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UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Notas de Aula: Alvenaria – 2022 1

Uso exclusivo como material didático para os alunos da disciplina – Proibida a sua reprodução.

ALVENARIA
DEFINIÇÃO
São elementos de uma construção (paredes, muros, colunas, alicerces, e obras similares), formados pela
justaposição conveniente de blocos naturais ou artificiais, ligados entre si pela combinação das juntas e
interposição, ou não, de argamassa, de modo a se comportar como se constituíssem um único bloco ou
painel.
Diversos tipos de material podem ser usados, cada um deles com suas características, propriedades e
finalidades próprias, tais como: pedra, adobe (tijolo de barro cru), tijolo maciço cerâmico, tijolo refratário,
tijolo de vidro, tijolo de solo-cimento, tijolo sílico-calcáreo, bloco cerâmico, bloco de concreto, bloco de
gesso, etc.
FINALIDADES
As alvenarias são utilizadas para as mais variadas finalidades. As principais são:
Vedação e proteção
Utilizada contra os efeitos das intempéries como sol, chuva, vento, tempestade de areia, poeira, neve,
calor, frio, etc. Proteção e controle da ação de agentes indesejáveis. Preservação da privacidade dos
ocupantes das edificações. Vedação ou redução acústica e térmica.
Divisão e repartição
Dividir e repartir os diversos compartimentos ou ambientes de uma edificação, delimitar propriedades e
espaços, etc.
Estrutural
Servir de elemento estrutural principal ou parcial de uma edificação, de modo a suportar cargas e
esforços estruturais.
Contenção
Utilizadas em construções para conter água (caixa d’água, cisterna, tanque, piscina, pequenas barragens),
terra (muro de arrimo) e outros materiais.
Outras finalidades
Construção de elementos e detalhes arquitetônicos e de decoração, resistência ao calor, iluminação
(paredes de tijolo de vidro), servir de molde ou fôrma, e outras.
ALVENARIA DE PEDRA
 Principais fatores desfavoráveis ao uso de alvenaria de pedra argamassada:
1. Exigência de elevadas espessuras;
2. Elevado peso próprio;
3. Elevado custo;
4. Tempo de execução bastante moroso;
5. Elevado consumo de mão-de-obra;
6. Ocupação de grande espaço da edificação quando utilizada como paredes divisórias e sustentação.

 Classificação:
a) Pedra seca (insossa) - Pedras convenientemente arrumadas umas sobre as outras sem argamassa
ou aglomerante.
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b) Pedra argamassada - Pedras justapostas umas sobre as outras, ligadas entre si de modo estável pela
combinação das juntas e entremeadas de argamassa.
c) Pedra argamassada aparelhada - É constituída por pedras irregulares assentes em argamassa,
escolhendo-se, para formar os paramentos, as pedras rijas de melhor aspecto e que se
aparelham numa das faces. As arestas podem ser aperfeiçoadas, não para lhes dar forma
regular, mas a fim de lhes tirar as asperezas e maiores irregularidades, de maneira a que, a
pedra apresente no paramento à vista, o aspecto de um polígono irregular.

Pedra argamassada (fundação) Pedra Aparelhada


d) Cantaria - São alvenarias de pedra formada por blocos regulares apresentando forma geométrica
perfeita com faces planas e arestas vivas com devido acabamento.

 Pedras mais utilizadas são:


− Calcário: Rocha sedimentar de origem química, orgânica ou clástica, constituída principalmente por
carbonato de cálcio. Utilizadas na fabricação de cimento e cal.
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− Gnaisses: São rochas metamórficas de baixo grau de metamorfismo, deformação de sedimentos de


granitos, grosseiramente bandadas (mostrando camadas), devido à composição mineralógica
predominante quartzofeldspática (quartzo e feldspato) sobre os minerais micáceos.

− Basalto: Rocha escura de origem vulcânica.

− Granito: Rocha formada essencialmente por quartzo e feldspato (e mica na maioria dos casos), possui
diversas tonalidades, indo do branco ao preto, passando por todas as cores e matizes.
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 Fatores naturais determinantes da alteração das pedras utilizadas na construção:


− Os fatores intrínsecos ao tipo de pedra: sua composição mineralógica e química, sua estrutura
interna (porosidade, fissuras e falhas) e suas propriedades mecânicas.
− Os fatores climáticos como a ação da água, do gelo, do vento e das variações de temperatura;
− Os fatores físicos como as cargas a que estão sujeitas e a deformações do terreno;
− Os fatores químicos, como a presença de sais solúveis e de compostos minerais que reajam com os
gases atmosféricos de poluição, com produtos de limpeza, produtos petrolíferos (solventes,
gasolina, querosene, óleos e graxas), dentre outros;
− Os fatores microbiológicos como, por exemplo, ataques de fungos.

