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NORMA DE DESEMPENHO

Prof. Ricardo Meira


UNIP | Materiais Naturais e Artificiais | 2011-2
O que é a norma de
desempenho?

Pense 141324513 vezes antes de especificar...


O que é desempenho na
construção civil?
• É a prática de se pensar nos fins, e não
exclusivamente nos meios;

• O foco deve estar nas exigências do


produto (edifício), no seu comportamento
durante sua “vida”, e não na prescrição de
como ele é construído.
O que é desempenho
HISTÓRICO
na construção civil?

Rei Hammurabi
Babilônia – 1955 a 1913 A. C.

Código Hammurabi – artigo 229: “O Construtor fez uma casa


para um homem e se seu trabalho não é forte e se a casa que
ele construiu cair e matar o seu usuário, aquele Construtor
deverá ser morto”

Nenhuma obrigação de como construir, mas


claramente define o resultado esperado: não
pode ruir nem matar ninguém.
NBR 15575 – Edifícios habitacionais de
até 5 pavimentos

• Publicada em 12 de maio de 2008, vigência a partir de 12 de


maio de 2010
NBR 15575 – Edifícios habitacionais de
até 5 pavimentos

Objetiva atender as necessidades dos


usuários de imóveis, dentro de
determinadas condições de exposição,
ao longo de uma vida útil de projeto e
no contexto do ambiente regulatório,
econômico e social brasileiro.
Estrutura da abordagem da
norma de desempenho
Necessidade Condições
Edifício e
s dos suas partes de Exposição
usuários

QUALITATIVOS:
Requisitos
Segurança contra incêndio
- evitar, sobreviver em
caso de, evitar danos
QUANTITATIVOS:
Análises de projeto, Critérios Exemplo - Proteção
ensaios laboratoriais,
contra descargas
em protótipos, in loco,
atmosféricas, existência
simulações em
de rotas de fuga etc.
computador etc.) Métodos de
avaliação
Exigências dos usuários

• Subjetivas: Variáveis com o tempo e com as


expectativas do usuário em relação ao produto
e a empresa;
• Quantificação das exigências em crritérios envolve pesquisas
que buscam resposta humana ao ambientte construído;
• Engloba áreas da fisiologia, psicologia, sociologia ,antropllogia,
ergonomia e populações especiais (idosos e P.N.E. por
exemplo);
• Mensuração utiliza Métodos Probabilísticos e com grau de
incerteza.
Exigências dos usuários

EXEMPLO: Sistema Piso Interno


Projeto especifica carga que o piso deve resistir
Qual o nível de vibração deste piso aceito?

Nível 1: 75% dos humanos aceitam um certo nível


de vibração 90% do tempo;
Nível 2: 90% dos humanos aceitam um certo nível
de vibração 90% do tempo;

GRANDE QUESTÃO
Possibilidade de Escolha -- Análise de Valor =
Custto do Desempenho – quanto estou disposto a
pagar para ter este desempenho?
Requisitos da NBR 15575
SISTEMA REQUISITO CRITÉRIO MÉTODO DE
AVALIAÇÃO

Estrutura Estabilidade e Estado limite último Atendimento às


resistência Normas NBR 6118,
estrutural NBR 6122, NBR 7190,
NBR 8800 e outras

Segurança no Uso Segurança das Segurança na utilização Análise de Projeto ou


e Operação instalações dos sistemas, que não inspeção em protótipo
(todos os devem apresentar
sistemas) rupturas, partes expostas,
cortantes ou perfurantes,
deformações ou defeitos
etc.

Desempenho Isolação Isolação ao som aéreo Ensaio especificado na


Acústico acústica entre entre paredes internas e NBR 10152
ambientes externas
Desempenho acústico:
o mais “badalado”
Desempenho inadequado: potencial conflito
 Os projetistas e as construtoras historicamente não
concebem e constroem para atender a um nível
mínimo de desempenho acústico;
 Há empreendimentos de alto padrão com baixo
desempenho acústico: falta de conhecimento e falta
de cuidados básicos;
 Clientes estão mais sensíveis aos ruídos (em todos
os níveis sócio-econômicos) - riscos de processos
judiciais por baixo desempenho tendem a
aumentar bastante.
Desempenho acústico:
algumas questões

 Habitações situadas em locais com altos níveis de


ruído de fundo necessitam de menor isolamento
acústico;
 Países com clima frio levam vantagem: bom
desempenho térmico induz a bom desempenho
acústico
 Desempenho acústico e conforto acústico são
diferentes: nível de tolerância subjetivo
Desempenho acústico:
comparação
Implicações da NBR
15575

A questão temporal
Os edifícios são eternos?

