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ESCOLA DE ENSINO TÉCNICO DO ESTADO DO PARÁ

APOSTILA DE CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES RURAIS

Organizada por: Professora Fernanda Poan Vasconcelos da Silva,


Engenheira Agrônoma, especialista em Docência para a Educação
Profissional e Tecnológica.

Monte Alegre – PA
Agosto de 2023
CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES RURAIS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

INTRODUÇÃO
São tão importantes que dividem a história:
- primitivamente – utilizados como encontrados na Natureza
- posteriormente – moldados conforme a necessidade
Para que sejam considerados adequados, deve ser considerado:
a) Resistência: material deve apresentar resistência compatível com os esforços a que será submetido.
b) Trabalhabilidade: refere-se à adaptabilidade e aplicabilidade do material, que em função de seu peso, forma,
dimensão, dureza e plasticidade. Pode (ou não) ser trabalhável em condições práticas.
c) Durabilidade: resistência que o material oferece à ação dos agentes atmosféricos, biológicos e químicos.
d) Higiene e Saúde: material não deve causar danos à saúde do trabalhador e nem do usuário da obra.
e) Econômico: o material, respeitadas as considerações técnicas, deve ser adequado do ponto de vista econômico.

PEDRAS NATURAIS
Em sua maioria são utilizadas na realização de alicerces, pavimentação de pisos rústicos e algumas vezes na execução
de revestimento e paredes. As pedras utilizadas em construções provêm de pedreiras encontradas normalmente em
ladeiras de morros.

AGLOMERANTES
Segundo BAUD (1980) são produtos empregados na construção para fixar ou aglomerar certos materiais entre si. Podem
ser divididos em naturais, artificiais e hidráulicos.
A) Aglomerantes naturais: são os que procedem da calcinação de uma rocha natural, sem adição alguma. Como exemplo
temos a cal e gesso. Aplicação: utilizada em argamassas (reduz a permeabilidade, aumenta a plasticidade e a
trabalhabilidade).
B) Aglomerantes artificiais: são obtidos por calcinação de mistura de pedras de composição conhecidas, cuidadosamente
dosadas. Cimentos artificiais procedentes de mistura de calcário, de argila, pedra, etc.
C) Aglomerantes hidráulicos: forjam tanto ao ar como na água. Contém argila em proporção relativamente importante.
Ex: cimento Portland
Cimento Portland
Segundo SILVA (2009) foi assim batizado pelo seu inventor inspirado na cor das pedras da Ilha de Portland (Inglaterra)
que eram muito usadas nas construções da época.
Fabricado com calcário, argila, gesso e outras adições, sendo constituído basicamente por diversos óxidos (CaO, Fe2O3,
SiO2, Al2O3). Em resumo é obtido pela mistura do clínquer moído com gesso e outras adições.
Clínquer
É o cimento em sua forma básica, sem adição de gesso e não pulverizado. Produto obtido por meio artificial, à alta
temperatura, a partir de materiais calcários e argilosos, convenientemente dosados.

AGREGADOS
Definição: materiais rochosos na forma granular. Devem possuir dimensões e propriedades adequadas para o seu uso
em construção civil.
Classificação:
- quanto à origem: são denominados naturais aqueles que são extraídos da natureza na forma de fragmentos como areia
e pedregulho. Os artificiais são os materiais que passam por processos de fragmentação, como pedra e areia britada.
- quanto à densidade: tem-se os agregados leves (pedra pomes, vermiculita, argila expandida,
etc.), agregados pesados (barita, magnetita, limonita, etc.) e agregados normais (areia, pedregulhos e pedra britada).
- quanto ao tamanho dos fragmentos: Agregado graúdo (diâmetro mínimo superior a 4,8 mm) e agregados miúdo
(diâmetro máximo igual ou inferior a 4,8 mm).
Agregado miúdo: Ex: pó-de-pedra e areia
Agregado graúdo: Ex: britas e pedregulhos
ARGAMASSAS
- Definição: São pastas de aglomerante e água, às quais se incorpora um material inerte, a areia;
- São utilizadas em assentamentos e em revestimentos;
- As argamassas devem satisfazer as seguintes condições, dependendo de sua finalidade: resistência mecânica;
compacidade; impermeabilidade; constância de volume; aderência e durabilidade;
Podem ser simples (um aglomerante) ou mistas (mais de um aglomerante)
Simples: traço 1:3 (uma parte de cimento: três partes de areia)
Mistas: traço 1:2:4 (uma parte de cimento: duas partes de cal: quatro partes de areia)
Traço: são as proporções relativas de aglomerante(s) e agregado(s), em volume ou peso, na dosagem de argamassas e
concretos. O normal é se adotar as proporções em volume.

