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Brasil: de Getúlio a Castelo – Thomas Skidmore

- Novas Forças políticas

A classe média na década de 30, composta por empregados no comércio, na indústria, nas
profissões liberais e na democracia, era o maior grupo de adeptos ao constitucionalismo
liberal. Estava concentrada na cidade de São Paulo

Seu principal objetivo era uma representação mais autentica: o oto deveria ser supervisionado
e as urnas honestamente apuradas. Se a exigência de alfabetização se torna obrigatória, isso
aumentaria a força da classe média nas eleições, já que possuíam grande contingentes nas
cidades. Pressionavam Vargas para a reforma do sistema eleitoral

O governo provisório acumulava cada vez mais, amplos poderes. Todas as entidades
legislativas foram abolidas, desde o Congresso Nacional até as câmaras. Foram criados os
cargos de interventores federais em nível estadual. Estes recebiam plenos poderes executivos
e legislativos.

Haviam divergências entre a coalizão revolucionária, que tinham o objetivo de punir a elites da
Primeira Republica e favorecer as classes trabalhadoras.

Em dezembro de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Industria e Comércio. A nova elite
deveria resolver as questões sociais antes que o povo agisse por conta própria.

A divergência estava na forma como o Brasil deveria ser “reconstitucionalizado”: Os


constitucionalistas liberais” e líderes dos estados “revolucionários” queriam eleições imediatas
para conservar o poder adquirido. Já os tenentes desejam manter Vargas no poder, pois
temiam o retorno da velha elite e desconfiavam dos constitucionais liberais.

Vargas encorajava ambos os grupos. Em de fevereiro de 1932, publicou o novo código


eleitoral, satisfazendo o desejo dos constitucionalistas liberais.

São Paulo tramou uma revolta armada, devido a desilusão dos constitucionalistas lierais com a
tática de Vargas de retardar as novas eleições. Em 13 de janeiro de 1932, o Partido
Democrático (dos constitucionais liberais) rompeu com o governo provisório e organizou a
Frente Única Paulista, que incluía a Liga de Defesa Paulista e uma aula do antigo Partido
Republicano Paulista. Desejavam vingança por Vargas impedir a posse de Júlio Prestes e era
composto pela classe média, por políticos da velha guarda, plantadores de café e oficiais
descontentes.

Em 9 de março o Rio Grande do Sul rompe com Vargas.

A posição de Minas Gerais era ambígua. O cerco apertava para Vargas.

Vargas fazia concessões a São Paulo e aos constitucionalistas paulistas. Marcou as eleições
para a Assembleia Constituinte, para o dia 3 de maio de 1933. A oposição em São Paulo estava
baseada em sentimentos de superioridade regional, que possuía um complexo de
superioridade em relação ao resto do Brasil.

Em 9 de julho de 1932, São Paulo levantou-se em revolta armada, sendo batizada de


Revolução Constitucionalista e a cidade mobilizada para uma guerra civil. Porém, o apoio de
Minas Gerais e Rio Grande do Sul não chegou, pois os rebeldes paulistas começaram a revolta
de forma precoce. As resistências mineira e gaúcha foram dispersadas pelos governos pró-
Vargas.

Vargas escolheu bem os seus aliados, e depois de um sítio de dois meses, os rebeldes
renderam-se as forças federais superiores. Vargas apaziguou a situação, e não puniu os
revoltosos, realizando as eleições para a Assembleia na data prevista.

Nas eleições os tenentes ganharam mais peso.

Em julho de 1934 foi promulgada a nova Constituição. Nela, havia garantias de eleições livres,
assim, como maiores garantias de um judiciário imparcial. Foi estabelecido um novo sistema
de justiça do trabalho e a fixação de salários mínimos. Getúlio foi eleito pelo Congresso
Nacional, e seu mandato iria até janeiro de 1938, em eleições diretas. No final, ela agradou
tanto a constitucionalistas liberais como aos tenentes. No entanto, esses dois grupos estavam
enfraquecidos.

Assim como na Europa, o Brasil no começo da década de 1930 seria marcado pela
radicalização.

Na esquerda, uma facção do Partido Comunista, organizou um moimento de frente popular,


chamado Aliança Nacional Libertadora (ANL), liderada por Luís Carlos Prestes. Começou a
ganhar muitos adeptos nas classes médias, que estavam se unindo aos sindicatos trabalhistas
militantes para apoiar o programa radical. Pediam o fim das “dívidas imperialistas”, a
nacionalização das empresas estrangeiras e a liquidação dos latifúndios”.

