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Liliane Flávia Guimarães da Silva

INSTITUTO FEDERAL
TOCANTINS | Campus Palmas

Palmas, agosto de 2021.


_______________________________________________________________
S586r Silva, Liliane Flávia Guimarães da
Representação do projeto arquitetônico/ Liliane Flávia
Guimarães da Silva. – Palmas, TO, 2021.
34 f. : il. color.

Apostila (Curso de Bacharelado em Engenharia Civil) – Instituto


Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins, Campus
Palmas, Palmas, TO, 2021.

1. Arquitetura. 2. Desenho Técnico. 3. Normas desenho. I. Silva,


Liliane Flávia Guimarães da. II. Título.

CDD 624
_______________________________________________________________
A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, deste documento é
autorizada para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO

1 Introdução................................................................................................... 2
2 Formatos da Série ISO-A ........................................................................... 4
2.1 Formatos estendidos ............................................................................. 6
2.2 Dobramento de cópia ............................................................................ 7
3 Escalas ........................................................................................................ 9
4 Representação de projetos de arquitetura ............................................ 11
4.1 Planta de Situação .............................................................................. 12
4.2 Planta de Locação e Cobertura ........................................................... 13
4.3 Plantas de pavimento (Planta Baixa) ................................................... 15
4.4 Cortes .................................................................................................. 18
4.5 Fachadas ............................................................................................. 26
4.6 Exigências da PMP para projetos de até dois pavimentos .................. 27
5 Principais convenções de representação gráfica do Desenho
Arquitetônico .................................................................................................. 28
5.1 Tipos de linhas .................................................................................... 28
5.2 Tipos de letras e números ................................................................... 29
5.3 Cotas ................................................................................................... 30
5.4 Títulos dos desenhos .......................................................................... 31
5.5 Marcações de Cortes........................................................................... 31
5.6 Designação de esquadrias .................................................................. 32
5.7 Símbolos.............................................................................................. 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, NORMAS CONSULTADAS,
CANCELADAS E SUBSTITUÍDAS .................................................................. 34
1 Introdução

Há vários tipos de desenho. O desenho artístico, por exemplo, difere do


desenho técnico, pois nesse último, quase tudo possui uma norma ou uma
convenção. Um dos objetivos do desenho técnico é a representação da forma e
dimensão de objetos, de acordo com as diferentes necessidades requeridas
pelas diversas áreas técnicas, composto pela projeção dos mesmos e pelas
informações complementares, utilizando desenhos não projetivos.
As projeções do objeto guardam uma proporção entre o desenho e o
objeto em si. São os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou
mais planos de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às
perspectivas:

a) vistas ortográficas

Figura 1 – Exemplo de projeção de sólidos

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Figura 2 – Exemplo de projeção de edificações

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


b) perspectivas

Figura 3 – Exemplo de perspectiva isométrica e cônica de edificações


ISOMÉTRICA CÔNICA

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Os desenhos projetivos são subordinados à correspondência, por meio de


projeção. Com exceção da perspectiva cônica, os desenhos projetivos têm uma
escala, que representa a proporção entre a dimensão real do objeto e a
dimensão representada no desenho, como será visto adiante, na seção 3.
Já as informações complementares não são subordinadas à
correspondência entre as figuras e o que é por ela representado. Compreendem
larga variedade de representações gráficas, tais como: diagramas; ábacos;
nomogramas; fluxogramas; organogramas; gráficos; tabelas; cotas; indicações;
textos; quadros; entre outros. Elas são utilizadas nos projetos na área da
construção civil para complementar as informações sobre o objeto real. Não
possuem escala, pois não tem uma relação com um objeto real (ver Figura 4).

Figura 4 – Exemplos de informações complementares dos desenhos

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

É importante ressaltar que o desenho técnico é representado na cor preta,


segundo a NBR 10067 (ABNT, 1995), no entanto, algumas cores podem ser
utilizadas para melhor esclarecimento do desenho e caso necessário, devem ser
mencionadas em legenda. A exemplo, projeto de reforma, em que são indicadas
com cores amarelo e vermelho, paredes a demolir e a construir.
2 Formatos da Série ISO-A

Os desenhos devem ser executados em folhas de desenhos do formato


da série ISO-A, também chamadas popularmente de pranchas. Devem ser
desenhados no menor formato possível, desde que não prejudique a sua clareza.
Segundo a NBR 16752 (ABNT, 2020), O formato básico para desenhos
técnicos é o retângulo de área igual a 1 m² e de lados medindo 841mm x
1189mm, isto é, guardando entre si a mesma relação que existe entre o lado de
um quadrado e sua diagonal (ver Figura 5). Deste formato básico, designado por
A0 (pronuncia-se “A zero”), deriva-se a série ISO-A pela bipartição ou pela
duplicação sucessiva.

Figura 5 – Origem dos formatos da série ISO-A, formatos derivados e sua


semelhança geométrica

Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

Antes de tudo, os formatos precisam de uma margem, formando um


quadro interno, delimitando o espaço a ser utilizado para o carimbo e os
desenhos (semelhante a um quadro de arte, que possui uma moldura para
proteção da pintura na parte central). A margem esquerda possui dimensão
constante de 20mm, e serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento,
enquanto as margens direita, superior e inferior são de 10mm. O carimbo
(também conhecido como selo ou etiqueta) deve estar dentro do quadro para
desenho, de tal forma que contenha a identificação do mesmo. Deve estar
posicionado no canto inferior direito, seguindo o formato A4. Isso significa que o
carimbo deve ter 180mm de largura, com exceção do formato A2, devido à sua
forma específica de dobramento, e 287mm de altura, com exceção do formato
A3 e A4, que terão altura de 277mm, devido à margem superior (ver Tabela 1).

