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UM ESTUDO DE CASO DA MANUTENÇÃO PREDIAL TENDO EM VISTA


AS NBR’s 15575:2013 E 5674:2012

Monique Carminatti – carminattiengenharia@hotmail.com

Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Itajaí, SC, 20/12/202

Resumo

Toda edificação é construída para atender ao usuário por um determinado


número de anos, mas para isto, a construção requer um desempenho mínimo, então
conservar as obras que existem é tão importante quanto investir em novas. Os
problemas ligados a detalhes construtivos ou de manutenção ocasionam
manifestações patológicas. A vida útil da edificação pode ser reduzida quando estas
manifestações forem tratadas inadequadamente ou não tratadas. Para isto é
necessário que primeiramente ocorra à vistoria, a análise das manifestações e que
sejam estabelecidas as incumbências quer do projetista, quer do usuário ou do
construtor. Este projeto de pesquisa teve o propósito de elaborar um plano de
manutenção preventiva em edifícios e vistoriar as manifestações patológicas. Para
isso, foi realizado vistoria no edifício. Após foi feita a analise de cada manifestação
patológica a partir do relatório fotográfico, com isto foi atribuído para cada
manifestação patológica uma ou mais incumbências. Constatou-se que no edifício
vistoriado o principal responsável pelas manifestações patológicas foi o construtor e
em segundo os usuários, devido à falta de conscientização e prática da manutenção
preventiva.

Palavras-chave: Manutenção, Desempenho, Manifestação Patológica,


Inspeção.

1. Introdução

Após muitos anos de estagnação com o baixo investimento em infraestrutura


e habitação, a construção civil foi o alicerce para o progresso e desenvolvimento da
economia brasileira.
Com esse crescimento, as sociedades contemporâneas enfrentam intensas
transformações que envolveram a organização social, os padrões econômicos, o
desenvolvimento tecnológico, o bom emprego coerente de recursos e o respeito à
natureza. (CBIC, 2013)
Então é necessário encontrar soluções e melhorias para construções que
apresentam problemas nos requisitos de durabilidade, conforto e segurança.
Para isso ocorrer, é preciso estabelecer requisitos de desempenho. Esses
requisitos começaram a ser regulamentado pelo Rei Hammurabi da Babilônia,
quando escreveu o Código de Hammurabi, no artigo nº 229 estava imposto que “o
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construtor fez uma casa para um homem e o seu trabalho não foi forte, e se a casa
cair e matar o dono da casa, então o construtor deve ser morto”. (BORGES, 2008).
Segundo Borges (2008, p. 27), em 1925, nos Estados Unidos o U.S National
Bureau of Standards, publicou um relatório de práticas Recomendadas na
Preparação de Códigos de Obra, que estabelecia:

Sempre que possível, os requisitos devem ser


estabelecidos em termos de desempenho, baseados em
resultados de testes para as condições de uso, do que em
termos de dimensões, métodos detalhados ou materiais
específicos. De outra forma, novos materiais ou novas
utilizações de materiais comuns, que atenderiam as demandas
da construção satisfatoriamente e economicamente, poderiam
ter o seu uso restrito e, portanto, obstruindo o progresso da
indústria.