Na direita, desde 1932 o movimento fascista chamado de Integralismo, ganhava força. Seu
líder, Plínio Salgado, usava aparatos do fascismo europeu, como camisas verdes, desfile de
milícias, violência contra radicais da esquerda. Buscava explorar a incerteza da classe média
com a depressão.

Estes, foram os primeiros movimentos políticos nacionais de aguda orientação ideológica. Ao


contrário daqueles que haviam realizado a Aliança Liberal em 1930, de caráter regional, estes
eram movimentos nacionais mais ambiciosos, mais disciplinados, de bases mais amplas e mais
radicais.

Radicalização: o Estado Novo

O golpe foi possível devida a grande habilidade com que Vargas manipulava um extremo
contra o outro, produzindo nas mentes dos militares e da classe média um profundo
pessimismo quanto a viabilidade de uma política aberta. O liberalismo estava perdendo
terreno no cenário mundial.

O Congresso cada vez mais conservador, debatia medidas para combater os subversivos. Foi
aprovada uma Lei de Segurança Nacional, dando poderes especiais ao governo federal para
reprimir atividades subversivas.

Em 5 de julho de 1935, Luis Carlos Prestes pronunciou um violento discurso contra Vargas,
incitando a população para depor o governo. Vargas respondeu em 13 de julho, quando a
polícia invadiu o quartel-general da Aliança, confiscando documentos para mais tarde usá-los
como prova de que o movimento era financiado do exterior e controlado pelos comunistas.
A Aliança foi fechada por ordem do governo por seis meses e muitos lideres de esquerda
foram presos.

Vargas se beneficiava da apreensão da classe média, e dos políticos conservadores do


congresso e dos delegados sindicais contra a esquerda. Também, em novembro daquele ano,
militares revolucionários das guarnições nordestinas de Natal e Recife, promoveram uma
quartelada, assassinando oficiais superiores, mas não coordenaram bem o movimento com os
conspiradores do Sul, e a revolta foi sufocada. Vargas possuía agora a justificativa ideal para a
repressão da esquerda: provas indiscutíveis do perigo de traição armada.

A Lei de Segurança Nacional foi arrochada. Aprovado o Estado de Sítio

Métodos policiais repressivos eliminaram movimentos de esquerda em formação. A liderança


do Partido Comunista foi aprisionada (Prestes fugiu até 1936), e nos meses seguintes a revolta
comunista abortada, milhares de políticos suspeitos, tanto militares como civis, foram presos.

Começaram em 1936, os planos para eleição presidencial que deveria ser realizada em janeiro
de 1938. Dois candidatos se promoveram, Armando de Sales e José Américo, além de Plínio
Salgado, em 1937. Vargas não apoiava nenhum abertamente.

Desde a revolta comunista de 1935, ele vinha pensando na possibilidade de um golpe. Era
estimulado pelas elites políticas e militares de que ele era a solução para salvar o Brasil dos
extremismos da esquerda e da direita. Também, a facilidade com que o Congresso lhe
concedeu poderes de emergência, o encorajava a querer um regime autoritário, e governasse
o país a sua maneira.

Durante o primeiro semestre de 1937, Vargas começou a se articular: por um lado parecia
cooperar com os preparativos para a campanha presidencial e ao mesmo tempo, trabalhava
para isolar os líderes estaduais mais resistentes.

Com o Congresso negando a renovação de estado de sítio, Vargas libertou um grupo de


prisioneiros de esquerda, causando insegurança nos políticos conservadores, nas classes
médias e nos militares, além de provocar diversos conflitos com os integralistas. Com isso, a
campanha presidencial encontrava-se sob crescente violência.

Vargas sabia que era fundamental o apoio de Exército. Esse apoio ficou acessível com o
General Eurico Gaspar Dutra, que se tornou Ministro da Guerra, e o General Góes Monteiro,
nomeado Chefe do Estado-Maior do Exército. As ambições de amos em dar ao Exército
nacional o monopólio da força militar, coincidia com os desejos ditatoriais de Vargas.

