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ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM UMA EDIFICAÇÃO

EMBARGADA E TÉCNICAS DE REPARO CONSIDERANDO O MELHOR


CUSTO/BENEFÍCO.

ESTUDO DE CASO

CURITIBA
2020
Monique Carminatti

ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM UMA EDIFICAÇÃO


EMBARGADA E TÉCNICAS DE REPARO CONSIDERANDO O MELHOR
CUSTO/BENEFÍCO.

ESTUDO DE CASO

Projeto de pesquisa desenvolvido para futuro


desenvolvimento do Trabalho de Conclusão do Curso de
Pós Graduação em Patologia nas Obras Civis para
obtenção do grau de especialista.
Prof. Orientador: Luis César S. De Luca, M.Sc.

CURITIBA
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................4

2. PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................5

3. OBJETIVOS ...........................................................................................................5

3.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................5

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...........................................................................5

4. HIPÓTESE..............................................................................................................6

5. JUSTIFICATIVAS .................................................................................................6

5.1. TECNOLÓGICAS ...........................................................................................6

5.2. ECONÔMICAS ...............................................................................................6

5.3. SOCIAIS ..........................................................................................................7

5.4. ECOLÓGICAS.................................................................................................7

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...........................................................7

7. CRONOGRAMA....................................................................................................8

8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................9

8.1. DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS ..............................................................9

8.3. INSPEÇÃO PREDIAL ..................................................................................11

8.4. PATOLOGIAS ORIUNDAS DA FASE DE CONSTRUÇÃO .....................13

8.5. PATOLOGIAS EM ESTRUTURA DE CONCRETO ..................................14

8.6. TRINCAS E FISSURAS................................................................................14

8.7. CORROSÃO..................................................................................................16

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................18


1. INTRODUÇÃO

Para Machado (2017), a patologia é um campo da engenharia, que estuda as


origens, causas, tipos de manifestações, mecanismos de ocorrência e as consequências
das falhas.
Fazendo uma relação aos seres vivos, toda edificação tem o ciclo no qual elas
“nascem, envelhecem e morrem”. O nascimento inicia na concepção do projeto e da
obra, já o envelhecimento é a perda gradativa de desempenho, esta perda é quase
imperceptível no começo, porém com o passar dos anos ela vai ficando mais evidente,
pois o edifício já não consegue mais receber todos os usos para qual ele foi
dimensionado ou pelo surgimento de avarias e/ou falhas chamadas de anomalias. A
“morte da construção” é quando ele atingiu o fim da sua vida, atingindo o seu limite de
durabilidade.
Obras inacabadas fazem parte no cenário atual do Brasil, geralmente não
foram concluídas por falta de dinheiro ou conflitos judiciais. Estas construções ficam
durante muito tempo expostas a intempéries e não recebem a manutenção periódica
necessária, acarretando prejuízos a estrutura da edificação, com isso elas vão diminuindo
o seu tempo de vida útil.
A construção civil é uma das atividades que mais geram entulhos e tendo em
vista que as atitudes sustentáveis vêm ganhando mais popularidade em nossa sociedade,
a recuperação ao invés da demolição total para posterior reconstrução destes prédios
contribui para uma redução da geração de lixo no meio ambiente.
Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as circunstâncias
socioeconômicas fizeram com que as obras alcançassem velocidades de execução cada
vez maiores, causando em controles pouco rigorosos dos materiais utilizados e dos
serviços. Com a deficiente formação de engenheiros e arquitetos, com as políticas
habitacionais e os sistemas de financiamento inconsistentes, a qualidade das construções
vem caindo consideravelmente, até o ponto de ter edifícios que, antes de serem
ocupados, já estão potencialmente condenados (THOMAZ, 2014).
Para que as manifestações patológicas possam ser eliminadas e o edifício
abandonado venha a ser habitado é necessário fazer um estudo detalhado das origens,
isso auxiliará na obtenção de diagnósticos e tratamentos corretos.

2. PROBLEMA DE PESQUISA

Quais as principais manifestações patológicas e técnicas de recuperação


viáveis financeiramente em um edifício embargado?

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar as causas e origens das manifestações patológicas em um edifício que


estava embargado e apresentar os reparos necessários com custo viável aos
proprietários.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:


• Fazer inspeção na obra que estava embargada;
• Identificar as manifestações patológicas;
• Analisar a causa das manifestações patológicas;
• Apresentar as técnicas e materiais para a recuperação das patologias
considerando o melhor custo/benefício.
4. HIPÓTESE

Presume-se que uma obra embargada apresente manifestações patológicas de


diversas naturezas e que seja possível recuperá-las com um bom custo/benefício ao
proprietário.

