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PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES:

UMA NOVA CONCEPÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

NEUMANN, Pamela Nicole1; CAGOL, Andressa Camila2; VISOSCKI, Priscila


Caroline3; EDLER, Marco Antonio Ribeiro4

Resumo: A patologia das edificações se resume ao estudo da identificação das causas e dos
efeitos dos problemas encontrados nas mesmas, elaborando seu diagnóstico e correção. Um
diagnóstico adequado de uma manifestação patológica deve indicar em que etapa do processo
construtivo teve origem o fenômeno que desencadeou o problema. Os problemas patológicos
podem ter origem em qualquer fase e/ou etapa envolvida no processo construtivo de um
edifício, onde muitas vezes estas podem ser atribuídas a um conjunto de fatores e não somente
a uma falha em etapa isolada.

Abstract: The condition of the buildings comes down to study the identification of the causes
and effects of the problems found in them, preparing diagnosis and correction. A proper
diagnosis of a pathological manifestation must indicate at what stage of the construction
process originated the phenomenon that triggered the problem. Pathological problems may
arise at any stage and / or stage involved in the construction process of a building, where they
can often be attributed to a number of factors and not just a failure in isolated step.

Palavras- Chave: Identificação. Diagnóstico. Problema.

Keywords: Identification. Diagnosis. Problem.

1
Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ.
pa.neumann@hotmail.com
2
Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo – Unidade Central De Educação Faem Faculdade/UCEFF -
Chapecó. andreessacamiila@hotmail.com
3
Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo – Unidade Central De Educação Faem Faculdade/UCEFF -
Chapecó. prii-carol@hotmail.com
4
Professor Orientador. Graduado em Arquitetura e Urbanismo; Aperfeiçoamento em Fundamentos Teórico-
Metodológicos do Ensino; Especialista em Educação Matemática; Mestre em Práticas Socioculturais e
Desenvolvimento Social; Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cruz
Alta/UNICRUZ; Coordenador do EMAU – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo do Curso de
Arquitetura e Urbanismo/UNICRUZ; pesquisador do LEPSI – Laboratório de Estudos e Práticas Socioculturais
Interdisciplinares/UNICRUZ; pesquisador do NEPPS – Núcleo de Estudo e Pesquisa em Práticas Sociais;
pesquisador do GPArq - Grupo de Pesquisa da Arquitetura do Curso de Arquitetura e Urbanismo/UNICRUZ;
medler@unicruz.edu.br

Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão vol. 4 n°1


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INTRODUÇÃO

A grande ascensão do mercado financeiro mundial, fez acarretar um aumento


explosivo nas edificações imobiliárias, com esse forte aumento e a necessidade de lucros cada
vez maiores, os construtores acabam por não utilizar material de boa qualidade, não fazem
estudos preliminares e principalmente não dão o tempo essencial de cura para o concreto.
Isso vem trazendo um grande transtorno que é chamado patologia que se define
(infiltrações, rachaduras, corrosão entre outros).
As patologias são pequenos defeitos que aparecem geralmente alguns meses ou anos
depois que a edificação ser concluída, essas patologias são classificadas como rachaduras,
trincas, fissuras, corrosão, manchas, descolamentos, deformação, rupturas. O mercado
imobiliário é o negócio mais rentável na atualidade, devido a grandes aplicações financeiras
de empresas e pessoas com alto poder aquisitivo que preferem reter o dinheiro no mercado
imobiliário que deixar a deriva do leão, sendo assim saqueado pelo alto imposto de renda
aplicado na maioria dos países.
Outro ponto de extrema importância seria a ascensão da classe C a financiamentos
bancados diretamente e indiretamente pelo poder público, juntando esses fatores com a
expansão da população mundial e a necessidade de ganhar espaço e ter segurança, a idéia de
moradas coletiva ganha força, desta forma, grandes empresas exploram esse mercado e
necessitam cada vez mais da obtenção de lucros.
Isso pode ser classificado como o maior causador das patologias, pois para ter lucros,
muitas vezes o material utilizado não tem boa qualidade, a mão de obra além de escassa
geralmente é de baixa qualidade técnica, os prazos estabelecidos para a entrega geralmente
são curtos e não contam com a estabilidade do tempo, e necessidade de economizar na compra
dos terrenos causa a escolha de lugares com solo de baixa qualidade e com inclinações não
recomendadas para execução de obras.
Os gestores imobiliários e principalmente os clientes desse ramo vem sofrendo com
esse problema que aparecem em 98% das edificações, podendo dar prejuízo na parte estética
ou até levar ao extremo com grandes desastres, exigindo assim estudos preliminares e
manutenção periódica. No entanto, geralmente o construtor repassa para o cliente um produto
com patologias maquiadas, que futuramente podem causar graves problemas; o cliente por sua
vez conta com a lei 8078/90, que trata somente de patologias, dando o direito de reparo por
profissionais devidamente habilitados.