Por volta de setembro de 1937, os comandantes militares de Vargas haviam conseguido isolar
a posição dos Estados contrários ao governante. Nesse mesmo mês, Góes Monteiro
apresentou a Dutra e Vargas, um suposto plano comunista para tomar o poder, o que não
passava de uma falsificação feita pelos integralistas. Chamado de Plano Cohen, a ideia foi
aprovada pelo presidente, e Dutra denunciou a falsa trama comunista. Os preparativos para o
golpe estavam acelerados.

No dia 9 de outubro as tropas do governo fecharam o Congresso. Getúlio preparou muito em o


terreno nos Estados, tanto que apenas os governadores da Bahia e de Pernambuco foram
substituídos. Vargas promulgou uma nova constituição que dava para si poderes autocráticos,
e prevendo um plebiscito para dentro de seis anos, para escolher um presidente. Este modelo
imitava os moldes fascistas europeus, especialmente de Portugal e da Itália.
Todos os partidos políticos foram abolidos

Vargas vinha tramando permanecer no poder desde 1935, cultivando o apoio de vários grupos,
como os produtores de café e os militares. O golpe foi possível, segundo o autor, porque as
classes médias estavam confusas.

Os objetivos de bem-estar social e nacionalismo econômico, iriam ser agora perseguidos so


tutela autoritária.

A Ação Integralista Brasileira foi suprimida em 2 de dezembro de 1937, junto com todos os
outros partidos brasileiros. Em maio de 1938, um pequeno grupo de integralistas, ajudados
por alguns militares não-integralistas e anti-Vargas, atacou o palácio presidencial. A guarnição
local conteve os invasores, que foram levados a polícia.

O Estado Novo entre 1937 e 1943, representou um hiato no desenvolvimento da política


partidária, organizada em linhas classistas ou ideológicas. Todos os grupos de alguma
significação haviam sido desbaratados e suprimidos.

O Estado Novo era um estado híbrido, não dependente do apoio popular organizado na
sociedade brasileira, e sem qualquer ase ideológica consistente. O Estado Novo era uma
criação altamente pessoal de Vargas, que tirava dele seu próprio proveito político.

Novos padrões de governo

O Estado novo trouxe mudanças irreversíveis nas instituições de vida política e a administração
pública. Ele transformou as relações entre o poder federal e estadual, e aproximou o Brasil de
um governo verdadeiramente nacional.

Em 1945, o Brasil herdou um executivo federal em mais forte daquele que os revolucionários
haviam tomado em 1930. O governo aumento seus poderes na esfera administrativa por dois
modos diferentes: primeiro, muitas funções que antes eram exercidas por governos estaduais
e municipais, foram transferidas para área de competência federal. O governo passou a tomar
para si, responsabilidades como a saúde, a educação, o comércio e etc. Ex. Criação do
Ministério do Trabalho, Industria e Comércio, e o da Educação e Saúde, já em 1930. Em
segundo lugar, o governo passou a atuar em novas áreas: a crescente participação do governo
federal da economia, requeria novos órgãos federais, o que acabava diminuindo a participação
de Estados e municípios.

O governo federal possuía industrias, ferrovias, empresas de navegação, empresas de


economia mista. A nova responsabilidade nas áreas de previdência social e organização dos
sindicatos trabalhistas, aumentou ainda mais o poder federal. Muito valorizadas no Estado
Novo, as atividades nessas áreas haviam começado ainda antes da Constituição de 1934. As
fontes de renda advinda dessas áreas eram supervisionadas pelas autoridades federais, e não
estaduais ou municipais. O objetivo era aumentar o contato direto do poder federal, em
âmbito local, para acabar com os alicerces da política dos governadores, vigorada antes de
1930.

O poder dos governos estaduais e municipais foi diminuído pelas restrições de fontes
tradicionais de receita tributária, como a eliminação do imposto interestadual, ou exportação.
Foi um passo importante para a criação de um mercado nacional. Com isso, também veio o
crescimento da burocracia.
O crescimento de novas instituições políticas a nível federal serviu para a unificação
administrativa do país, que se expandia, e contribuiu para que Vargas articulasse uma rede
nacional de alianças políticas. Com exceção dos paulistas, o crescimento da centralização foi
recebido de bom grado, por aqueles que apoiaram a Revolução de 1930, principalmente das
classes urbanas, que se sentiram mais representadas politicamente.

