Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARTIDOS POLÍTICOS NO
BRASIL
AULA 2
mobilizar o
povo em prol da República (Motta,
1999). Não havia noção de cidadania e participação
popular, o historiador José
Murilo de Carvalho narra que, quando Marechal Deodoro proclamou a
República, o
povo assistiu “bestializado”, sem saber ao certo o que estava acontecendo (Carvalho,
1987). O próprio militar não era muito afeito às ideias republicanas.
As causas determinantes para a
formação do partido Republicano – muitas vezes,
emaranhadas – foram de ordem
econômica, cultural, militar e política. Econômica no sentido de que
a origem
do partido está estreitamente ligada às novas condições da lavoura de café, ao
deslocamento da lavoura cafeeira para a Zona da Mata e para o Sul e à nova
condição de trabalho
agrícola, capitaneado pelas influências da revolução
industrial e o fim da produção escravista.
Os principais autores do
movimento republicano foram, portanto, os militares, mais
especificamente, o
Exército. A prova disto é que o primeiro presidente do Brasil republicano foi
um
brasileira.
Seus fundadores
encontraram dificuldades em criar uma organização de caráter nacional. No
manifestações de
causas pessoais, não ideológicas e programáticas.
Os grupos regionais
acabaram se organizando de forma independente, com núcleos em várias
províncias
e, após a proclamação da República, se firmaram como partidos estaduais,
destacando-
foi
caracterizada por uma reação ao forte centralismo do Estado imperial. Os
problemas nacionais,
tais como a fraca representatividade dos partidos, a
corrupção eleitoral, eram atribuídos ao excesso
de centralismo do Império. Na
proclamação da República, adotou-se reformas com função
descentralizadora, com
o objetivo de diminuir o poder central e aumentar o poder dos governos
independentes do
governo federal – clara influência dos Estados Unidos da América e sua
presidentes (os
governadores de hoje), a constituição estadual deveria dialogar com a da
República,
que era a lei maior. Além disso, os estados criaram suas próprias
corporações militares (germe da
polícia militar) com estratégia de proteger a
autonomia estadual. Havia ainda grande desconfiança
centralista
luso-brasileira (Motta,
1999).
partidos
nacionais. Os grupos republicanos tenderam a atuar de forma fragmentada, a
partir das
oligarquias
existentes, dominando o poder sem dar espaço a qualquer outra força. Não havia
candidato à presidente
estadual, já significava ser eleito. A competição ocorria, portanto, no
interior
dos partidos (Motta, 1999).
Na Primeira
República ainda não havia democracia no Brasil, no sentido moderno de
No que diz
respeito ao sufrágio, nesse período foi ainda mais restrito, e quantitativamente
pior
1886 0,80%
1894 2,2%
1930 5,6%
Fonte: Motta
(1999) (adaptado pela autora)
Esperava-se que,
com a exclusão dos analfabetos, as fraudes nas eleições, como o voto de
com baixo
resultado nas eleições seguintes, como podemos ver na tabela acima. As eleições
de
A Primeira
República foi ainda menos plural e inclusiva que o período imperial, critérios
exógenos à organização
são importantes para entendermos a ausência de organização dos partidos
Concebemos o
coronelismo como resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime
representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. Não é, pois, mera
sobrevivência do
NA PRÁTICA
A participação feminina na
política ainda não era realidade na Primeira República. Hoje, no
no Legislativo.
Países como a Argentina (40%), Finlândia (41,5%), Suécia (47%) e Ruanda (48,8%)
FINALIZANDO
Sendo a política
regionalizada e os pleitos resultados de costuras políticas entre oligarquias
não podia
se organizar em partidos. Os partidos republicanos regionais da Primeira
República se
caracterizaram, portanto, pela política regional, das oligarquias
regionais, com irrisória
representatividade da população.
REFERÊNCIAS
CARVALHO,
J. M. de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São
Paulo:
CHACON,
V. História dos Partidos Políticos Brasileiros. Brasília: Editora Universidade
de Brasília,
1998.
DAHL, R.
Poliarquia: Participação e Oposição. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo,
2012.
FRANCO,
A. A. de M. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil. São
Paulo: Alfa-Omega,
1974.
LEAL,
V. N. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo
no Brasil. São
MOTTA,
R. P. S. Introdução à História dos Partidos Políticos Brasileiros. Belo
Horizonte: Editora
UFMG, 1998.