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Revolução de 1930 e Era Vargas (O governo provisório e governo

constitucional)

[Eu sei que Revolução de 1930 não faz parte do conteúdo, mas ajuda a
entender o fim da política café com leite e a era Vargas.]

A revolução de 1930 deu-se basicamente por causa dos problemas que


assombravam o Brasil e o mundo nos anos que antecederam a revolta. Tais
como: a insatisfação da população com a República Oligárquica, a política
café com leite e o voto de cabresto; o descontentamento dos demais
estados com seus papéis secundários; a crise econômica mundial de 1929;
produtores de borracha e cacau não apoiavam a política de valorização do
café, entre outros.
De acordo com a política café com leite, as eleições de 1930 deviam ser
vencidas por um candidato mineiro, mas o PRP (Partido Republicano
Paulista) lançou Júlio Prestes, decisão que rompeu a tradição de
revezamento entre Minas e São Paulo. Insatisfeito, o PRM (Partido
Republicano Mineiro) se uniu a políticos da PB e RS para lançar a
candidatura de Getúlio Dornelles Vargas.
Porém, com auxílio de fraudes, Júlio Prestes venceu as eleições e isso
deixou a Aliança Liberal mais irada ainda. O assassinato de João Pessoa, que
seria o candidato a vice com Getúlio, foi a gota d’água. Embora o
assassinato tenha sido por razões pessoais, Getúlio se aproveitou da
situação e mostrou ao país todo que havia sido por razões políticas. Então,
os liberais frustrados promoveram a Revolução de 1930 para colocar
definitivamente um ponto final à República Velha.

O governo provisório (1930-1934)

Nesse período Getúlio instituiu a Lei Orgânica, que dissolveu o congresso


nacional. E em substituição aos governadores eleitos nos estados,
implantou interventores. Atrelou os sindicatos ao estado, usando o
trabalhismo como estratégia para atrair a classe operária e construiu uma
imagem de ‘pai dos trabalhadores’. Criou o Ministério do Trabalho e o
‘pelego’ que era um cara infiltrado no meio sindicalista ao seu comando
para acalmar os ânimos dos trabalhadores. A crescente centralização do
estado sobre a economia e a política foi a linha mestra do governo Vargas.
Economicamente falando, Vargas manteve a política de valorização do café,
comprando e queimando o excedente e estimulando o plantio do mesmo no
Paraná. Na revolução, Constitucionalista de 1932, paulistas frustrados
reivindicaram a elaboração de uma constituição e o fim dos interventores
impostos pelo governo. E nem quando Getúlio indicou um paulista ( Pedro
Toledo ) eles ficaram satisfeitos. Foi ainda pior, houve protestos políticos
que acabaram em revolta armada, mas os revolucionários foram derrotados
pelas tropas legalistas (tropas federais). Mesmo vencidos militarmente, os
revoltosos de SP causaram ondas de protestos que acabaram por pressionar
Getúlio a convocar a Assembléia Constituinte de 1933. O Brasil teve em
mãos a sua nova constituição em 1934, na qual foram consolidados os
interesses de funcionários públicos, sindicalistas, profissionais liberais,
tenentes e chefes das oligarquias. Também manteve a autonomia dos
estados no comércio exterior; incorporou leis e direitos trabalhistas; instituiu
o ensino primário público e gratuito; e permitiu ao estado monopolizar as
riquezas minerais. Incumbida também de eleger o novo presidente (que foi
Getúlio, DE NOVOOO) por mais 4 anos, mas sem direito a reeleição.
 A conquista do voto pela mulher aconteceu em 1932, com Código
Eleitoral, e a criação da Justiça Eleitoral.
Suprimiu a figura do vice-presidente, e foi baseada na Constituição da
República Liberal de Weimar, da Alemanha de 1919. Destacou-se pelo
direito de voto secreto e universal para os alfabetizados; pelo ensino
primário obrigatório.
Graças à constituição houve reformas que permitiram a modernização
econômica e social e a consolidação trabalhista. No campo, porém, as
estruturas continuaram inalteradas, já que as oligarquias se compuseram
com Vargas, ele próprio fazendeiro.
O Governo Constitucional

Foi a continuação do anterior (ainda não entendi porque teve que mudar de
nome) politicamente, foi marcada pela polarização ideológica. Formaram-se
partidos de direita, influenciados pelo fascismo; e de esquerda, orientados
pelo socialismo.
A direita Brasileira concentrou-se no grupo fascista da Ação Integralista
Brasileira (AIB), cujos princípios eram o totalitarismo, com o Estado forte e
centralizado, o monopartidarismo e o anticomunismo. Essa AIB, liderada
pelo bundão Plínio Salgado, condenava o capitalismo internacional, e o
comércio com os judeus, mas eram a favor da propriedade privada.
Combatia com fanatismo o que chamavam de ‘comunismo de ateu’, pois
eles tinham como setores base a igreja, a classe média-alta e os imigrantes
italianos. Esses ficaram conhecidos como ‘camisas verdes’, pelo uniforme
que usavam, com a letra grega sigma (símbolo de somatório) e a saudação
tupi-guarani ‘anauê’, mostrando o caráter regionalista do fascismo
brasileiro.
A esquerda brasileira foi a Aliança Nacional Libertadora (ANL) composta por
comunistas, socialistas, democratas e simpatizantes em geral. Seu principal
líder foi Luís Carlos Prestes, que na década de 1920 contribuiu para o fim da
República Oligárquica.
Defendiam o não-pagamento da dívida externa, a reforma agrária, o direito
de greve, a imprensa livre, a nacionalização de empresas estrangeiras e um
governo de cunho popular. O seu crescimento levou o governo, em julho de
1935, a fechar a sede da organização popular e declarar a ANL ilegal. Em
razão disso, em novembro daquele mesmo ano, houve o levante militar
liderado pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) que ficou conhecido como
Intentona Comunista*, revolta facilmente abafada pelo governo federal.
Seus líderes foram presos inclusive Prestes e sua companheira Olga
Benário, que por sua origem judia, foi entregue alemão e morta por lá.
No início de 1937, já num clima pesado, começaram a aparecer os
candidatos à presidência. Nesse mesmo ano, com apoio da elite industrial e
rural brasileira, todos temendo o comunismo, Getúlio começou a traçar sua
continuação no poder. Estavam juntos nesse propósito os integralistas,
defensores de um Estado totalitário e os militares. Mas para criar um clima
para o golpe de Estado, era preciso mobilizar a opinião pública. Então, foi
inventada uma ameaça comunista que ficou conhecida como Plano Cohen.
E em setembro de 1937, a imprensa divulgou o Plano, que foi um
documento forjado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, getulista, onde
traçava as estratégias militares de um golpe de Estado pelos comunistas,
levando o Brasil, em 10 de novembro daquele mesmo ano, à ditadura do
chamado Estado Novo.
*Intento significa desígnio, propósito, logo, intentona é um plano grande,
um propósito válido de ser buscado.

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