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Histórico dos partidos políticos brasileiros

16/02/2017
Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há mais de 160 anos. Nenhum deles,
porém, durou muito tempo.

Aqui no nosso País não existem partidos com mais de cem anos, como é comum em outros
países.
Sempre que acontecia alguma grande mudança na política brasileira, os partidos eram
forçados a começar uma nova história do zero. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o
início da República, em 1889, que acabou com os partidos da época monarquista. Saiba
mais sobre a história dos partidos políticos no Brasil.

Partidos do Brasil Colônia


A história do Brasil é dividida em três fases. A primeira delas, o período colonial, fala sobre
os primeiros tempos da colonização portuguesa em nosso país. De 1500 a 1530, Portugal
estava mais interessado em suas colônias nas Índias, e pouco ou nenhum interesse
demonstrou por nossas terras. Mas depois que os portugueses perderam o controle do
comércio das especiarias para os ingleses, eles começaram a olhar o Brasil com outros
olhos. Daí os portugueses implantaram por aqui o monopólio comercial, que quer dizer: a
colônia (Brasil) só podia comprar e vender produtos para a metrópole (Portugal).

Em 1822, pouco antes da independência do Brasil, em 1822, havia três partidos políticos no
Brasil. São eles:

 O partido português – formado por comerciantes que queriam manter Portugal no controle
do comércio, por pessoas que trabalhavam para o Império (como são hoje os funcionários
públicos) e militares que não queriam a independência do Brasil. Eles torciam pela
recolonização.
 O partido brasileiro – formado pelos grandes proprietários rurais (os ricos), alguns
comerciantes portugueses, brasileiros e estrangeiros, que achavam que o comércio livre era
a melhor opção. Eles não queriam a independência e nem a recolonização. Defendiam a
criação de uma monarquia dual. Monarquia dual? Uma monarquia que dividisse os
poderes entre o Brasil e Portugal e garantisse a liberdade de comércio.
 Partido Liberal Radical – composto por pessoas da classe média da época. Eles defendiam
a implantação de uma república democrática, sistema que o Brasil vive hoje.
Agora que você já sabe sobre os partidos do Brasil Colônia, vamos aos partidos da fase
do Brasil império.

Partidos do Império
Na época do Brasil Império (período entre 1822 e 1889, quando o nosso país deixa de ser
colônia portuguesa, mas ainda não é uma república), o regime adotado aqui era
a monarquia.
Após o “grito de independência”, o primeiro governante do Brasil foi Dom Pedro I. Ele
ficou no poder até o ano de 1831, período chamado de Primeiro Império. Logo depois, ele
foi forçado a deixar o cargo em favor de seu filho, Dom Pedro II, que tinha apenas 5 anos. E
até Dom Pedro II completar 15 anos – idade em que poderia começar a governar – o Brasil
foi administrado por regentes, que eram representantes do Poder Executivo.

Vamos saber agora sobre os partidos das três etapas: primeiro império; regência e segundo
império.

No primeiro império, havia três grandes partidos políticos: Restauradores ou Caramurus –


que queriam a volta de D. Pedro I ao Brasil e um regime monárquico. Não deu certo e,
quando D. Pedro I morreu, em 1834, o partido desapareceu. O segundo, formado por
pessoas radicais, tinha o nome de Liberal Exaltado ou Jurujubas. O pessoal
desse partido era a favor do fim da monarquia. Eles queriam que o Brasil se transformasse
em uma República. Um último grupo, chamado Liberal Moderado ou Chimangos,
defendiam a permanência da monarquia e a escravidão, mas não queriam a volta de Dom
Pedro I e os “exageros” do partido dos exaltados.

Mas os principais partidos do império – Conservadores (também chamados de saquaremas)


e Liberais (também chamados de luzias) – só surgiram no Segundo Reinado. Época
governada por Dom Pedro II.

A diferença entre esses dois partidos era a visão que cada um deles tinha sobre
a monarquia. Os conservadores queriam sempre um regime forte, com a autoridade do
imperador e pouca liberdade para as províncias (as províncias eram como são hoje os
Estados brasileiros). Já os liberais queriam que as províncias tivessem mais poder.

Partidos na República
República Velha (1889-1930)
O império acabou quando a República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. Foi aí
que o Brasil deixou de ser governado por uma monarquia e passou a ser comandado por
presidentes, como é até hoje.

O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Neste período,
quem dominava a política eram os grandes donos de terras de Minas Gerais e de São Paulo.
Época em que o Brasil cresceu muito e tornou-se exportador de café.

Com isso, os donos de terras acabaram criando seus partidos políticos: Partido Republicano
Paulista (PRP) e PartidoRepublicano Mineiro (PRM). Poderosos por causa do dinheiro que
tinham, acabaram elegendo vários presidentes, que implementavam políticas para beneficiar
os dois estados. Os estados se revezavam na indicação do presidente: uma vez paulista e
outra vez um mineiro.

Essa prática ficou conhecida como política do café-com-leite (porque São Paulo era o maior
produtor de café do País, e Minas era grande produtor de leite).
Em 1922, surgiu o Partido Comunista do Brasil (PCB), que décadas mais tarde mudou seu
nome para Partido Comunista Brasileiro. Pregava os ideais marxistas e atuou na
clandestinidade durante muito tempo.