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Nessa pesquisa, o objetivo principal é descobrir por que ocorrem as patologias nas
edificações, baseando- se nisso, iremos relatar os objetivos específicos, os quais são:
Verificar se o tempo de cura do concreto é o causador das patologias.
Investigar se o mau uso dos materiais é o principal causador das patologias.
Verificar se os estudos preliminares de solo ou a falta deles é o causador das
patologias.
A venda de projeto e o curto prazo para a entrega das obras contribuem com uma
economia cada vez maior, contudo não há mão de obra qualificada e os materiais utilizados
muitas vezes não são de boa qualidade.
Com os incentivos do governo e as grandes ofertas do comércio, as pessoas têm mais
oportunidade de adquirir seu imóvel, com isso à demanda no setor da construção civil esta
cada vez maior, porém vem acarretando vários problemas nas edificações, as chamadas
patologias.

2 PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES

As patologias são modificações estruturais e/ou funcionais causadas por disfunção no


organismo (construção), ou seja, tudo que promove a degradação do material ou de suas
propriedades físicas ou estruturais. Os indícios mais frequentes de danos nas edificações são:
rachaduras, trincas, fissuras, corrosão, manchas, descolamentos, deformações, rupturas,
oxidações entre outros.
Para Ripper (1984), a patologia na construção civil pode ser entendida como o baixo
ou fim do desempenho da estrutura em si, no que diz respeito à estabilidade, estética,
servibilidade, e, principalmente, durabilidade da mesma em relação às condições a que está
submetida.

2.1 Histórico

As edificações mais antigas tinham maior resistência e durabilidade, sendo assim, o


tempo de vida útil era maior, visto que os materiais utilizados continham mais qualidade e a
mão de obra, apesar de não ser tão qualificada, era executada de forma minuciosa.

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Presentemente, mesmo com o grande avanço da tecnologia no setor de técnicas e
materiais de construção, as patologias apresentam-se na maioria das edificações, com maior
ou menor intensidade, alternando o período e a forma de manifestação.

2.2 Concreto

O concreto é um material composto basicamente por cimento, agregados miúdos e


graúdos e água, podendo conter outros elementos importantes como aditivos e adições. Uma
grande parte dos problemas de patologia é causada pelas características destes materiais, quer
pela suas qualidades, como também pelo seu manuseio. A adequada escolha do traço do
concreto e as fases de concretagem são essenciais para garantir a qualidade e durabilidade da
estrutura de concreto.

O pedido do concreto feito pelos contratantes aos fornecedores não tem, na maioria
das vezes, acarretado a este material um bom desempenho em relação aos requisitos
de resistência mecânica e durabilidade, quando exposto a condições que possam
reduzir a sua vida útil. Em conseqüência, as estruturas de concreto industrial ou
marinho têm sofrido danos e modificações que alteram e diminuem a segurança e
estabilidade das obras. Estes efeitos não somente impedem, ao longo do tempo, a
manutenção e o bom desempenho das características estruturais estabelecidas em
projeto, como acarretam ao proprietário custos elevados na implantação de medidas
corretivas. Salienta-se que estes custos crescem exponencialmente quanto mais tarde
for essa intervenção (COMITÊ TÉCNICO, 2003, p.16).