 Quanto tempo deve durar


uma edificação?
 Como projetar uma
edificação para uma
determinada vida útil?
 Que conhecimento os
projetistas devem ter para
projetar para uma vida útil?
 Qual a durabilidade dos
sistemas e materiais
utilizados nas construções?
 Qual a responsabilidade
dos construtores e
projetistas durante a vida
útil do edifício?
A importância da vida útil na
abordagem do desempenho
 Econômico
Visão de longo prazo é essencial: Custo global -
construção + uso e operação
 < Custo construção - nunca é o menor custo global
 > Custo de construção - pode não ser o menor custo global
 Vida útil definida no nível do projeto tende a diminuir o
custo global, sem regra definida o construtor tende a
construir pelo menor custo de construção.
 Ambiental
Vida útil é Vida útil é essencial
essencial para a para a Sustentabilidade
abordagem de – Análise de Ciclo de
desempenho Vida
 Humano
 Bom para o consumidor, protege os usuários de baixa
renda.
Vida útil e desempenho:
valorização do projeto
 Exige uma forma de se conceber e projetar
edifícios – Capacitação, Metodologia e Sistema
técnico de informações
 Caracterização das necessidades dos usuários e das condições de
PALAVRA CHAVE
exposição no local da construção;

ESPECIFICAÇÃO
 Especificação de Sistemas com desempenho conhecido ou
avaliação do potencial desempenho no caso de sistemas
inovadores;
 Obtenção de informações sobre o desempenho dos elementos e
componentes e sua ligação com o desempenho dos sistemas;
 Orientação aos usuários sobre como elaborar e implementar
programas de manutenção corretiva e preventiva e sobre os
cuidados de uso e operação dos sistemas.
Vida útil e desempenho
 É essencial, do ponto de vista técnico, que a vida
útil seja considerada no nível do projeto: 50% do
desempenho dos edifícios depende do projeto;
 No entanto, para ser obtido ao longo da vida útil, o
desempenho requerido depende de questões que
estão fora da governabilidade dos incorporadores,
projetistas e construtores:
 Implementação de programas de manutenção corretiva
e preventiva;
 Cuidados no uso e na operação dos sistemas;
 Mudanças nas premissas de projeto: clima, mudanças
de uso dos edifícios, etc.
Vida útil mínima de projeto

SISTEMA VUP MÍNIMA (EM ANOS)


Estrutura ≥40

Pisos Internos ≥13

Vedação vertical externa ≥40

Vedação vertical interna ≥20

Cobertura ≥20

Hidrossanitário ≥20
NBR 15575 e a presunção
técnica - bom senso

Cláusula 14.2.1.1 - NBR 15575-1

Caso os requisitos de desempenho desta Norma


tenham sido atendidos e não surjam patologias
significativas nos sistemas nela previstos depois de
decorridos 50% dos prazos de vida útil de projeto
(VUP) conforme tabela 4, contados a partir do auto
de conclusão da obra, considera-se atendido o
requisito de vida útil de projeto (VUP), salvo prova
objetiva em contrário.
O que precisamos para atender à
norma?
 Incorporadores: identificar riscos previsíveis na época do
projeto, providenciar estudos quando necessário e alimentar
os projetistas: riscos ambientais, nível excessivo de ruído
externo etc.;
 Projetistas: Nova metodologia de projetar;
 Fabricantes de materiais: Conhecer e informar o
desempenho de seus produtos: padronização das informações
(durabilidade por exemplo);
 Construtores: seguir rigorosamente o projeto, dominar
técnicas construtivas e adquirir materiais e sistemas por preço
e desempenho;
 Consumidores e Administradores Pós-Obra: elaborar e
implementar programas de manutenção corretiva e
preventiva.
Desempenho : Economia de água x
Estanqueidade dos componentes
O consumo médio mensal de água
de uma pessoa é de
aproximadamente 6.000 L/mês.
 o desperdício mensal de água
de uma torneira com vazamento
contínuo poderia abastecer uma
pessoa pelo mesmo período de
tempo.

Fonte: Departamento Municipal de


Água, Esgoto e Saneamento -
DMAES – Ponte Nova/MG
Especificação de fechaduras em função
do desempenho informado pelo fabricante
Freqüência de uso Utilização da fechadura
tráfego intenso Residências, consultórios, escritórios, hospitais, shopping centers etc.
tráfego médio Residências, consultórios, escritórios etc.
tráfego leve Residências, comunicação entre cômodos etc.
Grau de segurança Utilização da fechadura
Máxima Porta externa, interna e banheiro
Alta Porta externa, interna e banheiro
Média Porta externa, interna e banheiro
Baixa Porta externa, interna e banheiro
Mínima Porta interna e banheiro

Grau de Resistência à corrosão Utilização da fechadura


4 Com condições severas quanto à umidade e intempéries
(ex: regiões litorâneas e industriais)
3 Com umidade e intempéries (ex: áreas externas urbanas e rurais)
2 Com umidade e sem intempéries (ex: cozinhas e banheiros)

1 Sem umidade e sem intempéries (ex: salas e dormitórios)


Especificação: material reciclado pode
não ser ecoeficiente: durabilidade
inadequada

Telha Reciclada após 2 anos


26 de outubro de 2008: queda de 15
sacadas do Edifício Dom Gerônimo -
Maringá – “Desempenho puro”

1ª. Medida da Defesa Civil- análise de projeto para


verificação do cumprimento de Normas - rastreabilidade:
impressão digital no local do crime
Prédio chinês que “caiu de costas” em
2009 – estava em fase final de
construção
Prédio chinês que “caiu de costas” em
2009 – estava em fase final de
construção
Prédio chinês que “caiu de costas” em
2009 – estava em fase final de
construção
Excelente desempenho das estruturas
e péssimo desempenho das fundações
O que fazer?

O segredo é investir no
projeto: 50 a 60% do
desempenho depende do
projeto

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