CONCRETOS
Concreto é um material de construção resultante da mistura de um aglomerante (cimento), com agregado miúdo (areia
grossa), agregado graúdo (brita ou cascalho lavado), e água em proporções exatas e bem definidas.
TECNOLOGIA DOS CONCRETOS
Mistura
Segundo SILVA (2009) tem o objetivo de homogeneizar o cimento, água e agregados retirando o ar do interior da massa,
de forma que possa ser transportado, lançado e adensado de modo suficientemente fácil para que se obtenha um concreto
com o mínimo volume de vazios. A mistura que satisfaz essas condições é dita trabalhável.
- Manual: pequenas obras
- Mecânica: obras maiores
Transporte: deve ser rápido, a fim de evitar que o concreto perca a trabalhabilidade, e deve manter a homogeneidade
do material, evitando sua segregação. Podem ser utilizados carrinhos-de-mão e jericas, guinchos, gruas e caçambas,
calhas e correias transportadoras e o transporte por bombeamento.

PRODUTOS CERÂMICOS
São produtos obtidos pela moldagem, secagem e cozedura de argila ou misturas que a contenham.
Podem ser classificados em materiais de cerâmica vermelha, materiais de louça e materiais refratários.
• Cerâmica Vermelha
- Porosos: tijolos, telhas, etc.
- Vidrados ou gresificados: ladrilhos, tijolos especiais, manilhas, etc.
• Louça
- Pó-de-pedra: azulejos, materiais sanitários, etc.
- Grés: materiais sanitários, pastilhas e ladrilhos, etc.
- Porcelana: pastilhas e ladrilhos, etc.
• Refratário
- Tijolos para fornos, chaminés, etc.

PRODUTOS CERÂMICOS
A) Tijolos
Tijolo comum
- Maciço: estrutural e vedação
- Furado: vedação
B) Telhas
Planas - Francesa
Curvas – Romana, Portuguesa, Colonial, Capa/Cana (Paulista, Plan)
C) Ladrilhos
- Azulejos: são feitos com faiança (argila branca), recebendo tratamento com substâncias a base de silicatos e óxidos
que se vitrificam ao forno, o que torna sua face brilhante e impermeável. As superfícies, por eles revestidas, são laváveis.
As dimensões mais comuns são de 15x15 cm e 11x11 cm.
- Ladrilhos cerâmicos: utilizados como revestimento de pisos laváveis. Os acabamentos da superfície variam entre o
normal (cerâmico), vitrificado e esmaltado. As dimensões básicas são 15 x 7,5 cm; 15 x 30 cm; 10 x 20 cm e 30 x 30
cm.

MADEIRA
É um material de largo emprego e grande importância na construção, principalmente em locais afastados de centros
urbanos.
Generalidades
– Mais antigo material de construção (palafitas);
– Facilidade de obtenção;
– Facilidade de adaptação.
Vantagens:
- Boas características de isolamento térmico e acústico;
- Grande variedade de padrões;
- Reservas renováveis.
Desvantagens:
- Material heterogêneo;
- Formas limitadas: alongadas e de seção transversal reduzida;
- Deterioração fácil (depende do tipo de madeira e do tratamento);
- Combustível;
- Variações volumétricas x Variação de umidade

PRODUTOS SIDERÚRGICOS
Obtenção: Redução do minério de ferro a metal, em fornos a altas temperaturas. Em função dos diferentes processos,
obtém-se: ferro forjado, ferro fundido, aço.
Aplicações: Aço inox, folha de flandres, tubos, ferros redondos para concreto armado, etc.