Para o bom desempenho do concreto, devem ser analisados fatores importantes para
sua melhor atuação posteriormente e prevenção de futuros danos. Além de dar o tempo certo
para cada fase da produção, há alguns cuidados que devem ser tomados ao produzir o
concreto, que são: dosagem precisa que atenda as especificações preestabelecidas da obra; a
compacidade do concreto, propriedade mais importante para resistir à penetração dos agentes
externos; o endurecimento, para evitar fissuras precoces; e a cura, que tem o objetivo de
assegurar que o concreto não seja submetido a tensões que originem fissuras devido a
diferenças térmicas e retração de secagem.

Para condições severas de erosão ou abrasão, recomenda-se que, além do uso de


agregados com alta dureza, concreto deva ser dosado para atender, aos 28 dias de
idade, uma resistência característica à compressão (fck) de 40 MPa e curado
adequadamente antes da exposição ao ambiente agressivo. (METHA; MONTEIRO,
1994, p. 131).

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A cura é a fase de secagem do concreto, ela é de suma importância, pois se não for
feita de modo correto, este não terá a resistência e a durabilidade desejadas. É um processo o
qual se mantêm um teor de umidade satisfatório, evitando a evaporação de água da mistura,
garantindo uma temperatura favorável ao concreto durante o processo de hidratação dos
materiais, de maneira que possam desenvolver as propriedades desejáveis. Os elementos que
provocam a evaporação são a temperatura ambiente, o vento e a umidade relativa do ar; que
agem com maior influência quando há a combinação destes três fatores.
O fator água/cimento estabelece melhor desempenho do concreto, porém a cura
adequada é a condição essencial para a obtenção de um concreto durável. A cura deve ser
iniciada logo após o endurecimento superficial.

A proporção de cimento é de vital importância para assegurar uma adequada


compacidade e impermeabilidade do concreto. Concretos com altas quantidades de
cimento, contanto que não dêem lugar a retrações, que provocariam uma fissuração
indesejável, são muito mais duráveis que os concretos pobres em cimento, ainda que
ambos alcancem a mesma resistência mecânica. Esta afirmativa só será verdadeira se
na mesma proporção que cresce o consumo de cimento, houver uma redução da
relação água-cimento (ANDRADE, 1992, p. 43).

As especificações indicam que se deve manter o concreto em uma temperatura acima


de 10°C e em ótimas condições, nos sete primeiros dias após lançado. O Instituto Brasileiro
do Concreto recomenda um tempo mínimo de cura de acordo com cada tipo de cimento e
relação água/cimento utilizado na produção do concreto. Portanto, quanto mais tempo durar a
cura, melhor será para concreto.

2.3 Mau uso de materiais

Muitos problemas encontrados nas edificações decorrem do uso de materiais de baixa


qualidade ou de serviços mal feitos, realizados por mão de obra despreparada ou inexperiente.

Esta deficiência na qualificação dos profissionais da construção civil, em toda a


cadeia produtiva, é um dos principais fatores que impedem a melhoria da qualidade e
da produtividade na produção de edificações. As ações mais bem sucedidas em
relação ao aperfeiçoamento de profissionais deste setor são aquelas voltadas aos que
trabalham no processamento da matéria prima e na indústria de materiais,
componentes e sistemas. Por outro lado nota-se a necessidade de se promover
melhorias no manuseio e na utilização destes materiais no canteiro de obras.
(PROGRAMA DE AÇÃO, 2005, p. 48).

