Universidade Estadual de Londrina

Jornalismo
1ºano matutino
Elise Santos Ricci e Kleiton Silva santos
Londrina – PR
21/03/2023

Introdução

De 1946 a 1964 o Brasil teve sua quarta República ou a República populista,

que foi uma era democrática. Esse período se iniciou em 46 com a posse de Eurico
Gaspar Dutra, e teve seu fim em 64, quando começou o golpe da ditadura militar.
Durante a República Populista, a política desenvolvimentista do Brasil foi
acompanhada pela prevalência de intensas tensões políticas. Os presidentes que
marcaram essa era foram: Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Juscelino Kubitschek,
Jânio Quadro e João Goulart.
A República populista foi marcada pela volta do pluripartidarismo (múltiplos
partidos políticos), que havia sido proibido pelo Estado Novo. O até então presidente
Getúlio Vargas fizera isso em seus últimos meses de governo, entre outras reformas
com a tentativa de se manter no poder, já que ele estava sendo pressionado para
renunciar. Após o Ato Adicional, os partidos políticos puderam retornar. Os que
tinham mais força eram: União Democrática Nacional (UDN); Partido Social
Democrático (PSD); Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

União Democrática Nacional (UDN)

A UDN foi fundada em 7 de abril de 1945, um partido de direita opositor a

Vargas e suas políticas. Ela era defensora do liberalismo e do intervencionismo. Sua
frente política era formada principalmente pela elite. Faziam parte:
As oligarquias que experimentaram um declínio em seu poder e influência durante a
Revolução de 30;
Indivíduos que já apoiaram Getúlio, mas depois foram afastados de seus cargos de
autoridade;
Grupos de orientação liberal com filiação regional;
Grupos de esquerda que pretendiam se opor ao governo Vargas.
Uma das principais lideranças da UDN foi Carlos Lacerda, que fundou o
Jornal Tribuna da Imprensa em 27 de dezembro de 1949, como plataforma de
manifestação de oposição a Vargas e promoção de propostas udenistas. O jornal
ganhou notoriedade devido à retórica inflamada de Lacerda e influenciou o debate
crítico sobre o governo nacionalista. Vale ressaltar que UDN teve algumas atitudes
antidemocráticas em determinados contextos históricos, como contestar as eleições
de 1950 e 1955 depois que seus candidatos não venceram, opondo-se à posse
constitucional do eleito vice-presidente João Goulart durante a renúncia de Jânio
Quadros e desempenhando um papel significativo no golpe de Estado de 1964,
estabelecendo o autoritarismo no Brasil.
Este partido é bem contraditório, visto que suas teses iam de liberais até
autoritárias, progressistas e conservadoras. A UDN foi favorável ao monopólio
estatal do petróleo na década de 50, porém, contrária à cassação dos mandatos dos
parlamentares dos partidos comunistas, entre outras coisas.

Partido Social Democrático (PSD)

Fundado em 17 de julho de 1945, o PSD foi um partido político de âmbito

nacional criado pelos antigos interventores nomeados por Getúlio Vargas durante o
Estado Novo e ideologicamente se posicionava como um partido de centro. O PSD
foi um partido que contemplou os representantes da nova elite política forjada pelo
Estado Novo.
Politicamente, embora tenha feito algumas alianças com a União Democrática
Nacional (UDN) - que se tornaria sua tradicional rival -, seu principal aliado foi o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Junto com o PTB, o PSD representava os
Nacionalistas - grupo que defendia a ampliação da participação do estado dos
direitos trabalhistas na economia.
Sob a liderança dos interventores, o PSD começou a se organizar nos
estados reunidos pelas seguintes frentes:
Prefeitos (indicados pelo Interventores);
Membros dos órgãos executivos estaduais;
Poderes de apoio ao governo (proprietários e industriais, comerciantes e
funcionários públicos);
Além de se beneficiarem do coronelismo para garantir votos nas áreas rurais.
O PSD elegeu dois presidentes (Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek).
O governo de Eurico Gaspar Dutra, que durou de 1946 a 1951, caracterizou-se pela
aliança com os Estados Unidos na Guerra Fria, pela contínua perseguição aos
comunistas e pela proibição do jogo. Sua economia foi inicialmente baseada no
liberalismo, porém, logo após o fracasso desse modelo, passou a ser centralizada.
Por outro lado, o governo de Juscelino Kubitschek, que durou de 1956 a
1961, caracterizou-se pela ênfase em projetos de desenvolvimento econômico por
meio de ações voltadas para a industrialização e investimentos em infraestrutura.
Diante disso, o padrão de vida e o poder aquisitivo da classe média melhoraram,
contudo isso foi acompanhado por um aumento substancial da desigualdade social.
O governo de Juscelino também se destaca pela criação do Plano de Metas e um
modelo econômico baseado no desenvolvimentismo. Como vários outros partidos
políticos, o PSD foi dissolvido em 27 de outubro de 1965 pela ditadura militar por
meio do Ato Institucional nº 2 (AI-2).