OUTROS
Metais em geral:
- alumínio: fios, esquadrias, etc.
- cobre: fios, tubos
- zinco: galvanização
Vidros: vedação, acabamento
Materiais para pintura
Materiais plásticos: tubos (água, esgoto e fiação), reservatórios de água, acabamento etc

MATERIAIS ALTERNATIVOS
- Adobe
- Bambu
- Reutilizados ou Reciclados
A) Adobe
É uma técnica de construção natural onde o principal recurso utilizado para construí-lo é o barro, que é encontrado no
próprio local da construção. O adobe foi utilizado por todas as grandes civilizações, podemos tomar por exemplo a
Muralha da China, onde em boa parte de sua construção o bloco de adobe foi utilizado.
A fabricação dos blocos de adobe requer a mistura de barro, palha e água, sendo o material pisoteado até formar uma
massa homogênea. Após este processo, a massa é colocada em fôrmas de madeira chamadas de ''adobeiras'' e finalmente
os blocos são deixados em locais reservados para secar.
Vantagens:
- Rapidez no preparo dos tijolos
- Em locais onde o sol é frequente sua produção é mais rápida garantindo qualidade e durabilidade
- Bom conforto térmico
- Baixo custo (se obtido no próprio local da construção)
- Os tijolos podem ser usados em vários tipos de construção
B) Bambu
Bambu é uma técnica de construção milenar, muito utilizada no oriente.
Possui alta flexibilidade a resistência de suas fibras sendo uma ótima alternativa para a construção.
Vantagens:
- Baixo custo
- A resistência e qualidade da construção
- O crescimento em grande escala do bambu garante a disponibilidade de recurso para construir habitações
- É uma material multifunção, podendo ser utilizado na confecção dos mais variados produtos
C) Materiais reutilizados ou reciclados
Caixas de leite, papelão, garrafas PET, etc.
Em alguns casos podem ser alternativas mais baratas e com bons resultados em termos de resistência e conforto térmico.

PLANEJAMENTO DE BENFEITORIAS RURAIS


BENFEITORIAS
Segundo DESLANDES (2002) são consideradas benfeitorias rurais todas aquelas situações onde são investidos recursos
de capital para sua instalação. Nos procedimentos avaliatórios de imóveis rurais são subdivididas em reprodutivas e não
reprodutivas.
Benfeitorias reprodutivas: Culturas (perenes, temporárias, anuais), Pastagens e Reflorestamentos.
Benfeitorias não-reprodutivas: Construções (edificações), Instalações (energia elétrica, rede de água e esgoto, usinas
hidrelétricas) e Benfeitorias (cercas de arame, áreas de lazer, açudes).

PLANEJAMENTO
É organização dos recursos disponíveis, sejam naturais, materiais, financeiros e humanos, aproveitando o máximo de
sua potencialidade, com o intuito de se atingir metas pré-estabelecidas.
Consiste no cuidadoso estudo técnico e econômico do sistema produtivo que culmina com o projeto físico das
instalações.
O planejamento deve ser realizado pois após o término da obra, as modificações são difíceis.
Além disso, os custos de produção são muito afetados pela funcionalidade das instalações.
No planejamento deve-se ter como foco:
- Para os animais e plantas, as instalações devem proporcionar proteção contra a adversidade climática e um ambiente
saudável.
- Para o produtor, as instalações devem ser práticas e funcionais, de tal modo que permitam a execução das tarefas
rotineiras com o máximo de eficiência.
Tendo como visão da engenharia:
Máximo rendimento pelo mínimo custo de produção
Nos sistemas de produção animal, os fatores que interferem e interagem entre si, são:
- Genética
- Alimentação
- Manejo: instalações e condições de conforto para animais se enquadram no manejo.
Etapas do planejamento
a) Estudo de mercado
- Comercialização é o objetivo do sistema produtivo
- Deve-se conhecer o comportamento do mercado:
- Curvas de demanda, oferta e de preços
- Previsões e perspectivas para o futuro
- Economia globalizada: conhecimento desde mercado local até o internacional
- Produtos perecíveis
b) Fatores considerados na escolha do local
Topografia: terrenos com declividade suave, para se evitar grandes movimentações de terra, e que atenda as condições
de drenagem e manejo dos dejetos.
Orientação: declividade suave voltada para o Norte é desejável: máxima insolação e proteção contra ventos frios do
sul.
Manejo dos dejetos: cuidado para se evitar problemas ambientais. Local adequado deve:
a) satisfazer exigências legais referentes ao Meio Ambiente;
b) topografia deve permitir armazenamento e drenagem;
c) a área deve ser suficiente para armazenar ou depositar os efluentes
d) direção/sentido de ventos dominantes e distâncias adequadas devem ser observadas para que habitações e vizinhos
não sejam incomodados por odores.
Drenagem: fator importante a ser observado. Topografia deve permitir boa drenagem a fim de:
- assegurar boas condições de piso;
- manter as fundações secas;
- evitar a ocorrência de encharcamentos (presença de lençol freático superficial pode facilitar sua poluição e carrear
contaminação a longas distâncias).
Água: quantidade, qualidade e acessibilidade
Condições regionais e serviços: eletricidade, manutenção de estradas, coleta da produção, entrega de alimentos e outros
produtos, comunicação (correios e telefone)
Expansões: antecipar possibilidade de crescimento do empreendimento
Vizinhança: proximidade de loteamentos para moradias, aeroportos, etc.
c) Localização das instalações
Arranjo das instalações deve objetivar a máxima eficiência:
-reduzir distâncias percorridas
- minimizar efeitos negativos do sol, vento e elementos da topografia e maximizar os efeitos positivos dos mesmos.