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No presente momento, encontramos no mercado vários tipos de materiais de
construção de diversas marcas; como estamos no ápice da construção civil, há uma demanda
muito grande por parte dos investidores (clientes), com isso as empresas desse ramo, acabam
por terem uma super produção de materiais. Contudo, nem sempre os materiais apresentam
uma boa qualidade, devido a serem produzidos de maneira inadequada ou até mesmo por
serem fabricados em um curto período de tempo.
Mesmo com o abrangente campo de estudos na área da construção civil, ainda assim,
encontrasse pouca mão de obra qualificada, muitos dos trabalhadores que estão nessa
ocupação não possuem uma qualificação profissional. Pelo fato desses profissionais não
possuírem um conhecimento mais aprofundado, acabam por executar as edificações de forma
incorreta ou até mesmo mal feitas.
“A falta de qualificação e o excesso do trabalho manual e operacional desmotiva os
trabalhadores a buscarem aperfeiçoamento profissional”. (DREHMER, 2006, p. 14)

As falhas de planejamento ou de projeto são, em geral, mais graves que as falhas de


qualidade dos materiais ou de má execução, motivo pelo qual é sempre preferível
investir mais tempo no detalhamento e estudo da estrutura que, por falta de previsão,
tomar decisões apressadas a ou adaptadas durante a execução (HELENE, 1988, p.
17).

As condições econômicas de um material de construção dizem respeito à facilidade


de aquisição e emprego do material, dependendo de sua obtenção e transporte e por sua
manipulação e conservação. As condições técnicas (solidez, durabilidade e beleza) são
examinadas especialmente quanto à trabalhabilidade, durabilidade, higiene e estética.
A durabilidade implica na estabilidade e resistência a agentes físicos, químicos e
biológicos, oriundos de causas naturais ou artificiais. Os requisitos de higiene visam à saúde e
ao bem estar do usuário da construção. O fator estético é observado quanto ao aspecto do
material colocado, de cujo emprego simples ou combinado, se pode tirar partindo para a
beleza da obra.

2.4 Solo

Para Ribeiro (1998), solo é o corpo tridimensional, natural e dinâmico da crosta


terrestre, que resulta da ação conjugada do clima e organismos vivos sobre a rocha, sendo esta
ação condicionada pelo relevo ou topografia e que é uma função do tempo.

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O solo é um material de construção natural, produzido ao longo dos tempos, que se
apresenta sob diversas formas. Do ponto de vista puramente técnico, aplica-se o
termo solo a materiais da crosta terrestre que servem de suporte à construção. Tais
materiais reagem sob as fundações e sofrem deformações, influenciando as obras
segundo suas propriedades e seu comportamento. Aí nasce a importância da análise.
(GUERRA, 2011, p.1)

Na superfície terrestre podemos encontrar diversos tipos de solo, cada tipo possui
características próprias, tais como densidade, formato, cor, consistência e formação química,
dentre os vários tipos de solos, os três principais são: areia, silte e argila.
O solo arenoso é dividido por grãos todos visíveis possuindo grande permeabilidade
(a água circula entre ele), essa impermeabilidade é o principal fator que leva as inclinações e
as rachaduras, pois se abrir uma vala ao lado de uma construção, rapidamente a água se
deslocara para a vala, deixando assim espaços vagos podendo vim a ceder à edificação; os
pontos positivos desse tipo de solo é que não atola e é facilmente encontrado no litoral.

São aqueles em que a areia predomina. Esta compõe-se de grãos grossos, médios e
finos, mas todos visíveis a olho nú. Como característica principal a areia não tem
coesão, ou seja, os seus grãos são facilmente separáveis uns dos outros. (CAMPOS,
2013, p.1)

O solo argiloso é composto por grãos microscópicos e de grande impermeabilidade,


são fáceis de moldar e tem dificuldade para se desagregar. Esse solo é o contrário do arenoso,
visto que tem grande facilidade de compactação, assim, perde menos água sendo mais
propício para suportar a pressão que o peso de uma edificação exerce, é facilmente encontrado
no interior e possui diferentes tipos de argila em sua estrutura.