 Características da pedra para alvenaria:


− A NBR 7225/1993 define pedra como rocha que, apresentando alta resistência mecânica e a
intempéries, pode ser empregada em obras e serviços de engenharia civil;
− Deve ser dura e de textura homogênea e isenta de crosta decomposta;
− Deve emitir som claro ao choque do martelo, devendo lascar-se e não se esmagar com a pancada;
− Possuir resistência à ação do fogo e ao desgaste sob ação dos agentes climáticos e atmosféricos;
− Possuir trabalhabilidade e não pesar mais que 30 kg a fim de facilitar o seu manuseio;
− Compatibilidade com a função que deve exercer e com o material que lhe vai estar adjacente;
− Deve ter bom leito e faces adequadas ao assentamento;
− Possuir resistência Mecânica à compressão não inferior 500 kg/cm² (50 MPa).

 A resistência da alvenaria de pedra:


− A resistência da alvenaria de pedra é sempre bastante inferior à da pedra, em virtude do tipo de
argamassa empregado, da influência das juntas, da distribuição irregular de esforços e da sua
heterogeneidade;
 O assentamento da alvenaria de pedra dever obedecer às seguintes recomendações:
1. O leito das fundações de pedra deve ser cuidadosamente nivelado e energicamente apiloado;
2. A largura mínima da alvenaria de pedra em fundação deve ser de 40 cm e deve ser o dobro da
largura da parede a receber;
3. A profundidade mínima das fundações em alvenaria de pedra é de 60 cm. Profundidades acima de
1,20 m devem ser verificadas alternativas mais econômicas;
4. Em terrenos rochosos ou de rocha decomposta a profundidade mínima deve ser de 20 cm desde
que oferecera uma boa ancoragem da fundação; Em rocha viva a ancoragem deve ser garantida
através de barras de aço chumbadas na rocha e interligadas por cintamento de concreto armado;
5. Em terrenos bastante inclinados, a escavação deve ser escalonada com diferenças de níveis não
superior a 50 cm e deve ser garantida sua devida ancoragem;

Muro escalonado

Leito
Compactado

6. Deve ser executado um lastro de concreto magro de 5 cm de espessura no fundo da cava e sobre
este uma laje de concreto armado de 10 cm (preferencialmente o uso da armadura de tela
soldada) a fim de distribuir as cargas e tensões uniformemente ao solo e reduzir a possibilidade de
recalque diferencial;
7. As pedras devem estar bem limpas de terra e impurezas, e ser molhadas antes do assentamento a
fim de não “roubar” água da argamassa, dificultando a aderência entre as pedras;
8. A primeira fiada deve ser de pedras grandes e facejadas, devidamente acamadas;
9. As fiadas subsequentes são assentadas acamadas segundo leitos horizontais e calçadas para que
melhor resistam a esforços de compressão;
10. As juntas verticais devem ser desencontradas a fim de se obter o necessário travamento;
11. As juntas devem ter espessura e aparência uniformes,
12. As pedras redondas ou ovais sem faces são inadequadas ao assentamento;
13. As pedras devem ser molhadas antes do assentamento;
14. A argamassa deve envolver completamente as pedras e preencher todos os vazios e interstícios;
utilizar pequenas lascas de pedra para preencher os vazios maiores;
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15. A argamassa deve ser de cimento e areia nos traços 1:3 a 1:6 conforme a resistência necessária
exigida para a argamassa
16. As paredes quando estáveis da vala de escavação deve servir de forma;
17. Acima do nível do terreno, utiliza-se forma de madeira na execução da alvenaria, ou a habilidade
do pedreiro quando a alvenaria for aparente;

18. Nas paredes e muros a verticalidade é controlada por fio de prumo e o seu alinhamento por uma
linha estendida de uma extremidade à outra da alvenaria;
19. As juntas de dilatação devem ser suficientemente largas para permitir as movimentações
previstas, e, quando necessário, fazer uso de um selante flexível.

