A CAMINHO DO GOLPE DE ESTADO

Carolina Maria Albuquerque de Lima 1

Entre 1926 e 1930 o Brasil encontrava-se sob a presidência do paulista Washington

Luís. Seu governo sofreu um grande abalo após da queda da Bolsa de Nova York, em outubro
de 1929. O Brasil, cujas economias dependiam de exportações agropecuárias entrou em uma
de suas maiores crises. A economia cafeeira paulista entrou em uma de suas maiores crises.
Fábricas faliram, milhares de pessoas foram demitidas e quem manteve seu emprego teve seus
salários reduzidos à metade.

Além desses problemas, as eleições presidenciais estavam marcadas para março de 1930
e encontrava-se tumultuada. De acordo com a tradição Washington Luís deveria apoiar um
mineiro para sucedê-lo na presidência, mas indicou o nome do governador de São Paulo, Julio
Prestes. Os líderes do partido mineiro inconformados com a atitude do então presidente une-se
aos partidos Republicano e Libertador do Rio Grande do Sul, ao Partido Democrático de São
Paulo e ao Partido Republicano da Paraíba para formar a Aliança Liberal. Juntos, lançam a
candidatura à presidência do gaúcho Getúlio Vargas e para Vice-Presidente o paraibano João
Pessoa.

As eleições acontecem no mês planejado e Júlio Prestes vence Getúlio Vargas. A

liderança da Aliança Liberal aceita o resultado, mas os setores tenentistas 2 que apoiavam
Getúlio passaram a organiza-se com o ideal de promover um movimento contra as oligarquias 3
no poder. Então dia 26 de julho, João Pessoa, ex- candidato à Vice-presidência pela chapa
Aliança Liberal, é assassinado. E os integrantes da chapa culparam o presidente Washington
Luís dando ponta pé à revolução que

[...] eclodiu em outubro [1930] e, no dia 3 de novembro, Vargas assumiu a

chefia do Governo Provisório da nação. De imediato o Congresso Nacional e

1
Graduanda de História Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas.
2
“[...] os tenentistas colocavam-se como opositores do regime existente da Primeira República, sobretudo se
opunham ao domínio que as oligarquias tinham na política brasileira [...]” Disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/tenentismo.htm. Acesso em: 20 de novembro de
2022.
3
“A palavra oligarquia tem origem grega cujo significado é ‘governo de poucos’. Disponível em:
https://www.politize.com.br/oligarquia-o-que-e/. Acesso em: 20 de novembro de 2022.
 as Assembleias estaduais e municipais foram fechadas, os governadores de
estado depostos e a Constituição de 1891 revogada. Vargas passou a governar
através de decretos-lei. (PANDOLFI, Dulce, 2003)

Como supracitado, na primeira metade do século XX, a economia mundial passou a ser
afetada pelo fenômeno econômico chamado A Grande Depressão, que exerceu grande
influência no desenvolvimento econômico e político dos países durante as décadas que
ocorreram as grandes guerras mundiais. A economia cafeeira paulista, que mantinha o
predomínio da economia brasileira da época, foi diretamente atingida, “o setor agrário, após o
crack da bolsa de Nova York, debilitou-se muito.” (CAPELATO, 2003).

Getúlio, que já havia assumido o governo provisório, “deu início a uma política
centralizadora que acabava com a autonomia dos Estados.” (CAPELATO, 2003), começa a
adotar um conjunto de medidas que visavam recuperar os preços internacionais do café. A
descentralização de poder deixou as elites Paulistas insatisfeitas e desejavam a volta do regime
liberal, tendo como resposta a revolta de 1932. E menos de três meses, São Paulo foi massacrado
pelo governo federal. Porém, mesmo derrotado São Paulo obtém ganhos políticos e o governo
convoca eleições para maio de 1933 , visando à formação de uma Assembleia Constituinte.

Em 1934 a nova Constituição foi apresentada e os constituintes elegeram Getúlio Vargas

para Presidente da República. Com isso, chegava ao fim o governo provisório. De acordo com
a Constituição, o mandato presidencial se estenderia até 1938, quando um novo presidente,
escolhido por voto livre e direto, deveria assumir o cargo.