Tabela 1 – Formatos da série ISO-A, Largura das margens e do Carimbo


Formatos Dimensões Margens (mm) Carimbo
ISO-A A x L (mm) Esquerda Demais A x L (mm)
A0 841 x 1189 20 10 180 x 287
A1 594 x 841 20 10 180 x 287
A2 420 x 594 20 10 182 x 287
A3 297 x 420 20 10 180 x 277
A4 210 x 297 20 10 180 x 277
Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

Com exceção do A2, nos formatos da série ISO-A, o Carimbo fica com
190mm de largura e 297mm de altura dos limites do papel (o A2 fica com 192mm
de largura), o que, no dobramento, somado à margem esquerda de 20mm, será
equivalente ao formato A4 (ver seção 2.2). As informações complementares
(Descrição da revisão, Convenções gráficas, Notas gerais, Legenda de símbolos
etc.) devem estar localizadas preferencialmente acima do carimbo, quando for
possível, conforme Figura 6, a seguir:

Figura 6 – Margens e Quadros dos Formatos da Série ISO-A, Disposição do


Espaço para os desenhos, Carimbos e Informações complementares

Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

A NBR 16752 (2020) apresenta também no layout da folha, um sistema


de referência por malha, divididas em campos compreendidos nas margens
adjacentes ao quadro, por meio de coordenadas alfanuméricas, a partir do eixo
de simetria da folha, com 5mm de largura e 50mm de comprimento.
A Figura 7, a seguir, exemplifica um modelo de Carimbo. Não há um
modelo padrão, mas algumas informações mínimas são necessárias para o
Carimbo, podendo ser acrescentadas outras, de acordo com as exigências dos
órgãos de controle. No entanto, de acordo com a NBR 6492 (2021), as
informações mínimas no carimbo são:
a) Identificação da empresa, Identificação do cliente, nome do projeto ou
empreendimento;
b) Título do projeto e Indicação sequencial do mesmo;
c) Autoria do desenho e do projeto, assim como responsável(is)
técnico(s);
d) Escala(s), Local, Data;
e) Indicação da(s) Revisão(ões).

De acordo com o código de obras da Prefeitura Municipal de Palmas


(PMP), estabelecido na Lei Complementar nº 305 (2014), o carimbo deve conter:
a) Natureza e local da obra;
b) Área do terreno, área ocupada pela construção e área total da
construção;
c) Proprietário, Autor do projeto e responsável técnico pela execução;
d) Indicação dos desenhos (com as respectivas escalas), contidos em
cada folha de projeto.

Figura 7 – Exemplo de Carimbo

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

2.1 Formatos estendidos


Quando necessário, é possível também utilizar formatos estendidos,
obtidos pela combinação das dimensões do lado menor de um formato com o
lado mais longo de outro formato maior da série ISO-A.
As Margens, o Carimbo e demais requisitos dos formatos estendidos
seguem o padrão do respectivo formato de origem. Por exemplo, o formato A2.0,
segue o dobramento vertical da folha A2 e o dobramento horizontal da folha A0.
A origem dos formatos estendidos, assim como sua dimensão, a dimensão das
margens e do carimbo podem ser vistos na Figura 8 e Tabela 2, a seguir:

Figura 8 – Origem dos formatos estendidos

Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

Tabela 2 – Formatos estendidos série ISO-A, Largura das margens e do


Carimbo
Formatos Dimensões Margem (mm) Carimbo
Estendidos A x L (mm) Esquerda Demais A x L (mm)
A1.0 594 x 1189 20 10 180 x 287
A2.0 420 x 1189 20 10 180 x 287
A2.1 420 x 841 20 10 180 x 287
A3.0 297 x 1189 20 10 180 x 277
A3.1 297 x 841 20 10 180 x 277
A3.2 297 x 594 20 10 182 x 277
Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

2.2 Dobramento de cópia


Para arquivamento, as folhas de desenho devem ser dobradas. O objetivo
do dobramento é obter o formato final A4, com margem para perfuração em
pastas classificadoras do tipo trilho ou para serem encadernadas. Devem iniciar
do lado direito e verticalmente a partir do Carimbo. As dobras verticais são
realizadas primeiro, e, posteriormente, as horizontais, conforme Figura 9, a
seguir. As folhas devem ser dobradas levando em conta a fixação por meio da
margem esquerda, de modo a deixar visível o Carimbo e a possibilitar o
desdobramento mesmo com a folha fixa à pasta ou encadernação.
Uma vez efetuado o dobramento no sentido da largura, a folha deve ser
dobrada segundo a altura, em dobras horizontais de 297 mm. A fim de facilitar o
dobramento, recomenda-se assinalar, nas margens, as posições das dobras.
Quando as folhas de formatos A0, A1 e A2 tiverem de ser perfuradas, para
arquivamento, deve ser realizada uma dobra para trás no canto superior
esquerdo, com 105mm de largura, de acordo com as indicações da Figura 9.

Figura 9 – Dobramento de diversos formatos da série ISO-A

Fonte: NBR 16752 (ABNT, 2020), adaptado pela autora (2021).

O dobramento dos formatos estendidos deve ser realizado de acordo com


o formato de origem, conforme exemplo da Figura 10.
Figura 10 – Exemplo de dobramento do formato estendido A3.1

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

3 Escalas

Escala é uma relação entre o desenho e o tamanho real do objeto que se


está representando. A escala numérica é expressa em forma de fração, para
facilitar o entendimento entre eles (o tamanho real e o desenho).

𝑑 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝒅𝑒𝑠𝑒𝑛ℎ𝑜
𝐸= → 𝐸=
𝑅 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑹𝑒𝑎𝑙
Onde: E → Escala
d → dimensão do desenho
R → dimensão Real
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A escala pode ser de redução (quando a dimensão do desenho é menor


que a dimensão real), ampliação (quando a dimensão do desenho é maior que
a dimensão real) ou natural (quando a dimensão do desenho é igual à dimensão
real), como nos exemplos da Figura 11.

Figura 11 – Exemplos de Escalas Natural, de Ampliação e de Redução

1 OBJETO REAL DESENHO

𝐸𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 =
1
2 OBJETO REAL DESENHO AMPLIADO

𝐸𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑎çã𝑜 =
1
1 OBJETO REAL DESENHO REDUZIDO

𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =
2
Fonte: Elaborado pela autora (2021).
Pode ser expresso como 1/50 ou 1:50, e se lê “um por cinquenta”. A
escala numérica é sempre expressa em forma de fração. Não se deve efetuar a
divisão da escala na redução. Por exemplo, na escala de redução 1:20, a divisão
corresponderia ao número 0,05, mas dessa forma, fica difícil deduzir quantas
vezes o objeto foi reduzido.
É importante salientar que apenas os desenhos projetivos possuem uma
escala de redução ou ampliação, pois representam um objeto real. Os desenhos
não projetivos sempre são desenhados na escala natural. Por exemplo, quando
se descreve que o formato A4 possui 297 x 210 mm, não faz sentido especificar
“em que escala”, pois esta é sua dimensão “natural” ou “real”.
No desenho arquitetônico, as escalas recomendadas dependem do
desenho que está sendo representado, e estão descritas nas orientações gerais
para a representação de projetos de arquitetura (seção 4). É importante sempre
indicar a escala do desenho que está sendo representado junto ao título do
desenho (ver seção 5.4), ou, devem ser indicados por escala gráfica, que é
composta por uma régua que indica a dimensão padrão do desenho. As escalas
gráficas podem ser feitas de várias formas, mas geralmente apresentam
retângulos preenchidos de forma alternada, uma subdivisão inicial menor (5 ou
10 partes), e é obrigatória a indicação da unidade (metros, quilômetros etc.),
conforme Figura 12, a seguir:

Figura 12 – Exemplos de escala gráfica

Fonte: NBR 6492 (ABNT, 2021).