Atenção especial para:


Posição no terreno: instalações nas partes relativamente mais altas para melhor escoamento das águas, mantendo as
fundações secas.
Distâncias: visar maior eficiência da mão-de-obra e controle de doenças e de odores. Distâncias de 15 a 30 m são
consideradas mínimas.
Orientação solar:
- Regiões quentes e úmidas: direção Leste-Oeste:
- evitar insolação direta no interior da instalação (quanto maior a latitude, maior o beiral para proteção de insolação
direta).
- regiões de temperaturas amenas e umidade elevada: orientação norte-sul:
- insolação direta nas primeiras e últimas horas do dia.
Ventos dominantes:
- ventos carreiam poeira, odores e barulho. Deve-se manter as habitações longe da atuação dos ventos
- proteger de ventos frios e tirar vantagem de ventos de verão
Estradas, viradouros e estacionamentos:
- estradas com dois sentidos de tráfego para carros e grandes equipamentos. No mínimo 6 m de largura, espaço lateral
e sistema de drenagem
- estradas secundárias: retas com no mínimo 3m de largura e curvas com 4 m de largura e 8 m de raio (mínimo)
- estradas sem continuidade: viradouro, no final, com diâmetro mínimo de 35 m.
O projeto completo compreende:
a) Plantas: indicam o que vai ser executado com todos os detalhes
- planta baixa
- cortes
- planta de cobertura
- fachada ou elevação
- detalhes
- planta de situação-orientação
b) Memorial descritivo: deve indicar os diversos materiais e técnicas a serem utilizados.
c) Cronograma: indica o tempo a ser gasto em cada tarefa e a época em que devem ser realizadas.
d) Orçamento: é uma previsão de custos necessária para os cálculos do capital de desenvolvimento
e) Legislação: código de obras (município – área urbana) e legislação ambiental (área de preservação permanente,
reserva legal, EIA/RIMA para empreendimentos > 100 ha).

ESTRUTURAS DE SUSTENTAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES RURAIS


Projetar uma estrutura significa estudar a associação de seus elementos e prepará-los para suportar os diferentes esforços
a que estarão submetidos.
FUNDAÇÕES
São elementos estruturais destinados a suportar toda a carga de pressão, seja do próprio peso da edificação ou de
sobrecargas (pessoas, eventos ambientais, móveis etc.); A função dos elementos estruturais é distribuir para o solo os
esforços estruturais, dando estabilidade para a obra.