No ano de 1970, o International Council for Research and Innovation in


Bulding and Construction – CBI criaram a Comissão de Trabalho W060 e passaram
a estudar mais profundamente e de forma estruturada o tema de desempenho.
(BORGES, 2008). E no ano de 1982, Gibson que era coordenador do W060,
conceituou o desempenho para construção, como sendo uma prática de se pensar
em termos de fins e não de meios, não devendo se preocupar como a edificação
deve ser construída e sim com os requisitos que esta deve atender. (BORGES,
2008).
Em 2008, foi publicada a primeira versão da Norma de Desempenho
Habitacional, deixando os construtores, projetistas e indústria de materiais com
dificuldades para se adequarem aos requisitos. (DESEMPENHO.., 2013).
Em fevereiro de 2013, foi publicada a revisão da norma que entrou em vigor
em julho de 2013. A primeira versão da NBR 15575 era restrita a residências de
cinco pavimentos e na versão atual contempla projetos habitacionais de qualquer
porte.
A NBR 15575:2013, atribui deveres para os incorporadores, construtores,
projetistas, usuários e outros, apresentados a seguir.
Os incorporadores têm a responsabilidade de identificar os riscos previsíveis
na época de projeto e providenciar estudos técnicos. Também devem definir os
níveis de desempenho para os elementos da construção (NBR 15575:2013).
Os construtores devem elaborar Manuais de Uso, Operação e Manutenção.
(NBR 15575:2013– Edificações Habitacionais – Desempenho)
Para os projetistas as incumbências são de indicar nos memoriais
descritivos, a Vida Útil de Projeto, de cada sistema que compõe a obra,
especificando materiais, produtos e processos (CBIC, 2013)
Os fornecedores também têm suas obrigações, que são caracterizar o
desempenho do componente, fornecer o prazo de vida útil para o produto, os
cuidados de operação e manutenção e também fornecer resultados comprobatórios
de desempenho do elemento (CBIC, 2013)
Ao usuário cabe usar corretamente a edificação, não realizando sem
autorização prévia da construtora, alterações nas cargas previstas no projeto. E
também deve realizar manutenções preventivas e sempre que necessário às
corretivas, de acordo com o Manual de Uso, Operação e Manutenção do imóvel
(CBIC, 2013).
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A manutenção é um conjunto de atividades realizadas para conservar ou


recuperar a capacidade funcional da edificação e seus sistemas constituintes, a fim
de atender às necessidades e segurança dos seus usuários. (CBIC, 2013)
As edificações devem ter um registro documentado de acordo com a norma
ABNT NBR 5674:2012. Para a realização das manutenções, é obrigatório que sejam
feitas com uma empresa especializada, capacitada ou equipe de manutenção local.
Caso não ocorra a realização destas, a garantia diminui em 50% ou até mesmo
pode ser rompida. (CBIC, 2013)
Tendo a obrigatoriedade de haver manutenções, se faz necessário um
planejamento das atividades de manutenção das edificações e processos de
controle de documentação. Isso será revertido em economia, já que a manutenção
corretiva é mais cara e trará também saúde e segurança.

2. Desenvolvimento
Segundo a NBR 5462:1994, a manutenção é um conjunto de atividades que
envolvem ações técnicas e administrativas que, juntas, irão manter ou recolocar a
um item a capacidade de desempenhar determinada função.
Para Verçosa (2004 apud MARTINS, 2008, p. 49), a manutenção tem como
finalidade preservar e/ou recuperar as condições adequadas da edificação para o
uso e desempenho previstos em seus projetos. Mas para que isso ocorra, deve
haver ações de inspeção, prevenção, conservação e reabilitação.

Figura 1-Tipos de manutenção segundo Kardec e Nascif


FONTE: KARDEC; NASCIF, 2006 apud ABREU, 2012, p. 32.

Existem vários tipos e níveis de manutenção, conforme Figura 1. Gomide,


Pujadas e Fagundes Neto. (2006) identificam basicamente as seguintes
modalidades quanto a estratégia:

• Detectiva: tem em vista identificar as possíveis causas de falhas


e anomalias, auxiliando nos planos de manutenção.
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• Preditiva: é a inspeção que tem como objetivo o estudo de


sistemas e equipamentos com a finalidade de prever possíveis anomalias ou falhas
nos mesmos, fundamentado no seu desempenho e comportamento, e, a partir disso,
implementar e direcionar os procedimentos de manutenção preventiva;

• Preventiva: antes mesmo da necessidade de reparo, esta


atividade deve entrar em ação. Exige um planejamento, com datas predeterminadas,
obedecendo a requisitos técnicos estabelecidos pelo fornecedor ou fabricante do
produto. É essencial que haja um controle registrado das atividades executadas;

• Corretiva: tem o intuito de reparar e restaurar as falhas ou


anomalias, sendo ela planejada ou não. Necessita da paralisação total ou parcial de
um sistema. De todos os tipos de manutenção, é a que possui os custos mais
elevados de execução;

Segundo os autores Resende, Barros e Medeiros, (2002) apud Martins


(2008), as atividades de manutenção podem ser originadas da durabilidade dos
materiais que está associada à manutenção preventiva, ou, às patologias que está
associado à manutenção corretiva.