5. JUSTIFICATIVAS

5.1. TECNOLÓGICAS

Os principais problemas que colocam em risco a vida útil das construções


são as patologias. Estas podem ser oriundas de várias causas, como retratado por Reis
(2001) a deficiência no controle de qualidade nos canteiros de obras, o utilização da mão
de obra desqualificada e as alterações ambientais, como a poluição e as chuvas ácidas,
fazem com que se construam cada dia mais edificações deficientes.
O tempo de paralização de uma obra exposta a intempéries, possivelmente facilita
o surgimento de degradações estruturais e com isso se faz necessário que primeiramente
ocorra a recuperação do edifício para que posteriormente a construção dele continue.
Definir as soluções das patologias encontradas tem um grande grau de complexidade,
fazendo com que seja necessário um estudo profundo dos métodos de diagnósticos e de
técnicas corretas para eliminar as patologias.

5.2. ECONÔMICAS

As manifestações patológicas podem acarretar custos de manutenções e/ou reparos


e quanto mais tardes estas forem solucionadas, o custo agregado será mais elevado
(KRUG, 2006).
A ideia de demolir e não recuperar o edifício que estava paralisado ainda é
persistente, isso ocorre devido ao conhecimento escasso dos profissionais de engenharia
civil e dos proprietários de obras, sobre técnicas de recuperação das manifestações
patológicas. A recuperação na maioria das vezes é a melhor solução financeira.

5.3. SOCIAIS

As obras abandonadas e/ou embargadas não trazem apenas os problemas de


cunho estrutural da edificação, elas também trazem consigo problemas de ordem pública
de segurança, pois podem virar pontos de violência, pontos de tráficos e uma ocupação
errônea pelos moradores de rua, que podem estar colocando as próprias vidas e de
terceiros em risco.

5.4. ECOLÓGICAS

O setor da construção civil tem uma grande participação na economia, mas também é
um dos campos que mais geram resíduos, ficando entre 51% a 70% dos entulhos sólidos
urbanos, segundo Marques Neto (2005). Diante disso, a recuperação das manifestações
patológicas de edifícios paralisados teria uma grande importância para auxiliar na
redução dessa taxa de geração de resíduos.

6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a concretização desta pesquisa primeiramente se faz necessário realizar


uma inspeção na obra que estava embargada na cidade de Itajaí/SC. Nesta fase será
registrado as anormalidades e descrito através de um relatório fotográfico as
manifestações patológicas deste edifício.
Com a etapa acima concluída, será feito revisões bibliográficas das diversas
patologias encontradas e então as causas destas serão diagnosticadas.
Com as manifestações já diagnosticadas, iniciaremos então outra revisão
bibliográfica em busca das melhores técnicas e materiais para a execução da recuperação
das patologias encontradas, que tenham um custo-benefício interessante aos
proprietários da edificação.

7. CRONOGRAMA

Abaixo o cronograma das etapas de pesquisa:

ETAPAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Levantamento/Análise
de material x x x x
bibliográfico
Levantamento/Pesquisa
x x
de campo
Análise de Resultados
Redação Final
Apresentação
Tabela 1. Cronograma 2020

ETAPAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Levantamento/Análise
de material
bibliográfico
Levantamento/Pesquisa
x x x
de campo
Análise de Resultados x x x x x
Redação Final x x x x
Apresentação
Tabela 2. Cronograma 2021

ETAPAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Levantamento/Análise
de material
bibliográfico
Levantamento/Pesquisa
de campo
Análise de Resultados
Redação Final
Apresentação x
Tabela 2. Cronograma 2022
8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

8.1. DEGRADAÇÃO DOS MATERIAIS

8.2. DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Para Mehta e Monteiro (2008), é impossível ter um bom desempenho sem