Tanto os constitucionalistas liberais, como os tenentes sabiam que seus objetivos teriam
melhores perspectivas de serem alcançados com um regime federal forte. Eles não estavam
interessados em lutar contra a ditadura, mas ver o que dela podiam tirar. Com exceção de
instituições como o DIP, para a propaganda oficial e censura da imprensa, além da polícia
secreta, a estrutura administrativa do Estado Novo era uma tentativa de governar
efetivamente, e rapidamente, transformar o país, além de facilitar o poder pessoal de Vargas.
Ele conseguiu neutralizar a oligarquia política local.

Vargas possuía grande poder de persuasão, sempre atento a persuadir a oposição e os chefes
regionais, oferecendo favores em âmbito federal. Vargas apelava para o nacionalismo, como
forma de superar as disputas regionais: em 1937, ele queimou as andeiras dos estados em
uma cerimônia pública.

Antes e depois de 1937, Vargas fez uso dos interventores. Estes eram governantes de
nomeação federal, e que também eram investidos de poderes legislativos. Quando os Estados
se rebelavam, Vargas recorria a militares com interventores. Assim, Vargas pode nos estados
principais, minar os grupos os grupos políticos tradicionais, e criar, no lugar deles, uma rede de
alianças locais de orientação nacional.

Vargas também conseguiu se tornar um símbolo, para uma nova geração, de um senso de
objetivo nacional. O apoio de jovens intelectuais, em maioria da classe média, ajudava a
fornecer uma aura de legitimidade intelectual ao líder. Muitos brasileiros que apoiaram
Vargas, queriam receber uma justificativa racional para seus atos.

Vargas permitia ao DIP, explorar sua imagem. Tinha grande conhecimento do caráter nacional,
e das características do caráter brasileiro.

O Estado Novo não produziu novos partidos políticos, e seu sistema não-político oferecia o
veículo perfeito para os grandes talentos de persuasão e reconciliação de Vargas, que
dependiam de contato direto com seus aliados e adversários.

Nos últimos dois anos do Estado Novo, Vargas percebia que o regime não iria durar depois da
Segunda Guerra. O seu fascismo estava sendo condenando a ser sacudido pela queda próxima
do fascismo na Europa, para a derrota do qual o Exército Brasileiro estava contribuindo com
uma Força Expedicionária (FEB). Assim, em 1943, com o apoio de seu Ministro do Trabalho,
Marcondes Filho, Vargas deu início a um novo movimento político, mais voltado à esquerda,
baseado na doutrina do trabalhismo. Promoveu a vasta legislação da previdência social da
classe operária, para ganhar sua lealdade.

O governo controlava os sindicatos de diversas formas. Apenas os sindicatos reconhecidos pelo


Ministério do Trabalho eram considerados legais. Ministério do Trabalho colocava seus
próprios agentes (conhecidos como pelegos) em posições de liderança, excluindo os militantes
operários independentes. Houve também a implantação do imposto sindical, no montante de
um dia de salário por ano, deduzido da folha de pagamento do trabalhador. Os fundos eram
distribuídos entre os sindicatos reconhecidos pelo governo, através do Ministério do Trabalho.
Outra tática seria a criação de um Partido Trabalhista, asseado na coalizão dos sindicatos
dominados pelo governo e das forças “progressistas” que Vargas esperava liderar, adotando
programas de industrialização, nacionalismo econômico e previdência social. Após 1943,
Vargas estava montando os alicerces para sua última aparição como líder “democrático”, que
podia confiar no apoio de um novo movimento popular, e também de grupos mais
estratificados, como os proprietários rurais, os industriais de São Paulo e a burocracia.

Novas direções econômicas

Por volta dos anos 30, o Brasil exportava produtos primários e importava produtos
manufaturados, como sugeriam os princípios do liberalismo econômico. Ao mesmo tempo,
tentava aumentar ao máximo sua vantagem relativa através de controle de mercado,
estocando mercadorias como o café – violando a doutrina liberal da escola de Manchester.

Com a crise de 1929, a compra dos excedentes de café e posteriormente sua queima, evitaram
que o Brasil entrasse em colapso. Também, a depressão diminuiu a capacidade de o país
importar produtos, estimulando a industrialização leve. Os consumidores agora procuravam
fontes brasileiras para os produtos que, anteriormente, compravam no exterior.

