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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIENCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PATOLOGIAS

EMENTA
Principais Patologias das Obras de Engenharia Civil: Causas Geradoras, Consequências Futuras da não
Eliminação das Causas Geradoras, Terapias mais Adequadas, Medidas de Controle de Materiais e Mão de
Obra e de Manutenção.
CONTEUDO PROGRAMÁTICO
1. Conceitos, Definições e Terminologia
2. Principais Patologias
2.1. Patologias das Alvenarias e Revestimento de Fachadas de Edifícios
2.2. Patologias dos Revestimentos de Piso (argamassa e cerâmica) e Revestimentos de Piscinas
2.3. Patologias das Estruturas de Concreto Armado de Edifícios
3. Critérios de Avaliação do Quadro Patológico
3.1. Diagnóstico Preliminar
3.2. Ensaios Tecnológicos para auxiliar no Diagnóstico
4. Recuperação e Reforço de Estruturas
4.1. Materiais Destinados à Recuperação e Reforço
4.2. Técnicas de Recuperação e Reforço
5. Inspeção Periódica e Manutenção

BIBLIOGRAFIA
1. BÁSICA
1.1. ANDRADE PERDRIX, Maria Del Carmen. Manual para diagnóstico de obras deterioradas porcorrosão de
armaduras. São Paulo, SP: PINI, 1992. 1.2. CAPORRINO, Cristiana Furlan. Patologia das anomalias em alvenarias e
revestimentos argamassados. São Paulo: Pini, 2015.
1.3. CASCUDO, Oswaldo. O controle da corrosão de armaduras em concreto: inspeção e técnicas eletroquímicas. São
Paulo, SP: Pini, 1997. 1.4. SOUZA, Vicente Custodio Moreira De; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e
reforço de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 2009.
2. COMPLEMENTAR
2.1. SANTOS, Débora De Gois. Construção civil: projeto, execução e manutenção. São Cristovão: UFS, 2009.
2.2. TAVARES, Alice; COSTA, Aníbal; VARUM, Humberto. Edifícios de adobre: manual demanutenção. Porto:
Publindústria, 2014.
2.3. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA. Recuperação de laje de cobertura de reservatórios de água
potável, danificados por corrosão de armaduras. Boa Vista: [s.n], 1994
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Patologias
(Ref TCC eng civil, 2-19, Cinthia Lorena)

Conceito de patologia

A patologia construtiva pode ser descrita como um conjunto de anomalias patológicas que surgem
durante a fase de execução, ou ainda adquiridas no decorrer da vida útil, que podem vir a afetar o
desempenho das edificações (PINA, 2013).
As patologias construtivas referem-se a
não conformidades decorrentes de falhas no projeto,
má execução,
utilização de materiais inadequados,
ausências de manutenção ou erros na fabricação.
Todos esses fatores ocasionam lesões na edificação comprometendo o seu desempenho e
durabilidade (ABNT NBR 15575-1:2013).

Conceito de sintomatologia

Por muitas das vezes, os problemas patológicos podem ser identificados quando a estrutura
apresenta determinadas manifestações externas, ou seja, “sintomas” que permitem a dedução de diversos
fatores, tais como:
origem,
mecanismos e
possivelmente as suas consequências.

A Figura 2.6 apresenta um gráfico com a incidência dos sinais externos são mais recorrentes nas
diversas obras.
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Figura 2.1 – Estatística dos sintomas mais recorrentes nas edificações

Fonte: Helene (1992 apud BRITO, 2017).

Conceito de desempenho

O Desempenho em serviço “consiste na capacidade da estrutura manter-se em

condições plenas de utilização durante sua vida útil, não podendo apresentar danos que
comprometam em parte ou totalmente o uso para o qual foi projetada.” (ABNT NBR
6118:2014, p. 13).
O desempenho está ligado ao comportamento da edificação, quando esta se encontra em uso
(ABNT NBR 15575-1:2013).

O desempenho está intimamente ligado às condições mínimas para a habitação dos usuários, ou
seja, o conceito de desempenho pode mudar dependendo das exigências de cada indivíduo.

A temperatura, umidade, local da construção, intempéries são alguns fatores que comprometem o
desempenho. A habitabilidade dos usuários durante o tempo proposto para a edificação é baseado em
alguns critérios de desempenhos, sendo: estabilidade estrutural, resistência ao fogo, conforto térmico e
acústico, durabilidade e entre outros.
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Conceito de vida útil

A vida útil de uma estrutura corresponde ao tempo de duração da mesma dentro dos limites de
projeto admissíveis, mantendo suas características de durabilidade, habitabilidade, segurança e aparência.
De acordo com a NBR 15575-1 (ABNT, 2013, p. 10), a vida útil pode ser conceituada como:

O período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se


prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos,
com atendimento previsto nesta Norma, considerando a
periodicidade e correta execução dos processos de manutenção
especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção
(a VP não deve ser confundida com prazo de garantia legal ou
contratual).

De acordo com a NBR 15575-1 (ABNT, 2013, p. 10), o conceito de vida útil de projeto
corresponde ao:

Período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos
requisitos de desempenho estabelecidos nesta Norma, considerando o
atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do
conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento da
periodicidade e correta execução dos processos de manutenção
especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção
(a VUP não pode ser confundida com tempo de vida útil, durabilidade, prazo de
garantia legal ou contratual).

Um fator de grande importância a ser considerado é a responsabilidade do usuário na correta


utilização da edificação, sendo proprietário ou não.
O utilizador não deve realizar alterações na concepção estrutural do projeto original sem
autorização prévia do poder público ou/e construtora, podendo ocasionar mudança no caminho das
cargas o que contribui para um excesso ou alívio de cargas. Além disso, é necessário realizar as
manutenções preventivas que é previsto pelo manual de uso, sem a realização das devidas manutenções
tem-se o risco de a vida útil de projeto não ser atingida (ABNT NBR 15575-1:2013).
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A Figura 2.7 apresenta um gráfico do comportamento de desempenho com e

sem manutenção em função do tempo. Analisando tal figura, fica evidente que as obras com
manutenção apresentam uma curva ascendente menos acentuada que as obras sem manutenção. Nessas a
curva de declínio de desempenho em função do tempo é mais acentuado, o que possivelmente levará ao
desgaste total da obra mais cedo diminuindo a vida útil por não atender ao desempenho requerido.

Figura 2.2 – Desempenho e vida útil - com e sem manutenção

Fonte: ABNT NBR 155575-1:2013.

Conceito de durabilidade

Durabilidade “consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais, previstas e


definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de
elaboração de projeto.” (ABNT NBR 6118, 2014, p. 13).
A durabilidade se trata da capacidade que a edificação e/ou seus elementos possuem para
desempenhar suas funções que lhe foram designadas, ao longo da sua vida útil e com o uso e manutenções
exigidas (ABNT NBR 15575-1:2013).
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A durabilidade associa-se diretamente à vida útil, trata-se de uma visão retrospectiva do
desempenho de uma estrutura, ou seja, o conceito de durabilidade se associa às propriedades do material e à
sua exposição ao longo do tempo, em um determinado ambiente.

Conceito de manutenção

A manutenção pode ser definida como um conjunto de procedimentos ou técnicas que objetivam
preservar as instalações e os equipamentos de uma edificação. O objetivo principal é manter boas condições
de operacionalidade (KLEIN, 1999).
A manutenção é um conjunto de atividades que são executadas durante toda a vida da edificação,
com o intuito de conservar a operacionalidade dos sistemas e garantir a segurança dos usuários quanto às
suas necessidades (ABNT NBR 15575-1:2013).

Uma edificação é constituída de diversos sistemas ou componentes, dentre os quais podemos citar:
fundações, estruturas, coberturas e instalações (ABNT NBR 15575-1:2013). A deterioração de apenas um
componente, pode comprometer grande parte do conjunto funcional da estrutura, devido a isso, a
execução da manutenção é imprescindível para assegurar o bom funcionamento da construção. Usualmente
a manutenção pode ser classificada em dois tipos, podendo ser: preventiva ou corretiva.

A manutenção preventiva trata da execução de procedimentos previstos com antecedência, sem a


estrutura apresentar os sintomas patológicos. Já a manutenção corretiva, corresponde à execução de
atividades de reparo e recuperação visto que as construções já apresentam manifestações patológicas.

1.1
CAUSAS E

ORIGENS DAS PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS


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As causas e origens das patologias construtivas podem ser as mais diversas, entre as quais
podemos destacar, a degradação da edificação por conta do desgaste natural, as falhas provenientes de
natureza humana, e a ocorrência de desastres naturais e em conjunto os desastres humanos (PINA, 2013).
Com base em Gonçalves (2015), os principais problemas patológicos surgem, em virtude de:
a) falhas na concepção e projeto;
b) utilização da materiais inadequados;
c) execução inadequada;
d) ausência de manutenção e má utilização;
e) desgaste e desastres naturais.
É perceptível que as anomalias construtivas, podem decorrer de falhas em todas as etapas de um
ciclo construtivo (projeto, execução e utilização). Além disso, tem-se a influência dos fatores externos à
edificação, como os desgastes por agentes da natureza e em casos mais extremos, os desastres naturais.
(KLEIN, 1999).
Na Europa, grande parte dos acidentes em estruturas de concreto armado foram em virtude de
falhas nos projeto. Os dados foram compilados de alguns países europeus, sendo eles: Bélgica, Inglaterra,
Dinamarca, Alemanha e Romênia (KLEIN, 1999). A Tabela 2.1 apresenta as demais origens causadoras de
acidentes nas obras de concreto armado.

