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ENGENHARIA DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

CAPÍTULO I
Engenharia de Custos
“É a área da engenharia onde princípios, normas, critérios e experiência são
utilizados para resolução de problemas de estimativa de custos, avaliação
econômica, de planejamento e de gerência e controle de empreendimentos.”
(Dias, 2001)
Conceitos Básicos
Fases:

ANTES da DURANTE a
APÓS a construção:
construção: construção:
definição dos
PLANEJAMENTO CONTROLE
CUSTOS DE
(estimativa de (acompanhamento
MANUTENÇÃO
custos) dos custos)

Organizações que tratam da Engenharia de Custos:


 ICEC – International Cost Engineering Council (Conselho Internacional
de Engenharia de Custos)
 AACE – American Association of Cost Engineers (Associação
Americana de Engenheiros de Custos)
 IBEC – Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos

A importância da Engenharia de Custos:


 Possibilitar a correta elaboração do orçamento para construção do
empreendimento de construção civil;
 Possibilitar a apropriação dos custos de produção das obras;
 Criar uma base dados para a composição dos custos dos serviços;
 Possibilitar a otimização do tempo e dos recursos na elaboração dos
orçamentos das obras;

A diferença entre orçamentação e orçamento:


Orçamentação: é o processo técnico para se determinar o custo (e,
consequentemente, o preço de venda) de uma obra de engenharia civil.
Orçamento: é o produto da orçamentação, consistindo numa planilha que
envolve todos os custos de produção de uma obra.

Métodos para determinação dos custos de obras de construção civil:


Estimativa de Custos: cálculo expedito para determinação do nível de
investimento necessário para construir um empreendimento, baseado em
dados históricos e comparações com projetos similares.
Orçamento Preliminar: determinação dos custos com base em quantidades
levantadas em projetos (ou estimadas) e custos referenciais.
Orçamento Analítico: determinação dos custos com base em quantidades
levantadas em projetos e composições de custos específicos.

Confiabilidade do orçamento:
 Um orçamento de obra precisa apresentar um número confiável, uma
vez que será o balizador financeiro do empreendimento a ser construído.
 A confiabilidade se traduz em nível de precisão associado ao valor
apresentado pelo orçamento.
 Quanto mais preciso mais confiável o orçamento elaborado.

Níveis de precisão do orçamento:


 A precisão de um orçamento de obra é função do nível de informação
existente no momento da orçamentação.
O orçamentista:
Trata-se do profissional de engenharia de custos responsável pela elaboração
dos orçamentos e estimativas. Características:
 Bom conhecimento dos processos construtivos;
 Noções de legislação trabalhista e legislação tributária no setor da
construção civil;
 Conhecimento dos fatores de mercado da construção civil;
 Concentração nas atividades desenvolvidas;
 Focos nos detalhes;
 Agilidade nas tarefas, etc.

Etapas da orçamentação
 Estudo da Condicionantes
Elementos de entrada no processo:
 Compilação dos dados técnicos necessários
 Análise dos dados obtidos
 Visita ao local da obra

 Definição da estrutura básica do orçamento


Planilha de serviços e quantidades – PSQ:
 Listagem de todos os serviços que compõem a obra
 Definição das unidades de medida e critérios de medição dos serviços
 Levantamento de quantitativos de todos os serviços listados

 Composição dos custos


Cálculo dos custos unitários de cada serviço da PSQ:
 Seleção das composições de custos dos bancos de dados disponíveis
 Cotação de preços dos insumos
 Elaboração das composições de custos de serviços específicos
 Definição dos encargos sociais sobre a mão de obra
 Finalização do orçamento
Cálculo do preço de venda:
 Cálculo do BDI
 Cálculo dos preços unitários dos serviços
 Definição do preço de venda da obra

Condicionantes do Orçamento: análise dos projetos


 Os projetos e os documentos técnicos são os principais dados de
entrada da orçamentação
 Possibilitam o entendimento técnico do empreendimento e a definição
da lista de serviços e das respectivas quantidades de grande parte dos
itens do orçamento
 Os projetos são compostos de elementos gráficos e de documentos
escritos que sintetizam todos os elementos da construção
 Na orçamentação o ideal é que todos os projetos estejam finalizados e
completos.

Elementos gráficos:
 Plantas baixas, cortes, elevações, detalhes, planta cobertura, planta
localização, planta de locação, etc.
Documentos escritos:
 Memorial descritivo, ET – Especificações Técnicas, Termo de
Referência, etc.
OBS: O orçamentista precisa conhecer todos os detalhes dos projetos da obra.