O surto de industrialização no final da década de 1930, foi auxiliada por uma política
consciente de intervenção estatal, à medida que o repudio do Estado Novo ao liberalismo
político, e tentando se afastar do liberalismo econômico. O governo federal dirigia a economia
por dois modos principais:

A primeira, por meio da manipulação de incentivos, como impostos, controles de credito,


exigências salariais. Nesta área, o Estado Novo presidio a fixação dos primeiros salários
mínimos, assim como, foram introduzidos ou fortalecidos outros recursos de estímulos
administrativos como os institutos de previdência social e as caixas econômicas, além do anco
do Brasil, com poder para fornecer empréstimos. Na segunda área, o investimento público
direto tanto por empresas mistas como por apenas públicas. Foi criada em 1940, a Companhia
Siderúrgica Nacional, construindo uma imensa usina em Volta Redonda. Outras companhias
foram criadas, nos setores de minério de ferro, promoção de motores para caminhão e aviões,
e desenvolvimento do Vale do São Francisco.

A intervenção do governo federal na economia brasileira se acelerou durante a Segunda


Guerra Mundial. A entrada formal do Brasil na guerra, 1942, deu oportunidade a um esforço
de mobilização econômica em escala total. A necessidade de matérias primas e bens
manufaturados, vitais para o esforço de guerra, deu nova importância ao programa do
governo Vargas, de empresas financiadas pelo Estado.

Os brasileiros forneceram bases vitais para a batalha do Atlântico Norte e para a linha de
comunicações com o norte da África, de importância fundamental. Em troca, os
estadunidenses se comprometeram com a ajuda ao desenvolvimento econômico do Brasil,
como o fornecimento do empréstimo de 20 milhões de dólares para a nova Companhia
Siderúrgica Nacional.

Estava relacionada a política da Boa Vizinhança

Também, os EUA já sabiam que Vargas havia negociado ativamente, com a Alemanha nazista,
a ajuda para a montagem de uma indústria siderúrgica.
Vargas usou a ocasião do esforço de guerra para elaborar uma política de industrialização,
objetivo para o qual se encaminhava desde 1937. Durante o Estado Novo, Vargas intensificou
também o apelo aos sentimentos brasileiros de nacionalismo econômico. O efeito prático do
nacionalismo foi criar condições de apoio as medidas para a industrialização, da mesma forma
que incrementou a intervenção estatal na economia.

Os militares superiores eram favoráveis ao controle nacional sore os setores que consideravam
essenciais à segurança nacional, assim como os tenentes. Os intelectuais e os estudantes eram
atraídos pelos argumentos do nacionalismo econômico. A intervenção pública em setores
chave da economia, também oferecia atrativo político para a mais conscientizada, classe
operária urbana. Por fim, alguns detalhes dessa política agradavam os homens de negócio e os
consumidores brasileiros, á que alguns empresários poderiam achar interessante na ter que
competir com produtos estrangeiros superiores.

A industrialização do Brasil, de 1930 a 1945, foi produto da substituição espontânea das


importações, com a manutenção da procura interna através do programa de auxílio ao café, e
o deslocamentos dos investimentos, do setor de importação para a industrialização voltada ao
mercado interno, além de ser fruto da intervenção estatal, direta e indireta.

O crescimento da responsabilidade estatal no setor econômico resultou de uma reação da


elite política. O único grupo importante que apoio a industrialização foram os militares
superiores, que desejavam urgentemente uma indústria siderúrgica, asseados em uma
consideração econômica, de segurança nacional e nacionalismo emocional. A política de
industrialização imposta por Vargas, não foi uma vitória de um dinâmico setor urbano, ela foi
imposta de cima, durante uma ditadura. Por volta de 195, a direção da política do governo era
irreversível. Vargas, em parte reagindo a pressão dos militares superiores, avia comprometido
todos os governos subsequentes com a responsabilidade de dirigir a economia nacional em
larga escala. A Depressão mostrou que o Brasil teria que escolher a industrialização para se
transformar em uma nação moderna e numa potência mundial.

Cáp. II – Fim do Estado Novo; Governo Dutra (1945-1950)

- O Ditador perde o controle

Em 1944, Vargas recebeu relatórios de críticas ao Estado Novo, correntes entre os oficiais
brasileiros que lutavam lado a lado com o 5º Exército Americano, na Itália. Os brasileiros
tinham se dado conta da anomalia de lutar pela democracia no exterior, enquanto persistia
uma ditadura em seu próprio país.