ALVENARIAS DE TIJOLOS E DE BLOCOS CERÂMICOS


1. CLASSIFICAÇÃO DAS ALVENARIAS DE TIJOLOS E BLOCOS QUANTO À SUA FUNÇÃO
Alvenaria estrutural
Denomina-se Alvenaria Estrutural aquela que serve de estrutura principal de um edifício em substituição
à estrutura de aço ou de concreto armado. Requer cálculo e projeto estrutural específico realizado por
profissional especializado e habilitado.
Alvenaria resistente ou autoportante
Quando é empregada na construção para resistir a cargas além do seu peso próprio, como o peso das
lajes, telhados, pavimento superior, etc., em pequenas edificações. Construção de muros de arrimo e de
contensão, piscina, caixa d’água, cisterna, etc...
Alvenaria de vedação e divisão
Aquelas que são destinadas a divisão e vedação de ambientes e não dimensionada para resistir cargas
verticais além de seu peso próprio.
Alvenarias divisórias de bordo livre
São as alvenarias de muros divisórios, platibandas (das coberturas), paredes divisórias internas de casas
não forradas e similares.
Alvenarias especiais
As alvenarias especiais são as de uso pouco frequente e em pequena quantidade, empregadas em
isolamento acústico, elementos de alta resistência térmica (fornos, churrasqueiras, chaminés, etc.),
paredes de blocos de vidro translúcido, detalhes de arquitetura e de decoração, etc.
2. PROPRIEDADES DAS ALVENARIAS
Desempenho quanto à norma ABNT NBR 15575:2013
As alvenarias devem atender aos requisitos da ABNT NBR 15575:2013 quanto ao desempenho dos
Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas (SVVIE).
Resistência Mecânica
A alvenaria deve manter a sua integridade física quando solicitada pelas diversas ações mecânicas
externas previstas em projeto, tais como movimentações térmicas, higroscópicas e estruturais, pressão
do vento, impactos, compressão axial, empuxo, etc., e intrínsecas (como retração), com deformações
aceitáveis e compatíveis e apresentar resistência a impactos de corpo mole e corpo duro, a solicitações
transmitidas por portas e a fixação de peças suspensas.
Estanqueidade
A alvenaria e seus componentes devem ter a capacidade de resistir à infiltração de água e umidade
ascendente das fundações e do solo e da chuva sobre a fachada, controlar a migração de vapor d’água,
regular a condensação e impedir penetração de ar e gases, estanqueidade à água de uso e lavagem de
ambientes molháveis.
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Isolamento térmico
A alvenaria deve proporcionar conforto térmico adequado aos seus ocupantes e usuários. A transmitância
e capacidade térmicas devem apresentar desempenho mínimo estabelecido na ABNT NBR 15575:2013
para cada zona bioclimática.
Isolamento acústico
A alvenaria deve proporcionar aos seus ocupantes e usuários conforto acústico adequado, bem como
privacidade acústica. O nível de ruído de fundo para o desempenho acústico é determinado a partir do
uso a que se destina o compartimento da edificação.
Segurança para usuários e ocupantes
Deve resistir por um período de tempo à ação do fogo, do calor e gases tóxicos liberados (monóxido e
dióxido de carbono) aos usuários e ocupantes.
Base ou substrato
A alvenaria como elemento de vedação vertical deve possuir superfície adequada para servir de substrato
ou base para revestimentos em geral.
Habitabilidade e adequação ao uso
As alvenarias devem oferecer condições de habitabilidade aos seus usuários e serem adequadas às
finalidades e às funções que irão desempenhar. As alvenarias devem oferecer Segurança e conforto para
usuários e ocupantes.
Durabilidade e vida útil
A vida útil de projeto (VUP) mínima é de 40 anos para vedações verticais externas e de 20 anos para
vedações verticais internas segundo a ABNT NBR 15575-1:2013, atendidas as especificações relativas à
manutenção, uso e operação da edificação.
Manutenibilidade
Capacidade de permitir e favorecer as inspeções e intervenções previstas nas especificações relativas à
manutenção, uso e operação da edificação.
3. PRINCIPAIS TIPOS DE TIJOLOS
Tijolo de barro cru
Também conhecido como “Adobe”, já foi muito utilizado
desde a antiguidade até o século XX em pequenas
construções, mas hoje praticamente caiu em desuso, pois
precisa de cuidados especiais para resistir às intempéries. O
tijolo cru é moldado em fôrmas de madeira a partir da
mistura plástica de água e solo, com o acréscimo de fibras
naturais (geralmente palha ou capim seco) e depois seco ao
sol, sem que haja a queima do mesmo.

