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PARTIDOS POLÍTICOS NO
BRASIL
AULA 3

Profa. Karolina Roeder


CONVERSA INICIAL

Como vimos na aula passada, na Primeira República


(1889-1930) as eleições para o cargo de

presidente do Brasil eram decididas a


partir de alianças entre os grupos políticos dos principais
estados
brasileiros. Os presidentes eram escolhidos por acordos que garantiam a vitória
eleitoral e a

necessária base política no parlamento. Além disso, o apoio do


então presidente também era
determinante. Todas as eleições que ocorreram
naquele período (1889-1930) foram ganhas pelo

candidato que detinha o apoio do


presidente da república (MOTTA,
1999).

O apoio das oligarquias locais era essencial, mas a política


dos estados estava com os dias
contados. Durante os últimos anos da Primeira
República, as oligarquias paulista (Partido

Republicano Paulista) e mineira


(Partido Republicano Mineiro), que dominaram o cenário político até
então,
divergiram na escolha do candidato para as eleições de 1930, o que culminou em
uma crise

na política do Café com Leite. Veremos nessa aula quais foram os


outros fatores que levaram à
derrocada da República Velha e à ascensão da
Segunda República com a Revolução de 1930.

Veremos ainda como os partidos


surgiram nesse período, como foram extintos na ditadura varguista
em 1937 e,
por fim, como se deu o retorno do Estado de direito e o advento da democracia,
com a
constituição de 1946, período que seria interrompido em 1964, com o golpe
civil-militar (NETO,

2012).
TEMA 1 – O PAPEL DOS PARTIDOS NA REVOLUÇÃO DE 1930

Fatores
políticos e econômicos levaram à derrocada da política dos governadores. O
impasse

entre São Paulo e Minas Gerais, a insatisfação da população na década


de 1920 e a explosão de
movimentos rebeldes em 1922 e 1924 liderados pelos
tenentistas[1]
culminaram na Revolução de

1930. O tenentismo se posicionava contra a política


das oligarquias, contra os conchavos
oligárquicos e a falta de democracia. Já
no aspecto econômico, a decadência da lavoura cafeeira

colaborou com o fim da


Primeira República (NETO,
2012).

Franco
(1974) aponta o reaparecimento da mentalidade partidária nacional como um
sintoma
da decadência da política dos governadores. A criação do Partido Democrático
Nacional em 1927 foi

exemplo disso. Fundado em São Paulo para ser uma


alternativa ao PRP, o Partido Democrático
Nacional acabou se tornando um
partido concentrado em São Paulo e Rio de Janeiro, não

conseguindo desbancar o
Partido Republicano Paulista, mas uniu-se a outros setores da sociedade
descontentes com os vícios da República.

Era difícil a formação de partidos políticos organizados


naquele sistema eleitoral fraudulento. O

voto era a descoberto, a representação


majoritária e o sufrágio restrito, como já vimos na aula
passada. Os primeiros
esforços contra as práticas vigentes surgiram e se desenvolveram em prol da

reforma
das eleições[2],
os grupos que formaram o PD também reivindicavam tais mudanças

(FRANCO,
1974).

Havia então uma conjuntura propícia para mudanças sociais,


um contexto de crise econômica,
descontentamento militar, civil e a dissidência
na política oligárquica. Com o lançamento da
candidatura oponente pela Aliança
Liberal, encabeçada por Getúlio Vargas (PRR) e apoiada pelos

Partidos
Republicanos Mineiro e Paraibano para as eleições de 1930, em oposição a Júlio
Prestes

(PRP), candidato do presidente Washington Luís, o último vence as


eleições, mas não assume. Um
levante armado, liderado pelo primeiro grupo depõe
o presidente Washington Luís, e Getúlio Vargas

assume a presidência em um
governo “provisório” em novembro de 1930, que acaba durando até

1945 (NETO,
2012).