Durante o Estado Novo, a eficiente censura de Vargas à opinião pública tinha silenciado as
vozes dissidentes. No começo de 1945, os protestos dos opositores começaram a atravessar a
cortina da censura. Os censores começaram a falhar na tentativa de esconder os manifestos de
oposição ao governo, e isso era um sinal claro de que ditador estava cedendo espaço para seus
adversários. O relaxamento dos controles do governo tornou mais ousadas as vozes de
protesto.

Em 28 de fevereiro, um Ato Adicional a Constituição de 1937, previa que, dentro de 90 dias


seria divulgada a data das eleições. O Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos principais
comandantes da Força Aérea, foi apresentado como candidato dos constitucionalistas liberais,
sob a égide da União Democrática Nacional ou UDN.
A disposição do espírito popular tornara-se hostil. Vargas anunciou que não se candidataria.
Foi lançada a candidatura do Ministro da Guerra, General Dutra, que foi interpretada pela
oposição como tática diversionista de Vargas. Apoiando um candidato governista, que era
aceitável para o corpo de oficiais do Exército, o ditador poderia influenciar a política do seu
sucessor.

Em abril, o governo anunciou a anistia de diversos presos políticos, que foram soltos, como por
exemplo, Luís Carlos Prestes. Vargas apoiou a candidatura de Dutra, que se demitiu do
Ministério da Guerra, e foi substituído por Góes Monteiro. O Partido Comunista voltou a
legalidade.

Os que desejavam continuasse como Presidente, ou se declarasse candidato nas próximas


eleições, forma denominados “queremistas”, devido ao lema “Queremos Getúlio!”. Vargas
nem encorajou abertamente esse movimento, mas também não tentou evitar seu
crescimento. Depois de baixar os decretos destinados a “redemocratizar” o Brasil, Vargas
inclinara-se para a esquerda, na sua política interna.

Getúlio afirmava que não iria se candidatar, mas algumas atitudes levavam a dúvidas na
oposição, como por exemplo, antecipar a datas das eleições presidenciais, as colocando no
mesmo dia das eleições para governadores e municípios. Também, os candidatos teriam que
pedir demissão de seus cargos, pelo menos trinta dias antes da eleição. E mais: comunicou o
chefe da polícia do distrito federal, João Alberto, que este seria substituído por seu irmão
Benjamim Vargas.

Quando comunicado do fato, Góes Monteiro, articulou o apoio dos oficiais para realizar um
golpe e derrubar Getúlio. No dia 29 de outubro, Vargas recebeu um ultimato enviado por
Dutra: retirar a nomeação do seu irmão, ou enfrentar a deposição do Exército. Getúlio
recusou, e no mesmo dia, com o palácio sitiado, foi induzido a renunciar.

Vargas foi deposto do cargo, não pelo poder da oposição civil, mas por decisão do Alto
Comando do Exército. Não era, portanto, uma vitória conquistada pelos constitucionalistas
liberais. Era antes, um ato de forças dos generais. Como avia acontecido, nos momentos
críticos, em outubro de 1930, e novembro de 1937, foram os militares e não os políticos que se
tornaram os imediatos guardiães do poder.

Redemocratização em marcha

Com a queda de Vargas, assumiu a presidência de forma interina, José Linhares, presidente do
Supremo Tribunal Federal. A saída de Vargas em 1945, ocasionou mudanças profundas e
imediatas na política brasileira. Primero, a sombra de sua personalidade dominaria a política
brasileira por longo tempo. Segundo, a saída de Vargas significava a criação de uma nova
estrutura legal, para acompanhar a era democrática. Os brasileiros precisavam de uma
Constituição para substituir o documento de 1937; os partidos políticos teriam que ser
fundados e fortalecidos. Terceiro, a volta da política democrática ofereceria grandes
possibilidades para o aparecimento de desacordos e conflitos. A classe média e operária
poderia ganhar força. Os proprietários de terra continuariam no poder, e sua importância
dependeria da velocidade de crescimento dos centros urbanos.
Em 1945, a política brasileira estava dividida entre “os de dentro”, e “os de fora”. Os primeiros,
eram aqueles que haviam apoiado Vargas durante o Estado Novo. “Os de fora”, eram aqueles
que haviam sido excluídos do poder, desde 1937, especialmente os constitucionalistas liberais.