Bloco de concreto
São blocos de concretos provenientes da mistura de cimento, areia e pedrisco, com consistência seca. Os
blocos são conformados por prensagem e vibração, em máquinas especiais que garantem condições
satisfatórias de compacidade, dentro de formas de aço com dimensões regulares. As principais normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre o assunto são as seguintes:
NBR 6136:1994 – Bloco vazado de concreto simples para alvenaria estrutural.
NBR 7173:1982 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem função estrutural.
NBR 7184:1992 – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Determinação da resistência à
compressão.
NBR 8215:1983 – Prismas de blocos vazados de concreto simples para alvenaria estrutural – Preparo e
ensaio à compressão.
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NBR 12117:1991 – Blocos vazados de concreto para alvenaria – Retração por secagem.
NBR 12118:1991 – Blocos vazados de concreto para alvenaria – Determinação da absorção de água, do
teor de umidade e da área líquida.
Tijolo de vidro
São blocos de vidro usados em locais específicos para iluminar e obter determinados efeitos estéticos,
especialmente quando se usa iluminação projetada para tirar proveito da luminosidade natural existente
e das características de reflexão do material. NBR 14899-1:2002 – Blocos de vidro para a construção civil –
Parte 1: Definições, requisitos e métodos de ensaio.
Tijolo de solocimento
Bloco obtido pela combinação de cimento e solo. A ABNT NBR 8491:1984 define tijolo de solocimento
como “tijolo cujo volume não é inferior a 85% do seu volume total aparente e constituído por uma
mistura homogênea, compacta e endurecida de solo, cimento Portland, água e, eventualmente, aditivos
em proporções que permitam atender às exigências da norma”. Os tijolos são classificados quanto à sua
dimensão nominal em tipo I (20 x 9,5 x 5 cm) e tipo II (23 x 11 x 5 cm).Principais normas sobre o assunto:
NBR 8491:1984 – Tijolo maciço de solo-cimento.
NBR 8492:1984 – Tijolo maciço de solo-cimento – Determinação da
resistência à compressão e da absorção de água.
NBR 10832:1989 – Fabricação de tijolo maciço de solo-cimento com a
utilização de prensa manual.
NBR 10833:1989 – Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de
solocimento com utilização de prensa hidráulica.
NBR 10834:1994 – Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural.
NBR 10835:1994 – Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural
– Formas e dimensões.
NBR 10836:1994 – Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural – Determinação da resistência à
compressão e da absorção de água.
Bloco sílico-calcáreo
Introduzido no Brasil em 1976. Tijolo obtido pela mistura
homogênea e adequadamente proporcionada de cal e areia
quartzosa moldados por prensagem e curados em autoclave sob
alta por vapor de pressão. A resistência à compressão varia entre
4,5 e 15 MPa. As normas sobre o tema são: ABNT NBR 14974-
1:2003 – Bloco sílico-calcáreo para alvenaria parte 1: Requisitos,
dimensões e métodos de ensaio e ABNT NBR 14974-2:2003 – Parte
2: Procedimentos para execução de alvenaria.
Tijolo refratário
Um tipo especial de tijolo cozido, feito com argila refratária enriquecida de materiais que diminuem a
retração mecânica quando exposto ao forte calor. Funcionam também como isolantes térmicos. Tijolo
refratário proveniente do cozimento de argilas; Resistem a temperaturas de até 1200°C; Resistência à
compressão superior a 10 MPa. Dilatação linear inferior a 5%.
Tijolo maciço cerâmico
“Tijolo que possui todas as faces plenas de material, podendo apresentar rebaixos de fabricação em uma
das faces de maior área” (ABNT NBR 7170:1983).
Fabricado com argila, conformado por extrusão ou prensagem, queimado à temperatura que permita ao
produto final atender às condições determinadas pelas normas da ABNT:
NBR 7170:1983 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria.
NBR 6460:1983 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria – Verificação da resistência à compressão.
NBR 8041:1983 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria – Forma e dimensões.
Bloco Cerâmico
Bloco fabricado industrialmente com argila, conformado por extrusão ou prensagem, submetido à
secagem e posterior queima a temperatura de 900ºC a 1.100ºC que permita ao produto final atender às
condições determinadas pelas Normas:
NBR 7171/1992 – Bloco cerâmico para alvenaria.
NBR 6461/1983 – Bloco cerâmico para alvenaria – Verificação da resistência à compressão.
NBR 8042/1992 – Bloco cerâmico para alvenaria – Formas e dimensões.
NBR 8043/1983 – Bloco cerâmico portante para alvenaria – Determinação da área líquida.
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4. ARGAMASSA UTILIZADA NAS ALVENARIAS


AGREGADO MIÚDO
As areias utilizadas como agregado nas argamassas devem ser lavadas, de rio ou de jazida, isentas de
matéria orgânica e impurezas; apresentar granulometria uniforme e adequada à trabalhabilidade
necessária à argamassa. É recomendável o uso de areia grossa ou média.
CAL
Cal Virgem – Constituída de óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), resultante do processo de
calcinação do calcário (CaCO3 – Carbonato de cálcio e MgCO3 – Carbonato de magnésio).
Cal Hidratada (extinta) – Constituída de hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 e hidróxido de magnésio Mg(HO)2
resultante da hidratação da cal virgem.
Recarbonatação – Recombinação dos hidróxidos de cálcio e magnésio com o anidrido carbônico (CO 2) do
ar, resultando no seu endurecimento.
Cal industrializada (segundo a ABNT NBR 7175:2003):
CH-I: Cal hidratada especial (tipo I);
CH-II: Cal hidratada comum (tipo II);
CH-III: Cal hidratada comum com carbonatos (tipo III).
A cal artesanal, ainda bastante utilizada nas pequenas cidades, requer cuidados e atenção especiais:
– Ausência de impurezas de qualquer natureza;
– Ausência de grãos de calcário não calcinado e de cal virgem não hidratada;
– Peneiramento adequado, separado do agregado fino.
A cal Industrializada, já hidratada, é fornecida em sacos de 20 Kg e pronta para consumo;
CIMENTO
Após o adicionamento do cimento à argamassa de cal e areia, esta deve ser utilizada em, no máximo, até
duas horas após a adição.
DOSAGEM
- O traço da argamassa mista confeccionada na obra é definido por números no formato:
cimento : cal : areia/saibro.
- O traço básico de referência para alvenaria é 1:2:8 em volume. O traço deve ser ajustado
experimentalmente na obra ou laboratório em função do agregado miúdo utilizado e da finalidade e
condições de utilização da alvenaria.
- A adição de mais cimento dá mais resistência mecânica à argamassa. A adição de mais cal melhora a
capacidade de retenção de água e proporciona mais plasticidade à argamassa, melhorando a
trabalhabilidade.
- No mercado já existe argamassa pronta para uso bastando apenas a adição de água. Neste caso deve
se seguir as orientações do fabricante.