TEMA 2 – OS PARTIDOS NA SEGUNDA REPÚBLICA (1930-1937)


A Aliança Liberal, criada em
1929 e a protagonista do levante armado de 1930, era bastante

heterogênea e
abrigava de grupos liberais à conservadores. Apesar disto, houve mudanças

significativas no sistema partidário e eleitoral brasileiro. Havia um sentimento


revolucionário que

despertou em muitas pessoas o interesse pela política. A


política nacional estava sendo repensada
e, nesse contexto, diversos partidos
se organizaram para disputar as eleições da nova Assembleia

Constituinte de
1934 (FRANCO,
1974).

O código eleitoral foi implementado


ainda no governo provisório. Os partidos estaduais foram
mantidos, foram
instituídos o voto secreto, a justiça eleitoral, o sistema proporcional e o
voto

feminino. Essa mesma legislação organizava as eleições, reconhecia a


existência jurídica de

partidos e regulava o seu funcionamento. Considerava


duas espécies de partidos: os permanentes,

que adquiriam personalidade jurídica,


e os provisórios, que não adquiriam aquela personalidade e se
formavam apenas
para disputar as eleições. Também eram equiparadas a partidos as “associações

de classe legitimamente constituídas” (FRANCO,


1974).

Por outro lado, criou-se uma


representação profissional dentro das assembleias eleitas por
sufrágio
universal, linha tipicamente fascista, que definia uma bancada apartidária a
qual funcionava

como uma espécie de “instrumento permanente dos governos”


contra a livre ação dos partidos

(FRANCO,
1974, p. 63). Além disso, o Código Eleitoral de 1932 instituía que não
tinham direito ao
voto mendigos, analfabetos e parte dos militares[3].

Era evidente, na Constituinte


de 1934, a inexistência de uma mentalidade a favor de partidos

nacionais. As
mesmas dificuldades encontradas na Constituição de 1891 persistiam, como a

proeminência dos interesses dos estados, sem o centralismo do governo federal,


o que mudaria
após a ditadura de Vargas. Vejamos no próximo tema, a experiência
partidária desse período

(MOTTA,
1999).

TEMA 3 – OS PARTIDOS CRIADOS NA SEGUNDA REPÚBLICA (1930-


1937) COM FOCO NA
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIB) E AÇÃO
NACIONAL LIBERTADORA (ANL)

Das experiências partidárias


mais efetivas desse período destacam-se a Ação Integralista
Brasileira (AIB) e
a Aliança Nacional Libertadora (ANL) – a ANL em frente de esquerda com o
Partido

Comunista Brasileiro, então clandestino. Essas duas organizações


produziam um fato novo no país:
a capacidade de mobilização de massas
populares. Embora tivessem posicionamentos contrários, a

AIB alinhada com o


pensamento de direita e a ANL, de esquerda, ambas se posicionavam de forma
estatista, mas com objetivos distintos (MOTTA,
1999).
O período se caracterizava pela conjuntura

internacional, marcada pelo declínio


do liberalismo e ascensão do fascismo, polarizado com o

comunismo. Neste
período, o PCB cresceu e angariou adeptos dos centros urbanos, aproveitando a

expansão industrial, das cidades e a maior expressão numérica e social do


operariado[4] (MOTTA,

1999).

Em 1935, houve o fechamento da


ANL pelo governo através de decreto, tendo como justificativa

o discurso do
principal líder do movimento esquerdista, Luiz Carlos Prestes e o seu tom
radical que
provocava receio na elite política brasileira. Já a AIB teve uma
existência bem mais duradoura.

Funcionou de 1933 a 1938, fechada então por


ordem de Getúlio Vargas, já na ditadura do Estado

Novo. O integralismo
apresentava uma doutrina essencialmente semelhante à fascista e suas

pautas
eram de defesa de uma linha conservadora moral, de Estado, nacionalista, adepta
do controle
autoritário da sociedade (FRANCO,
1974). 