Tipos de fundação
As fundações podem ser reunidas em dois grandes grupos:
• Fundações diretas, superficiais ou rasas, que se subdividem em: contínuas e descontínuas
• Fundações indiretas (profundas).
Fundações diretas
Fundações diretas contínuas - São valas contínuas sob todo o segmento das paredes:
Fundações diretas descontínuas
Para realizar as fundações de uma obra alguns cuidados devem ser observados:
- preferir terreno de boa natureza geológica;
- protegido dos ventos predominantes;
- evitar terrenos baixos, de lençol freático muito próximo à sua superfície;
- evitar terrenos resultantes de aterro de lixo, por serem fracos e sujeitos à decomposição da matéria orgânica.
ETAPAS DAS FUNDAÇÕES
Escavações:
Devem atingir a camada sólida do terreno para boa estabilidade da obra;
Em terrenos firmes adotam-se as seguintes dimensões mínimas: 0,40 m de largura e 0,40 m de profundidade para
edificações de um pavimento; 0,50 m X 0,60 m para prédios de 2 e 3 pavimentos.
Alicerces:
Em terrenos com boa resistência os alicerces podem ser feitos em alvenaria de pedra, de tijolos ou concreto ligeiramente
armado.
Caso a profundidade da camada sólida do terreno esteja a uma profundidade de 1,00 a 1,50 m, utiliza -se sapatas ou
blocos de concreto simples ou armado.
PAREDES
Alvenarias geralmente são constituídas por blocos com dimensões padronizadas que são justapostos;
A finalidade de uma alvenaria é a elevação de paredes internas e externas, podendo ser para simples vedação
(fechamento de vãos) ou suportar e transmitir esforços de compressão às fundações.
O assentamento dos tijolos pode ser executado com argamassa de cimento, cal e areia no traço de 1:2:8.
A espessura da argamassa deve ser de 01 a 02 cm e as juntas perfeitamente aprumadas e niveladas;
As primeiras fiadas de tijolos ou blocos devem ser impermeabilizadas.
A alvenaria de tijolos é a mais empregada em instalações rurais. Podendo ser utilizados tijolos maciço, furado e blocos
de concreto (exige menor mão-de-obra de colocação e dispensa revestimento); Os sistemas mais comuns de colocação
de tijolos são: de ao correr para paredes de 0,10 a 0,15 m de espessura e fiadas alternadas, paredes de 0,20m de
espessura em diante.

Ligação entre parede e pilar:


A ligação da alvenaria com o pilar é feita com introdução de argamassas entre as estruturas com argamassa de cimento
e areia (1:3);
Em extensões superiores a 4,00 m entre os pilares, é recomendado além da argamassa o uso de barras de aço com
comprimento de aproximadamente 0,40 m chumbadas no pilar a cada duas fiadas.
Ligações entre paredes:
Para evitar trincas futuras no encontro de paredes, nos cantos da construção ou com paredes intermediárias (em T)
devem ser feitas amarrações dos blocos.
Vergas e contravergas:
Devidos as tensões que estão sujeitos os vãos de portas e janelas, podem ocorrer fissuras indesejáveis nos cantos e no
meio dos vãos;
Para evitar estes problemas são utilizadas vergas e contravergas.
Sobre o vão das portas e das janelas devem ser executadas vigas de concreto armado (vergas) com pelo menos duas
barras de aço;
Embaixo do vão de janelas pode-se construir uma vigota armada (contraverga) ou simplesmente utilizar dois ferros
corridos introduzidos na argamassa e avançando, no mínimo, 20 cm para cada lado.
CONCRETO
São necessários alguns cuidados como: cimento novo com poder de pega, areia grossa originária de rios e pedra natural
ou britada com dimensão não superior a 2,5 cm;
A areia não poderá conter substâncias orgânicas nem terra; A água utilizada não deve conter cloretos (sal), gás carbônico
e matérias orgânicas.
Concreto Armado:
Os cuidados observados na escolha dos materiais para a confecção do concreto simples devem ser mais rigorosos quando
se trata do concreto armado;
De acordo com a quantidade de água, o concreto pode ser:
- fluido: empregado somente em peças leves de muita armação;
- seco: usado em obras em contato com a água;
- plástico: que é o tipo mais usual e de aplicação geral.
Fôrmas:
Feitas de madeira de baixa qualidade por serem mais econômicas e impróprias para usos de carpintaria e marcenaria;
As fôrmas de pilares são feitas com quatro tábuas (quando se levanta o esqueleto) ou duas tábuas (quando as paredes
já estão levantadas);