ponderarmos a durabilidade dos sistemas, pois uma boa durabilidade está diretamente
ligada a uma vida útil longa.
De acordo com a NBR 6118:2014, as estruturas precisam estarem
projetadas, construídas e utilizadas de maneira que a estabilidade, conforto no decorrer
da vida útil e segurança sejam conservadas.
A NBR 6118:2014, considera que a durabilidade da edificação não depende
apenas do concreto e do aço. Ela é decorrente da relação da estrutura de concreto com
o meio ambiente, das suas condições de uso, da sua operação e manutenções.
A durabilidade das edificações está sendo muito estudada nos últimos anos,
bem como o comportamento das estruturas durante a sua vida útil. Os maiores
influenciadores da vida útil da estrutura são o meio ambiente e os agentes agressivos.
(PELLIZZER, 2015).
Para Rostam (1994, apud ANDRADE, 1997, p.55), este conceito de
durabilidade é difícil de ser utilizado no cotidiano, levando assim a introdução da vida
útil, como um termo operacional que se refere de maneira quantitativa a questão da
durabilidade das estruturas.
A vida útil é o período que um edifício preserva as exigências que lhe foram
dadas e consiga aderir novos usos, sem que ocorra um desgaste físico irreversível.
Quando acontece a deterioração física, oriunda do uso, de ações ambientais e por
negligência devido à falta de manutenção, então a estrutura teve o fim da vida útil
física. (GASPAR, 2009).
A qualidade do material, da mão de obra, o uso do processo construtivo
correto e um projeto bem detalhado são alguns dos fatores que garantem uma boa
qualidade da estrutura e da sua vida útil. (NBR 6118:2014).
Na figura abaixo é possível verificar a ação da manutenção, do desempenho
e da vida útil da estrutura ao longo dos anos. (LICHTENSTEIN,1985).

Figura 1: Relação entre desempenho, manutenção e vida útil da edificação

Fonte: NBR 15575-1

A partir do momento em que a estrutura começa a perder a sua


funcionalidade devido a uma deterioração, poderá haver a necessidade de reparo ou
reforços. Isso depende do estágio da degradação. Conforme esta degradação vai
evoluindo, os custos para a recuperação também vão aumentando exponencialmente,
através da Lei de Sitter. (SITTER 1986 apud ANDRADE 1997).
Ainda segundo Sitter (1986, apud ANDRADE, 1997, p.55), cada dólar
gasto por unidade de área construída empregada de maneira correta na etapa dos
projetos, corresponderá a cinco dólares gastos para a manutenção. Então estes gastos
podem ser evitados quando a prevenção já se inicia nas primeiras etapas do processo
de construção.
Para Helene (1993, apud ANDRADE, 1997, p.56), existem quatro tipos de
vida útil, que são a vida útil de projeto, vida útil de serviço, vida útil total e vida útil
residual.
8.3. INSPEÇÃO PREDIAL

Para Gomide, Neto e Gullo (2014, p.11) a inspeção predial é o checkup da


edificação, com o interesse de verificar a qualidade do edifício e uma boa saúde dos
usuários. Ela requer um diagnóstico completo dos sistemas para na sequência realizar
os reparos necessários e as manutenções.
Antes de realizarmos a avaliação de uma estrutura com o auxílio de ensaios,
primeiramente realiza-se uma inspeção visual, que deve ser registrada por fotos e
mapeamento de fissuras. (BROOMFILED, 1997).
Para Correia (2013), a inspeção visual está separada em quatro níveis de
gravidade:
a) Nível satisfatório (cor verde): são estruturas sem indícios de problemas
estruturais e de durabilidade, mas não desobriga a realização de vistorias
para que a durabilidade e vida útil sejam garantidas;
b) Nível tolerável (cor amarela): estrutura sem indicativos de problemas
estruturais, porém com pequenas patologias de fácil recuperação, que
precisam ser tratadas;
c) Nível alerta (cor laranja): estruturas que estão com a durabilidade
duvidosa. É a fase que a estrutura atingiu algum limite de serviço e/ou
tem manifestações patológicas;
d) Nível crítico (cor vermelha): possuem evidências claras de problemas
estruturais e de durabilidade, necessitam de verificação e reparos
imediatos. Este nível representa a proximidade com a vida útil última da
estrutura, com manifestações patológicas gravíssimas e com a estrutura
comprometida.

Uma inspeção detalhada, realizada por um profissional habilitado fará com


que se tenha um bom diagnóstico dos problemas. Isso auxiliará na decisão de escolha
da melhor intervenção para eliminação da causa.
Figura 2: Critério para avaliação da manifestação patológica

Fonte: CORREIA (2013)

Para Santos (2013), as etapas da inspeção consistem em:


• averiguar a tipologia construtiva do edifício;
• realizar uma análise da estrutura e determinar as características
geométricas dos elementos estruturais;
• fazer a identificação das patologias existentes e de suas causas;
• buscar as características mecânicas dos materiais empregados no
edifício e avaliar seu estado de conservação, com auxílio de ensaios
que consigam determinar as tensões a tração, compressão, flexão,
corte e módulo de elasticidade.