Embora tenham sido


experiências ricas de participação popular e as primeiras do país, os

problemas
de representatividade permaneceram. Outros partidos surgiram na Segunda
República –
Partido Libertador do Rio Grande, Partido Socialista Brasileiro, o
Partido de S. Paulo – e participaram

da Assembleia Constituinte de 1933-1934,


mas a sua maioria tinha alcance apenas estadual e a

política oficial era


representada pelos partidos oficiais, nos moldes antigos. Em 1937, foi criada a

União Democrática Brasileira, formada por opositores a Getúlio Vargas, extinta


meses depois com o
decreto do Estado Novo. A criação de partidos nacionais
viria somente com a evolução do

pensamento político e da experiência


centralizadora da ditadura.

TEMA 4 – A TERCEIRA REPÚBLICA E A AUSÊNCIA DE PARTIDOS


(1937-1945)

Com o Golpe de Estado liderado


por Getúlio Vargas em 1937, as experiências partidárias em
curso na década de
1930 foram rompidas. As eleições foram suspensas, os partidos e o Congresso

fechados. A extinção dos partidos políticos gerou o fim da experiência e debate


iniciado com a

Revolução de 1930. Essa década acabou ficando marcada pela


influência das propostas autoritárias.
Os partidos e líderes entusiastas do
autoritarismo eram aqueles que tinham alta popularidade

(MOTTA,
1999).

O golpe de 1937 ocorreu com a


justificativa de combater o comunismo. Na verdade, o cenário

era de repressão,
censura e restrição da participação política em 1936, quando Vargas, com o
apoio
do Exército, acabou minando toda e qualquer oposição ao continuísmo dele
próprio na presidência

da República. O Plano Cohen, forjado para a preparação


de uma nova ofensiva comunista, foi

utilizado como base para o golpe.

No dia do golpe e fechamento


do Congresso, 10 de novembro de 1937, Getúlio se refere aos

partidos que seriam


extintos da seguinte forma:

Tanto os velhos
partidos, como os novos em que os velhos se transformaram sob novos rótulos,

nada exprimiam ideologicamente, metendo-se à sombra de ambições pessoais ou de


predomínios
localistas, a serviço de grupos empenhados na partilha dos despojos
e nas combinações

oportunistas de objetivos subalternos. (CHACON, 1998, p. 135).

Como bem coloca Chacon


(1998)
nem o próprio Vargas estava disposto a dar-lhes tempo para

amadurecerem.

Apesar da semelhança com os


demais Estados fascistas, o Estado Novo não criou um partido

próprio. De início,
utilizou a influência e proximidade com a AIB, o único partido não extinto em
1937,
mas, após um choque entre os integralistas e a ditadura varguista, o
mesmo é também fechado

(MOTTA,
1999).
Segundo Afonso
Arinos de Melo Franco (1974), em determinado momento, Getúlio

Vargas e
seus companheiros estadonovistas pensaram em criar o partido único, para isso,

empreenderam, em 1938, a fundação de um organismo denominado Legião Cívica


Brasileira, núcleo

do futuro partido totalitário. No entanto, as Forças


Armadas, corresponsáveis pelo golpe de 1937,

viram nessa ação uma ameaça à


autonomia e se opuseram, fazendo enterrar os planos do ditador.

Em 1944 o Estado Novo estava


mergulhado em rachas e contradições internas e caminhou

rapidamente para o fim,


em um contexto mundial no qual a Segunda Guerra Mundial findava e os

vencedores
eram comprometidos com os valores democráticos em contraposição aos governos

fascistas (MOTTA,
1999). 
No Brasil, o PCB começa a emergir e, em 1945, Luís Carlos Prestes e
demais
comunistas recebem a anistia, em troca de apoio nominal às teses de Vargas.
Admitiu-se,

em maio de 1945, ainda no Estado Novo, a reabertura do PCB, antes


de qualquer outro partido.

Organizações de nuances liberais levaram à fundação


da União Democrática Nacional (UDN).
Surgiram novos líderes, que competiriam
com os velhos, ressurgiram os partidos, alguns retornando
à cena política,
outros iniciando novos caminhos.