As escalas gráficas são muito utilizadas em mapas e desenhos


cartográficos, mas são úteis na construção civil quando são realizadas cópias
dos desenhos, para não perder a precisão na sua reprodução, como também em
trabalhos acadêmicos (monografias, dissertações e teses) ou publicações
(artigos em jornal, revistas etc.), quando é necessário inserir desenhos no corpo
do texto.
Com o uso de softwares como SketchUp, AutoCAD e Revit, a
preocupação do projetista com a escala do desenho tem mais relação com o
nível de detalhamento e com informações complementares na hora da
impressão. No SketchUp e Revit, as dimensões de textos e outras informações
complementares já são adaptadas, mas no AutoCAD, dependendo da forma de
impressão, pode ser necessário fazer ajustes. Portanto, é preciso ficar atento ao
que se deseja representar e às dimensões apropriadas das informações
complementares (cotas, textos etc.).
Após a impressão, são utilizados escalímetros para medição dos
desenhos. Os escalímetros mais comuns apresentam as escalas 1:20, 1:25,
1:50, 1:75, 1:100 e 1:125 (há também escalímetros que apresentam escalas
menores, como 1:500, 1:250, e algumas até incomuns, como 1:300, 1:1500 ou
1:33⅓). No entanto, é preferível utilizar as escalas mais usuais descritas na NBR
6492 (ABNT, 2021) e seus múltiplos1: 1:1, 1:2; 1:5; 1:10; 1:20; 1:25; 1:50; 1:100;

1
Os múltiplos das escalas a que o texto se refere são os múltiplos por 10. Por exemplo, a escala 1:5 tem
como múltiplos as escalas 1:50, 1:500, 1:5000, e assim por diante.
1:200; 1:250, 1:500, 1:1000 e 1:2000. Os escalímetros existentes no sistema ISO
são baseados em metro, ou seja, a indicação “1” no escalímetro na escala 1:50,
representa “1 metro” nesta escala. Como escalas de redução, alguns
escalímetros indicam as escalas apenas por seu denominador, ou seja, a escala
1:50 é indicada apenas com o denominador 50.
Além disso, também é possível utilizar a escala e seus múltiplos e
submúltiplos. Por exemplo, na escala 1:50, o número 1 representa 1 metro do
objeto real, mas se for considerada a representação da escala 1:500, basta
multiplicar tanto o denominador da escala quanto a indicação de 1 metro por 10.
Dessa forma, ao converter para a escala 1:500, a indicação 1 equivalerá a 10
metros do objeto real. Da mesma forma, para representar a escala 1:5, basta
dividir o tanto o denominador da escala quanto a indicação de 1 metro por 10,
ou seja, ao converter para a escala 1:5, a indicação 1 equivalerá a 0,1 metros do
objeto real (ou 10cm). A Figura 13, a seguir, exemplifica a utilização do
escalímetro, assim como seus múltiplos e submúltiplos.

Figura 13 – Utilização do escalímetro

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

4 Representação de projetos de arquitetura

Para compreensão do projeto de arquitetura por parte de todos os agentes


envolvidos, é necessário que se estabeleçam regras para a documentação
escrita e gráfica de tais projetos, reunindo o conteúdo mínimo de informações a
serem registradas. Para isso, a representação de um projeto arquitetônico inclui
mais que as projeções nos diedros, como no desenho técnico geral, mas também
textos, desenhos, imagens e outras formas de documentação. Ou seja, são
utilizados vistas, cortes, desenhos em nível urbano, detalhes etc., com
convenções específicas, como será visto na seção 5.
A NBR 6492 (2021) estabelece toda a documentação técnica para
projetos arquitetônicos e urbanísticos, dependendo do nível do projeto, do
levantamento ao projeto executivo arquitetônico. Para o projeto de licenciamento
(PL-ARQ), dentre eles o projeto legal para aprovação na prefeitura, a referida
norma não estabelece os documentos necessários, pois variam em cada região
e devem atender à legislação vigente. Por isso, aqui tem-se como base o que é
exigido na Prefeitura Municipal de Palmas (PMP), em seu código de obras
(Palmas, 2014). Neste documento, o projeto de arquitetura deve ter, no mínimo,
os seguintes desenhos:

 Planta de situação do terreno na quadra


 Planta de locação da edificação no terreno
 Planta de cobertura
 Planta de cada pavimento
 Cortes longitudinais e transversais
 Elevações que deem para o(s) logradouro(s)

No entanto, para obras de até dois pavimentos, a PMP estabeleceu no


Decreto 1618 (Palmas, 2018), a apresentação de um projeto simplificado com
prancha única, que será apresentado na seção 4.6. O projeto arquitetônico
completo, de acordo com o código de obras, é apresentado apenas na
solicitação do Atestado técnico de conclusão de edificação.
No projeto arquitetônico, os desenhos de vistas superiores são chamados
de plantas, podendo ser vistas diretas da edificação, vistas de parte da
edificação, ou vistas superiores da edificação em corte. Segundo Albernaz e
Lima (2003), planta é o desenho que representa a projeção horizontal de um
elemento da construção, de uma edificação, de um terreno ou de uma área, e
recebe denominações especiais de acordo com o que representa. Segundo a
NBR 6492 (ABNT, 2021), planta é uma vista superior em projeção ortogonal da
edificação ou outro objeto, em uma determinada altura. Como exemplo, Planta
de Situação, Planta de Locação e Planta de Cobertura, que são vistas superiores
(vistos de cima), e a Planta de cada pavimento, que é uma vista superior da
edificação com corte horizontal. Todas as plantas devem ter a indicação do
Norte.
Os cortes são os cortes verticais da edificação, e as elevações (ou
fachadas), são as vistas verticais do edifício. O corte apresenta a mesma
definição na NBR 6492 (ABNT, 2021), descrito como a representação gráfica
realizada a partir de um plano secante vertical que divide o edifício ou outro
objeto em duas partes, no sentido longitudinal ou no transversal. No entanto, a
norma apresenta um conceito diferente entre elevação e fachada. Segundo NBR
6492 (ABNT, 2021), elevações são a representação gráfica em projeção vertical
ortogonal de planos internos ou de elementos da edificação, enquanto fachadas
são a representação gráfica por meio da em projeção vertical ortogonal de cada
um dos lados planos externos de uma edificação. Tendo em vista esta distinção,
será utilizada aqui a denominação Fachada, pois no projeto arquitetônico são
representadas as vistas externas da edificação. Mais detalhes serão vistos nas
próximas seções, que descrevem cada um destes desenhos.