Os ensaios não destrutivos feitos na inspeção, precisam ser obtidos por


fotos, fichas de caracterização que contenham dados sobre os materiais, sistema
construtivo, danos, locais com probabilidade de alterações, datas e outros. O nível de
intervenção determinará quais aspectos deverão ser abordados na análise para a
avaliação, intervenção e diagnostico.
Alguns ensaios não destrutivos realizados in loco para determinação das
características mecânicas e propriedades físicas:
• esclerometria: identifica a resistência a compressão(fck);
• ultrassonografia: verifica a estrutura interna, estima a resistência e
módulo de elasticidade;
• pacometria: estima bitolas e cobrimento da armadura;
• resistividade e potencial eletroquímico: determina o potencial de
corrosão;
• sonometria: verifica a aderência dos materiais;
• raio x: verifica estrutura interna;
• prova de carga: verifica o comportamento e desempenho da
estrutura;
• sondagem sônica: realiza a verificação da integridade do concreto de
estruturas enterradas.

Já os ensaios destrutivos, são realizados a partir de corpos de prova


padronizados, que podem determinar a resistência a compressão, modulo de
elasticidade, ensaios de arrancamento, avaliação de aderência dos materiais e estimar
resistência.

Depois de realizado o diagnóstico é tomada a decisão de corrigir, impedir,


controlar a manifestação patológica ou só estimar o tempo de vida da estrutura. Caso
ocorra um diagnostico errôneo com um reparo inadequado haverá prejuízo financeiro,
não solucionará o problema e atrapalhará análises futuras que serão indispensáveis para
corrigir corretamente a patologia. (TAVARES; COSTA: VARUM, 2011).

8.4. PATOLOGIAS ORIUNDAS DA FASE DE CONSTRUÇÃO

Para Souza e Ripper (1998), em edificações habitacionais ocorre alguns


erros que chamam muito a atenção, como por exemplo a ausência de prumo,
alinhamento das estruturas, esquadro, nível dos pisos, ausência de caimento e flechas
excessivas em lajes. Isso ocorre devido ao processo de produção falho, que espelham os
problemas socioeconômicos, que com o intuito de reduzir custos são contratados
trabalhadores menos qualificados, que por sua vez provocam a baixa qualidade técnica.
Em uma estrutura a concretagem é a primeira etapa na construção da
estrutura, com isso se faz necessário cuidar para que a garantia desta e o desempenho
final da estrutura atenda as condições do projeto.
A NBR 14931:2004, traz diretrizes para a execução da estrutura de
concreto, que vai do planejamento de concretagem até as etapas finais.
Algumas patologias oriundas de falhas de concretagem são: segregação dos
materiais, nichos de concretagem e juntas de concretagem falhas.

8.5. PATOLOGIAS EM ESTRUTURA DE CONCRETO

Segundo Helene (2003), os sintomas que mais ocorrem nas estruturas de


concreto são as fissuras, trincas, rachaduras, flechas excessivas, corrosão, manchas de
concreto aparente e nichos de concreto, são oriundos da segregação dos materiais que
constituem a argamassa.

8.6. TRINCAS E FISSURAS

Souza e Ripper (1998), afirmam que as fissuras são deformações


características das estruturas de concreto armado. Elas mostram que alguma
anormalidade está ocorrendo ou ocorreu.
Os elementos e componentes de uma edificação podem sofrer variações de
temperaturas sazonais e diárias. Isso faz com que os materiais tenham variações
dimensionais. Os movimentos de dilatação e contração são restringidos pelos vínculos
que envolvem os elementos e componentes e então estas oscilações de dimensão
ocorrem nos materiais e provocam tensões que poderão ocasionar o surgimento de
fissuras por movimentações térmicas. (THOMAZ, 2014).
As fissuras de retração são provocadas pela redução do volume de concreto,
como as peças estruturais estão restringidas de movimentos, mas que estão ligadas entre
si e com a fundação, acaba ocasionando tensões de tração no concreto, caso estes
esforços sejam maiores que a resistência a tração surgirá fissuras na estrutura.
(OLIVARI, 2003).
Olivari (2003) diz que existe dois tipos de retração: a retração térmica,
oriunda do aumento da temperatura do concreto na hidratação do cimento e posterior
resfriamento deste até chegar à temperatura ambiente, e a retração química, causada pela
diminuição de volume da água quando ela reage com o cimento.
Segundo Ferreira (2000), existe também a retração por carbonatação, esta
surge através da reação do dióxido de carbono com os produtos hidratados.
Alterações higroscópicas provocam variações de dimensão nos materiais
porosos que compõem a construção. Quando ocorre o aumento do teor de umidade o
material sofre uma expansão e quando diminuir o teor da umidade provoca uma
contração. Caso existam vínculos que causem o impedimento dessas movimentações,
poderá surgir fissuras nos elementos e componentes do sistema. (THOMAZ, 2014).
Para Thomaz (2014), outro fator que pode levar ao aparecimento de
fissuras, são as atuações de sobrecargas nos pilares, vigas e paredes. Esta sobrecarga
pode ter sido prevista ou não no projeto. Essas fissuras geralmente apresentam abertura
mínimas.
As fissuras podem ser classificadas através das espessuras das suas rupturas,
conforme a figura abaixo:
Figura 3: Classificação das fissuras