2.1. Manutenção Predial

Conforme Pujadas (2011) a manutenção é um conjunto de atividades e


recursos que visa direcionar recursos para conservar e recuperar o desempenho de
sistemas e elementos construtivos, com o objetivo de oferecer a segurança e as
expectativas do usuário.
De todas essas características, as que mais se destacam, são as ligadas à
recuperação e conservação. A manutenção não tem a finalidade de reformas e
alterações e sim de prever e sugerir aspectos de inovações tecnológicas.
Para John (1989) apud Castro (2007), a manutenção predial pode ser
classificada de várias formas, que são:
• De acordo com o tipo de manutenção: modernização, reparação,
conservação ou restauração;
• Da origem dos problemas do edifício: evitáveis ou inevitáveis;
• Se a estratégia de manutenção foi preventiva ou corretiva;
• Conforme a periodicidade de realização das atividades:
rotineiras, periódicas ou emergenciais.
As anormalidades que as edificações apresentam, têm como principal causa
a falta de uma manutenção adequada, essas anomalias causam significativos
danos materiais e pessoais, não atingindo apenas ao proprietário, mas à sociedade
em geral também, pois a deterioração urbana favorece a criminalidade, prejudica o
turismo e reduz a autoestima do cidadão. (IBAPE/SP, 2012).
Segundo a NBR 5674:2012, para que possa se atingir maior eficiência na
administração de uma edificação ou de um conjunto de edificações, é preciso que
haja uma abordagem, com sua fundamentação baseada em procedimentos
organizados em um sistema na gestão da manutenção, de acordo com uma lógica
de controle de qualidade e de custo.
A NBR 5674:1999 Requisitos para o Sistema de Gestão de Manutenção foi
reformulada em julho de 2012 e ela impõe os requisitos para a gestão de
manutenção de edificações.
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O programa de manutenção, resume-se na determinação das atividades


fundamentais de manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução,
documentos de referência, referências normativas e recursos necessários, todos
referidos individualmente aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos,
componentes e equipamentos. O mesmo deve periodicamente ser atualizado e
precisa considerar projetos, memoriais, orientação dos fornecedores e manual de
uso, operação e manutenção (quando existir), além dos atributos específicos, como:

▪ Tipologia, complexidade e regime de uso da edificação;


▪ Sistemas, materiais e equipamentos;
▪ Idade das edificações;
▪ Expectativa de durabilidade dos sistemas, quando aplicável aos
elementos e componentes, precisando atender à ABNT 15575;
▪ Relatórios das inspeções, incluindo comparativos entre as metas
previstas e as metas efetivas, tanto físicas como financeiras;
▪ Relatórios das inspeções constando as não conformidades
encontradas;
▪ Relatórios das inspeções sobre as ações corretivas e preventivas;
▪ Solicitações e reclamações dos usuários ou proprietários;
▪ Histórico das manutenções realizadas;
▪ Rastreabilidade dos serviços;
▪ Impactos referentes às condições climáticas e ambientais do local da
edificação;
▪ Escala de prioridades entre os diversos serviços; e
▪ Previsão financeira.

O programa deve no mínimo conter uma sistematização ou estrutura que


considere:

▪ Designação do sistema, quando aplicável aos elementos e


componentes;
▪ Descrição da atividade;
▪ Periodicidades em função de cada sistema, quando aplicável aos
elementos e componentes, observadas as prescrições do projeto ou as
especificações técnicas;
▪ Identificação dos responsáveis;
▪ Documentação referencial e formas de comprovação;
▪ Modo de verificação do sistema;
▪ Custo.

Segundo NBR 5674:2012 a manutenção e gestão predial são de


responsabilidade do síndico. Este deve cuidar das orientações e observações
referentes às manutenções, que o profissional emissor do Laudo de Inspeção
Predial destacou. Se as mesmas não forem cumpridas o profissional se exime da
responsabilidade técnica.
O síndico ou proprietário também deve exigir a Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART, para comprovar que a obra ou projeto foi
executado por um profissional habilitado. Isso evita o exercício ilegal das profissões
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das áreas técnicas e irá formalizar o compromisso do profissional, comprovando


assim a contratação do serviço (IBAPE, 2012).

2.2. Desempenho de Edificações Habitacionais – NBR 15575:2013

Em julho de 2013 entrou em vigor a revisão da NBR 15575, nela foi


estabelecido à responsabilidade do construtor, fabricante, incorporador, projetista e
próprio usuário, facilitando a identificação de quem cometeu a falha e
responsabilizando o culpado.
A mesma foi dividida em seis partes:
• Requisitos gerais – Parte 1;
• Requisitos para os sistemas estruturais – Parte 2;
• Requisitos para os sistemas de pisos – Parte 3;
• Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas
– Parte 4;
• Requisitos para os sistemas de coberturas – Parte 5;
• Requisitos para os sistemas hidrossanitários – Parte 6.