Cintas devem ser colocadas em volta da fôrma evitando que as mesmas sejam vergadas durante a concretagem.
As fôrmas para vigas são feitas com três tábuas (formação do esqueleto) ou com duas tábuas (quando as paredes já
estão levantadas), utilizando-se também as cintas de amarração.
Armação das ferragens:
Deve-se adquirir de 5 a 10% a mais de ferro para suprir as perdas;
Os serviços de ferro compreendem duas fases: corte e preparo e armação das formas;
O corte pode ser feito com alicates especiais e armado nas fôrmas quando se trata de lajes e vigas. Para pilares é
executada previamente;
A amarração das barras de ferro é feita com arame recozido nº 18, que é maleável e fácil de ser trabalhado.
COBERTURA DAS INSTALAÇÕES
Elemento da construção com finalidade de proteger a obra e seu conteúdo contra intempéries e ações da natureza;
Os materiais cerâmicos são mais utilizados em pequenas obras para cobertura, combinadas com estruturas treliçadas de
madeira;
A cobertura é composta por dois elementos, sendo a estrutura constituída de vigas e peças, metálicas ou de madeira
(tesouras), que suportam os elementos de cobertura, e ainda a cobertura, que cobre as estruturas;
Podem ser acrescentadas a cobertura estruturas como calhas para captação de águas pluviais.
FUNÇÕES BÁSICAS QUE UMA COBERTURA DEVE CUMPRIR
Sendo a cobertura a parte superior das construções, destinado a dar-lhe proteção contra as intempéries, esta deve cumprir
as seguintes funções básica:
• Proteção das partes internas das construções;
• Dar inclinação adequada, de acordo com o tipo de telha utilizada, para drenar águas pluviais;
• Formar um "colchão de ar" entre o forro e a telha, possibilitando controle da temperatura interna, melhorando as
condições de conforto térmico.
O projeto da cobertura deve considerar:
- inclinação (infiltração de água);
- peso da estrutura e cobertura;
- pressão dos ventos.
Estrutura interna da cobertura (Secundária)
A estrutura secundária é um conjunto de componentes ligados entre si com a função de suportar o telhado, podendo ser
constituída das seguintes peças:
Tesoura: conjunto de peças treliçadas com a finalidade de suportar toda a carga do telhado;
Caibro: peças de apoio para as ripas;
Ripa: peças de apoios para as telhas, ajustadas de acordo com o tamanho destas (pode ser utilizada uma galga para
marcar o tamanho das telhas);
Tirante: peça destinada ao travamento e absorção dos esforços de tração da tesoura;
Perna: suporta as terças e dá inclinação à estrutura conforme o tipo de telha utilizada;
Pendural: elemento vertical de distribuição das cargas de um telhado;
Escora: elemento oblíquo de distribuição das cargas de um telhado;
Terça: finalidade de travar as tesouras e suportar os caibros;
Linha: peça de alinhamento que recebe todos os esforços da tesoura e pela qual é transmitida a estrutura principal da
obra;
Frechal: peça de apoio entre a linha e os caibros e ripas.
Estrutura externa da cobertura (Principal)
A estrutura principal é um conjunto de componentes ligados entre si com a função de suportar a estrutura secundária e
o telhado. São elas:
Água: plano inclinado que define o caimento de um telhado;
Empeno: parte da alvenaria de elevação que acompanha o caimento de um telhado;
Rincão: linha de encontro entre duas águas de um telhado;
Cumeeira: linha mais alta do telhado;
Espigão: divisor de águas inclinado;
Beiral: parte da estrutura do telhado que se projeta além da alvenaria externa.