5. ALVENARIA DE TIJOLOS CERÂMICOS


TIJOLO MACIÇO CERÂMICO:
 Denominação dada ao tijolo cerâmico que possui todas as faces plenas de material, podendo
apresentar rebaixos de fabricação em uma das faces de maior área;
 O tijolo maciço cerâmico é fabricado industrialmente com argila, conformado por extrusão ou
prensagem, submetido à secagem e posterior queima a temperatura de (900ºC a 1.100ºC) que permita
ao produto final atender às condições determinadas pelas Normas Brasileiras (NBR);
 Deve trazer a identificação do fabricante sem que prejudique seu uso;
 Possui formato em paralepípedo-retângulo;
 Dimensões nominais em milímetros são: 190 x 90 x 57 e 190 x 90 x 90;
 São divididos, conforme sua resistência, em três categorias:
A – 1,5 MPa, B – 2,5 MPa C – 4,0 MPa
 Os tijolos maciços não devem apresentar defeitos sistemáticos tais como:
Trincas, quebras, superfícies irregulares, deformações e desuniformidade na cor;
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 Os tijolos não devem ter a presença de sais solúveis e impurezas;


 A cor do tijolo varia com o tipo da argila, porém a mais encontrada é aquela que fornece após a
queima uma coloração entre o vermelho e o amarelo, em função dos minerais presentes na argila.
 Há ainda o tijolo branco que recebe esta coloração em função do alto teor de caulim na argila;
 O Cozimento deve ser uniforme;
 O tijolo bem cozido produz som metálico quando percutido com martelo, quanto mais metálico e
firme for o som melhor será o tijolo;
 O interior do tijolo deve apresentar coloração uniforme, se no meio ainda estiver meio barrento ou
com cor mais escura é sinal de que o tijolo está mal cozido;
 São tijolos mais pesados que os blocos cerâmicos e consomem grande volume de argamassa;
 Os tijolos maciços são indicados para baldrames de fundação, revestimento de poços, silos, cisternas
para armazenamento d’água, fossas sépticas, acunhamento de alvenaria de bloco cerâmico furado,
muros de arrimo, colunas, obras em alvenaria estrutural como arcos e abóbadas, etc.;
5.2. BLOCO CERÂMICO ESTRUTURAL
São tijolos cerâmicos utilizados estruturalmente em uma edificação, dispensando o uso de vigas e pilares
de sustentação. A sua utilização requer projeto estrutural específico, com dimensionamento e
detalhamento de suas peças, realizado por profissional especializado e habilitado.
5.3. BLOCO CERÂMICO FURADO
O bloco cerâmico furado possui furos prismáticos e/ou cilíndricos no sentido longitudinal. São tijolos mais
leves, de menor custo e consome menor volume de argamassa e de mão-de-obra, em relação aos tijolos
maciços. É o tipo de tijolo mais empregado na construção civil, principalmente em alvenaria de elevação.
 Dimensões de blocos cerâmicos:

Blocos comuns – Dimensões reais (mm) Blocos especiais – Dimensões reais (mm)

Largura (L) Altura(H) Comprimento(C) Largura (L) Altura(H) Comprimento(C)

90 190 190, 240, 290, 390 90 90 190

115 190 190, 240, 290, 390 90 140 190

140 190 190, 240, 290, 390 90 140 240

190 190 190, 240, 290, 390 115 140 240

 A seção transversal tijolo cerâmico Furado é variável, existindo tijolos com furos cilíndricos e com furos
prismáticos;
 O Tijolo cerâmico é fabricado basicamente com argila, moldado por extrusão, submetido à secagem e
queimado a uma temperatura em torno de 900º C a 1.100º C;
 O Tijolo cerâmico deve apresentar ranhuras, sulcos, saliências e superfície áspera para maior aderência
das argamassas de assentamento e revestimento, pois as faces do tijolo sofrem um processo de
vitrificação no cozimento;
 Deve apresentar arestas vivas. Não apresentar defeitos sistemáticos como: a falta de uniformidade na
coloração, trincas, fendas, cavidade, cantos quebrados, deformações, superfícies irregulares e corpo
estranho;
 O bloco de tijolo bem cozido produz um som peculiar (tipo sino) quando batido com a colher ou
martelo de pedreiro. Através da sonoridade pode-se distinguir o grau de cozimento, quando mais
metálico e firme for o som melhor será o tijolo. Ao choque do martelo deverá lascar-se e não esmagar
com o choque;
 Outro teste para saber se o tijolo é bom é quebrá-lo e verificar seu interior. Se o meio ainda estiver
meio barrento ou com cor mais escura é sinal de que o tijolo está mal cozido.
 Porosidade limitada: a absorção de água deve estar por volta de 8%;
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 Atender às prescrições das normas técnicas quanto à resistência à compressão, planeza das faces,
desvio em relação ao esquadro e às dimensões; Regularidade de forma e dimensões, para que as
juntas e o assentamento sejam uniformes, a tolerância é de  3 mm.
 Isentos de sais solúveis em água, principalmente cloretos (salitre);
 Tem um bom comportamento quanto ao isolamento térmico e acústico (aproximadamente 42 dB),
devido ao ar que permanece aprisionado no interior dos seus furos.
 Resistência mínima à compressão é de 1,0 MPa (10 kg/cm2) ;