Exemplos de projetos analisados e os serviços obtidos:


SERVIÇOS PROJETOS
Locação da obra Planta de locação
Escavação manual - sapata Fôrma das fundações
Ferragem da laje Estrutural da supraestrutura
Alvenaria de tijolo cerâmico furado Planta baixa – cortes
Telhamento com telha cerâmica Cobertura
Instalação de tubo PVC branco 100 mm Esgoto sanitário
Tomada 2P + T Universal Elétrico
Instalação ar condicionado Split 36.000 Btus Eletromecânico
Condicionantes do Orçamento: características próprias do
empreendimento

Na orçamentação devem ser identificados todos os itens geradores de custos e


que são próprios do empreendimento a ser construído.
O orçamentista deverá realizar uma visita ao local da obra para levantar, sob a
ótica orçamentária, todas as características da localidade onde a obra será
construída.

 Condições do terreno: vegetação, topografia visual, presença de áreas


alagadiças, presença de benfeitorias, etc.
 Condições da região: clima, disponibilidade de rede de energia elétrica,
condições das vias de acesso, exigências legais, etc.
 Condições do mercado local: existência de fornecedores, disponibilidade
de mão de obra, etc.

CAPÍTULO II

Definições de Orçamentos de Obras


Custo da obra:
É o somatório dos gastos com insumos necessário para produção da obra.
Ex:
 Custo com mão de obra, materiais e equipamentos empregados na
execução do empreendimento
Preço de venda:
É o custo da obra acrescido de despesas indiretas e do lucro da operação.

Custo Direto – CD:


É o custo relacionado aos insumos necessários à execução dos serviços da
obra.
Ex:
 Custo com mão de obra: pedreiro, servente, carpinteiro, etc.
 Custo com materiais empregados: tijolo, cimento, areia, cerâmica, etc.
 Custo com equipamentos utilizados: betoneira, retroescavadeira, etc.
Custo Indireto – CI:
É o custo relacionado aos elementos complementares para execução da obra e
que não estão associados aos serviços em si.
Ex:
 Custo com equipe adm. da obra: engenheiros, mestres, almoxarifes, etc.
 Custo com implantação do canteiro de obra: placa, escritórios, etc.
 Custo com manutenção do canteiro: material expediente, ferramentas,
EPI’s, etc.
 Custos acessórios: vale-transporte, alimentação, etc.

Despesas Indiretas – DI:


É a despesa com fatores relacionados à estrutura da empresa, aspectos de
mercado e tributos incidentes sobre a atividade da construção civil.
Ex:
 Despesas com a manutenção do escritório da empresa.
 Despesas decorrentes de fatores de risco e comercialização do
empreendimento.
 Despesas com os tributos.

CD=∑ custos dos insumos CD=custo direto

CO=CD +CI CO=custo da obra


CI =custo indireto

PV = preço venda da obra


PV ¿ CO+ DI + L DI =despesaindireta
L=lucro

Composição de Custo Unitário - CCU


É a fração de custo para a produção de uma unidade do serviço.

Ex: custo para 1 m² de alvenaria, custo para 1 m³ de concreto, etc.


Os custos de produção na construção civil envolvem os seguintes insumos:
 Mão de obra: pedreiro, servente, carpinteiro, pintor, etc.
 Material: cimento, areia, piso cerâmico, tinta, porta de madeira, etc.
 Equipamentos: betoneira, vibrador de imersão, etc.

Os custos unitários devem levar em consideração as características de cada


obra a ser executada, além de serem elaborados com preços que reflitam a
realidade do mercado.

Dados necessários para a composição dos custos unitários:


 Características do serviço
 Unidade de medição do serviço
 Quantidade de cada insumo para a produção de uma unidade do serviço
 Preços dos insumos

Custos de mão de obra:


A mão de obra é um custo que representa em média 40% do custo de um
serviço de obra predial.
 A construção civil utiliza mão de obra intensiva
O custo de mão de obra depende do coeficiente de consumo de cada
profissional envolvido na execução do serviço.
Na determinação do custo de mão de obra dois conceitos são importantes:

PRODUTIVIDADE = quantidade de serviço/tempo (em horas)


Ex: 1 m²/h; 0,8 m³/h; 5 m/h, etc.
RAZÃO UNITÁRIA DE PRODUÇÃO (RUP) = quantidade de horas/unidade de
serviço.
Ex: 0,25 h/m²; 1,1h/m³; 0,09 h/kg, etc.

Custos de materiais:
Os materiais empregados representam em média 55% do custo de um serviço
de obra predial.
A construção civil utiliza uma infinidade de materiais na excução de uma obra,
sendo necessário se conhecer os materiais e suas quantidades empregados
em cada serviço.
Nos custos com materiais existem perdas e, para alguns serviços,
reaproveitamento de material.

Custos de equipamentos:
A utilização de equipamentos na construção civil (sob a ótica do custo) está
classificada em dois grupos:
 Equipamentos de construção predial
Ex: betoneira, vibrador, compactador “sapo”, serra policorte para piso, etc.
 Equipamentos de construção pesada
Ex: motoniveladora, caminhão basculante, rolo pé-de-carneiro, etc.

Os equipamentos têm seus custos definidos em horas de utilização (custo


horário).
Na composição de custo do serviço os equipamentos são apropriados por hora
consumida para a realização do trabalho, sendo esse tempo multiplicado pelo
custo horário.

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