Tempo de Getúlio Vargas (1930-1945)


Em 1930, ano de eleição para a presidência do Brasil, de acordo com a política do café-
com-leite, era a vez de um mineiro do PRM assumir o cargo. Mas o Partido Republicano
Paulista não cumpriu o trato e indicou um político paulista. O nome dele? Júlio Prestes.
Essa quebra do trato acabou com a política do café-com-leite. O PRM, desiludido, junta-se
com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul para lançar o gaúcho Getúlio Vargas à
Presidência da República. Mas o nome de Getúlio não foi aceito. Júlio Prestes acabou
ganhando as eleições, mas não ocupou o cargo. Por quê? Porque Getúlio Vargas liderou
uma revolução – Revolução de 1930 – para tomar o poder. Assim, ocorreu o fim
da República Velha e início da Era Vargas.

Para quem não sabe ou não se lembra, Getúlio foi presidente do Brasil por um tempão.
Primeiro como chefe do governoprovisório depois da Revolução de 30, depois como
presidente eleito em 1934. E não parou por aí. Em 1937, ele implantou
a ditadura do Estado Novo, até que foi deposto (tirado do cargo) em 1945. Pensa que
acabou? Nada disso, Getúlio voltou à presidência em 1951, por meio do voto popular.
Ficou mais três anos no poder. Ele suicidou-se em 24 de agosto de 1954 com um tiro no
coração.

Os partidos políticos mais conhecidos da época de Getúlio Vargas são: Ação Integralista
Brasileira (AIB), criado em 1932, e Aliança Nacional Libertadora (ANL), de 1935.

A AIB defendia um governo em que só o presidente poderia tomar decisões. Assim,


acreditavam que o Brasil caminharia para o progresso. Essa ideia era inspirada
no fascismo.

Já o pessoal da ANL, liderado por Luís Carlos Prestes, defendia um programa de mudanças
para melhorar a vida dos brasileiros. Eles queriam mais emprego, melhores salários e apoio
para as empresas brasileiras.

República democratizada (1945-1964)


Depois da “ditadura” de Getúlio Vargas, o chamado Estado Novo, em 1945 o Brasil volta
a ter eleições para presidente. Com a volta da democracia, três candidatos – Eurico Gaspar
Dutra, Eduardo Gomes e Ricardo Fiúza – concorreram ao cargo de presidente do Brasil.
Nessa época, o que se viu foi uma disputa entre os partidos que defendiam Getúlio Vargas
– Partido Social-Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); e o que era
contra – União Democrática Nacional (UDN).
O PSD era formado por lideranças rurais e por altos funcionários das empresas do governo,
enquanto que o PartidoTrabalhista Brasileiro (PTB) unia os líderes dos sindicatos e os
operários que trabalhavam nas fábricas.
A União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição ou partido rival, era formado
pelas pessoas mais ricas das cidades. Pessoas que defendiam a entrada de dinheiro de
empresas internacionais no Brasil e o desenvolvimento das empresas brasileiras que não
pertenciam ao governo. Essas empresas são chamadas de empresas privadas.
Governo militar (1964-1985)
Depois de quatro presidentes eleitos pelo povo e um montão de substituições (1945 a 1964),
uma nova ditadura se instalou no Brasil: a do regime militar. Tudo começou com
um golpe de Estado em 1964 que tirou o presidente João Goulart do poder. Como você já
sabe, ditadura é o contrário de democracia. E, na ditadura, quem discorda das regras do
jogo é perseguido e reprimido. E foi assim em 1964. Quem discordou dos militares foi
preso, torturado e até morto.

A partir de 1965, com o Ato Institucional 2 (AI-2), os militares permitiram apenas a criação
de duas associações políticas (associações, viu? Porque não se podia usar a palavra
“partido”). E assim, surgiram a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que defendia o
regime militar, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que tinha a permissão para
fazer uma oposição ao regime militar, desde que fosse bem de leve…

Nova República (1985 até hoje)

Em 1974, o presidente Ernesto Geisel, que era um general do Exército, decidiu adotar a
política da “abertura lenta e gradual”, quer dizer, acabar com o regime militar aos
pouquinhos para dar lugar à democracia. E democracia se faz com partidos políticos. Por
quê? Porque os partidos representam as diferentes opiniões.

No final de 1979, novos partidos políticos começaram a se organizar no lugar da Arena e do


MDB. Assim, em 1982, a Arena se transformou no Partido Democrático Social (PDS), e o
MDB no Partido Democrático Brasileiro (PMDB). Nessa mesma época surgiram também
o Partido Trabalhista Brasileiro, formado por pessoas que defendiam as ideias de Getúlio
Vargas; o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido dos Trabalhadores (PT).

Muita mudança, não? E teve mais! Nas eleições indiretas para presidente
da República de 1984, o PDS ficou na maior dúvida porque tinha dois candidatos a lançar
– Mário Andreazza e Paulo Maluf – e isso acabou causando um “racha” no partido. Daí a
criação de um outro partido para apoiar Paulo Maluf, o Partido da Frente Liberal (PFL). E
como o PFL, surgiram também outros: o Partido Popular Brasileiro (PPB), formado por
pessoas insatisfeitas com o PDS; e o PartidoSocial-Democrático Brasileiro (PSDB), que foi
formado com parte de insatisfeitos do PMDB.
E assim, a Nova República ou República redemocratizada ficou marcada pela grande
quantidade de partidos que tinha. Alguns deles existem até hoje.

Quer saber quais são os partidos atualmente? É só entrar no site do Tribunal Superior
Eleitoral.

Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura "plenarinho.leg.br - Câmara


dos Deputados" e não seja para fins político-partidários

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