COMPONENTES DO TELHADO
O telhado é a parte da cobertura constituída pelas telhas e peças complementares. Suas partes podem assim ser definidas:
• Água: superfície plana inclinada de um telhado;
• Beiral: projeção do telhado para fora do alinhamento da parede;
• Cumeeira: aresta delimitada pelo encontro entre duas águas, geralmente localizado na parte mais alta do telhado;
• Espigão: aresta inclinada delimitada pelo encontro entre duas águas que formam um ângulo saliente, sito é, o espigão
é um divisor de águas;
• Rincão: aresta inclinada delimitada pelo encontro entre suas águas que formam um ângulo reentrante, isto é, o rincão
é um captador de águas (conhecido como água furtada);
• Rufo: peça complementar de arremate entre o telhado e um parede;
• Fiada: sequência de telhas na direção de sua largura;
• Peças complementares: calhas, condutores, peças destinadas a promover a ventilação e/ou iluminação, componentes
cerâmicos ou de qualquer outro material que permita a solução de detalhes do telhado;
• Tacaniça: água de um telhado em forma de triângulo, formada entre dois espigões.
FORMA DOS TELHADOS
O telhado pode assumir diversas formas, em função da planta da edificação a ser coberta. As formas fundamentais na
constituição de um telhado são chamadas elementares e podem ser combinadas resultando várias outras formas mais
complexas ou até mesmo especiais para uma determinada atividade específica.
Formas elementares
a) Telhado de meia-água ou uma água: É um telhado muito simples, constituído por uma única água. Neste caso não
estão presentes nem a cumeeira, espigão e rincão.
b) Telhado de duas águas: Apresenta dois planos inclinados que se encontram para formar a cumeeira.
c) Telhado de três águas: Além de ter dois planos inclinados principais, apresenta um outro plano em forma de
triângulo que recebe o nome de tacaniça. Neste caso, além da cumeeira, o telhado apresenta dois espigões.
d) Telhado de quatro águas: Neste caso, teremos duas águas mestras e duas tacaniças.
e) Formas complexas: As formas apresentadas acima são fundamentais na constituição de um telhado, as quais podem
ser combinadas resultando várias outras formas mais complexas.
Formas especiais
Os telhados podem ter uma forma especial afim de obter algum tipo de vantagem, como por exemplo:
Melhoria da estética da construção;
Possibilitar maior ou menor iluminação interna;
Aproveitamento dos espaços internos;
Melhorar as condições do conforto térmico, etc.
a) Lanternim: Usado em galpões para criação de animais, possibilitando melhor e mais rápida renovação do ar e
abaixando a temperatura interna. Contudo, não tem sido muito utilizado nas construções dos galpões em geral porque
encarece o custo da cobertura.

b) Mansarda: Telhados muito comum na América do Norte, permitindo o vão do telhado como depósito de feno.

c) Shed (dente de serra): Este tipo de cobertura é muito comum nas fábricas de grande ponte, permitindo a utilização
da iluminação natural e melhor ventilação.
d) Cobertura cônica (chapéu chinês): Na região sul e sudeste é mais utilizada para pequenas instalações com o objetivo
estético. Na região norte do pais é muito utilizada na construção de galpões, casas, salões, barracões, etc.

INCLINAÇÃO DOS TELHADOS


A fim de garantir a drenagem das águas pluviais, evitar o acúmulo de detritos e a indeslocabilidade das telhas os telhados
devem ser executados com uma declividade ou inclinação adequada.
A inclinação dos telhados varia com o tipo de telha, sendo maior para as telhas com canais de escoamento pequeno
(telha francesa) e maior grau de embebimento. Assim as telhas de barro exigirão maiores inclinações que as cimento-
amianto, alumínio, fibra-de-vidro, zinco, etc.

Obs: atualmente as telhas de cimento-amianto estão proibidas, pois apresentam substâncias cancerígenas.
BEIRAL
Parte do telhado que fica situada além dos alinhamentos das paredes externas;
Em obras rurais o beiral serve para proteger as paredes e também para resguardar instalações para animais contra
insolação, chuvas e ventos;
Possui larguras que variam de 0,4 a 1,0 m, sendo as mais comuns de 0,50; 0,60 e 0,80m.