5.4. ASSENTAMENTO DA ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO

 A alvenaria apoiada diretamente sobre baldrame deve ser protegida através de cinta
impermeabilizante ou sistema equivalente contra eventual propagação da umidade do solo;
 A primeira fiada de tijolo de uma parede de alvenaria é comumente denominada de demarcação. A
sua marcação é feita através de linha posicionada sobre o eixo da parede, utilizando-se do gabarito ou
os eixos de referência da estrutura.
 Iniciar a demarcação pelas paredes externas ou de fachada. A primeira fiada deve ser rigorosamente
nivelada.
 Paredes apoiadas sobre vigas contínuas devem ser levantadas simultaneamente, ou seja, durante sua
execução não devem ter diferença de altura superior a 1,0 m.
 Os tijolos, mesmo oriundos da uma única fábrica, apresentam diferença de medidas; por isto, somente
uma das faces da parede pode ser aparelhada e alinhada;
 Iniciam-se cada fiada pelos dois blocos das duas extremidades da parede e entre eles estica-se uma
linha náilon unindo os dois por um dos seus lados (com ou sem uso de escantilhão). Assenta-se entre
eles os demais blocos com juntas de amarração;
 Juntas verticais de amarração: Sistema de assentamento dos componentes de alvenaria no qual as
juntas verticais são descontínuas.
 As juntas de amarração contribuem com a resistência ao cisalhamento proporcionado pelo transpasse
das fiadas dos blocos. Os tijolos podem ser assentados deitados (uma vez) em paredes dobradas ou em
pé (meia vez) em predes singelas;

Uma vez ou deitado


(Parede dobrada)

Meia vez ou em pé
(Parede singela)

 As juntas de amarração consistem em desencontrá-las e com isto conseguir maior resistência ao


cisalhamento, além de melhorar o comportamento geral da alvenaria quando recebe as cargas, ou
seja, a parede fica mais resistente e estável com as juntas devidamente amarradas.
 Marcar os vãos de portas ou passagens atentando para a espessura dos forramentos. Observar o
“esquadro” (90°) formado por duas paredes ortogonais;
 O substrato de assentamento da primeira fiada deve ser limpo e bem molhado, assim como os tijolos
das fiadas subsequentes a fim de que o tijolo não roube água da argamassa prejudicando a sua
aderência;
 As paredes devem ser moduladas, de modo a facilitar o uso do maior número possível de
componentes inteiros.
 Recomenda-se não deixar panos soltos de alvenaria por longos períodos e nem os executar muito alto
de uma só vez.
 Verga: componente estrutural localizada sobre os vãos da alvenaria;
 Contra-verga: componente estrutural localizada sob os vãos da alvenaria, com isto evita-se as trincas a
45° que aparecem nos cantos das portas e janelas em paredes;
 A parede deve ser levantada até a cota da contra-verga das janelas e aí executá-la;
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 A contra-verga deve ultrapassar o vão da janela em pelo menos 30 cm de cada lado e possuir
espessura mínima de 10 cm e armadura mínima de aço de bitola  6.3 mm a cada 10 cm (mínimo de 2
barras)
 As vergas de portas e janelas devem ter apoios de pelo menos ¼ do vão ou 20 cm;
 Quando ocorrer vãos distantes menos de 60 cm, as vergas e contra-vergas precisam ser contínuas;
 Devem ser garantidos a horizontalidade, o prumo e o alinhamento das fiadas;
 As paredes devem apresentar uma superfície plana, vertical e sem ondulações;
 As fiadas são assentadas com as juntas verticais desencontradas, para necessário travamento;
 A espessura das juntas deve ser uniforme e não superior a 10 mm ;
 Os excessos laterais de argamassa devem ser removidos imediatamente para não interferir no
revestimento subsequente (emboço ou reboco) e para o seu imediato reaproveitamento;