Em termos de comportamento, a argila é o oposto da areia. Devido à sua plasticidade


e capacidade de aglutinação, o solo argiloso é usado há milhares de anos como
argamassa de assentamento, argamassa de revestimento e na preparação de tijolos.
As lendárias Torres de Babel, assim como todas as edificações importantes da
Babilônia, foram feitos de tijolos de barro cozidos ao sol. (CAMPOS, 2013, p. 1)

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O solo siltoso esta entre a areia e a argila, seria a mesma coisa que juntar os pontos
negativos da areia com os pontos negativos da argila, não possui plasticidade e não tem
estabilidade prolongada, assim ficando exposto a sofrer erosão e desagregação natural, é um
solo inconveniente para a construção civil.
“O Silte está entre a areia e a argila e é o “primo pobre” destes dois materiais nobres.
É um pó como a argila, mas não tem coesão apreciável. Também não tem plasticidade digna
de nota quando molhado. (CAMPOS, 2013, p. 1)
Compreende-se que no geral que não existe solo 100% areia ou 100% argila,
podemos usar denominações como “argila silto-arenosa”, “silte argiloso”, “areia argilosa”
entre outros, e que para manter a sustentabilidade de uma edificação é fundamental o cálculo
da movimentação da terra através de testes no solo, ou seja, “ensaios SPT” (Standard
Penetration Test).
“É de suma importância avaliar a qualidade do solo e sua resistência, pois este deverá
suportar uma enorme transferência de carga sem romper ou escoar.” (KERN, apud GUERRA,
2011, p.1)

Para se conhecer o comportamento dos solos deve-se obrigatoriamente executar as


sondagens e ensaios de solos. E, isto é executado inadequadamente apesar das
normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que exigirem
estas providencias e tem força de Lei. (LOZANO, 2013, p. 1)

Quando uma edificação tem resultados positivos, os méritos são dados aos arquitetos
e engenheiros que a projetaram, e acabam esquecendo que na verdade os créditos deveriam ser
dados aos peões que executaram a obra, no entanto o ciclo da engrenagem que movimenta os
empreendimentos é mais extenso cujo pontapé inicial é um dos principais pontos.
Esse pontapé inicial seria o que chamamos de análise ambiental topográfica, isso
serve para entender o relevo, fazer o cálculo estrutural e principalmente estudar o subsolo,
saber o tipo do solo e a resistência que irá proporcionar.
A análise do solo é essencial antes de uma obra de qualquer dimensão.
(BERBERIAN, 2011).
É indispensável à verificação prévia do solo para obras de qualquer tamanho, para as
edificações de pequeno porte não é diferente, pois muitas vezes a avaliação primária já
identifica se é possível ou não construir naquela área; em construções de casa ou edificações

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que não transferem muita carga para o solo, a análise não é imprescindível, porém é
recomendável para garantir a estabilidade do empreendimento.

As chamadas sondagens de terreno estão hoje para a engenharia na mesma


proporção que os exames clínicos preliminares apresentam-se para a medicina. Da
mesma forma que um médico não opera o paciente sem examiná-lo, não deve haver
obra sem sondagem. (BERBERIAN, 2011, p. 1)

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E APRESENTAÇÃO DOS


RESULTADOS

O nível de pesquisa exploratória foi escolhido por proporcionar maior conhecimento


do problema, decorreu também uma pesquisa bibliográfica, onde se buscou na literatura
informações referentes à temática e estudo de campo, para perceber melhor como acontecem
os fatos.
A entrevista foi realizada em uma instituição de ensino superior, na cidade de
Chapecó, situada no estado de Santa Catarina, onde dois profissionais, um Arquiteto e
Urbanista e outro Engenheiro Civil, que frequentam diariamente a edificação, responderam
algumas perguntas sobre o tema da pesquisa e relataram um pouco sobre as patologias
existentes no local.
O Arquiteto fez as seguintes colocações sobre as patologias nas edificações: “As
patologias ocorrem devido à forma de execução, aos sistemas construtivos, as intempéries e
aos materiais conflitantes.” (ENTREVISTADO 1, 2013)
Ele afirmou também que as principais patologias encontradas hoje nas edificações são
fissuras e infiltrações. (ENTREVISTADO 1, 2013)
Após ser questionado sobre o mau uso dos materiais nas construções, afirmou que:
“Acredito que, se no momento da execução o profissional não seguir as recomendações do
produto, é bem provável que aconteçam as patologias.” (ENTREVISTADO 1, 2013)
O Arquiteto afirmou também na entrevista que, é essencial ser feito um estudo do solo
antes de começar uma construção, pois é o tipo de solo que irá determinar o tipo de fundação
da obra. (ENTREVISTADO 1, 2013)
Afirmou também que: “Se a cura do concreto não for feita de maneira adequada,
poderá ocasionar na edificação o rompimento do concreto, rachaduras e fissuras.”
(ENTREVISTADO 1, 2013)