4.1 Planta de Situação


Segundo a NBR 6492 (ABNT, 2021), planta de situação é a planta com a
função de situar a área de intervenção no terreno em relação às áreas vizinhas
ou aos terrenos vizinhos que compõem a(s) quadra(s) e ao(s) logradouro(s) que
a limita(m).
A Planta de Situação (também conhecida como Planta de Localização)
comumente não tem a representação da edificação, mas do lote e sua disposição
urbana (Figura 14). Sua função é situar a área de intervenção do terreno em
relação às áreas vizinhas aos terrenos vizinhos que compõem a quadra e os
logradouros que a limitam.
Pode conter o terreno em destaque (pode ser hachurado) inserido na
quadra com as dimensões de área, largura e logradouro fronteiro. Deve conter
também a numeração de quadras e lotes, nome de ruas, orientação do Norte,
curvas de nível (se for o caso), título do desenho e escala utilizada. Segundo a
PMP (Palmas, 2014), a escala mínima é 1:1000.
Figura 14 – Exemplo de Planta de Situação

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

4.2 Planta de Locação e Cobertura


A Planta de Locação (também conhecida como Planta de Implantação)
indica a disposição da edificação no lote, enquanto a Planta de Cobertura (ou
Planta de Coberta) é a vista superior da edificação. Segundo a NBR 6492 (ABNT,
2021), planta de implantação é a planta que compreende a localização e as
dimensões da edificação, conjunto edificado ou espaços não edificados, e do
edifício isolado no lote ou na área de intervenção, indicando, em escala
compatível, as dimensões do terreno, recuos, projeção da(s) cobertura(s) e
áreas permeáveis e impermeáveis. Apesar de não apresentar o conceito de
planta de cobertura, a referida norma exige tal planta para Anteprojeto
arquitetônico (AP-ARQ) e Projeto executivo arquitetônico (PE-ARQ). Segundo
Albernaz e Lima (2003), Planta de cobertura é a planta que mostra o edifício visto
de cima, apresentando o contorno total da edificação, e seu objetivo é
caracterizar o telhado, indicando o modo como as águas da chuva serão
retiradas e conduzidas para o solo. Deve apresentar, portanto, as calhas, rufos
e demais elementos para escoamento das águas.
As duas Plantas, locação e coberta, podem ser representadas
concomitantemente, ou seja, em um só desenho, denominado Planta de
Locação e Cobertura (Figura 15). A Planta de Locação compreende não só a
localização e dimensões do conjunto edificado dentro do terreno, como também
de espaços não edificados e sua área de intervenção. Deve conter a edificação
em destaque (pode ser hachurada) inserida no terreno com identificação de
todas as dimensões (do terreno, dos recuos da edificação e dimensões totais da
mesma), calçada, nome de ruas, orientação do Norte, curvas de nível (se for o
caso), agenciamento (acesso, caminhos etc.), assim como áreas permeáveis e
impermeáveis, título do desenho e escala utilizada. Segundo a PMP (Palmas,
2014), a escala mínima é 1:200, e as mais usuais são 1:200 e 1:100.
A Planta de Cobertura deve conter não só a vista superior da edificação,
como a representação de todos os elementos da cobertura (cumeeiras, rufos,
calhas, indicação da inclinação e sentido da água da coberta, beirais,
platibandas, entre outros), e indicação da dimensão destes elementos. Os
elementos da cobertura devem ser identificados, assim como o tipo de coberta,
além de orientação do Norte, título do desenho e escala utilizada. Segundo a
PMP (Palmas, 2014), a escala mínima é 1:100, e as mais usuais são 1:50, 1:100
e 1:75.

Figura 15 – Exemplo de Planta de Locação, Planta de Locação e Coberta e


Planta de Coberta

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


4.3 Plantas de pavimento (Planta Baixa)
A Planta do Pavimento (Planta da edificação) também é uma vista
superior em projeção ortogonal da edificação, mas com um corte por um plano
secante horizontal. Segundo a NBR 6492 (ABNT, 2021), planta de pavimento é
a vista superior resultante de um plano secante horizontal, que corta a edificação
em uma determinada altura. Como a norma não especifica a altura, é
convencionado desenhar com o plano secante a 1,20 ou 1,50m de altura do piso
interno do edifício, podendo variar para cada projeto de maneira a representar
todos os elementos considerados necessários.
A Planta do pavimento também é conhecida como Planta baixa, no
entanto, esta denominação não é citada na NBR 6492 (ABNT, 2021), nem na
legislação local da PMP. Segundo Albernaz e Lima (2003), em seu dicionário da
arquitetura, Planta baixa é o desenho que representa a projeção horizontal da
edificação, traçado a partir de um corte horizontal feito um pouco acima da altura
do peitoril2 das janelas ou distando cerca de 1m do piso. É uma denominação
muito comum e é possível encontrar o termo “planta baixa” em diversos projetos,
revistas da área, sites específicos, até softwares que elaboram este desenho,
como o lucidchart3. Mas de onde surgiu o nome “planta baixa”? A enciclopédia
Wikipedia apresenta uma explicação bastante esclarecedora sobre esta origem:

Apesar de, em teoria, serem elementos diferentes da geometria


descritiva, costuma-se confundir os termos “planta” e “planta baixa”. Se
seguirmos a origem da adjetivação, as línguas que desenvolveram um
léxico especificamente relacionado à terminologia técnica em
arquitetura, apresentam termos próprios para a representação da
“planta do andar térreo”, como a mais importante das plantas, pois é a
planta de acesso. Isso acontece em francês (“rez-de-chausée”), em
inglês (“groundfloor”), em alemão (“grundriss”), mas é especialmente
em espanhol que se revela a firmeza, a robustez da denominação
“planta baja”, que não é confundida com a planta técnica de nenhum
outro andar. Assim, etimologicamente, somente deveríamos
denominar “planta baixa” à importante planta do acesso à edificação, e
não, genericamente, à planta de qualquer andar ou pavimento de uma
edificação. Nos demais pavimentos, recomenda-se utilizar apenas a
palavra “planta” e indicar o andar, pavimento, nível ou outra convenção
de diferenciação. No caso brasileiro, essa confusão é provavelmente
fundamentada na definição do plano horizontal de projeção da planta
de um determinado andar de uma edificação, como situado a
aproximadamente 1,20 metros do chão - por isso, seria uma “planta
baixa”, pela curiosa confusão gerada pela definição da projeção
genérica.4

Para então não suscitar mais dúvidas, será utilizada aqui apenas a
denominação Planta de pavimento. A sua construção é o equivalente a desenhar
a edificação, após a retirada da parte superior do corte pelo plano secante
horizontal, como demonstrado na Figura 16.