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)

Fundado em 15 de maio de 1945 pelo ex-presidente do Brasil Getúlio Vargas,

o PTB foi um partido que abrigou os sindicalistas e a burocracia do ministério do
trabalho. Ideologicamente o PTB se identificava dentro do espectro político como
centro-esquerda. O partido era defensor do trabalhismo getulismo, do nacionalismo
e do desenvolvimentismo. Seu principal aliado foi o PSD.
O PTB teve em seu partido dois presidentes da república – além dos que
vieram como aliados do PSD – foram eles Getúlio Vargas e João Goulart.
O governo Vargas dentro do PTD - ou como é conhecido - o Segundo
governo Vargas durou de 1951 a 1954 e se caracterizou por uma política econômica
que priorizava o nacional-desenvolvimentismo, que, aliás, elevou o custo de vida da
população. Além disso, o governo Vargas também foi caracterizado por uma crise
política contínua e tensões sociais causadas pela crise política e econômica do país.
Em 24 de agosto de 1954, devido à pressão da crise do governo sobre Getúlio
Vargas, o ex-presidente se suicidou.
Visto pela oposição como um herdeiro da Era Vargas, o governo de João
Goulart iniciou-se em 7 de setembro de 1961 e estendeu-se até 2 de abril de 1964.
O governo funcionou de forma parlamentarista de setembro de 1961 a janeiro de
1963 e presidencialista de janeiro de 1963 a abril de 1964 e foi marcado pela
polarização social, pela radicalização e pela instabilidade política. Durante o seu
governo, foram feitas tentativas de reformas de base conduzidas por ele, dentre elas
estavam:
● Reforma bancária;
● Reforma tributária;
● Reforma administrativa;
● Reforma universitária;
● Reforma eleitoral;
● Reforma urbana;
● Reforma agrária;

As reformas reuniam propostas de alteração estrutural em pontos chave para

a sociedade e a economia e tinham como objetivo reestruturar as instituições
políticas, jurídicas e econômicas.
Apesar de bem elaborado por Jango, as reformas não agravam às elites e
muito menos a direita, através dela o Partido Comunista seria colocado novamente
em pauta e analfabetos, representavam 60% da população, poderiam passar a
votar. Diante disso um golpe militar passou a ser elaborado contra Jango e em 1 de
abril ele foi deposto, dando início à ditadura militar.

Partido Comunista do Brasil (PCB) ☭

Desativado em meados de 1934 por conta da constante perseguição política

e refundado em 1943, o Partido Comunista do Brasil (PCB) foi um partido político
brasileiro que era diretamente ligado às ideologias e aos princípios do marxismo-
leninismo, do comunismo e do socialismo.
Além de ter sido o primeiro partido declaradamente de extrema-esquerda, o
mesmo também era conhecido como “O Partidão”. Historicamente o PCB também é
conhecido por uma constante repressão sistemática.
Visualmente, o PCB carregava uma bandeira branca e vermelha com um
martelo e uma foice entrelaçados, a foice simboliza a força dos camponeses e o
martelo representava os trabalhadores industriais. A bandeira do comunismo
segue até os tempos atuais carregando a foice e o martelo, porém, carrega com
maior destaque ao vermelho - a qual simboliza o sangue da martirização da classe
operária.

Considerações finais.

A quarta república, seguida do golpe militar, foi um período de muitas

mudanças no governo brasileiro. A história da política brasileira sempre foi muito
conturbada, com figuras autoritárias. O Brasil foi moldado em cima de golpes e
corrupção, e isso reflete até os dias atuais. Podemos perceber a contraditoriedade
dentro dos próprios partidos, como por exemplo, a UDN. Isso deixa como herança
ao nosso país uma política fraca e controversa.
Os brasileiros em geral não se importam com a política de fato, estão mais
preocupados em atacar os extremos (esquerda e direita), dessa forma deixando de
lado o real significado de política e democracia, pois independente do seu
posicionamento, o que importa são ideias que funcionem, e não a sua vertente.

Referências bibliográficas

SILVA, Daniel. REPÚBLICA POPULISTA (QUARTA REPÚBLICA). Disponivel em:

https://escolakids.uol.com.br/historia/republica-populista.htm
NEVES, Daniel. República Populista (Quarta República). Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-populista-1945-1964.htm
POUBEL, Mayara. União Democrática Nacional (UDN). Disponivel em:
https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/uniao-democratica-nacional-udn/
BENEVIDES, Maria Vitória. UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL (UDN). Disponível
em: https://www18.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/uniao-
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COSTA, C., DE SOUZA, A., & CARVALHO, L. (2007). As reformas de base e o
golpe de 64. Em Debate, (3), 1-9.
HIPPOLITO, Lúcia. De raposas e reformistas: o PSD e a experiência
democrática brasileira, 1945-1964. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985
LOPES, Mariana. Era Vargas. História do mundo. Disponível em:
<https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/era-vargas.htm>.
Acesso em: 20 Mar 2023

De Souza Correia Santos, A., Ribeiro Golambieski, B., Lemos Guarnieri, C., &
Ribeiro Studzinski, P. (2020). A Paradiplomacia do Partido Comunista Brasileiro
entre 1945 e 1964. Revista Perspectiva: Reflexões Sobre a temática Internacional.