A publicação da Constituição e a eleição de Vargas trouxeram a impressão de que a

estabilidade política havia sido reestabelecida no Brasil. Entretanto, os anos que se seguiram
foram marcados de por uma forte polarização política com o surgimento de dois movimentos
antagônicos: a Ação Integralista Brasileira, AIB, de direita, e a Aliança Nacional Libertadora,
ANL, de esquerda.

A AIB, liderada pelo escritor Plínio Salgado, defendia ideias fascistas defendendo a
implantação de uma ditadura de direita no Brasil, semelhante a de Mussolini na Itália. Tendo
como lema “Deus, Pátria e Família”, era um movimento antiliberal, anticomunista e defendia o
controle do Estado sobre a economia. Já a ANL, tem como líder o comunista Luiz Carlos
Prestes. O grupo tinha como programa político o nacionalismo e o anti-imperialismo, mas
quatro meses depois de fundada foi declarada ilegal pelo presidente Vargas, começando a agir
clandestinamente.

Em novembro de 1935, os setores da ANL ligados ao Partido Comunista do Brasil

lideraram insurreições militares nas cidades de Natal, Rio de Janeiro e Recife com objetivo de
tomar o poder e instaurar o comunismo no Brasil. Porém, os levantes fracassaram. Getúlio
Vargas determinou a prisão de mais de mil pessoas e entre os detidos estava Luís Carlos Prestes.

Diante de todo esse clima de tensão que o país vivia, teve início em 1937 a campanha
para o sucessor de Getúlio Vargas, porém o presidente junto às Forças Armadas articulava sua
permanência no poder, e dia “10 de novembro de 1937, sob a liderança de Getúlio Vargas, com
o apoio do Exército e de outras forças antidemocráticas [...]” (CAPELATO, 2003) o Presidente
encontra o pretexto que faltava para dar um golpe de Estado: o Plano Cohen, “relatando a
preparação de uma insurreição comunista do Brasil” (CAPELATO, 2003)

Sendo mentira, do início ao fim, o Plano Cohen, fora arquitetado pelo capitão Olímpio
Mourão Filho, organizador das milícias da Ação Integralista Brasileira e lotado no setor de
inteligência do Estado-Maior do Exército.4 E na “manhã do dia 10 de novembro de 1937 o
Congresso Nacional foi cercado por tropas da Polícia Miliar.” (PANDOLFI, 2003)

Por meio do rádio, o presidente declarou canceladas as eleições presidenciais e anunciou

a instauração do Estado Novo, definido por ele como “um regime forte, de paz, justiça e
trabalho”. A seguir foi outorgada a nova constituição, que logo foi chamada de Polaca, devido
as semelhanças com a Constituição polonesa, que tinha por inspiração o fascismo.

As garantias individuais foram suspensas e já havia mais direito de reunião. A população

estava proibida de se organizar, reivindicar seus direitos e de manifestar livremente suas
opiniões. Sem reação popular começava a nova fase do governo getulista: a ditadura
centralizada em todo na figura de Getúlio Vargas.

REFERÊNCIAS

4
Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br/card/plano-cohen-falsificacao-para-legitimar-ditadura.
Acesso em: 25 de novembro de 2022.
NEVES SILVA, Daniel. Tenentismo. História do Mundo, 2022. Disponível em:
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/tenentismo.htm. Acesso em: 20 de
novembro de 2022.

ZIMERMANN, Igor. Oligarquia: entenda o que é e em que países já ocorreu!. Politize, 2021.
Disponível em: <https://www.politize.com.br/oligarquia-o-que-e/>. Acesso em: 20 de novembro de
2022.

GOVERNO e Exército forjam Plano Cohen. Memorial da democracia, 2022. Disponível em:
http://memorialdademocracia.com.br/card/plano-cohen-falsificacao-para-legitimar-ditadura.
Acesso em: 25 de novembro de 2022.

PANDOLFI, Dulce Chaves. Os anos 1930: as incertezas do regime. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2003. Acesso em: 30 de novembro de 2022.

CAPELATO, Maria Helena. O Estado Novo: o que trouce de novo?. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003. Acesso em: 30 de novembro de 2022.