Tabela 2.1 – Origem dos acidentes nas obras de concreto armado


Erros de projeto 48%
Erros de construção 42%
Problemas de manutenção 8%
Ações imprevisíveis 2%
Fonte: Klein (1999).

No Brasil, as estatísticas comprovam que grande parte das manifestações patológicas são em
decorrência de falhas na construção/execução, seguido dos erros na concepção dos projetos. Muitas
construtoras não se atentam na qualidade da mão de obra dos funcionários, e pouco se tem de políticas que
visam o aprimoramento desta mão de obra. Em muitas situações, há a ocorrência de manipulação dos
materiais, com o intuito de diminuir os custos operacionais. A Figura 2.8 ilustra as principais origens das
manifestações patológicas no Brasil.

Figura 2.3 – Estatísticas das origens patológicas no Brasil


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Fonte: Gomes (2016).

Falhas na concepção e projetos

A fase da concepção dos projetos corresponde ao momento em que a edificação é gerada, logo a
errada concepção desta etapa pode comprometer as demais fases construtivas (PINA, 2013). Na etapa da
concepção, temos a elaboração de diversos documentos importantes, sendo eles: estudo preliminar,
anteprojeto e projeto executivo. Tais estudos definem as características da edificação, os materiais a
serem utilizados, os sistemas construtivos, a viabilidade técnica e econômica do projeto e entre
diversos outros fatores que em conjunto geram uma edificação de bom desempenho e durabilidade.

Segundo Couto (2007 apud GONÇALVES, 2015), os problemas patológicos que decorrem de erros
na concepção e projeto, são originados principalmente por:
a) definições de cargas e combinações errôneas;
b) ausência de investigação geotécnica, ocasionando assim os recalques no solo;
c) falha nos dimensionamentos das peças estruturais, espessura de cobrimento inadequada;
d) ausência de compatibilização dos projetos, tais quais: arquitetônico, estrutural, elétricos e
outros;
e) especificação incorreta de materiais;
f) especificações de detalhes construtivos de difícil execução.

A Tabela 2.2 apresenta um resumo dos agentes que contribuem para o surgimento das
patologias construtivas decorrente de falhas na concepção e projetos.

Tabela 2.2 – Agentes causadores devido à falhas nos projetos e concepções


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CAUSA FASE AGENTE
Ausência de projeto
Má concepção
Inadequação ao ambiente (geotécnico, geofísico e climático)
Inadequação a condicionalismos técnico-econômicos
Humana Concepção e projeto Informações insuficientes
Escolha ou quantificação inadequada de ações
Modelos de análise ou de dimensionamento incorretos
Pormenorização deficiente
Erros numéricos ou enganos de representação
Fonte: Silva (2002).

Utilização de materiais inadequados

Na etapa construtiva de uma obra, um ponto importante a ser observado é a especificação

adequada dos materiais que serão utilizados. Em diversos casos, há a ocorrência de problemas
patológicos em virtude da utilização de materiais sem especificações ou com especificações que não são
adequadas.
O crescente aumento de novos materiais no mercado, que nem sempre são testados ou que possuem
deficiência de informações técnicas, pode aumentar a probabilidade do surgimento de manifestações
patológicas nas construções. E além disso, outro ponto a ser destacado é a ausência de um

controle de qualidade, visto que muitas vezes não são realizadas as avaliações necessárias para
averiguar o comportamento do material na função que este irá desempenhar (OLIVEIRA, 2013).

Outro fator preponderante a ser salientado, é ausência de conhecimento das propriedades

dos materiais por parte dos profissionais, em muitos casos é possível que um
determinado material possa mudar as propriedades de outro material quando estes
entram em contato.
As condições de entrega, de recebimento, de armazenamento e de transporte dos materiais são
fatores que podem ocasionar a contaminação dos mesmos, situação esta que maximiza o surgimento
de anomalias nas construções (OLIVEIRA, 2013).
As patologias podem surgir também devido à baixa qualidade dos materiais fornecidos pelas
indústrias e salienta que a ausência de normas de diversos materiais e procedimentos comprometem a
qualidade do produto final (PINA, 2013).
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Como foi exposto anteriormente, são diversos os fatores que podem contribuir para a incidência das
patologias a respeito da utilização de materiais. A Tabela 2.3 resume os principais agentes causadores de
patologias devido a utilização de materiais inadequados.

Tabela 2.3 – Agentes causadores devido ao uso de materiais inadequados


CAUSA FASE AGENTE
Materiais inadequados
Humana Construção Ausência da especificação dos materiais
Ausência do controle de qualidade
Fonte: Klein (1999).

Erros na execução

Na etapa de execução da obra podem ocorrer problemas de diversas naturezas, destacando-se as


falhas provenientes da inexistência do controle tecnológico da execução,
escassez de condições para o trabalho,
ausência de mão de obra qualificada,
má qualidade dos componentes e imprudência dos profissionais, associado até mesmo à
sabotagem (OLIVEIRA, 2013).
No Brasil, a incidência das patologias construtivas se dá principalmente pelos erros na etapa de
execução, representando 51% em sua totalidade (GOMES, 2016).

Outro fator relevante que contribui para a má execução nas obras, é a ausência de uma

fiscalização eficiente juntamente com um comando deficiente de profissionais. A baixa


capacitação dos profissionais envolvidos na etapa de execução, principalmente dos engenheiros e mestres de
obras, pode involuntariamente influenciar na execução de atividades de maneira errada, comprometendo
assim diversas etapas construtivas, tais quais podemos citar:
os escoramentos,
os posicionamento de fôrmas e armaduras,
a produção de concreto e argamassas (PINA, 2013).

O gerenciamento eficiente de uma obra envolve desde o recebimento dos materiais e equipamentos
até a execução das etapas construtivas. É necessário que haja uma padronização das etapas construtivas de
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forma que a execução seja realizada de forma eficiente e eficaz, e que permita a observância da mão de obra
(OLIVEIRA, 2013).
Diversos funcionários que trabalham com a execução das obras, por muitas vezes não se atentam ao
cronograma físico da construção, o que por consequência ocorre a interferência negativa em outras etapas
construtivas. Um exemplo típico desta situação é a interferência no tempo de cura do concreto ou do
revestimento argamassado.

Ausência de manutenção e má utilização

A grande maioria das patologias construtivas que acometem as edificações surgem devidos aos
agentes citados anteriormente, contudo a ausência de manutenção preventiva e a má utilização por parte
dos usuários também contribui para o surgimento desses problemas. Mesmo que as etapas de concepção e
execução sejam realizadas de modo adequado, a ausência de um programa de manutenções e a utilização
inadequada da edificação, contribuem para que a estrutura possa vir a apresentar manifestações patológicas
(OLIVEIRA, 2013).
Muitos problemas que acometem as edificações são originadas pela má utilização por parte dos
usuários, as deteriorações iniciam-se quando algumas alterações são realizados na edificação sem a consulta
ao manual de uso, operação e manutenção.
Cita-se a seguir as principais alterações realizadas nas edificações:
a aplicação de sobrecargas não previstas em projeto,
alterações na estrutura por meio de reformas,
utilização de produtos que deterioram os materiais constituintes da edificação,
ausência de manutenções preventivas e entre outros (PINA 2013).

É importante evidenciar a elaboração do manual do usuário, com o intuito de facilitar a utilização


do meio e ressaltar a importância da conservação e da manutenção preventiva. A ausência de manutenção
periódica se associa a negligência dos profissionais, visto que se trata de uma etapa fundamental e que deve
ser realizada (OLIVEIRA, 2013). A Tabela 2.5 apresenta o resumo dos principais agentes causadores de
patologias construtivas devido à ausência de manutenção e a má utilização.

Exemplos de manuais de usuários:


https://www.habiarte.com/upload/empreendimentos/manual/
237d280262af3ca09f539dfe3e1275a8.pdf
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http://nbsconstrutora.com.br/principal/wp-content/uploads/2018/03/Manual-do-Condominio-
COMProjetos.pdf

Tabela 2.4 – Agentes causadores devido à ausência de manutenção e má utilização


CAUSA FASE AGENTE
Ações excessivas face ao projeto
Alteração das condições de utilização
Humana Manutenção e utilização Remodelação e alterações mal estudadas
Degradação dos materiais (deterioração anormal)
Ausência, insuficiência ou inadequação da manutenção
Fonte: Silva (2002).