TEMA 5 – OS PARTIDOS NA QUARTA REPÚBLICA (1945-1964)

Proibidos
por quase dez anos, os partidos voltavam a fazer parte da política nacional. Em
maio

de 1945, por meio de decreto, foram estabelecidas as eleições e os


parâmetros para formação
partidária[5].

O
Brasil continuou a ser uma república presidencialista federativa, com um
Legislativo nacional

bicameral e com os Legislativos estaduais bicamerais. Foi


adotado o sistema proporcional de lista

aberta para a Câmara dos Deputados,


Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, sem cláusula
de exclusão[6] (FLEISCHER, 2007).

A
Constituição de 1946 trouxe outras mudanças nas regras de participação política
dos

cidadãos, ponto fundamental para a formação de partidos, como vimos nas


aulas anteriores. Ficou

consagrado de maneira definitiva o voto feminino, foram


criados o Tribunal Superior Eleitoral e os
Tribunais Regionais Eleitorais,
instâncias que regulariam e fiscalizariam os pleitos eleitorais a partir

de
então e serviriam como eficaz remédio para as fraudes existentes há mais de 100
anos no país.

Além disso, no que se refere à participação política, foi


instaurado o voto obrigatório e a idade

requerida para o eleitor diminuiu para


18 anos, essa redução resultou na inclusão de um numeroso

contingente de
brasileiros. Os analfabetos ainda eram proibidos de votar (MOTTA, 1999).

Entre
1945 a 1965, o Brasil chegou a ter treze partidos representados no Congresso
Nacional:

três grandes (Partido Social Democrático, União Democrática Nacional


e Partido Trabalhista

Brasileiro), dois médios (Partido Social Progressista e


Partido Democrata Cristão) e oito pequenos[7]

, expostos na figura 1
abaixo (Fleischer, 2007):

Figura 1 – Genealogia dos partidos políticos brasileiros,


1945-1965
De
acordo com o quadro teórico de Sartori (1982), o período 1945-1964
se iniciou com um

pluralismo moderado em 1945 e acabou num pluralismo


exacerbado em 1962 (Souza, 1983).

Segundo
Jairo Nicolau (2005), apenas os três
grandes partidos do período estavam passando

por um processo de nacionalização,


os demais ainda mantinham um forte caráter regional. Os três

maiores partidos
tiveram influência de Getúlio Vargas em sua criação. O PSD e o PTB foram

organizados por seus seguidores, que tinham por ele grande respeito e
admiração. Em cada estado o

interventor varguista foi encarregado de organizar


o PSD, convocando todos os caciques locais que

haviam sido nomeados como


prefeitos municipais para então fundar a nova agremiação governista

(Fleischer, 2007). Inicialmente o PSD


dominava as cadeiras do Congresso Nacional, mas diminuiu

seu número ao longo do


período, embora se mantivesse como o maior partido.


o Partido Trabalhista Brasileiro fora criado para arregimentar a população
urbana, a máquina

varguista, baseada no Ministério do Trabalho e nos sindicatos


oficiais. O PTB cresceu a ponto de

rivalizar com o PSD em 1963 e elegeu um


presidente, em 1950, e o vice-presidente João Goulart
duas vezes (1955 e 1960).
Caso não fosse extinto pelo regime militar, em 1965, o PTB poderia ter se

tornado um “partido de massas” no conceito de Duverger (1970),  no estilo “populismo


de esquerda”

(FLEISCHER, 2007).
A
UDN tinha como bandeira o antigetulismo e o combate às ideias e ao legado do
Estado Novo.

A União Democrática Nacional aglutinou forças de oposição à


Getúlio Vargas nas áreas rurais e

urbanas e ocupou a presidência do país em


1954-1955, quando o vice-presidente Café Filho foi

empossado após o suicídio de


Getúlio Vargas e, entre janeiro e agosto de 1961, na gestão de Jânio

Quadros (FLEISCHER, 2007). 

Entre
os partidos médios, o Partido Democrata Cristão surgiu com influência na Liga
Eleitoral

Católica dos anos 1930. O Partido Social Progressista, também


considerado de médio porte, foi

utilizado em muitas ocasiões como uma legenda


de conveniência em vários estados, especialmente
por dissidentes do PSD, era
considerado um partido “populista de direita”.