A NBR 15575:2013, estabeleceu uma lista de exigências dos usuários,


esses critérios são:

• Segurança: estrutural, contra fogo e no uso;


• Habitabilidade: são exigidos desempenho térmicos, acústicos, tátil, do
lumínico, qualidade do ar, saude, higiene, acessibilidade e estanqueidade;
• Sustentabilidade: durabilidade e manutenibilidade
• Incumbências: traz obrigações para cada pessoa envolvida no
processo (projetistas, construtor, incorporador e usuários).

Para a realização deste trabalho foram escolhido um edifício, localizado na


cidade de Balneário Camboriú. Em seguida, foi executado uma vistoria da estrutura
física do edifício, do estado de conservação. Posteriormente, foi realizada uma
entrevista com síndico para verificar a existência e periodicidade das manutenções .
Após a inspeção e relatório fotográfico prontos, foram analisadas as
manifestações patológicas, com auxilio bibliográfico e atribuído incubências para
cada manifestação patológica.
Com as análises e verificações já realizadas e com o auxílio da NBR
5674:2012, criou-se um plano de manutenção preventiva, conforme Apêndice A, que
contém a periodicidade, o sistema, o elemento, o procedimento e o responsável de
cada manutenção.
A partir do programa elaborado foi sugerida aos síndicos e zeladores a
aplicação dos programas de manutenção predial, a fim de manter as garantias dos
usuários, o desempenho e durabilidade dos sistemas.

2.3. EDIFÍCIO A

O edifício A está situado em Balneário Camboriú – SC foi construído no ano de


1982, portanto tem a idade de 32 anos. Sua tipologia é concreto armado, com alvenaria
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de vedação, esquadrias em alumínio e revestimento de fachada com textura rolada,


nas sacadas o revestimento é em pastilhas. Está localizado em uma região de classe
de agressividade III, conforme NBR 6118/2014, trazendo grandes riscos de
deterioração à estrutura. O edifício possui 13 pavimentos (1 de garagem, 12 tipos e
cobertura).

Este edifício está constantemente recebendo manutenções, algumas são


realizadas por pessoas contratadas pelo zelador, o que é um erro, pois algumas destas
deveriam ser executadas por empresas capacitadas ou especializadas. As únicas
manutenções que são executadas pelos devidos profissionais são as de limpeza da
caixa d’ água e dos elevadores. Na Tabela 1 tem-se a entrevista com o síndico.

Documentos Sim Não


Administrativa
Regimento Interno do Condominio x
IPTU x
Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros x
Alvará de funcionamento x
Cadastro no sistema de limpeza urbana x
Técnica
Memorial descritivo x
Projeto executivo x
Projeto de estruturas x
Projeto instalações de gás x
Projeto de instalações elétricas x
Projeto de instalações de cabeamento e telefonia x
Projeto de instalações do Sistema de proteção contra descargas x
Manutenção e Operação
Manual de uso, operação e Manutenção x
Plano de Manutenção x
Selos dos extintores x
Relatório de Inspeção Anual de Elevadores x
Laudo de inspeção predial anteriores x
Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás x
Relatório de Inspeção Anual do Sistema de proteção a Descarga
Atmosférica -SPDA x
Tabela 1: Entrevista com o síndico
Fonte: Do autor

Após iniciou-se a inspeção visual, porém verificou-se a necessidade de


ajustar a planilha, então depois de arrumá-la ocorreu o retorno a campo no dia 13 de
setembro para realizar definitivamente a vistoria. Nesta etapa registrou-se as
manifestações patológicas existentes através do check-list e do relatório fotográfico.
No período da vistoria foram analisados aspectos importantes como: manchas
de bolor e/ou umidade, fissuras, descolamento e/ou desplacamento do emboço e
cerâmica, corrosão, desagregação, delaminação, mudança de coloração da fachada,
eflorescência, falta de integridade da pintura, bolhas, etc.
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2.3.1. Relatório fotográfico

Na Figura 2, ocorre uma fissura nos pilares paralela às barras principais.