Desgastes/desastres naturais e humanos

Além dos itens já citados anteriormente, as anomalias construtivas podem surgir em virtude de
desastres naturais e também desastres humanos. Na maioria dos casos envolvendo desgastes naturais, as
construções são projetadas com materiais e técnicas específicas visando atenuar a influência das ações
externas para que assim o envelhecimento e a deterioração da estrutura seja desacelerado.
Existem casos imprevisíveis que englobam os desastres naturais e humanos, e em tais situações há
o comprometimento estrutural da edificação ou até mesmo a destruição total da construção. Em regiões com
construções sujeitas à possibilidades de desastres, muitas das vezes são realizados procedimentos ou
técnicas a fim de minimizar os impactos recebidos.
Um exemplo de engenharia aplicada aos desastres naturais são as construções japonesas, visto que
a incidência de sismos no Japão é elevada, muitos estudos foram realizados a fim de se obter uma técnica
construtiva que ao ser empregada, evitaria a o colapso da estrutura. A Tabela 2.6 apresenta o resumo dos
principais agentes causadores de patologias devido aos desgastes naturais e desastres naturais e humanos.
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Tabela 2.5 – Agentes causadores devido à desastres/desgastes naturais e humanos
CAUSA FASE AGENTE
Gravidade
Variação de temperatura
Ações físicas Vento (pressão, abrasão, vibração)
Presença de água (chuva, neve, umidade do solo,...)
Efeitos diferidos (retração, fluência, relaxação)
Oxidação
Natural Carbonatação
Presença de água e sais
Ações químicas
Chuva ácida
Reações eletroquímicas
Radiação solar (ultra-violeta)
Vegetais (raízes, bolores, fungos)
Ações biológicas
Animais (vermes, insetos, roedores, pássaros)
Sismos, ciclones, tornados
Natural Trovoadas, cheias, tempestades, tsunamis
Desastre
Avalanches, deslizamentos, erupções vulcânicas
de causas humanas Fogo, explosão, choque, inundação
Fonte: Silva (2002).

PRINCIPAIS TIPOS DE PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS

As fissuras e trincas são consideradas as “enfermidades” que mais ocorrem do ponto de vista dos
usuários, pois suas características chamam a atenção (SOUZA E RIPPER, 1998 apud MACEDO, 2017).
O surgimento de fissuras e trincas em determinada construção aponta que a estrutura se encontra
em um estado de instabilidade, podendo ter seu desempenho comprometido visto que as aberturas
possibilitam a entrada de umidade, implica de forma negativa na acústica e prejudica a durabilidade
(KLEIN, 1999).
É importante ressaltar a diferença entre termos “fissura”, “trinca” e “rachadura”, pois é
comum ocorrer conflitos entre as nomenclaturas e consequentemente falhas no momento de identificar a
patologia (GONÇALVES, 2015).
A fissura é uma abertura estreita com pequena profundidade, manifestada na superfície de
materiais frágeis sem que ocorra a separação em partes isoladas. A trinca já corresponde a uma
abertura uniforme, de maior profundidade sem causar separação de sólidos (KLEIN, 1999).
A fissura corresponde a um “seccionamento na superfície ou em toda seção transversal de um
componente, com abertura capilar, provocado por tensões normais ou tangenciais.”
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As trincas são semelhantes às fissuras, diferindo apenas no tamanho da abertura seccionada,
maior ou igual a 0,6 mm (ABNT NBR 15575-2:2013, p. 02 - 03).

Tabela 2.6 – Classificação: Fissura, trinca, rachadura, fenda e brecha


ANOMALIAS ABERTURAS em (mm)
Fissura até 0,5
Trinca de 0,5 a 1,5
Rachadura de 1,5 a 5,0
Fenda de 5,0 a 10,0
Brecha acima de 10,0
Fonte: KLEIN (1999).

Patologias no revestimento argamassado

O revestimento argamassado pode ser definido como um conjunto de camadas superpostas


aplicadas sobre um substrato, que tem por finalidade proteger as estruturas das ações externas, regularizar
a superfície, garantir vedação, isolamento acústico e contribuir para questões estéticas. O Sistema de
revestimento é o “conjunto formado por revestimentos de argamassa e acabamento decorativo, compatível
com a natureza da base, condições de exposição, acabamento final e desempenho, previstos em projeto.”
(ABNT NBR 13529:1995, p. 01).
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O sistema de revestimento argamassado pode ser dividido em função do número de camadas, nesse
caso tem-se duas classificações: revestimento de camada única e revestimento de duas camadas (ABNT
NBR 13529:1995). A Figura 2.9 apresenta as diferentes alternativas de revestimento de parede.

Figura 2.4 – Tipos de sistemas de revestimento

Fonte: Carasek (2007).

A alternativa de revestimento argamassado de duas camadas não é a mais utilizada no Brasil,


atualmente a mais empregada é o revestimento de camada única, visto que é utilizado apenas um tipo
de argamassa aplicada sobre à base.
O revestimento de duas camadas é constituído de várias subcamadas, sendo elas: chapisco, emboço,
reboco e pintura. Com base na NBR 13529 (ABNT, 1995), são apresentados os conceitos das subcamadas a
seguir:
a) base ou substrato: parede ou teto, constituídos por material inorgânico, não metálico,
sobre os quais o revestimento é aplicado;
b) chapisco: camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou descontínua, com a
finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do
revestimento;
c) emboço: Camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base
ou chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de reboco ou
de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final;
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d) reboco: Camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma
superfície que permita receber revestimento decorativo ou que se constitua no
acabamento final;
e) acabamento decorativo: aplicado sobre o revestimento de argamassa, como pintura,
materiais cerâmicos, pedras naturais, placas laminadas, têxteis e papel.

Para as argamassas de revestimento cumprirem suas funções de modo eficiente, é necessário que as
mesmas possuam as seguintes propriedades inerentes: aderência, capacidade de absorver deformações, baixa
permeabilidade à água, durabilidade, propriedades requeridas pelo sistema de vedação, características
superficiais e resistência mecânica, principalmente superficial (PEREIRA JUNIOR, 2010).

A deterioração das argamassas de revestimento pode ocorrer através de três processos: físicos-
mecânicos, químicos e biológicos. Contundo, na maioria dos casos os ataques ocorrem devido ao um
conjunto de causas, além dos fatores internos a própria argamassa.

Diversas são as causas que podem contribuir para o surgimento das patologias nos revestimentos
argamassadas, essas mesmas podem ser classificadas em cinco grupos característicos,
causas decorrentes da utilização de material inadequado,
decorrentes do traço incorreto da argamassa,
decorrentes do modo incorreto de aplicação da argamassa,
decorrentes da aplicação de certas pinturas
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e causas externas ao revestimento (CINCOTTO, 1988 apud SEGAT, 2005).

As patologias mais comuns em revestimentos argamassados são: fissuras, descolamentos (com


empolamentos, em placas e com pulverulência), vesículas, manchas de umidade e bolores. Contudo a
incidência de fissuras e trincas é predominante nos revestimentos argamassados e estas podem apresentar
diversas formas, as mais frequentes são: as mapeadas, as horizontais e as verticais.
Os processos físicos-mecânicos são os principais agentes causadores das fissuras e trincas, os quais
serão abordados a seguir:
a) movimentações decorrentes da temperatura: A incidência dos raios solares sobre os
materiais com coeficiente de dilatação térmica distintos, contribuem para movimentações
diferenciais na junção entre esses materiais. Também contribui para essas pequenas
movimentações, a exposição de determinados elementos a variações térmicas em um
determinando tempo. Ou seja, as fissuras de origem térmica surgem devido a
movimentações diferenciais entre elementos e o seu formato é distribuído semelhante ao
de fissuras formadas a partir da retração (KLEIN, 1999);
b) movimentações higroscópicas: com a ocorrência de precipitações, as argamassas sofrem o
processo de expansão devido à saturação, logo após sofrem a contração. Devido a essas
mudanças no comportamento da argamassa há a ocorrência de movimentações em
relação ao substrato, gerando assim as tensões. Essas tensões contribuem para a perda de
aderência, gerando danos e colaborando para o surgimento de fissuras. Se for constatado
a ocorrência de fissuras devido a movimentações térmicas, eventualmente surgirão outros
problemas patológicos devido à passagem da água pelas fissuras já existentes (KLEIN,
1999);
c) Retração das argamassas: Trata-se da redução do volume da argamassa devido à perda
de água através da evaporação. As fissuras mapeadas “podem forma-se por retração da
argamassa, por excesso de finos no traço, quer sejam de aglomerantes, quer sejam de finos
no agregado, ou por excesso de desempenamento. Em geral, apresentam-se em forma de
mapa.” (ABNT NBR 13749:2013, p. 5).

As Figuras 2.10 e 2.11 apresentam os sintomas mais recorrentes nos revestimentos argamassados
da Universidade Federal de Roraima.