Além
disso, havia os partidos ideológicos, como o Partido Comunista Brasileiro, que
conheceu

novamente a legalidade apenas entre 1945 a 1948 e atuou clandestinamente


até 1964. Em 1947, o
PCB era o quarto maior partido do Congresso e o terceiro
do estado de São Paulo. Em 1958, já na

clandestinidade, houve a cisão dos


stalinistas que fundaram o PCdoB. Já o Partido Republicano

Progressista surgiu
como herdeiro do integralismo (AIB) e possuía também ideologia

fascista/corporativa. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) fundado com a fusão


da Esquerda

Democrática e a fusão da Esquerda Democrática e da Vanguarda


Socialista em 1950, ficou atrelado

a um pequeno grupo de intelectuais e não


teve maior expressividade. A Esquerda Democrática, (ED)

era pequeno agrupamento


de socialistas que deixaram a UDN antes das eleições, em dezembro de
1945, e
elegeu alguns poucos deputados estaduais. Em 1950, reuniu-se com a Vanguarda
Socialista

para fundar o PSB (FLEISCHER, 2007, p.


307).

NA PRÁTICA

São
várias as hipóteses do desmantelamento do sistema partidário de 1945 a 1965. A

Constituição de 1946, segundo Maria do Carmo Campello


de Souza (1983),
mantinha a
concentração de poder no Executivo e excluía qualquer projeto de
governo partidário, o que

inviabilizou o fortalecimento do sistema partidário.


Aquela constituição, segundo a autora, manteve

intacto o arcabouço
institucional do Estado Novo, construído pela mesma elite política e sobre as

mesmas bases autoritárias, centralizadoras e avessas a partidos políticos do


Estado Novo.  Outra é

a legislação eleitoral (desigualdades entre as regiões,


lista aberta, coligação sem sublegenda,

ausência de cláusula de exclusão), que


permitiu a proliferação de partidos fracos, sem estrutura,
nem consistência, o
que dificultou a formação de alianças coesas no Congresso Nacional, um dos

fatores críticos que levou à paralisia decisória em 1964 (SANTOS, 1981), culminando no golpe
civil-

militar que iria dominar a política pelos próximos vinte e cinco anos.
Reflita sobre a influência da

legislação na formação dos partidos brasileiros.


Em 1962, pré-crise no Congresso e golpe militar no

Brasil, havia, no Congresso


Nacional, 13 partidos efetivos. Você sabe quantos partidos há hoje na

Câmara
dos Deputados? Confira no site da Câmara dos Deputados
(<http://www2.camara.leg.br/>)

no campo Deputados>Lideranças e Bancadas.

FINALIZANDO

Nessa aula,
passamos por 34 anos da história do Brasil. Os primeiros 15 anos foram um
período

pós-revolução, com mudanças significativas na sociedade que propiciaram


o surgimento de

movimentos populares de massa, os primeiros do país, o


surgimento de partidos e de uma ditadura
que eximiu qualquer possibilidade de
participação popular de 1937 a 1945. Os últimos 19 anos

estudados foram os
primeiros de experiência efetivamente democrática no país, a primeira sem a

representação dos partidos das oligarquias regionais e com participação


política efetiva. Embora

apenas alguns dos partidos do período tivessem


capacidade e expressão nacional, essa experiência

serviria como exemplo à


próxima experiência democrática, ressurgida apenas em 1985-1989.

REFERÊNCIAS

CHACON,
V. História dos Partidos Políticos Brasileiros. Brasília: Editora
Universidade de Brasília,

1998.

DUVERGER,
M. Os Partidos Políticos (6a ed., p. 465). Rio de Janeiro, RJ: Zahar,
1970.

FLEISCHER,
D. Os partidos Políticos. In Sistema Político brasileiro: uma introdução
(p. 496). Rio

de Janeiro: Editora Unesp, 2007.