 Os furos dos tijolos devem estar horizontais e no sentido longitudinal da parede, não devem ser
usados tijolos com furos na vertical e no sentido transversal ao plano da parede, com exceção em
disposições construtivas particulares;
 Nos locais onde não couber um tijolo inteiro deve ser utilizado bandas pré-fabricadas;
 As fiadas podem ser levantadas com o auxílio de escantilhão;
 Escantilhão: Régua de madeira com o comprimento do pé direito do andar (distância do piso ao teto)
graduada com distâncias iguais a altura nominal do componente cerâmico, mais 1 cm de junta entre
fiadas;
 Nas alvenarias de vedação utiliza-se o traço básico 1:2:8, em volume, de cimento:cal:areia com
consumo mínimo de 100 kg de cimento por m3 de argamassa, ou 1:2:9 (cimento:cal:areia);
 O agregado miúdo (areia) utilizado na argamassa deve ser isento de impurezas, matéria orgânica e sais
agressivos e principalmente cloretos (salitre);
 A argamassa deve ser plástica e ter consistência para suportar o peso dos tijolos a mantê-los no
alinhamento por ocasião do assentamento. Para se evitar a perda da plasticidade e a consistência, a
mesma deve ser preparada em quantidade adequada à sua utilização;
 O traço deve ser escolhido em função das características dos materiais disponíveis na região e da
trabalhabilidade requerida;
 Os materiais constituintes da argamassa e seus respectivos armazenamentos, bem como a dosagem,
preparação e aplicação da mesma, devem estar de acordo com as normas específicas.
 Para paredes externas não revestidas e/ou paredes em contato com umidade, a argamassa deve
também ser impermeável a insolúvel em água.
 Não se deve deixar furos ou buracos na alvenaria (mesmo para colocação de andaimes). Quando se
fizer necessário deixar um tijolo inteiro e recolocá-lo com brevidade.
 Para efeito de carregamento a resistência estimada para as alvenarias não estruturais de tijolo
cerâmico furado é de 5 a 8 kg/cm2;
 Nas alvenarias estruturais, a sua resistência deve ser estimada experimentalmente.
 Para obras que não exijam estrutura em concreto armado, a alvenaria não pode servir de apoio direto
para as lajes, faz-se então necessário o coroamento das paredes com uma cinta de concreto armado a
fim de se distribuir uniformemente tanto o peso da laje quanto evitar sua movimentação, evitando
trincas na alvenaria.
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 Cargas concentradas, caso de vigas apoiadas nas paredes, não deverão ficar apoiadas diretamente na
alvenaria, mas sim em coxins de concreto armado calculado para tal fim.
 Os blocos cerâmicos furados, em paredes para vedação, podem ser assentados das seguintes formas:
 Nos muros de alvenaria (borda livre) executa-se um pilar de concreto armado com dimensões mínimas
de 15 x 20 cm a cada 2,5 a 3,0 m, em função da sua altura;
 Nos muros de alvenaria executar entre 10,00 m a 15,00 m uma junta de dilatação suficiente para a
movimentação linear. Esta junta deve ser executada para evitar que no muro apareçam trincas, devido
a movimentação térmica, higroscópicas, retração e outras causas.
 Os muros de alvenaria devem ser coroados com cinta de concreto armado (10 x 10 cm) interligando os
pilaretes.

 A passagem dos eletrodutos é feita, sempre que possível, através dos furos dos blocos, evitando assim
a grande perda de material e o entulho gerado tradicionalmente.
 Pilares de tijolos maciços: são utilizados em locais onde a carga é pequena. Podem ser executados
somente de alvenaria ou e alvenaria e o centro preenchido por concreto.

5.5. ENCONTROS E AMARRAÇÕES:


Entre duas paredes
O encontro (amarração) entre duas paredes é feito através da intercalação alternada de tijolos que
passam a pertencer a ambas as paredes de modo a dar solidez ao encontro das duas paredes. Estes
encontros podem ser reforçados com a colocação alguns ferros de bitola  4.2 mm a  5.0 mm . Em casos
especiais deve ser feito através de pilar de concreto armado com armadura mínima.

1ª fia da 2ª fia da 1ª fia da 2ª fia da


Em T - pa rede de 1/ 2 vez Cruza mento - pa rede de 1/ 2 vez

1ª fia da 2ª fia da
Pa rede de meia vez em pa redes de uma vez
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1ª fia da 2ª fia da
Pa rede de meia vez

1ª fia da 2ª fia da
Ca nto em pa rede
1ª fia da 2ª fia da
de meia vez
Pa rede de uma vez

1ª fia da 2ª fia da
Ca nto em pa rede
de uma vez

Entre uma parede e um pilar


Deixando-se alguns ferros de espera de  5.0 mm a  8.0 mm, salientes ao executar o pilar (após a
colocação das fôrmas do pilar), com comprimento de 60 cm (sendo 10cm dentro do pilar) e espaçamento
máximo de 60 cm entre eles.
O pilar de deve ser chapiscado três dias antes da execução da alvenaria. A argamassa de junção dos ferros
à alvenaria deve ser preferencialmente de cimento e areia no traço 1:3 ou argamassa mista com alto teor
de cimento.
A ligação da parede com o pilar pode ainda ser reforçada por meio de tiras de 40 cm de largura de tela de
aço zincado.

Tela metálica ------

Entre uma parede e uma viga ou laje


A última fiada, o vão entre o final da elevação da parede e a estrutura (laje ou viga) só deve ser colocada
após 7 dias; tempo mínimo necessário para a argamassa de assentamento esteja seca e cessado o
processo de retração.
O seu preenchimento é feito colocando-se tijolos maciços inclinados ou cunhas de concreto pré-
fabricadas apertando-os entre a parede e a estrutura – alvenaria de “aperto”, ou com argamassa
expansiva com espessura de 2 a 3 cm.
Pode ainda ser preenchido com espuma expansiva de poliuretano, que se expande mais de 20 vezes em
contato com o ar e a umidade da atmosfera.
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Para obras com mais de um pavimento, o travamento da alvenaria deve respeitar o prazo de 7(sete) dias,
só deve ser executado depois que as alvenarias do pavimento imediatamente acima, tenham sido
levantadas até igual altura.
Antes da execução do preenchimento de cada andar, é recomendável, que quatro lajes acima estejam
concretadas, e desformados os dois pavimentos imediatamente superiores.