Figura 2.5 – (a) Fissuras mapeadas e (b) descolamento em placa


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(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 2.6 – (a) Descolamento com pulverulência e (b) manchas de umidade

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Quadro 2.1 – Patologias mais comuns no revestimento argamassado (continua)


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Manifestações Aspecto observado Causas prováveis
Desempeno excessivo ou precoce, desidratação da
As fissuras possuem argamassa quando aplicadas em dias secos, perda da
Fissuras forma variada e água de amassamento por sucção da base, cura
mapeadas distribuem-se por toda a deficiente da argamassa, consumo elevado de
superfície cimento, elevado teor de finos, água de amassamento
em excesso e argamassa com baixa retenção de água

Apresenta-se ao logo de Expansão da argamassa de assentamento por


toda a parede hidratação retardada do óxido de magnésio da cal
Fissuras
Deslocamento do
horizontais Expansão da argamassa de assentamento por reação
revestimento em placas,
cimento-sulfatos ou devido à presença de argilo-
com som cavo sob
minerais expansivos no agregado
percurssão
Fissuras sobrepostas ao Ausência de procedimentos adequados na execução
Outras fissuras encontro de diferentes de interfaces entre pilar e alvenaria, topo de alvenaria
lineares materiais de base - e face inferior de lajes/vigas, e no revestimento
externas ao revestimento sobreposto em juntas de dilatação
Manchas de umidade Umidade constante
Sais solúveis presentes: no elemento da alvenaria,
Pó branco acumulado
água de amassamento ou unidade infiltrada. Cal não
sobre a superfície
carbonada
Bolor
Manchas esverdeadas ou
Umidade constante
escuras
Revestimento em
Área não exposta ao sol
desagregação
Empolamento na pintura
Hidratação retardada de óxido de cálcio da cal
de cor branca
Empolamento na pintura
Presença de pirita ou de matéria orgânica na areia
de cor preta
Vesículas
Empolamento na pintura
Presença de concreções ferruginosas na areia
de cor vermelho
Bolhas contendo
Aplicação prematura de tinta impermeável
umidade interior
Fonte: < https://docplayer.com.br/10841039-10-patologias-mais-comuns-em-revestimentos.html>.

Quadro 2.1 – Patologias mais comuns no revestimento argamassado (conclusão)


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Manifestações Aspecto observado Causas prováveis
A superfície do reboco
forma bolhas cujos
Infiltração de umidade
Descolamento diâmetros aumentam
com progressivamente
empolamentos
O reboco apresenta som
Hidratação retardada do óxido de magnésio da cal
cavo sob percurssão
A película de tinta
desloca arrastando o
reboco que se desagrega Excesso de finos no agregado, traço excessivamente
Descolamento
com facilidade rico em cal, ausência de carbonatação da cal, reboco
com pulverulência
aplicado em camada muito espessa
O reboco apresenta som
cavo sob percurssão

Placa apresenta-se A superfície de contato com a camada inferior


endurecida, quebrando apresenta placas frequentes de mica, argamassa muito
com dificuldade rica, argamassa aplicada em camada muito espessa, a
superfície da base é muito lisa, a superfície da base
Sob percurssão o
Descolamento em está impregnada com substância hidrófuga e ausência
revestimento apresenta
placa da camada de chapisco.
som cavo
A placa apresenta-se
endurecida, mas
Argamassa magra
quebradiça
desagregando-se
Fonte: < https://docplayer.com.br/10841039-10-patologias-mais-comuns-em-revestimentos.html>.

Patologias no revestimento cerâmico

Os revestimentos cerâmicos são amplamente empregados na construção civil, a peça promove a


proteção da estrutura, garante boa estética, pode ser aplicado em diversos substratos, apresenta elevada
resistência e a limpeza é de fácil execução.
As placas cerâmicas podem ser de diversos tipos, entre os quais podemos citar: pisos, azulejos,
porcelanatos e pastilhas.
Basicamente as placas cerâmicas são constituídas em três camadas, a primeira é definida como
suporte, a segunda é conhecida como engobe que é responsável em promover a impermeabilização e a
aderência com a terceira camada e esta última é definida como esmalte, caracterizada por ser uma fina
camada vítrea que auxilia na impermeabilização e tem por função exclusiva a decoração da face superior.
A utilização dos revestimentos cerâmicos garante uma série de vantagens, dentre as quais podemos
citar: durabilidade do material, facilidade de limpeza, higiene, qualidade do acabamento final, proteção dos
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elementos de vedação, isolamento térmico e acústico, estanqueidade à água e aos gases, segurança ao fogo,
aspecto estético e visual agradável (MEDEIROS E SABBATINI, 1999).
Existem diversos fatores que colaboram para o aparecimento de anomalias patológicas em
revestimentos cerâmicos, muitos problemas ocorrem durante a vida útil da edificação, principalmente nas
etapas de elaboração dos projetos e na execução dos serviços. Na etapa da elaboração do projeto, os
problemas podem ser provenientes devido a falhas de concepção e na ausência de especificações a respeito
dos revestimentos das camadas de regularização e de fixação e do acabamento. Esses problemas podem ser
causados devido à falta de experiência do profissional ou até mesmo a falta de conhecimento técnico sobre o
assunto em questão. Na execução dos serviços, as anomalias podem surgir pela falta de mão de obra
especializada, como por exemplo, o profissional não respeitar o tempo em aberto necessário para a
argamassa colante (BARROS et al., 1997 apud RHOD, 2011).

As Figuras 2.12 e 2.13 apresenta alguns sintomas recorrentes das manifestações patológicas que
acometem os revestimentos cerâmicos.

Figura 2.7 – (a) Manchas e (b) e fissuras nas placas cerâmicas

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).
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Figura 2.8 – (a) Deterioração das juntas e (b) trincamento do placa cerâmica

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Os descolamentos das placas cerâmicas, a deterioração das juntas, as eflorescências, as trincas,


fissuras e gretamento são os principais tipos de deterioração que acometem os revestimentos cerâmicos. Tais
problemas serão abordados a seguir:

1.1.1.1 Descolamentos de placas cerâmicas

O descolamento é caracterizado pela perda de aderência na interface entre as camadas do


revestimento cerâmico, ou entre a base e o substrato (estrutura, alvenaria, etc.). As rupturas ocorrem
quando as tensões que surgem no revestimento cerâmico ultrapassam a capacidade de aderência das
ligações na argamassa colante/emboço. É possível identificar o descolamento, quando é realizada uma
pequena batida na placa cerâmica, pois a mesma ecoa um som cavo característico ou mesmo quando a placa
exibe um estufamento na superfície (BARROS et al., 1997 apud RHOD, 2011).
Este tipo de problema patológico é considerado de grande severidade, visto que a probabilidade de
ocorrer acidentes envolvendo os usuários é elevada (ROSCOE, 2008). O CCT (2010 apud RHOD, 2011),
destaca quais as principais causas para que ocorra os descolamentos das placas cerâmicas:
a) descuido da mão de obra na preparação da argamassa colante;
b) utilização da argamassa depois que o tempo em aberto foi excedido;
c) uso de técnicas e ferramentas inadequadas;
d) pressão de aplicação inadequada;
e) instabilidade do suporte, devido à acomodação do edifício como um todo;
f) deformação lenta (fluência) da estrutura de concreto armado;
g) oxidação da armadura de pilares e vigas;
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h) excessiva dilatação higroscópica do revestimento cerâmico;
i) variações higrotérmicas e de temperatura;
j) características pouco resilientes dos rejuntes;
k) assentamento sobre superfície contaminada;
l) ausência de detalhes construtivas (vergas, contravergas e juntas).

1.1.1.2 Eflorescências

As eflorescências são depósitos salinos esbranquiçados que surgem nas superfícies das placas
cerâmicas, podendo ter características pulverulentas ou possuir a forma de crostas duras e insolúveis em
água. O fenômeno é aparente e de aspecto inconveniente, contudo é possível que o problema se localize no
interior da placa cerâmica, ou seja, abaixo da superfície do revestimento cerâmico (ROSCOE, 2008).
O assentamento de placas cerâmicas em regiões que não tiveram um bom tratamento de
impermeabilização, pode proporcionar à passagem de água provocada pela absorção, contribuindo assim
para a introdução de substâncias agressivas no concreto e argamassas a partir do solo. Além disso pode
transportar e dissolver sais solúveis e quando estes sobem a superfície através das juntas, pode apresentar-se
como depósitos esbranquiçados (FIORITO, 1994 apud RHOD, 2011).
Quando ocorre a cristalização desses sais solúveis na superfície do revestimento cerâmico, tem-se a
eflorescência mais conhecida e visível amplamente. Quando a cristalização ocorre internamente ao material,
dá-se o nome de cripto-eflorescência e nesse caso a identificação é de fato dificultoso (ROSCOE, 2008).

1.1.1.3 Fissuras, trincas e gretamento

“As trincas são rupturas que ocorrem no corpo da placa cerâmica, devido à ação de esforços que
provocam a separação de suas partes e que apresentam aberturas maiores que 1 mm, já a fissuração e o
gretamento apresentam aberturas inferiores a 1 mm, presentes na superfície da placa.” (BARROS et al.,
1997 apud RHOD, 2011, p. 29). As principais causas que ocasionam o surgimento de trincas, fissuras e
gretamento segundo Campante e Baia (2003 apud RHOD, 2011) são:
a) dilatação e retração das placas cerâmicas: se dá pela variação de temperatura ou de
umidade, ocasionado um estado de tensões internas nas placas. Quando ocorre a passagem dos
limites de resistência da placa geram-se as fissuras e trincas, quando as tensões ultrapassam a
resistência do esmalte, gera-se o gretamento;
b) deformação estrutural excessiva: a deformação excessiva não é totalmente absorvida e devido a
isso, pode surgir as trincas, fissuras e gretamento;
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c) ausência de detalhes construtivos: os detalhes construtivos que englobam: as vergas,
contravergas, pingadeiras, platibandas e juntas de movimentação contribuem para a dissipação
de tensões que chegam no revestimento. Devido a isso, quando se tem a ausência desses
elementos de dissipação, tem grande chance do aparecimento de fissuras, trincas e gretamento;
d) retração da argamassa de fixação.