FRANCO,
A. A. de M. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil. São
Paulo: Alfa-Omega,

1974.

MOTTA,
R. P. S. Introdução à História dos Partidos Políticos Brasileiros. Belo
Horizonte: Editora

UFMG, 1999.
NETO,
L. Getúlio 1882-1930: dos anos de formação à conquista do poder. São
Paulo:
Companhia das Letras, 2012.

NICOLAU,
J. Partidos na república de 1946: uma réplica metodológica. Dados,
48(3), 589–608,

2005. Disponível em http://doi.org/10.1590/S0011-52582005000300005

SANTOS,
W. G. dos. Sessenta e quatro: anatomia da crise. Rio de Janeiro: IUPERJ,
1981.

SARTORI,
G. Partidos e Sistemas Partidários. Brasília: Universidade de Brasília,
1982.

SOUZA,
M. do C. C. de. Estado e Partidos Políticos no Brasil. São Paulo:
Alfa-Omega, 1983.

[1] Jovens oficiais do


Exército de baixa patente.

[2] Alguns presidentes


de estado, como Antônio Carlos, presidente de Minas Gerais, desejavam

a mudança
do sistema eleitoral. Havia a defesa de alguns políticos e juristas por
representação

proporcional e voto secreto (Franco,


1974).

[3] Ao mesmo tempo


que houve progressos para o desenvolvimento de partidos, a legislação de

1932
colocou como facultativa a candidatura pelas agremiações, possibilitado a
candidatura avulsa
dos candidatos. Todas essas mudanças tiveram efeito limitado
devido à ditadura de Getúlio Vargas

iniciada em 1937, mas retornaria ao sistema


político pós-Estado Novo.

[4] Por meio da ANL,


os comunistas puderam expandir sua organização e ideias – baseadas no

modelo
bolchevique e nas teorias de Karl Marx e Lenin – e driblar a perseguição
estatal.

[5] Os partidos
deveriam cumprir os seguintes requisitos: i) Obter apoio de, ao menos,
10 mil

eleitores distribuídos em cinco ou mais estados; ii) Possuir


personalidade jurídica de acordo com o

Código Civil; iii) Atuar em


âmbito nacional. Era clara a intenção de estimular a criação de partidos
nacionais, em decorrência do medo de retomada da política das oligarquias regionais.
O regime

criado em 1945-1946 deu origem a partidos nacionais de fato, pela


primeira vez na República. Os
partidos deviam ser registrados nos termos do
Código Civil, uma vez que não havia tratamento
específico e adequado na
legislação para essas agremiações, que representavam uma nova

realidade no país
(MOTTA,
1999).

[6] As coligações eram


permitidas em todos os níveis e as candidaturas para cargos

majoritários e
proporcionais se davam simultaneamente. Os mandatos legislativos eram de quatro
anos, e os de presidente da república e da metade dos 22 governadores da época
eram de cinco

anos. Essa não coincidência dos mandatos se tornou um problema


para o sistema político brasileiro
(FLEISCHER,
2007).

[7] Havia os partidos pequenos,


como o Partido Republicano (PR), remanescente dos partidos

republicanos
estaduais que dominaram a política na Primeira República; o Partido Libertador
(PL),

que surgiu em 1920 quando era um partido de oposição ao PRR; o Partido


Trabalhista Nacional
(PTN), fundado em 1947 e que foi utilizado como legenda do
presidente eleito Jânio Quadros, em

1960; o Partido Social Trabalhista (PST)


organizado por dissidentes do PSD no Maranhão e
comandado por líderes políticos
da região do Nordeste; o Partido Rural Trabalhista (PRT), organizado

em 1945
como Partido Republicano Democrático por grupos evangélicos e que, em 1950, se
tornou
PRT, sendo utilizado como legenda por partidários do PCB; finalmente, o
Movimento Trabalhista
Renovador (MTR), cisão dissidente do PTB, na intenção de
criar um trabalhismo “mais puro”, na linha

do PTB da década de 1940 (Fleischer,


2007). 

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