2
Peitoril é a parede que fica abaixo da janela.
3
Ver https://www.lucidchart.com/pages/pt/exemplos/planta-baixa-online
4
Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Planta_baixa
Figura 16 – Construção da Planta de pavimento (Planta baixa)

CORTE HORIZONTAL

1,20 a 1,50m
do piso
(Variável)

a) A planta começa com um corte horizontal b) A parte “de cima” é separada da


na edificação edificação
PARTE QUE SAI JANELA CORTADA
PAREDE CORTADA

PARTE QUE FICA

c) A parte superior é retirada d) Fica a parte inferior

e) Vista de cima em perspectiva f) Vista de cima em projeção


Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A Planta é a vista superior da parte inferior do corte pelo plano secante


horizontal, no entanto, a parte superior não é totalmente descartada. Muitos
elementos são representados com convenção específica, como traço e dois
pontos, como o beiral da cobertura. Além disso, existem outras convenções
específicas ao desenho arquitetônico, como as diferentes formas de representar
as paredes que foram cortadas, as janelas, o piso, entre outras, como pode ser
visto no exemplo da Figura 17. As paredes cortadas são destacadas com linha
contínua extralarga, ou larga quando for utilizada alguma hachura, pois são
consideradas elementos de importância, assim como a estrutura. Na seção 5,
estão descritas as principais convenções utilizadas em plantas, de acordo com
a NBR 6492 (ABNT, 2021).

Figura 17 – Exemplo de Planta de pavimento com as informações


complementares e as convenções do desenho arquitetônico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Algumas convenções são comuns, apesar de não especificadas em
norma. Por exemplo, é comum as portas de giro serem representadas abertas,
com indicação do giro, e as de correr serem fechadas, assim como as janelas.
As janelas altas (que não foram cortadas por estarem na parte superior), também
podem ser representadas com linhas tracejadas. É possível representá-las como
cortadas, caso o plano secante horizontal esteja acima do nível do peitoril. Por
exemplo, se a janela alta estiver a 1,60m de altura do piso, e o plano secante for
a 1,70m, a janela será representada normalmente. Em alguns softwares, como
o Revit, é possível estabelecer planos secantes diferentes por região da planta,
possibilitando representar as janelas altas, mesmo que o plano secante esteja
mais baixo.
A Planta do pavimento deve conter a edificação (sem o terreno), com
destaque para as paredes e a estrutura (utilizando linha contínua larga e/ou
hachura), esquadrias e suas dimensões, cotas de nível, projeção de cobertura,
dimensões (cotas) de área, largura e comprimento dos compartimentos da
edificação e dimensões totais da mesma, nomes (destinação) dos
compartimentos, indicação dos cortes verticais, das esquadrias, orientação do
Norte, título do desenho e escala utilizada. São representados ainda, o mobiliário
fixo da edificação, louça sanitária no banheiro, bancadas, tanque, e,
opcionalmente, indicação de cerâmica nos pisos de áreas molhadas (como
banheiro etc.). Há diversos outros elementos informativos (desenhos não
projetivos), como nomes, cotas, indicação de Cortes etc., como será visto
adiante na seção 5. Segundo a PMP (Palmas, 2014), a Escala mínima é 1:100,
mas é recomendado o uso da escala 1:50, para melhor visualização de
elementos construtivos.
Podem ser indicados o Quadro de esquadrias, com a dimensão e
especificações dos seus materiais, o Quadro de acabamentos e o Quadro de
áreas. Além disso, se a edificação tiver mais de um pavimento, devem ser
representadas as Plantas de cada um deles, com o título correspondente,
podendo distribuí-los na mesma folha de desenho ou em folhas diferentes.

4.4 Cortes
Para Albernaz e Lima (2003), corte é a representação gráfica de seção
vertical feita no edifício ou em parte da edificação, utilizada basicamente para
demonstrar pés-direitos5 e a altura dos elementos construtivos. Segundo os
autores, o plano vertical por onde passa o corte deve ser escolhido de forma a
representar o maior número de detalhes possíveis, e normalmente são
representados dois cortes no edifício, um transversal e um longitudinal6.
Segundo a NBR 6492 (ABNT, 2021), os cortes devem ser numerados, com o
número do desenho e da folha onde ele se encontra (ver seção 5.5), mas é
comum serem indicados com letras, como Corte AA, Corte BB, ou com letras
sequenciais, como Corte AB, Corte CD, etc. A Figura 18 demonstra como é a
construção de um Corte.

5
Existem pé-direito e pé-esquerdo na edificação. O primeiro é a altura do piso ao forro, e o segundo é a
altura do piso de um pavimento até o piso do pavimento seguinte.
6
Normalmente, esta denominação refere-se ao edifício, em seu sentido transversal, de uma lateral à outra,
e longitudinal, da frente para os fundos do terreno. No entanto, aqui descreve-se esta denominação ao
telhado, transversal à inclinação do telhado, e longitudinal como paralelo ao mesmo. É importante frisar
que esta denominação, transversal ou longitudinal, não precisa vir no título do desenho.
Figura 18 – Construção do Corte

a) Primeiramente, deve-se verificar em planta o lado do corte que deve ser


representado, a partir da seta indicativa do corte. Desconsiderar o outro lado

CORTE VERTICAL

b) O corte começa um corte vertical na c) As duas partes são separadas


edificação na posição definida em planta

OLHAR PARA O LADO INDICADO EM PLANTA

c) Deve-se visualizar o lado indicado em planta, que será representado como se o


observador estivesse de frente para ele.

e) Vista em perspectiva f) Vista em projeção


Fonte: Elaborado pela autora (2021).