1.1.1.4 Deterioração das juntas

A deterioração das juntas ocorre pela perda da estanqueidade e pelo envelhecimento do material de
preenchimento, quando isso ocorre todo o desempenho do revestimento cerâmico é comprometido, visto que
as juntas são responsáveis pela estanqueidade das placas e pela absorção de deformações (CAMPANTE E
BAIA, 2003 apud RHOD, 2011).
A perda da estanqueidade das juntas pode ocorrer após a sua etapa de execução, por meio de
mecanismos de limpeza impróprios, visto que esses mecanismos pode ocasionar o desgaste do material de
preenchimento, atrelado a isso, tem-se a incidência dos ataques atmosféricos, as movimentações estruturais e
solicitações mecânicas. Quando esta junta se encontra deteriorada em função do surgimentos de fissuras, a
mesma pode se tornar porta de entrada para a passagem de água, assim ocasionando a contaminação dos
demais elementos (ROSCOE, 2008).

1.1.2 Patologias devido aos recalques de fundação

A fundação é o elemento estrutural que tem por finalidade realizar a transferência de forma segura
das cargas provenientes da estrutura para a camada resistente do solo. A correta concepção do projeto, a
execução responsável e a realização das manutenções periódicas, são fatores que contribuem para o bom
comportamento das fundações, garantindo segurança e desempenho.
Os principais sintomas que surgem nas construções quando a fundação fica comprometida são:
fissuras, trincas, desalinhamentos e desaprumos. Quando esses sintomas são identificados em uma
determinada edificação, são realizadas análises para acompanhar a evolução do problema patológico para
posteriormente determinar a melhor opção de remediação. Existem casos que tratamentos superficiais já
garantem sua recuperação, em contra partida existem casos em que é necessária a utilização de medidas que
geram custos elevados para as construtoras.
As manifestações patológicas que acometem as fundações, podem surgir em decorrências de vários
fatores ou até mesmo por associação de outras falhas. Segundo Milititsky, Consoli E Schnaid (2008), as
prováveis causas de patologias na fundações, são:
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a) ausência ou insuficiência de investigações geotécnicas;
b) falhas na interpretação dos dados geotécnicos;
c) determinação errônea dos esforços provenientes da estrutura;
d) utilização de modelos de cálculos ineficientes;
e) alteração das cargas provenientes da estrutura, devido a mudança de utilização;
f) má execução por parte da mão de obra, utilização de materiais inadequados, ausência de
fiscalização;
g) ações imprevisíveis, agressividade ambiental, deslizamentos de terra, enchentes, construção de
edificações próximas.

1.1.2.1 Fissuras e trincas

As fissuras e trincas surgem principalmente pelo aparecimento de recalques diferenciais devido as


condições do solo onde a fundação se encontra assentada. Vários fatores podem contribuir para a
deformação diferencial na estrutura, principalmente quando a fundação está assentada sobre um solo: com
grande heterogeneidade, com características de expansividade, colapsível, com presença de vegetações,
matacões e cavernas, com aterro em seção mista, com aterro sem controle tecnológico e entre outros. A
Figura 2.14 ilustra alguns casos citados anteriormente.

Figura 2.9 – (a) Assentamento em bolsão de argila e (b) assentamento em matacões e em solos com baixa
resistência

(a) (b)
Fonte: Milititsky, Consoli e Schnaid (2008).

A dimensão da fundação também influenciar diretamente no aparecimento de recalques


diferenciais. Se tratando de dimensões muito pequenas há a possibilidade do aumento da tensão no solo,
podendo ultrapassar a tensão admissível prevista em projeto. De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), as
sapatas ou blocos não devem possuir dimensões inferiores a 60 cm, em planta. Em edificações muito
próximas com alturas distintas, tem a possibilidade da interseção do bulbo de tensões nas fundações, isso
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pode ocasionar uma sobrecarga na menor edificação, colaborando para o aparecimento de recalques. Além
disso, a estocagem de material com peso elevado em uma área próxima à fundação da construção, pode
ocasionar uma sobrecarga não prevista em projeto, se assemelhando ao caso de interseção dos bulbos de
tensões. A Figura 2.15 ilustra o comportamento do bulbo de tensões.

Figura 2.10 – Situações de recalques devido: (a) e (b) interseção do bulbo de tensões

(a) (b)
Fonte: adaptado (MILITITSKY, CONSOLI E SCHNAID, 2008).

Em regiões com drenagem superficial deficiente e infiltrações provenientes das redes hidro
sanitárias, existe a possibilidade do comprometimento do solo devido ao excesso de umidade ou saturação
total, podendo ocasionar escorregamentos e problemas de estabilidade e suporte da fundação. Além disso a
presença de vegetação pode alterar significativamente a umidade do solo, as raízes próximas as fundações
realizam o consumo de grande parte da água presente na área, proporcionando o surgimento de recalques
por adensamento. A Figura 2.16 apresenta as condições de vegetações

Figura 2.11 – Fissuras devido à presença de vegetação próxima a fundação


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Fonte: Milititsky, Consoli e Schnaid (2008).

Além dos itens citado anteriormente, existem diversos outros fatores que contribuem para o
surgimentos de problemas patológicos na fundação. Aliás, existem situações em que os recalques
diferenciais ocorrem na superfície do terreno, com o afundamento do solo e deformações das camadas do
subsolo. A ocorrência desses recalques é semelhante à ocorrência para os recalques na camada de
assentamento da fundação.

1.1.3 Patologias no sistema de pintura

As pinturas são imprescindíveis para o acabamento das construções, possuem diversas composições
e são utilizadas em diversas localidades da edificação. Além de garantir boa estética, possuem propriedades
impermeabilizantes que garantem o bom funcionamento das superfícies. A sua aplicação pode ser nos mais
diversos substratos, sendo eles: pisos de madeira e cimentícios, revestimentos argamassados, alvenarias
(vedação e estrutural), estruturas de concreto, telhas, peças metálicas e de madeiras.
A pintura pode ser associada a um sistema que abrange um conjunto de camadas com funções
específicas, esse sistema é constituído basicamente de: tintas para fundo, massas de nivelamento e tintas
para acabamento, todos formulados a partir da mesma resina. Na construção imobiliária, as resinas mais
utilizadas são: PVA’s, acrílicas e alquídicas, já nas construções industriais, as mais utilizadas são:
epoxídicas, de poliéster e de borracha clorada. Essencialmente o sistema de pintura possui quatro funções
básicas, são elas: proteger o substrato, garantir a estética, contribuir para a higiene do ambiente e proteger as
áreas internas da construção.
Com base no XXXXXX, as definições e as funções dos constituintes do sistema de pintura são:
a) fundo preparador (ou primer): é definida como uma substância líquida, que possui em sua
constituição: pigmentos, resinas, solventes (ou água) e aditivos. É a primeira camada a ser
aplicada no substrato, responsável em preparar a base para posteriormente ser recebida a massa
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e/ou tinta. As funções principais são: melhorar a aderência, isolar quimicamente o primer do
substrato, uniformizar e diminuir a absorção, diminuir o consumo da tinta final e proteger
contra a corrosão dos metais;
b) massa de nivelamento: é definido como um material pastoso, que possui em sua constituição:
cargas inertes, resinas e solventes (ou água). A massa tem a função de proporcionar uma
superfície lisa e corrigir irregularidades;
c) tinta de acabamento: material líquido, composto de resinas, solventes (ou água), pigmentos e
aditivos. Após a aplicação e a cura da película, esta se converte em sólida, aderente e flexível. A
principal função é dar o acabamento final.
As patologias nas pinturas podem estar associadas à interface da pintura com o substrato ou na
própria película da pintura. E as causas mais prováveis para o surgimento dessas anomalias, são:
a) preparo inadequado do substrato ou a ausência de preparação;
b) umidade excessiva na base;
c) fórmula inadequada de tinta;
d) condições do ambiente externo: temperatura, umidade e ventos;
e) falha na escolha do tipo de pintura, sem o estudo da exposição e sem a análise de
compatibilidade com o substrato;
f) diluição excessiva de tinta;
g) substratos que apresentam instabilidade e contaminação;
h) tintas fornecidas com fórmula inadequada.
As principais manifestações patológicas que incidem sobre as pinturas são: bolhas, calcinação,
desagregamento, descascamentos, eflorescências, descolamentos da película, manchas de chuvas
irregulares e fungos. As Figuras 2.17 e 2.18 ilustram como as manifestações se apresentam nas
construções.
Figura 2.12 – (a) Descolamento e (b) bolhas
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(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 2.13 – (a) Manchas de chuva e (b) enrugamento

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

O Quadro 2.2 expõe as patologias mais comuns que acometem os sistemas de pinturas, apresentando os
aspectos observados em uma vistoria e apontando as possíveis causas.