Fonte: Olivari (2003)

Para a prevenção de fissuras nos edifícios, a primeira etapa é planejar bem,


projetar bem e construir bem, mas além disso é necessário ter um controle sistemático e
eficiente de qualidade dos materiais e no seu correto manuseio, bem como uma
utilização correta do edifício e da realização de manutenção. (THOMAZ, 2014).
O diagnostico da causa da fissura é uma tarefa difícil. Um elemento
importante é conseguir imaginar o movimento que ocasionou a fissura, visto que a
maioria é ligada a movimentações de várias naturezas. Uma técnica eficiente é a que se
baseia em eliminações subsequentes, tentando considerar todas as causas hipotéticas ou
agentes patológicos.

8.7. CORROSÃO

Para Helene (2003), corrosão é a influência mútua destrutiva de um


material por reação química ou eletroquímica com o meio ambiente. A armadura de aço
pode sofrer dois processos principais de corrosão: oxidação e a corrosão propriamente
falada.
A corrosão por oxidação é o ataque provocado pela reação do gás metal
com o surgimento de uma película de óxido. É um tipo de corrosão com o processo lento
à temperatura ambiente. (HELENE, 2003).
Segundo Helene (2003), a corrosão propriamente dita é o ataque da
natureza eletroquímica que acontece em um meio aquoso. Ocorre quando uma película
de eletrólito se forma sobre a superfície dos fios ou barras de aço, está película é causada
pela presença de umidade, geralmente presente no concreto. Essa corrosão forma
óxidos/hidróxidos de ferro só ocorre com a presença de um eletrólito, com a diferença
de potencial e com a existência de oxigênio.
Quando ocorre qualquer diferença de potencial entre as zonas anódicas e
catódicas aparecerá corrente elétrica e dependendo da magnitude desta e também da
entrada e oxigênio poderá acontecer ou não a corrosão.
Segundo Thomaz (2014), nas reações de corrosão acontece um processo
de expansão devido a produção de óxido de ferro, onde volume é c maior do que o do
metal original, provocando fissuras no concreto nas áreas próximas às armaduras.
As possíveis causas do surgimento dessas fissuras, podem estar ligadas a
utilização de concreto com uma alta permeabilidade ou porosidade elevada, má
execução do serviço e cobrimento insuficiente da armadura. (HELENE, 2003).
O surgimento de manchas marrom-avermelhadas ou esverdeadas na
superfície, podem ter origem da corrosão causada pela presença de agentes cloretos que
estavam impregnados na estrutura ou foram incorporados ao concreto. (HELENE,
2003).
A manifestação típica ocasionada por este processo de corrosão em vigas,
pilares e lajes pode ser observada na figura abaixo:

Figura 4: Típica manifestação de corrosão de armaduras nos elementos estruturais

Fonte: Helene (2003)

A ação do CO2 presente na atmosfera e de outros gases ácidos, acarreta na


redução da alta alcalinidade inicial do concreto presente nas superfícies dos
componentes estruturais. Esse processo chama-se carbonatação do concreto. (HELENE,
2003).
A carbonatação superficial dos concretos varia conforme a natureza dos
componentes, do meio ambiente, do lançamento, adensamento e cura do concreto. Com
isso, a profundidade da carbonatação é difícil de ser prevista. O que se sabe é que esta
profundidade de carbonatação, aumentam rapidamente no início e depois vão mais
lentamente. (HELENE, 2003).
A relação água/cimento tem grande influência na velocidade da
carbonatação, pois estará ligada a permeabilidade dos concretos. (HELENE, 2003).
Ainda segundo Helene (2003), como a corrosão é um fenômeno
essencialmente eletroquímico, as regiões porosas e com cobrimentos pequenos
juntamente com regiões densas com cobrimento adequado, fará com que surja pilhas de
aeração e concentração diferencial, aumentando então o risco de corrosão. Então um
cobrimento de concreto uniforme e homogêneo pode evitar este problema.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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