“Os de dentro”

Vargas criou uma rede de líderes e grupos com os quais poderia contar para apoio e
cooperação. Seu estilo político necessitava de uma astuta combinação de coerção e bajulação,
dirigidas aos quadros políticos e sociais do velho estilo. A rede política de Vargas era formada
por três grupos principais: Primeiro, haviam os políticos e burocratas que se beneficiavam dos
anos de Vargas e preferiam um mínimo de modificações no sistema que conheciam. Segundo,
haviam os proprietários de terra e industriais, assim como os banqueiros e homens de negócio.
Terceiro, estavam os trabalhadores urbanos, aos quais Vargas dedicou uma previdência social,
e uma organização sindical paternalista.

Os dois primeiros grupos compunham o PSD, Partido Social Democrático, enquanto o terceiro
grupo compunha o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro. O PTB tinha o objetivo de assegurar o
voto de classe operária para Vargas. Como Ministro do Trabalho, Marcondes Filho havia
consolidado as leis trabalhistas e ajudado a produzir a mística do trabalhismo, sobre a qual se
pudessem basear um movimento trabalhista. A saída de Vargas desmoralizou e dividiu o PTB.
Alguns defendiam o apoio a Dutra, outros, foram atraídos pela militância do Partido
Comunista.

“Os de fora”

Composto principalmente pelos constitucionalistas liberais

Ao final de 1944, organizaram a União Democrática Nacional

Em 1945, seu candidato à presidência era Eduardo Gomes

Os constitucionalistas liberais não eram contra o direito de o Exército intervir, mas sim, os
resultados dessa intervenção. Eles até aguardavam uma nova intervenção, agora em seu
benefício

Era o interesse na classe média e pertencimento a ela, que unia constitucionalistas liberais
e .militares

O Exército ter deposto Vargas, privou a oposição, como a UDN, de se vangloriar de serem as
responsáveis por defenderem a democracia

Eduardo Gomes tinha o apoio de homens de negócios, e algumas importantes figuras políticas,
além dos proprietários de terras. Também era apoiado pela maioria da imprensa

O projeto político da UDN propunha uma volta aos princípios do Liberalismo, tanto da política
como na economia. Permitir o funcionamento da economia de forma espontânea, sem a
intervenção do Estado, com pouca participação deste na industrialização

Outro grupo entre “os de fora”, em 1945, eram os comunistas


Os candidatos do partido e os princípios marxistas encontravam grande recepção na
comunidade, principalmente entre a nova geração. Em 1945, a atmosfera de triunfo sobre o
fascismo no exterior, baseado numa união entre EUA e URSS, e da qual o Brasil havia
participado, ajudou a ressuscitar a reputação do Partido Comunista dentro do país.

Luís Carlos Prestes era o grande nome do partido, já que gozava de prestígio na sociedade

Para as eleições, o candidato do partido foi o ex-prefeito de Petrópolis, Iedo Fiuza, que não era
comunista. O PCB acreditava que o Brasil ainda não estava pronto para um governo comunista

A Constituição de 1946: Um novo Brasil?

O General Dutra parecia prometer uma continuação do sistema de Vargas, sem as


características totalitárias.

Os políticos liberais de oposição pareciam basear a sua confiança na crença de que seu papel
na mobilização da opinião pública contra Vargas havia conquistado, para eles, um direito
natural a ter sua vez no poder.

Os comunistas ofereciam uma crítica radical ao sistema político e econômico inteiro

Dutra não entusiasmava o público como Vargas

Vargas apoiou a campanha de Dutra, mesmo sem convicção

Dutra venceu as eleições de 2 de dezembro, com 55% dos votos. As eleições prepararam o
terreno para a redemocratização do país.

Em setembro de 1946, foi promulgada uma nova Constituição. Nela, os analfabetos e os


convocados para as forças armadas não tinham direito ao voto, o que excluía grande parte da
população.

O governo Dutra

Dutra se mostrou um presidente apolítico

Líderes da UDN achavam que o regime de Dutra avia permitido a um certo número de
protegidos de Vargas permanecerem nos cargos.

Em dezembro de 1946, Vargas rompeu contra o governo. Ele havia sido eleito senador pelo
PSD, estava organizando o Partido Trabalhista Brasileiro, buscando obter o apoio dos
trabalhadores

Linhas políticas: Fluidez e rigidez

O maior opositor do governo Dutra, foi o Partido Comunista

Havia choques periódicos entre a polícia e os militantes comunistas. Estes criticavam o apelo
que o governo Dutra fazia aos investidores estrangeiros
O Partido Comunista encontrava terreno fértil, se difundindo entre as lideranças sindicais e
com mais espaço no congresso.