Quadro 2.2 – Manifestações patológicas mais recorrentes nas pinturas (continua)


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Manifestações Aspecto observado Causas prováveis
Umidade na superfície; utilização de massa corrida
PVA em paredes externas ou internas, mas em
Película de revestimento
contato com água; presença de poeiras que não
Bolhas com aspecto de
foram removidas das superfícies após a lixação;
estufamento.
aplicar tinta com melhor qualidade sobre uma de
qualidade inferior; diluição incorreta da tinta.

começa o estufamento
da superfície, causando
um esfarelamento do Não hidratação correta da cal; por excesso de cal na
Calcinação
reboco com facilidade, preparação do reboco.
aparecendo um pó bem
fino, semelhante ao sal

Aplicação da tinta sobre superfície umida; aplicação


de tinta sobre superfícies que contenham partes soltas
a tinta começa a e caiação; aplicação de tinta sobre reboco sem cura
Descascamento descascar ou soltar da adequada de 30 dias; má aderência da tinta, devido a
parede diluição incorreta; superfície calcinada, que não tenha
sido preparada adequadamente; superfície que não
tenha sido eliminado o pó.

Umidade na superfície; utilização de massa corrida


É um tipo de
PVA em paredes externas ou internas, mas em
descascamento em que,
contato com água; presença de poeiras que não
Desagregamento junto com a película de
foram removidas das superfícies após a lixação;
tinta, sai também parte
aplicar tinta com melhor qualidade sobre uma de
do reboco
qualidade inferior; diluição incorreta da tinta.
Ocorre quando
acontecem chuvas tipo
garoa, que molha A tinta com filme ainda não curado, faz com que
Manchas por
somente pontos isolados aflorem materiais solúveis, usados na formulação das
chuvas irregulares
da parede, quando a tintas.
tinta não está totalmente
curada
São microorganismos Fungos: área interna e externa, na cor preta,
Fungos vivos que se proliferam marron,cinza, verde e outras; Algas: áreas externas,
em ambientes diferentes cor verde, verde azulada e vermelho-castanho.
Fonte: < https://docplayer.com.br/10841039-10-patologias-mais-comuns-em-revestimentos.html>.

Quadro 2.2 – Manifestações patológicas mais recorrentes nas pinturas (conclusão)


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Manifestações Aspecto observado Causas prováveis
A eflorescência se dá
pela elimanação de água
sob a forma de vapor, Aplicação de acabamento fnal sobre reboco úmido
durante a secagem do ou por não ter sido curado; umidade por chuvas e
Manchas reboco, quando se não ter aguardado a secagem; umidade da parte
esbranquiçadas arrastam materiais interna da parede que passa para a parede externa;
alcalinos solúveis do em cores escuras, pode ocorrer quando a tinta foi
interior para a superfície diluída excessivamente.
pintada, causando
manchas
Aplicação de tinta em superfície contaminada por
Perda de aderência da sujeira, poeira, óleo, graxa, eflorescência, partículas
película soltas, desmoldantes e etc; aplicação sobre substrato
muito poroso, que absorve o veículo, restanto apenas
os pigmentos; aplicação de substrato sobre superfície
Deslocamento da Pulverulências ou muito lisa; aplicação prematura da tinta formando
pintura descolamentos película impermeável sobre a argamassa não curada
com perda de aderância, pulverulência e umidade na
interface do filme com o substrato; aplicação de tinta
sobre substrato com elevado teor de sais solúveis em
Escamação da película
água, que por evaporação e capilaridade, depositan-
se na interface do filme com o substrato.
Aplicação de tinta com baixa resistência à radiação
solar em ambiente externo, com destruição do filme
por fissuramento ou por deterioração com
pulverulência. Perda de brilho e cor; aplicação de
tinta com baixa flexibilidade; aplicação com baixa
Defeitos no filme resistência a álcalis, tornando a tinta pegajosa com
da pintura sinais de bolhas; aplicação prematura de tinta que
forme película impermeável; aplicação de tinta com
baixa resistência ao ataques por agentes biológicos
(bolor, fungo e algas); imcompatibilidade das várias
camadas, secagem muito rápida ou espessura elevada
produzindo enrrugamentos; problema no substrato.
Fonte: < https://docplayer.com.br/10841039-10-patologias-mais-comuns-em-revestimentos.html>.

1.1.4 Patologias na alvenaria


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A alvenaria corresponde a um conjunto de unidades básicas da construção civil, podendo ser
constituída de blocos, pedras, tijolos e cerâmicas. É responsável em construir estruturas de sustentação ou
realizar a separação de ambientes. A estruturação da alvenaria não se dá somente pela unidade isolada, são
utilizados alguns ligantes (argamassas) para resultar em um material com propriedades mecânicas
intrínsecas.
Basicamente a alvenaria pode ser classificadas em dois tipos:
a) alvenaria de vedação: tem a função de delimitar ou dividir espaços, sendo muito utilizada em
construções convencionais. As alvenarias trabalham com os elementos estruturais, sendo mais
utilizada para realizar o fechamento;
b) alvenaria estrutural: consiste em um tipo de construção antiga, que utiliza a própria alvenaria
como sistema estrutural. É específica para suportar as cargas provenientes da estrutura.

1.1.4.1 Fissuras e trincas

As anomalias patológicas, afetam tanto a alvenaria de fechamento quanto a alvenaria estrutural,


sendo as fissuras as manifestações mais recorrentes. Um fator determinante para que as alvenarias
desenvolvam fissuras, é a utilização conjunta de materiais com propriedades diferentes.
A estruturação da alvenaria se dá pela utilização do bloco com a argamassa de assentamento e caso
não se tenha um cuidado com a análise das propriedades e do comportamento desses materiais, as fissuras
podem surgir e propagar-se pela junta de assentamento e até mesmo “cortar” a unidade isolada.
A alvenaria apresenta bom comportamento quando submetida a esforços de compressão, contudo é
não se aplica ao caso quando esta se submete aos esforços de tração e cisalhamento, já que esses esforços
são os principais agentes causadores de fissuras na alvenaria.
Atualmente, as estruturas de concreto armado estão cada vez mais esbeltas e consequentemente
estão mais flexíveis. Esse tipo de estrutura desenvolve flechas excessivas que podem ocasionar distorções e
deformações excessivas na alvenaria de vedação, além disso a fissuração pode ser proveniente das
características da própria alvenaria, como o material utilizado no assentamento dos blocos, a dimensão dos
blocos, localização das aberturas na alvenaria e outros.
Em alvenarias estruturais, a fissuração decorre principalmente de recalques na fundação,
sobrecargas provenientes de deformações e pela ausência de dispositivos que dissipariam as tensões
concentradas em determinadas regiões. Além do mais, a dilatação térmicas de elementos estruturais pode
resultar na formação de fissuras no encontro com a alvenaria. A figura 2.19 apresenta as fissuras
identificadas na alvenaria de vedação do Campus do Paricarana.
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Figura 2.14 – (a) Fissura inclinada e (b) fissura vertical

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Figura 2.15 – (a) Fissura horizontal e (b) e fissura inclinada

(a) (b)
Fonte: Autoria própria (2019).

Abaixo, Quadro 2.3 lista as patologias mais recorrentes nas alvenarias, apresentando as
configurações típicas e as possíveis causas que contribuem para o surgimento.
Quadro 2.3 – Patologias em alvenaria de vedação e alvenaria estrutural
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Fonte: Oliveira (2016 apud OLIVEIRA et al., 2016).


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1.1.5 Patologias em estruturas de concreto armado

Pode-se definir patologia do concreto armado como a ciência que objetiva determinar as origens,
causas e mecanismos das manifestações patológicas que acometem as estruturas de concreto armado.
Ressaltando que os problemas patológicos podem ser ocasionados por diversos fatores e além disso tais
problemas podem gerar danos mais superficiais ou até mesmo podem levar a estrutura ao colapso
(HELENE, 1992).
Para realizar a identificação das anomalias em uma estrutura de concreto armado é necessário
observar as manifestações que geralmente surgem nas superfícies. As manifestações em regiões ocultas só
são detectadas em inspeções específicas.
Nas construções executadas em concreto armado, as fissuras podem surgir nas diversas etapas
construtivas da obra, podendo se manifestar depois horas, dias e anos. O surgimento destas fissuras podem
possuir diversas causas e consequentemente o seu diagnóstico se torna trabalhoso (GONÇALVES, 2015).
Os profissionais do ramo da construção civil devem se conscientizar que a incidência de patologias
construtivas pode diminuir, conhecendo o comportamento dos materiais e dos componentes da estrutura
(THOMAZ, 1989 apud MACEDO, 2017).
As estruturas de concreto armado normalmente fissuram por vários motivos, principalmente nas
regiões tracionadas onde se encontram as armaduras, contudo a NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica que
essas aberturas devem estar nos limites, para garantir a segurança e evitar a penetração de agentes agressivos
diminuindo a possibilidade de corrosão da armadura. Segundo a NBR 6118: (ABNT, 2014), as estruturas de
concreto armado não devem possuir aberturas na sua superfície superiores a:
a) 0,1 mm – para peças não protegidas em atmosfera agressiva;
b) 0,2 mm – para peças não protegidas em meio não agressivo;
c) 0,3 mm – para peças protegidas (internas).
Com base em Helene (2001, apud GONÇALVES, 2015), existem alguns mecanismos que
deterioram as estruturas de concreto armado, nos quais podemos citar:
a) mecanismos de deterioração relativos ao concreto: reações superficiais deletérias, expansão por
sulfatos ou magnésio, expansão por reação álcali-agregado e lixiviação;
b) mecanismos de deterioração relativo à armadura: corrosão por elevado teor do íon cloro
(cloreto) e corrosão devido a carbonatação;
c) mecanismos de deterioração da estrutura propriamente dita: movimentações térmicas, impactos,
ações cíclicas (fadiga), deformação lenta (fluência), ações mecânicas e outros.
Segundo Helene (1992), os sintomas mais recorrentes em estruturas de concreto armado são:
fissuras, trincas, eflorescências, flechas excessivas, manchas no concreto aparente, corrosão das armaduras e
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ninhos de concretagem. A Figura 2.21 apresenta a distribuição relativa das anomalias patológicas em
estruturas de concreto armado aparente.