É muito importante verificar o sentido do Corte, que é indicado na Planta


do pavimento com uma seta (triangular), pois todo o desenho do Corte depende
do lado da edificação que se escolheu para representar. Ao desenhar o lado
indicado, o outro lado da edificação é completamente descartado. No exemplo,
o lado escolhido mostra o quarto e a cozinha com as janelas e a pia da cozinha
cortadas, e as paredes ao fundo da casa, sem nenhuma esquadria (sem
nenhuma janela ou porta), exatamente como está representado no desenho do
Corte AA da Figura 19.
Figura 19 – Corte AA com as informações complementares e as convenções
do desenho arquitetônico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

O corte deve conter a numeração dos pavimentos (caso tenha mais de


um), a altura do pé-direito e de demais pontos da cobertura, as aberturas,
peitoris, e guarda-corpo com suas respectivas dimensões, cotas de nível da
edificação e do terreno quando for o caso, o título do desenho e a escala
utilizada. A escala deve ser a mesma utilizada na Planta do pavimento. A PMP
determina que no caso de existência de escadas e/ou rampas, estas deverão
constar pelo menos num dos cortes (PALMAS, 2014), assim como devem existir
cortes longitudinais e transversais, portanto, subentende-se que devem ser
representados no mínimo dois. A NBR 6492 (ABNT, 2021) determina que o Corte
deve representar também ambientes especiais, como áreas molhadas e oficinas.
Áreas molhadas são aquelas que possuem instalação sanitária, como banheiros,
cozinhas etc., e oficinas são aquelas que possuem instalações especiais.
Recomenda-se também que o corte represente a solução para a caixa d’água
da edificação.
Além disso, há outras convenções diferentes da Planta do pavimento,
como as portas, que são representadas fechadas (na Planta do pavimento,
portas de giro são representadas abertas). No exemplo dado, a porta da cozinha,
por estar fechada, não pode ser vista, e por isso não é representada. Além disso,
a NBR 6492 (ABNT, 2021) determina que nos Cortes só são permitidas cotas
verticais.
Se o Corte AA estivesse indicado no sentido contrário na Planta do
pavimento, ele estaria representando o outro lado, voltado para a bancada entre
a cozinha e a sala, e para a parede com a porta de entrada do quarto. Este
exemplo é demonstrado na Figura 20, com a construção do corte oposto ao
exemplo anterior, denominado Corte A’A’.
Figura 20 – Construção do Corte oposto ao exemplo anterior

OLHAR PARA O OUTRO LADO

a) Aqui será representado o lado oposto ao exemplo anterior

b) É interessante em planta, olhar para o corte do lado da seta. Facilitará a


visualização e o entendimento do corte. A planta pode ser rotacionada para isso.

c) Vista em perspectiva d) Vista em projeção


Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Dessa forma, o Corte A’A’ representado com as convenções na Figura 21,


apesar de semelhante ao corte anterior, mostra outros elementos, como a
bancada entre a cozinha e a sala, e a porta de entrada da casa. Observa-se que
as duas portas representadas parecem iguais, mas estão em planos diferentes
(pode ser percebido na vista em perspectiva). A porta do quarto é mais próxima
do corte que a porta da sala, no entanto, na projeção, não é possível identificar
esta profundidade.
Figura 21 – Corte A’A’ com as informações complementares e as convenções
do desenho arquitetônico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Os elementos cortados foram praticamente os mesmos, acrescentando


apenas a cota da bancada entre a cozinha e a sala. Além disso, como o Corte
foi transversal à cobertura, não houve diferença no telhado. Quando o corte é
longitudinal (paralelo) à cobertura, podem ocorrer diferenças. Como exemplo, a
Figura 22 apresenta a construção do Corte BB, longitudinal à cobertura.

Figura 22 – Construção do Corte longitudinal à cobertura


CORTE VERTICAL PAREDE CORTADA

a) Corte paralelo à cobertura b) As duas partes são separadas

OLHAR PARA O LADO INDICADO EM PLANTA

c) Deve-se visualizar o lado indicado em planta, que será representado como se o


observador estivesse de frente para ele.
a) Assim como no Corte A’A’, para melhor
visualização do corte, é importante rotacionar a
planta, como se o observador estivesse em
frente ao sentido do corte (indicado pela seta)

PARTE SUPERIOR DA COBERTURA

e) Vista em perspectiva

PARTE SUPERIOR DA COBERTURA

f) Vista em projeção
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

No Corte da Figura 22, o lado indicado na Planta do pavimento mostra a


varanda, a sala e a cozinha com a porta da sala cortada, sendo vistas as portas
da cozinha, o vão de acesso aos dois quartos e banheiro (sendo vista também a
porta do banheiro), como está representado no desenho do Corte da Figura 23.
Importante observar que, neste Corte, a parte superior da cobertura é
representada em vista.
Figura 23 – Corte BB com as informações complementares e as convenções
do desenho arquitetônico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Novamente, se o Corte estivesse indicado no sentido contrário na Planta


do pavimento, ele estaria representando as janelas da sala e da cozinha. Este
exemplo é demonstrado na Figura 24 (Corte B’B’). Neste caso, seria vista a parte
inferior da cobertura. Se o telhado fosse de madeira, poderia ser vista a parte
inferior do madeiramento. Além disso, este exemplo mostra um telhado simples,
com duas águas. O telhado pode ter muitas águas, pode não ter beiral, ter o uso
de platibandas, volume para caixa d’água etc., o que pode gerar vistas muito
distintas.

Figura 24 – Construção do Corte longitudinal oposto ao anterior

a) Novamente, para melhor visualização do


corte, é importante rotacionar a planta, como
se o observador estivesse em frente ao sentido
do corte (indicado pela seta)
OLHAR PARA O OUTRO LADO

b) Aqui será representado o lado oposto ao exemplo anterior


PARTE INFERIOR DA COBERTURA

c) Vista em perspectiva
PARTE INFERIOR DA COBERTURA

d) Vista em projeção
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

A Figura 25 apresenta o Corte B’B’ com as convenções do desenho


arquitetônico. Tanto neste, como no corte anterior, as cotas não dimensionaram
o telhado que foi cortado, pois o que importa para a sua construção são o ponto
mais baixo (pé-direito) e o ponto mais alto da cobertura.

Figura 25 – Corte B’B’ com as informações complementares e as convenções


do desenho arquitetônico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


4.5 Fachadas
Fachadas, são vistas frontais ou laterais em projeção ortogonal da
edificação, como indicado na Figura 26. Apesar da legislação da PMP (Palmas,
2014) exigir apenas as fachadas voltadas ao logradouro (no caso, pelo menos
uma fachada para lotes simples e duas fachadas para lotes de esquina, entre
outras configurações), a NBR 6492 (2021) recomenda que todas as fachadas
sejam representadas pelo projeto. Além disso, a mesma norma permite que os
cortes transversais e longitudinais sejam marcados nas fachadas.