Para este caso a responsabilidade é do projetista e/ou construtor, pois a possível
causa é de corrosão nas barras principais o que implica no não cobrimento correto
para classe de agressividade III da NBR 6118 que é de no mínimo 3,5 cm,
possivelmente porque a norma foi aprovada em 2003 quando o edifício já estava
construído, também pode ser responsabilidade do construtor, caso não tenha
seguido o projeto e/ou tido boas práticas construtivas

Figura 2: Fissura Pilar


Fonte: Do autor

Na figura 3, podem-se verificar manchas de umidade na laje e no encontro


laje, pilar e viga há presença de limo. A possível causa é de vazamento ou
infiltração, sendo essa origem de umidade a mais difícil de corrigir, por estar
encoberta pela construção. Em construções residencias executadas à partir de
2013, as tubulações do sistema predial deverão ser submetidas a teste para
averiguar a estanqueidade da água. Sendo assim a tubulação deverá resistir durante
uma hora a uma pressão hidrostática de 1,5 vezes o valor da pressão prevista em
projeto, não podendo apresentar vazamentos. A incumbência destes problemas é do
construtor e também do usuário, pois pode ter ocorrido alguma interferência na
impermeabilização (manta).
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Figura 3: Mancha na laje, viga e P8

Nas figuras 4 (a), (b), (c) e (d), pode-se verificar a presença de mancha de
umidade no muro de contenção da garagem, a possível causa é ausência e/ou
inadequada impermeabilização e drenagem. Este problema pode ser de
incumbência do construtor ou até mesmo do condomínio devido à ausência de
manutenção no filtro.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4: Muro de contenção com manchas de umidade na garagem


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No momento da vistoria, viu-se a espuma vertendo da caixa de inspeção,


conforme as figuras 5 (a) e (b). Isso pode estar ocorrendo, devido o fato do prédio
possuir 32 anos de idade e não ter sido projetado naquela época para à vazão de
máquinas de lavar roupas e louça com a capacidade de hoje em dia ou ainda pode
estar ocorrendo por uso exagerado de sabão em pó nas lavagens. Além desse
transbordamento, o piso no entorno da caixa de inspeção sofre com a ação química
dos produtos de limpeza, como pode ser visto na figura 18 (b). A responsabilidade
desse fato é do usuário.

(a) (b)
Figura 5: Caixa de inspeção com vazamento

As fachadas estão aparentemente sem manifestações patológicas, porém


verificou-se a necessidade da manutenção da pintura. Nas instalações de ar
condicionado pode-se verificar, conforme figuras 6 (a) e (b), a presença de manchas
verticais laranjas, provavelmente ocasionadas pelos materias usados na instalação,
que não são adequados para este tipo de ambiente ou pela falta de manutenção
destas instalações. Estas manutenções são de responsabilidade do condomínio e/ou
usuário.

(a) Fachada Norte (b) Fachada Oeste


Figura 6: Fachada Norte e fachada Oeste respectivamente
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A delaminação é uma das manifestações patológicas mais comuns nos


pisos de concreto, geralmente a origem é o polimento precoce, selando assim o
concreto e impedindo a passagem da água de exsudação. Essa água fica
aprisionada causando o enfraquecimento e lascamentos, quando ocorre a
passagem de carros. Nos edifícios residenciais construídos a partir de 2013,
segundo a NBR 15575:2013, para evitar isso, o piso após a concretagem deverá ser
exposto a uma lâmina de água de 10mm por 72 horas, após 24 horas da retirada da
lâmina, o piso não poderá apresentar este tipo de manifestação patológica. Sendo
assim, esse problema é de responsabilidade do construtor.

(a) Delaminação do piso (b) Delaminação do piso

Figura 7: Delaminação e desgaste por abrasão do piso da garagem

Manchas no papel de parede do hall de entrada, a possível causa é de


infiltração ou umidade por capilaridade ou ascendente, pois ascendem através dos
alicerces e os muros até atingir certa altura, sendo o hall de entrada no pavimento
térreo, que facilita esse processo.Em ambos os casos, a responsabilidade seria do
construtor.