OUTRAS ESTRUTURAS DAS INSTALAÇÕES RURAIS


REVESTIMENTO
Função básica: proteger as alvenarias contra chuva, umidade, sol, etc. O revestimento mais utilizado é o de argamassa
de cimento, cal e areia, por ser mais econômico e de simples execução e servem de base para a aplicação de pinturas,
assentar azulejos ou outros tipos de revestimentos;
Normalmente é aplicado em três etapas: chapisco, emboço e reboco.
Chapisco:
Tem a finalidade de criar uma superfície áspera entre a alvenaria e a massa grossa (emboço), melhorando a aderência
desta;
Revestimento grosso (emboço):
É iniciado após completa solidificação da argamassa da alvenaria, colocação das canalizações e fixação das esquadrias;
Revestimento Fino (reboco):
Como o emboço tem acabamento rústico, há a necessidade de aplicar outra camada para dar o acabamento final às
paredes; Esta será a de revestimento fino ou reboco. Com espessura de 5 mm, deve ser aplicada somente 21 dias depois
do emboço;
Cerâmicos (azulejos e ladrilhos cerâmicos):
Utilizados em áreas sujeitas à presença de água constante, como áreas de serviço, cozinhas, banheiros dentre outros; O
assentamento é feito com argamassa pronta, bastando adicionar água.
PISOS
Os mais utilizados em construções rurais são concreto simples, tijolo, madeira e pedra; O piso não deve ser feito
diretamente sobre a terra. Deve-se fazer uma camada de preparação em concreto. A dosagem geralmente empregada é
de 1:3:5 (cimento, areia e brita).
ESCADAS
Podem ser construídas de madeira ou de concreto armado; As escadas devem ser adequadas ao passo médio das pessoas;
A largura da escada varia de 0,90 a 1,20 m.
ESQUADRIAS
Armação de madeira ou metal na qual se fixam porta, janela, veneziana, entre outros;
Tem como funções: iluminação (luz natural); ventilação (entrada de ar externo); isolamento (acústico e térmico); e
acesso (trânsito pessoas e veículos);
As esquadrias devem ser confeccionadas em material de boa qualidade e de preço acessível, as dimensões dependem
das instalações;
Em instalações para animais elas são rústicas, feitas de tábuas com espessura variável. Para aves é comum o emprego
de portas teladas ou ripadas;
Nos galpões e depósitos, são utilizadas portas de correr, permitindo maior aproveitamento do espaço interno.
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
Água:
O abastecimento de água deve ser previsto com bastante folga, seja qual for o tipo de exploração agrícola. O consumo
diário pode ser estimado pela relação:
Pessoa.......................................200/300 litros
Gado leiteiro...........................120 l/cabeça
Equinos......................................45 l/cabeça
Suínos........................................10 l/cabeça
Aves adultas.............................25 l/100 cabeças
As fontes de captação de água mais comuns são: poços, açudes, rede distribuidora do logradouro, e água das chuvas.
Os reservatórios de água podem ser construídos: de concreto armado (aéreos, subterrâneos ou apoiados no solo),
alvenaria de tijolos (apoiados no solo ou subterrâneos);
As canalizações e conexões mais empregadas são as de tubos plásticos P.V.C., apresentam maiores vantagens como
menor mão-de-obra na colocação, preço mais acessível e grande durabilidade, em relação a tubulações de ferro
galvanizado.
Esgotos:
A rede de esgotos é feita utilizando-se tubos e conexões de plástico P.V.C.;
A rede é formada de ramais e um tronco. Os ramais recolhem as águas servidas nos aparelhos, conduzindo-as para o
tronco. Destes elas são levadas para as fossas sépticas;
Os esgotos das propriedades rurais, em geral, são encaminhados para as “fossas sépticas”. Que são construídas de
alvenaria de tijolos e tampa de concreto armado.
PINTURA
É necessária para a conservação da obra contra os efeitos da umidade e mofo; As superfícies a serem pintadas devem
estar bem secas para evitar formação de bolor.
Caiação:
Em construções rurais, é a pintura mais indicada para as paredes por ser mais econômica, de fácil execução, e ser
desinfetante;
Quando é necessária maior proteção contra a infiltração de água da chuva adicionam-se à cal produtos
impermeabilizantes sintéticos.
Óleo:
Utilizado em esquadrias de madeira ou de ferro.
CONCLUSÃO
Deve-se estar atento ao projeto da obra a fim de evitar erros, e serviços de má qualidade;
Os materiais utilizados devem apresentar boa qualidade e preços acessíveis, para que o investimento da estrutura possa
ser resgatado o mais breve possível;
Utilizar sempre mão de obra com conhecimentos e experiência, de preferência que resida próximo ao local da obra,
evitando maiores custos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEITE, M. A.; JÚNIOR, M. J. A. F. APOSTILA DE CONSTRUÇÕES E INSTALAÇÕES RURAIS.


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”. Ilha Solteira – SP. 2013.

SOUZA, J. L. M de. MANUAL DE CONSTRUÇÕES RURAIS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. -3ª


EDIÇÃO. Curitiba – PR. 1997.

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