Figura 2.16 – Distribuição das manifestações patológicas em estruturas de concreto armado

Fonte: Helene (1992).

1.1.5.1 Fissuras em lajes

São várias as conformações de fissuras que infligem as lajes e diversas são as causas que podem
contribuir para o seu surgimento. Com base na literatura de Helene (1992), serão abordadas as
manifestações típicas de fissuras nas lajes:
a) fissura de flexão e fissura de flexão em balanço: surgem em decorrência de desforma precoce;
sobrecargas não previstas, armaduras insuficientes ou mal posicionadas e comprimentos de
ancoragens insuficientes;
b) fissura de momentos volventes: surgem devido a insuficiência de proteção térmica e da
ausência/insuficiência de armadura nos cantos da laje;
c) fissura de retração hidráulica e contração térmica: surgem devido a cura inadequada, excesso de
água de amassamento, excesso de calor de hidratação e proteção térmica inadequada;
d) fissura devido à punção: surgem em decorrência do excesso de carga concentrada, concepção de
laje muito delgada, concreto com resistência inadequada, insuficiência de armadura e mal
posicionamento.
As Figuras 2.22 e 2.23 apresentam as conformações das fissuras comentadas anteriormente.

Figura 2.17 – (a) Fissuras de flexão e (b) fissuras de retração hidráulica e contração térmica
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(a) (b)
Fonte: Helene (1992).

Figura 2.18 – (a) Fissuras de flexão em balanço, (b) fissuras de momentos volventes e (c) fissuras devido à
punção

(a) (b) (c)


Fonte: Helene (1992).

1.1.5.2 Fissuras em pilares

São várias as conformações de fissuras que infligem os pilares e diversas são as causas que podem
contribuir para o seu surgimento. Com base na literatura de Helene (1992), serão abordadas as
manifestações típicas de fissuras nos pilares:
a) fissuras de assentamento plástico: surgem em decorrência de concretagem simultânea dos
elementos estruturais (laje, viga e pilar), concreto com excessiva fluidez, utilização de fôrmas
não estanques e adensamento inadequado do concreto;
b) fissura de falsa pega ou de pega: surgem devido a utilização de cimento com excesso de gesso
anidro, lançamento atrasado do concreto e calor excessivo e umidade baixa relativa;
c) fissura de junta de concretagem: surge devido ao excesso de nata de cimento (exsudação) ou
sujeira no topo do pilar;
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d) fissuras de flambagem de armadura: surgem em decorrência do mau adensamento do concreto,
utilização de concreto com resistência insuficiente, concepção errônea de carga superior e mau
posicionamento/insuficiência de estribos.
A Figura 2.24 apresenta as conformações das fissuras que incidem sobre os pilares.

Figura 2.19 – (a) Fissura de assentamento plástico, (b) fissura de falsa pega, (c) fissura de junta de
concretagem e (d) fissura de flambagem

(a) (b) (c) (d)


Fonte: Helene (1992).

1.1.5.3 Fissuras em vigas

São várias as conformações de fissuras que infligem as vigas e diversas são as causas que podem
contribuir para o seu surgimento. Com base na literatura de Helene (1992), serão abordadas as
manifestações típicas de fissuras nas vigas:
a) fissuras de flexão: surgem devido a insuficiência de armadura, ancoragem inadequada, mal
posicionamento da armadura no projeto/execução e sobrecargas não previstas;
b) fissuras de cisalhamento: decorrem principalmente por sobrecargas não previstas, mal
posicionamento e insuficiência de estribos e concreto com resistência insuficiente;
c) fissuras de flexão na parte superior (marquises e balcões): surgem devido a sobrecargas não
previstas, insuficiência de armadura, insuficiência de ancoragem e mal posicionamento das
armaduras no projeto/execução;
d) fissuras de flexão e escorregamento da armadura: surgem em decorrência da má aderência da
armadura no concreto, insuficiência de ancoragem, concreto com resistência inadequada e
sobrecargas não previstas;
e) fissuras de torção: ocorrem devido a sobrecargas não previstas, insuficiência de armadura,
quando não se considera a torção de compatibilidade e mal posicionamento da armadura no
projeto/execução;
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f) fissuras de retração hidráulicas ou de movimentação térmica: decorrem principalmente da
contração térmica devido a gradientes de temperatura diários ou sazoniais e da cura inadequada
do concreto.
As Figuras 2.25 e 2.26 apresentam as conformações das fissuras que incidem sobre as vigas.

Figura 2.20 – (a) Fissuras de flexão, (b) fissuras de cisalhamento e (c) fissuras de flexão na parte superior
(marquises e balcões)

(a) (b) (c)


Fonte: Helene (1992).

Figura 2.21 – (a) Fissuras de flexão e escorregamento da armadura, (b) fissuras devido à torção e (c) fissuras
de retração hidráulicas ou de movimentação térmica

(a) (b) (c)


Fonte: Helene (1992).

1.1.5.4 Esmagamento do concreto


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Segundo Helene (1992), outro problema patológico que acomete as estruturas de concreto armado,
é o esmagamento do concreto. Essa anomalia surge devido a sobrecargas não previstas em projeto,
dimensionamento errôneo da seção do concreto e a utilização de concreto com resistência inadequada. A
figura 2.27 ilustra a manifestação típica de esmagamento.

Figura 2.22 – Manifestações típicas de esmagamento do concreto

Fonte: Helene (1992).

1.1.5.5 Corrosão das armaduras

O concreto armado corresponde a junção dos materiais, concreto e aço. Se trata da junção mais
utilizada na construção civil. Basicamente, o concreto é constituído por: aglomerante, agregados graúdos e
miúdos, água e aditivos, esse conjunto oferece ao aço proteções químicas, físicas e elétricas. Segundo Klein
(1999), a proteção dada à armadura, pelo concreto, pode ser diminuída e às vezes, eliminada pelos seguintes
fatores:

a) Por carbonatação do concreto;


b) Por impregnação de agentes agressivos externos e internos;
c) Por má execução do concreto;
d) Por acidificação do concreto por agentes do meio ambiente;
e) Por fissuração do concreto.
Nas estruturas de concreto armado em que o aço já se encontra comprometido pela corrosão, ocorre
um aumento de volume na região afetada da armadura, produzindo esforços internos que o concreto não
resiste. Surgem fissuras nas regiões próximas as armaduras mais superficiais, que se tornam “porta” de
entrada para os agentes externos, o que gera mais corrosão e pode ocasionar a desagregação do concreto
(GONÇALVES, 2015).
A carbonatação é a anomalia mais ocorrente dentre as citadas anteriormente, se tratando de perda
de proteção. A reação química que resulta na carbonatação do concreto ocorre da seguinte maneira: o
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dióxido de carbono (CO2) penetra nos poros do concreto reagindo com o hidróxido de cálcio (Ca(OH) 2),
sendo este presente na composição da pasta de cimento. O processo resulta na formação de carbonato de
cálcio (CaCO2) e água. O carbonato de cálcio diminui o pH da superfície do concreto (12,5 para 9,6),
realizando o avanço até o interior do concreto até entrar em contato com a armadura, isso contribui para um
processo denominado despassivação do aço, o que colabora para a corrosão da armadura (KLEIN, 1999).
Estruturas de concreto armado submetidas à umidade possuem cerca de 50% a 60% de
possibilidade para a ocorrência de carbonatação, em situações em que a estrutura encontra-se fissurada
aumentam ainda mais a possibilidade do aparecimento dessa patologia (KLEIN, 1999). A Figura 2.28 ilustra
as fissuras causas pela corrosão da armadura.

Figura 2.23 – Fissuras provenientes da corrosão das armaduras

Fonte: Helene (1992).

1.1.5.6 Ninhos de concretagem

É conhecido popularmente como “broca” ou bicheira”, pois ocasiona a formação de buracos nas
estruturas de concreto armado. Segundo Helene (1992), essa patologia é proveniente das seguintes causas:
lançamento e adensamento inadequados, taxa excessiva de armadura, dimensão máxima do agregado graúdo
inadequada e falhas na dosagem do concreto. É um problema decorrente principalmente de problemas na
concretagem atrelado à execução.
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Além disso, os ninhos de concretagem podem ser ocasionados pela corrosão das amaduras, visto
que há a ocorrência da expansão volumétrica do aço devido a geração de óxido ferroso. A expansão das
barras pode ocasionar o fissuramento e posteriormente a desagregação de partes do concreto, conforme
ilustra a Figura 2.29 (ZUCHETTI, 2015).