Figura 26 – Construção de Fachadas

FACHADA LATERAL
FACHADA FRONTAL

a) Vista externa da edificação em perspectiva

b) Vista frontal c) Vista lateral


Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Normalmente, são indicadas pela sua posição em relação aos pontos


cardeais (Fachada Norte, Fachada Nordeste etc.), e não pela posição da vista.
Não possuem cotas, nem especificações de materiais. Possuem uma “linha de
terra”, uma linha que representa o terreno em que a edificação foi implantada
(ver Figura 27), apresentando a sua topografia quando irregular (esta linha não
é sempre horizontal, pois o terreno pode ter uma topografia acidentada). Deve
conter todos os elementos arquitetônicos e decorativos, o título do desenho e a
escala utilizada, normalmente igual à escala da Planta do pavimento.

Figura 27 – Exemplos de Fachadas

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


4.6 Exigências da PMP para projetos de até dois pavimentos
Para projetos de até dois pavimentos, a PMP em seu Decreto 1618
(Palmas, 2018), exige uma única prancha, contendo:
a) Área de construção existente no terreno;
b) Área de Intervenção;
c) Área a ser edificada;
d) Quadro de Estatística.
e) Planta de locação, contendo:
i. Orientação magnética verdadeira;
ii. Configuração geométrica do terreno (rumo e dimensões somente
para terreno não ortogonais;
iii. Delimitação da área permeável com cotas e especificação do tipo
de piso;
iv. Projeção da locação das vagas para autos e seu
dimensionamento;
v. Localização da construção devidamente cotada;
vi. Locação da entrada de veículos, bem como a cota de sua largura.
f) Gabarito para cálculo de áreas.
g) Declaração de Responsabilidade.

No anexo do referido decreto, a PMP estabelece o modelo de prancha a


ser apresentado, conforme Figura 28. Os desenhos exigidos são simplificações
das Plantas de Pavimento (no caso, apenas térreo e superior), de Locação e a
Planta de situação, por isso são diferentes do que foi descrito nas seções
anteriores.
A Planta de Situação praticamente não tem mudanças, mas pode ser
representada em escala menor: neste modelo a escala é 1:5000, enquanto no
código de obras a escala mínima é 1:1000. As Plantas do pavimento térreo e
superior, e de Locação, são apresentadas neste modelo na escala 1:175, mas
como não é uma escala usual, e não é recomendada na NBR 6492 (ABNT,
2021), recomenda-se utilizar uma das escalas usuais mais próximas, 1:200 ou
1:100. Importante salientar que a apresentação deste documento não exime o
profissional de apresentar o projeto arquitetônico na conclusão da obra, de
acordo com todas as normas técnicas e dispositivos legais em vigor no Município
de Palmas, conforme é exigido na declaração de responsabilidade.
As plantas de pavimento apresentam diversas hachuras com indicação
total de áreas de regularização, a construir, área verde e área existente. Não há
detalhes de compartimentos, paredes, esquadrias, etc., ou seja, não é uma
projeção a partir de um corte horizontal, apesar de guardar uma escala com o
desenho real. A Planta de locação é mais próxima da representação já
apresentada anteriormente, mas não apresenta o contorno total da edificação
hachurado, mas este contorno com as mesmas áreas especificadas na Planta
do pavimento (áreas de regularização, a construir, área verde e área existente),
mas também a indicação de acesso e guarda de veículos. Ambas as plantas (de
pavimentos e de locação) devem ser devidamente cotadas, e apresentar a
especificação de cada área.
Figura 28 – Modelo de prancha do Anexo II ao Decreto nº 1618

Fonte: Palmas (2018).

5 Principais convenções de representação gráfica do Desenho


Arquitetônico

A ABNT NBR 6492 (2021), apresenta diversas convenções específicas ao


desenho arquitetônico, relativas ao desenho não projetivo, como tipo de letras,
setas, e outas indicações, indicados a seguir.

5.1 Tipos de linhas


As linhas no Desenho Arquitetônico são padronizadas de acordo com sua
aplicação, conforme Tabela 3, a seguir. A espessura (largura) das linhas indicada
na tabela são apenas uma sugestão, pois há diversos grupos de espessuras
sugeridas na NBR 6492 (2021). Para mais aplicações, consultar a norma.

Tabela 3 – Descrição dos tipo de linhas e sugestões de espessuras (largura)


Aparência e
Denominação Aplicação
espessura
 Contornos visíveis de elementos de importância
Contínua
especial que foram cortados em planta, corte e
extralarga (1mm) seções, quando não são utilizadas hachuras
 Contornos visíveis de elementos de importância
especial que foram cortados em planta, corte e
Contínua larga seções, quando são utilizadas hachuras
(0,5mm)  Contornos de portas, janelas e detalhes que foram
cortados em planta, corte e seções
 Uso geral em contornos e arestas visíveis
Contínua estreita
(0,25mm)  Uso em convenções gerais
Contínua estreita
 Limites de desenhos interrompidos
com zigue-zague (0,25mm)
Tracejada estreita  Arestas não visíveis
(0,25mm)
Traço e ponto
 Linhas de simetrias
estreitos (0,25mm)
Traço e ponto  Linhas de extremidades na marcação dos planos
extralargos (1mm) de cortes
 Projeções de beiral de coberta
Traço dois pontos
 Projeções de pavimentos em balanço e marquises
estreitos (0,25mm)
 Projeções de elementos antes do plano de corte
Traço longo e
 Linhas de eixo
ponto estreitos (0,25mm)
Fonte: NBR 6492 (ABNT, 2021), adaptado pela autora (2021).

Os tipos de linhas podem ser utilizados conforme exemplificado na Figura


29, a seguir. Para mais detalhes, consultar a norma.

Figura 29 – Aplicação de tipos de linhas

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

5.2 Tipos de letras e números


Segundo a NBR 6492 (2021), os textos devem ser preferencialmente
compostos em CAIXA ALTA (maiúsculas), exceto nas unidades de medidas, em
ão devem ser inclinados (itálicos), exceto em idioma estrangeiro. A norma não
especifica o nome da fonte a ser utilizada, apenas que o tipo de fonte deve ser
SEM SERÍFAS (por exemplo, ARIAL). A aparência, altura e aplicação de letras
e algarismos podem adotar o sugerido na Tabela 4, a seguir. Importante ressaltar
que os textos devem ser escritos da direita para a esquerda, quando na
horizontal, e de cima para baixo, quando na vertical.

Tabela 4 – Aparência, altura e aplicação de letras e números


Aparência das letras e números
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ ÁÀÂÃ
0123456789 ! : # R$ % & * ( ) _ + - km m cm mm m² m³
Altura (mm) Corpo (pt) Aplicação
7,0 28 Título do Projeto / Prancha
5,0 20 Título do Desenho
3,0 a 3,5 12 a 14 Nome dos ambientes/ Informações gerais
2,0 a 2,5 8 a 10 Cotas/ Áreas
Fonte: NBR 6492 (ABNT, 2021), adaptado pela autora (2021).

