madri pelos nacionalistas, em 1939, a Espanha caiu sob a ditadura do general Franco, que se
estenderia até 1975. (PAZZINATO, Alceu & SENISE, Maria Helena. . História Moderna e Contemporânea. 14a.
edição. São Paulo: Ática, 2002, p. 273-274.)

Após a Conferência de Munique Hitler também se preparou para ocupar o “corredor polonês”, faixa de
terra que pertencia à Polônia que dividia o norte da Alemanha em duas regiões separadas. Antes de dar o
perigoso passo, contudo, fez um acordo secreto com a União Soviética para dividir a Polônia – o Pacto
Germano-Soviético de não agressão. Firmado em 27 de agosto de 1939, por esse acordo Stálin concordou
com as pretensões nazistas sobre a Polônia, mediante a promessa germânica de não intervir na expansão
russa pela região do Báltico. Cinco dias depois, na madrugada do dia 1 o. de setembro de 1939, tropas
alemães invadiram a Polônia.
A guerra européia estava iniciada. A asiática já havia começado, desde 1937, com a ofensiva japonesa
sobre a China. As duas guerras tornam-se uma só, quando em dezembro de 1941, os japoneses atacam a base
aeronaval de Pearl Harbour, no Pacífico. Ante a declaração de guerra dos Estados Unidos ao Japão,
Alemanha e Itália, aliados dos japoneses no Eixo, declaram guerra aos norte-americanos.
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Esquematicamente podemos dividir o conflito nas seguintes fases:

(Textos adaptados e extraídos de: PAZZINATO, Alceu L. & SENISE, Maria Helena V. História
Moderna e Contemporânea. 14a. edição. São Paulo: Ática, 2002; FARIA, Ricardo de Moura e outros.
História 3. Belo Horizonte: Editora Lê, 1993.)

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