6. DESEMPENHO DE PAREDE DE ALVENARIA EM BLOCOS DE TIJOLO

6.1 Limitações de altura e comprimento das alvenarias de blocos de tijolo


O limite recomendado para a estabilidade de uma parede de alvenaria é que o seu índice de esbeltez
determinado pela razão entre a altura da parede e a espessura do bloco utilizado seja menor que 30 para
paredes sem borda livre e menor que 15 para alvenaria de borda livre (muro).
Caso o valor do índice de esbeltez seja ultrapassado, deverá ser aumentada a espessura da parede ou ser
adotado o recurso de enrijecimento da alvenaria com cintas e pilaretes de concreto. A utilização da
amarração das paredes entre si também contribui para o enrijecimento da alvenaria.
Para o comprimento máximo da parede adota-se o dobro de sua altura, uma vez satisfatória a sua altura.
Tabela segundo o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo:
Espessura Alvenaria interna Alvenaria externa
do bloco Altura máxima Comprimento máximo Altura máxima Comprimento máximo
0,09 m 3,00 m 6,00 m 2,50 m 5,00 m
0,14 m 5,00 m 10,00 m 3,50 m 7,00 m
0,19 m 6,50 m 13,00 m 5,00 m 10,00 m

6.2 Flechas admissíveis


Valores das flechas admissíveis para alvenaria após a sua execução, em comparação com a flexa
admissível para as estruturas de concreto armado adotado na NBR 6118.

FLECHA ADMISSÍVEL PARA ALVENARIA


Vão entre Flexa admissível
pilares para estrutura de CSTC*¹ ACI*²
(m) concreto L/300 Com abertura: Sem abertura: Com ou sem
L/1000 L/500 Abertura: L/600
4,0 m 1,33 cm 0,40 cm 0,80 cm 0,66 cm
6,0 m 2,00 cm 0,60 cm 1,20 cm 1,00 cm
8,0 m 2,66 cm 0,80 cm 1,60 cm 1,33 cm

*¹ CSTC - Centre Scientifique et Techinique de La Construction (França).


*² ACI - American Concrete Institute (USA).

6.3 Principais requisitos de desempenho estabelecidos na ABNT NBR 15575-4:2013


Os principais requisitos de desempenho estabelecidos na ABNT NBR 15575-4:2013 para as vedações
verticais a serem considerados no projeto são:
1. O desempenho estrutural (considerando o estado limite último e o de serviço, a resistência ao impacto
de corpo mole e corpo duro, a resistência a solicitações transmitidas por portas e a fixação de peças
suspensas);
2. A segurança ao fogo (reação ao fogo dos materiais de acabamento e revestimento – índice de
propagação de chamas, densidade de fumaça – e resistência ao fogo das paredes estruturais e de
compartimentação);
3. A estanqueidade à água (estanqueidade da fachada, considerando juntas entre componentes
construtivos e estanqueidade dos próprios componentes; estanqueidade à água ascendente das
fundações e do solo; estanqueidade à água de uso e lavagem de ambientes molháveis);
4. O desempenho acústico (isolação sonora das vedações verticais, tanto externas quanto internas, em
particular de separação da unidade autônoma e áreas comuns, e de separação entre unidades
habitacionais autônomas);
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5. O desempenho térmico do edifício proporcionado pelos elementos de vedação vertical, pelas


esquadrias e cobertura, considerado um determinado projeto; para uma análise simplificada são
consideradas as características térmicas do elemento de vedação (transmitância e capacidade
térmica);
6. A durabilidade e manutenibilidade (definição de Vida Útil de Projeto - VUP, de procedimentos de uso e
de manutenção inseridos no manual de uso e manutenção do edifício habitacional – manuais
destinados tanto a áreas privativas como a áreas comuns).
Vedação vertical externa ≥ 40 anos
Vedação vertical interna ≥ 20 anos

6.4 Resistência e deformabilidade da parede de alvenaria


A incidência de ventos, calor e/ou baixa umidade relativa do ar, podem-se criar condições que favorecem
a rápida evaporação da água da argamassa, levando a níveis de retração que se traduzem na perda da
aderência da argamassa reduzindo a resistência da parede.
As paredes podem apresentar deformações de pequena magnitude, como as originadas pelas variações
de temperatura ou umidade, ou de maior magnitude, como as ocasionadas pelas cargas e pelos recalques
diferenciais. Neste último caso, as argamassas dificilmente conseguem resistir às solicitações. A
alternativa neste caso é evitar ou minimizar este tipo de deformação através da adequada concepção da
estrutura.
As paredes sobre vigas e lajes não acompanham as deformações e flechas desses elementos estruturais,
resultando no aparecimento de fissuras e rachaduras que, em alguns casos, podem comprometer a
segurança e a estabilidade da parede de alvenaria.

TRECHOS DA NORMA ABNT/NBR (RECOMENDAÇÕES)


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