5.3 Cotas
Nos desenhos técnicos, as dimensões são especificadas pela cota, que
são as linhas auxiliares que apontam para os objetos que estão sendo
dimensionados (“cotados”). A cota na realidade, é o número que expressa a
dimensão. O tamanho das cifras, afastamentos, os limites da linha de cota,
podem ser executados como indicado na Figura 30 (os limites podem ser
indicados por setas, pontos ou linha oblíqua a 45º).

Figura 30 – Elementos da cotagem linear

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

Segundo a NBR 6492 (2021), as linhas de cota devem estar


preferencialmente fora do desenho, a duplicação de cotas deve ser evitada, e,
como já citado anteriormente na seção 4.4, nos cortes, somente devem ser
marcadas cotas verticais. A norma especifica as cotas devem ser indicadas
utilizando-se o sistema métrico de medidas. É comum que as cotas de desenho
arquitetônico sejam indicadas em metros, sem necessidade de indicação da
unidade, por isso, em caso da necessidade de uso de unidades diferentes
(centímetros, milímetros etc.), recomenda-se que a unidade utilizada seja
indicada com uma observação no desenho ou no selo da prancha.
Além das cotas lineares, a NBR 6492 (2021) especifica as cotas de nível,
que indicam os diferentes níveis (alturas) do terreno e do interior das edificações.
São indicadas em Planta e em Cortes, com símbolos diferentes dependendo da
aplicação, conforme Figura 31.

Figura 31 – Indicação de Cotas de nível em Planta e em Corte

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

5.4 Títulos dos desenhos


A NBR 6492 (ABNT, 2021) determina que os desenhos devem ser
numerados de 1 até “n”, conforme sugerido na Figura 32, a seguir. Sugere-se
seguir a sequência escalar e de importância (Planta de Situação; Planta de
Locação; Planta de Coberta; Planta(s) do(s) pavimento(s); Cortes; Fachada(s);
Demais).

Figura 32 – Títulos dos desenhos

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

5.5 Marcações de Cortes


A marcação da linha de Corte deve ser indicada por suas extremidades,
sem necessidade de traçar linhas de uma extremidade a outra que atravesse
todo o desenho. As extremidades são indicadas com o símbolo indicado Figura
33, a seguir. A NBR 6492 (ABNT, 2021) determina que sejam indicados a
numeração do desenho e da folha em que o mesmo está inserido. Por exemplo,
o Corte AA é o desenho de número 5, mas está localizado na Prancha de número
3, portanto, a descrição será como indicado no primeiro exemplo da figura. No
entanto, esta representação pode ficar confusa, por isso, como comentado
anteriormente, também é comum indicar os cortes com letras e não números,
como Corte AA, Corte BB, ou Corte AB, Corte CD etc.
Figura 33 – Marcação de Cortes com números e com letras

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

5.6 Designação de esquadrias


Para designação das esquadrias, devem-se utilizar letras, para o tipo de
esquadria (P para portas e J para janelas) e números em sequência. Como
exemplo, para portas P1, P2, P3 até Pn, e para janelas J1, J2, J3 até Jn,
conforme a NBR 6492 (ABNT, 2021). Para indicar a dimensão de esquadrias, há
duas formas de indicação, direta ou indireta. A forma direta é indicar a dimensão
diretamente no desenho, com a largura x altura, e logo abaixo o peitoril, no caso
de janelas, como indicado na Figura 34. A forma indireta, utiliza apenas a
designação, e um quadro de esquadrias, localizado geralmente ao lado da Planta
do pavimento.

Figura 34 – Designação de Esquadrias

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

5.7 Símbolos
A NBR 6492 (ABNT, 2021) traz diversos outros símbolos diversos utilizados
nos desenhos arquitetônicos, como a orientação do Norte, dos acessos e de
inclinação de telhados, indicados nas figuras a seguir.

Figura 35 – Indicação do Norte

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).
Figura 36 – Indicação de chamadas, acessos e inclinação de telhados

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).

Figura 37 – Indicação do sentido de escadas e rampas

Fonte: Elaborado pela autora (2021), com convenções baseadas na NBR 6492 (2021).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, NORMAS CONSULTADAS,
CANCELADAS E SUBSTITUÍDAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:


Documentação técnica para projetos arquitetônicos e urbanísticos – Requisitos.
Rio de Janeiro, 2021. (Em vigor – atualizada)

_____. NBR 8196: Desenho técnico – Emprego de escalas. Rio de Janeiro,


1999. (Cancelada).

_____. NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas –


Larguras das linhas. Rio de Janeiro, 1984. (Cancelada. Substituída pela NBR
16861).

_____. NBR 10067: Princípios gerais de representação em desenho técnico.


Rio de Janeiro, 1995. (Em vigor).

_____. NBR 10068: Folha de desenho – Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro,


1987. (Cancelada. Substituída pela NBR 16752).

_____. NBR 10126: Cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1998. (Em
vigor).

_____. NBR 10582: Apresentação da folha para desenho técnico. Rio de


Janeiro, 1988. (Cancelada. Substituída pela NBR 16752).

_____. NBR 10647: Desenho técnico. Rio de Janeiro, 1989. (Cancelada).

_____. NBR 13142: Desenho técnico – Dobramento de cópia. Rio de Janeiro,


1999. (Cancelada).

_____. NBR 16752: Desenho Técnico – Requisitos para apresentação em


folhas de desenho. Rio de Janeiro, 2020. (Em vigor).

_____. NBR 16861: Desenho técnico – Requisitos para representação de


linhas e escrita. Rio de Janeiro, 2020. (Em vigor).

ALBERNAZ, Maria Paula; LIMA, Cecília Modesto. Dicionário ilustrado de


arquitetura. 3. ed. São Paulo: ProEditores, 2003.

PALMAS. Decreto n. 1618, de 14 de junho de 2018. Implanta e regulamenta


os procedimentos a serem adotados para solicitação de licenciamento visando
a concessão de alvará de projeto, alvará de execução e alvará de projeto e
execução, para obras de até dois pavimentos, por meio do Projeto de
Implantação de Edificação e Habite-se, e, do Atestado Técnico de Conclusão
de Edificação, no município de Palmas, e dá outras providências. Palmas, jun.
2018.

PALMAS. Lei Complementar n. 305, de 2 de outubro de 2014. Altera a Lei n.


31, de 7 de dezembro de 1989, que estabelece o Código municipal de obras.
Palmas, out. 2014.

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