Figura 2.24 – Ninhos de concretagem

Fonte: Helene (1992).


1.2 PROCEDIMENTOS PARA DIAGNÓSTICO E RECUPERAÇÃO

“Quando uma edificação fica doente, ou apresenta algum problema em sua integridade, podem
surgir sinais externos, sintomas, indicando que algo não está correto. Algumas vezes esses sinais externos
demoram a aparecer e outras podem ser imperceptíveis à maioria dos leigos.” (TUTIKIAN E PACHECO,
2011, p. 05). Para realizar a identificação das causas, origens, mecanismos das patologias construtivas, os
profissionais utilizam procedimentos de investigação que abrangem diversas etapas. Lichtenstein (1986),
propõe para um método genérico que envolve três etapas:
a) levantamento de subsídios;
b) diagnóstico da situação;
c) definição da conduta.
Para efetuar o diagnóstico de manifestações na construção, em primeiro momento é realizada uma
inspeção visual com o intuito de se obter um levantamento de dados das possíveis anomalias, suas
localizações e intensidades. Após isso é necessária à realização de análises específicas e ensaios
laboratoriais para auxiliar no diagnóstico (TUTIKIAN E PACHECO, 2013).
Além disso, é realizado um estudo sobre edificação com o objetivo de se obter dados da própria
história da construção. Nessa etapa do levantamento dos subsídios, a investigação envolve pessoas que
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trabalharam na construção e além da realização das análise dos documentos formalizados
(LICHTENSTEIN, 1986).
Após a obtenção de todos os dados referente à anomalia em questão, é analisada a influência da
mesma no comportamento global da estrutura, isso exige uma grande experiência do profissional, pois se faz
necessário o estudo aprofundado do comportamento estrutural frente aos diversos agentes agressivos
(TUTIKIAN E PACHECO, 2013).
Posterior à análise dos dados é possível definir um diagnóstico do problema, contudo, além do
diagnóstico o profissional deve apresentar o prognóstico, onde serão expostas as consequências caso não
seja realizada a terapia para a patologia em questão. E por fim, devem ser especificadas as propostas de
remediação. A Figura 2.30 apresenta um fluxograma dos procedimentos a serem realizados em uma possível
intervenção.

Figura 2.25 – Fluxograma com os procedimentos básicos


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ENFERMIDADE

SINTOMATOLOGIA
(manifestação patológica)

ESTUDO DO ENFERMO
(histórico)

DIAGNÓSTICO

PROGNÓSTICO

OTIMISTA PESSIMISTA

TERAPÊUTICA DEMOLIÇÃO
(técnica adequada à correção de
um problema específico)
Fonte: Campagnolo e Silva Filho (1999).

1.2.1 Levantamento de subsídios

O processo de levantamento dos subsídios, consiste em acumular informações necessárias para


compreensão dos mecanismos envolvidos no surgimento de uma manifestação patológica. Os dados
coletados passam por um processo de análise meticulosa para posteriormente servirem de embasamento para
a determinação do diagnóstico do problema. As informações pertinentes ao assunto podem ser obtidas por
meio: de vistorias do local, da anamnese e dos resultados de análises e ensaios complementares
(LICHTENSTEIN, 1986).

1.2.1.1 Inspeção visual


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A inspeção geralmente é realizada quando um usuário se encontra insatisfeito com o desempenho
da sua edificação e contrata um profissional para solucionar a problemática. A outra possibilidade é a
realização da perícia enquadrada no programa de manutenções rotineiras, sendo a manifestação já é
identificada por um profissional qualificado (LICHTENSTEIN, 1986).
A inspeção visual é o primeiro procedimento a ser realizado na etapa do levantamento de subsídios.
Consiste em primeiro momento no levantamento de todas as informações observadas pelo investigador no
contato físico com a edificação. Esse levantamento deve ser efetuado de forma minuciosa, objetivando
coletar dados suficientes e úteis para definir um diagnóstico coerente. Lichtenstein (1986), propõe uma
metodologia objetiva e clara para o direcionamento do procedimento de inspeção, contudo não se deve ficar
restrito a isso, sendo recomendado a readaptação dos procedimento caso seja necessário. A seguir é citada as
etapas do procedimento:
a) descobrir se existe o problema patológico, afirmando a existência determinar sua gravidade;
b) descobrir a extensão e o alcance;
c) realizar a caracterização da patologia e dos materiais pela utilização de instrumentos e sentidos
humanos;
d) realizar o registro dos resultados.

1.2.1.2 Anamnese

Após a realização da inspeção visual na obra, segue-se para a segunda etapa do levantamento de
subsídios, que corresponde ao entendimento da história da construção e a história do problema em questão.
A palavra anamnese significa recordar, refere-se a um procedimento que visa levantar as informações da
evolução da manifestação, assim como acompanhar o desempenho da edificação no decorrer da sua vida
útil. Os dados históricos podem ser obtidos através de duas fontes: entrevistas com pessoas que participaram
da construção e análise de documentos oficiais (LICHTENSTEIN, 1986).

1.2.1.3 Ensaios complementares

A partir da inspeção preliminar, pode ser necessária uma averiguação mais criteriosa da estrutura.
Em função da natureza da anomalia podem ser realizados ensaios que visem complementar as informações
obtidas na vistoria visual (TUTIKIAN E PACHECO, 2013).
Algumas manifestações patológicas por possuírem características bastante especificas, por meio da
inspeção visual já é possível a determinação de um diagnóstico final. Porém, existem situações em que é
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necessário o estudo mais aprofundado das manifestações, com isso é realizado ensaios complementares, com
o intuito de ampliar os conhecimentos nos segmentos físicos, químicos e biológicos (LICHTENSTEIN,
1986).
Os ensaios complementares podem ser divididos em: ensaios em laboratório e ensaios “in loco”. É
fundamental conhecer o que cada exame irá proporcionar de resultados úteis para o diagnóstico, visto que se
os ensaios forem realizados de maneira imprópria podem fornecer falsos resultados. Além disso, é
importante destacar que os ensaios possuem limitações quanto à sua realização e ao fornecimento de
resultados (LICHTENSTEIN, 1986).

1.2.2 Diagnóstico da situação

“Dá-se o nome de diagnóstico do problema patológico, todo o processo de entendimento e


explicação científica dos fenômenos ocorridos e seus respectivos desenvolvimentos de uma construção onde
ocorrem manifestações patológicas.” Para a explanação de um diagnóstico é necessário conhecer o quadro
geral da estrutura, como os dados dos sintomas, mecanismos, causas e origens dos fenômenos patológicos. É
importante ressaltar com sempre haverá um grau de incerteza quanto ao diagnóstico proposto, por isso se faz
necessário às diversas análises e ensaios para aumentar a porcentagem de uma resposta satisfatória
(TUTIKIAN E PACHECO, 2013).
A determinação do diagnóstico consiste em um processo onde se diminui o grau de incerteza inicial
com a realização da análise dos dados. Quando se tem uma correlação satisfatória entre o diagnóstico
proposto em função das manifestação em si, o levantamento de subsídios é interrompido visto que os dados
não irão interferir ou possivelmente não irão alterar o diagnóstico (LICHTENSTEIN, 1986).

1.2.3 Definição da conduta

Nesta etapa é efetuada uma avaliação a fim de saber se é necessário ou não a intervenção na
manifestação patológica. Nesse caso a definição da conduta, consiste na realização de medidas de
intervenção e nos estudos de indicações de terapêuticas (OLIVEIRA, 2013).

1.2.3.1 Prognóstico

O estudo do prognóstico é uma etapa imprescindível, pois é realizado um levantamento de


hipóteses da evolução da patologia. Com base nas hipóteses do prognóstico, o profissional define o objetivo
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da intervenção, sendo: erradicar a enfermidade, impedir ou controlar sua evolução ou não intervir
(TUTIKIAN E PACHECO, 2013).
O prognóstico tem por objetivo apresentar diversas alternativas de desenvolvimentos das
anomalias, sendo este baseado nos dados pertinentes ao problema. É analisada as condições que rodeiam a
construção, o quadro de evolução natural da patologia, as circunstância que o problema se submete ao seu
estágio de desenvolvimento (LICHTENSTEIN, 1986).
Na formulação do prognóstico, serão evidenciadas as possíveis evoluções dos problemas, além de
levantadas as alternativas de correção e recuperação. As alternativas de remediação são efetuadas levando-se
em conta três fatores básicos: relação do custo e benefício, incerteza sobre os efeitos e a disponibilidade de
conhecimento científico para a execução das atividades (OLIVEIRA, 2013).

1.2.3.2 Terapêutica

A terapêutica corresponde ao último estágio após a definição dos diagnósticos e prognósticos, se


trata do estudo das correções para solucionar os problemas provenientes das patologias, ressaltando a
importância de um diagnóstico bem elaborado para que se tenha uma correção eficiente. A conduta pode ser
atribuída na reparação de pequenos problemas e até mesmo na recuperação generalizada da estrutura e após
esse processo de intervenção é necessário que se tenha um programa de manutenções periódicas para
garantir a integridade e desempenho da construção (HELENE, 1992 apud BRITO, 2017).

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