50 cm

Figura 8: Mancha de bolor na parede do hall de entrada

Nas figuras 9 (a), (b), (c) e (d), fica de fácil percepção o destacamento do
chapisco da laje da garagem, a origem é a corrosão das armaduras, causando
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assim a expansão do aço e consequentemente o rompimento do cobrimento.A partir


de 2013, com base na NBR 15575:2013, os elementos estruturais devem ser
projetados e construídos com o intuito de manter a capacidade funcional durante
toda a vida útil de projeto que foi instituído. O método de avaliação, para
cumprimento do requesito citado anteriormente, seria aplicar modelos para previsão
de avanço de frentes de corrosão, carbonatação e outros. Esta manifestação
patológica pode ter ocorrido devido a ausência do cobrimento minímo, má qualidade
do concreto, contaminação de cloretos por estar localizada em ambiente de classe
de agressividade III e ainda ausência de manutenção. Sendo assim a incubência
poderia ser tanto do construtor e/ou projetista, quanto do condomínio se não fez as
devidas manutenções.

(a) Destacamento chapisco (b) Aço expandido

(c) Desagregação do concreto (d) Ponto de corrosão


Figura 9: Destacamento do chapisco na laje da garagem

Fissura por retração térmica, as variações de dilatação e contração dos


materiais de construção geram tensões que podem provocar as fissuras, isso ocorre
porque os movimentos ficam limitados pelos vínculos que envolvem os elementos e
componentes, ver figura 10. Estas movimentações estão ligadas com as
propriedades físicas dos materiais, intensidade da variação da temperatura e
magnitude das tensões. Em edifícios construídos desde julho de 2013 e respeitando
os parâmetros da NBR 15575:2013 as paredes externas deverão apresentar
transmitância térmica e capacidade térmica que proporcionem ao menos o
desempenho térmico mínimo para cada região, segundo a NBR 15220-3. A
incumbência é do construtor e/ou projetista.
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Figura 10: Fissuras e manchas na parede da casa de máquinas

2.3.2. Plano de Manutenção Preventivo

Como já mencionado antes, a manutenção preventiva de uma edificação


precisa ser exercida de forma planejada e por profissionais especializados e
habilitados para isto. Desse modo, é imprescindível que exista um plano de
manutenção para ser seguido. Esse plano é composto por um conjunto de
elementos e procedimentos que guiam os métodos de manutenção e as rotinas de
operação de sistemas, juntamente com uma estratégia de ação estabelecida, em
muitos casos estes planos consistem em inspeções e averiguações que, apesar de
aparentarem simples, podem evitar altos custos de reforma.
Portanto o plano de manutenção aborda, basicamente:

- Elementos com seus respectivos sistemas;


- Detalhamento de procedimentos;
- Periodicidades;
- Responsável de cada procedimento.

O Apêndice A apresenta uma planilha desenvolvida para o plano de


manutenção de edifícios verticais multi-familiar. Essa planilha devem ser seguidas e
os documentos que comprovem o exercício da mesma devem ser arquivados.
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3. Conclusão

O presente estudo elaborou um plano de manutenção preventiva de um


edifícios localizado no município de Balneário Camboriú – SC. Para isso, foi
realizado vistoria e análises das manifestações patológicas encontradas.
Devido ao grande número de construções em Balneário Camboriú – SC e a
forma como elas foram e estão sendo construídas, pode-se prever que muitas
necessitam, e futuramente necessitarão, passar por inspeções e manutenções para
mantê-los com o desempenho, qualidade e durabilidade adequadas.
Para evitar gastos maiores com manutenções corretivas, prevenir a partir das
manutenções preventivas é a melhor solução, pois além de serem mais econômicas,
trazem valorização ao imóvel e também asseguram o prazo de garantia.
Faz-se necessário a conscientização da manutenção preventiva por parte
dos usuários, proprietários e condomínio e também é preciso que os construtores
busquem maior qualidade nas edificações, através de parâmetros, estipulados nos
dias atuais, pela NBR 15575:2013.
O plano de manutenção preventivo desenvolvido neste projeto será
repassado ao condomínio, para que este, através de uma assembléia geral, explique
como será rodado este plano e também conscientize os usuários e proprietários da
importância e do dever de aplicá-lo a partir de um prazo estabelecido na assembléia.
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4. Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5674 Manutenção de


edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro,
2012.

______.NBR 15575 Desempenho de edificações habitacionais. Rio de Janeiro,


2013.

BORGES, C. A. M. O conceito de desempenho de edificação e a sua


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inspeção e manutenção predial: vistorias técnicas, check-up predial, normas
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2014.
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APÊNDICE A – PROGRAMA DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA


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