Dutra usou da repressão. Proibiu as ações do PC, com o apoio dos militares e
constitucionalistas liberais.

A supressão o Partido Comunista, criou um vazio na esquerda, que o PTB, criado por Vargas
buscou preencher

Vargas personificava um novo estilo populista de político.

O populista é um líder personalista, cuja organização política gira em torno de suas próprias
ambições e da sua própria carreira. É temido pela direita e desdenhado pela esquerda.

Percebe-se que o Brasil possui uma certa “tradição” de possibilitar votos a políticos populistas

O zigue zague econômico

A história econômica do governo Dutra pode ser dividida em duas fases: a primeira, entre
1946-47, quando ensaiou-se um retorno aos princípios do liberalismo, e a segunda 1947-50,
quando houve o aceleramento da “industrialização espontânea”, e uma inclinação para formas
rudimentares de planejamento geral dos gastos federais.

Ouve crescimento econômico no fim do governo Dutra

O planejamento, durante o governo de Dutra, foi procurado em base regional e setorial,


acompanhado de pequena intervenção do estado na economia.

- Obs: Deste momento em diante, não haverá mais anotações, mas sim, a indicação das págs
e parágrafo importante a serem analisadas. O objetivo é adiantar a leitura

A Volta de Vargas

Pág 101, parágrafo 4

Pág 102, parágrafo 2

Pág 103, parágrafo 2,3

Pág 104, parágrafo 2,3

Pág 105, parágrafo 1

Pág 106, parágrafo 2

Pág 107, parágrafo 3,4

Pág 108, parágrafo 1,2,4 e pág 109

Cáp. III – Nova Era Vargas (1951-1954)


Ministério de experiência

Pág 110, parágrafo 2

Classes Sociais e Desenvolvimento

Pág 111, parágrafo 4

Pág 112 paragrafo 3

Pág 113 paragrafo 2

Pág 114 paragrafo 3

Pág 116 paragrafo 2,3

Fórmulas para o crescimento

Pág 117, paragrafo 3

Pág 121, paragrafo 3

Ortodoxia e Nacionalismo

Pág 124 paragrafo 2, 3

Pág 127 paragrafo 3

Pág 128 paragrafo 2, 4

Pág 129 paragrafo 3

Pág 130 paragrafo 3

Pág 131 paragrafo 2

Pág 132 paragrafo 3

Focus de oposição: a UDN e os militares

Pág 133 paragrafo 2

Pág 134 paragrafo 2

Pág 135 paragrafo 2,3

Pág 136 paragrafo 2

Pág 139 paragrafo 2,3

Pág 140 paragrafo 3

Pág 141 paragrafo 2,3


Aumentam as tensões sociais

Pags 142 e 143

Pag 144 paragrafo 3

Pag 145 paragrafo 2,5

Uma nova estratégia política

Pág 147 paragrafo 2,3

Pág 148 paragrafo 3

Pág 149 paragrafo 2

Tentativa de estabilização econômica

Pág 151 paragrafo 2,3

Pág 152 paragrafo 2

Vargas subestima a classe média

Pág 153 paragrafo 4

Pág 154 paragrafo 3

Pág 155 paragrafo 3

Pág 156 paragrafo 3,4

Manifesta-se a crise

Pág 158 paragrafo 3

Pág 159 paragrafo 3

Pág 160 paragrafo 2

Pág 162 paragrafo 2,3

Fevereiro de 1954: Um teste de poder

Pág 164 paragrafo 3

Pág 165 paragrafo 2

Pág 166 paragrafo 4


Equívoco e polarização

Pág 169 paragrafo 2

Pág 170 paragrafo 3

Pág 171 paragrafo 3

Do assassinato ao suicídio

Pág 174 paragrafo 3

Pág 175 paragrafo 2,3

Pág 177 paragrafo 2

Pág 178 paragrafo 4

Pág 179 paragrafo 3,4

Pág 180 paragrafo 4

Cáp IV – Governo Transitório (1954-1956)

Política sem Vargas

Pág 181 paragrafo 1

Pág 182 paragrafo 2

Pág 183 paragrafo 3

Retorno dos “de dentro”

Pág 185 paragrafo 3

Pág 186 paragrafo 4

Pág 187 paragrafo 3

Pág 188 paragrafo 2,3

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