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O Arquiteto relatou na entrevista que a falta de conhecimento técnico do profissional,
pode acarretar uma patologia. (ENTREVISTADO 1, 2013)
Questionamos o Arquiteto em relação no que o solo pode favorecer ou não uma
edificação, ele respondeu que: “Pode, porque dependendo o tipo de residência e de solo vai
acabar favorecendo a edificação. Um exemplo seria: se uma casa for construída em um local
onde há uma grande rocha, podemos nos beneficiar fazendo a integração da rocha com a
edificação.” (ENTREVISTADO 1, 2013)
Entrevistamos também o Engenheiro Civil, que fez as seguintes colocações referente
as patologias nas edificações: “A patologia ocorre por uma prática inadequada da tecnologia
de construção.” (ENTREVISTADO 2, 2013)
Afirma que as principais patologias encontradas hoje são fissuras em reboco,
revestimento externo, pinturas e infiltrações. (ENTREVISTADO 2, 2013)
Referente ao mau uso dos materiais, o Engenheiro disse que é um grande causador de
patologias, ele é co-responsável com a falta de mão de obra qualificada, 50% das patologias
vem do mau uso dos materiais e 50% da mão de obra desqualificada. (ENTREVISTADO 2,
2013)
Perguntamos a ele se a falta de estudos preliminares do solo pode ocasionar patologias,
obtivemos a seguinte resposta: “Com certeza. É fundamental que os futuros profissionais
fiquem atentos a importância dessa questão, e que façam sondagens do solo.”
(ENTREVISTADO 2, 2013)
Referente às patologias oriundas da cura do concreto, o Engenheiro destacou as
principais: “Problemas de fissuras, de retração, de diminuição da resistência final”.
(ENTREVISTADO 2, 2013)
Por fim, perguntamos a ele qual o tipo de patologia predominante na edificação onde
realizamos a pesquisa, são elas: “Rachaduras no piso cerâmico, pelo fato da dilatação e
infiltrações.” (ENTREVISTADO 2, 2013)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa realizada, concluímos que a patologia na edificação deriva de um


conjunto de fatores, que são o projeto mal elaborado, má execução da obra ou falta de estudos
preliminares do solo.

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A patologia ocorre por uma prática inadequada da tecnologia de construção, sendo
que na maioria delas, 50% é causado pelo mau uso dos materiais e 50% pela falta de mão de
obra qualificada. Os indícios mais frequentes de patologias nas edificações são: rachaduras,
trincas, fissuras, rupturas entre outros.
As patologias estão presentes em praticamente todas as edificações, e para mudar
esse vício da construção civil, é preciso que os futuros profissionais fiquem atentos a essa
questão, utilizando materiais adequados e técnicas adequadas para minimizá-las, ou mesmo
eliminá-las.

REFERÊNCIAS

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Corrosão de Armaduras. São Paulo: PINI, 1992. p. 43.

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Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura – Fórum da construção. 2013.
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DREHMER, Cintia P. Motivação no ramo da Construção Civil: um estudo de caso na


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Disponível em:
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Acesso em: out. 2013.

ENTREVISTADO 1, Chapecó, 2013.

ENTREVISTADO 2, Chapecó, 2013.

GUERRA, Daniel. O solo com atenção na Construção Civil - O chão exige muito cuidado.
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RIBEIRO, J. F. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. São Paulo. 1998.

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