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Democracia e Populismo

O populismo marcou a política no Brasil, entre os anos de 1945 e 1964


No ano de 1946, o Brasil ganhou uma nova constituição responsável pela reintrodução da democracia no
contexto político brasileiro. De fato, as novas leis constituintes acabaram com o autoritarismo do Estado
Novo e devolveram a soberania política ao voto popular. Entretanto, após os vários anos em que Getúlio
Vargas se colocou a frente do governo, o cenário político brasileiro se mostrou tomado por várias tendências
carentes de uma orientação política mais bem articulada.

Foi nessa ausência de organização ideológica que o populismo abraçou intensamente o desenvolvimento da
democracia. Aclimatado à imagem de um líder soberano, as camadas populares se entregaram facilmente
aos líderes que demonstravam, por meio de ações políticas e simbólicas, o seu compromisso para com as
massas. Contudo, apesar de provedor de direitos, o líder populista também se colocou atrelado ao
desenvolvimentismo almejado pelos vários setores da elite nacional.

Através de um recuo no tempo, vemos que o populismo deu seus primeiros passos quando Getúlio Vargas
implementou os direitos da classe trabalhadora. Fato inédito em nossa trajetória, a valorização do
trabalhador assalariado não foi interpretada como uma resposta a um país que se urbanizava. Para uma vasta
população pobre e desinformada, tais direitos era o resultado da ação personalista de Getúlio Vargas. Não
por acaso, ele ganhou a alcunha de “pai dos pobres”.

Por meio de tais ações, vemos que Vargas não só fortaleceu sua carreira política, bem como prolongou seu
mandato através de um falso golpe que legitimou o Estado Novo. Após a participação na Segunda Guerra
Mundial, indo contra os regimes totalitários da Europa, a sustentação de sua ditadura se tornou praticamente
impossível. Nesse instante, ele tomou a frente do processo de redemocratização do país e, com isso,
preservou o tom positivo de sua imagem política.

Tal conservação se mostrou eficaz a ponto de determinar a eleição de Eurico Gaspar Dutra (1946 - 1951) e a
vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1950, quando ele retornou “nos braços do povo”. Já no contexto da
Guerra Fria, a presença de políticos que agradavam ao povo e às elites se tornava parte de um jogo político
cada vez mais delicado. Sob a égide da ordem bipolar, a aproximação das classes trabalhadoras e o
nacionalismo era alvo de desconfiança.

Defender o “povo” e a “nação” fechava as portas do país para o capital estrangeiro e abria as mesmas para a
organização de regimes de esquerda. Foi nesse contexto que o populismo experimentou sua crise. Em suma,
ele se colocava entre a abertura econômica defendida pelos setores desenvolvimentistas e as crescentes
demandas sociais das classes trabalhadoras. Não suportando as pressões dessa situação dúbia, o próprio
Vargas atentou contra a própria vida.

Dali em diante, outras lideranças figuraram o populismo. Já em 1955, setores militares e ultraconservadores
se colocaram contra a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek. Antevendo a possibilidade de golpe,
Henrique Lott, ministro da Guerra, interveio para que um golpe militar não fosse instituído no país. Com sua
pauta desenvolvimentista, JK angariou a estabilidade política ao conciliar seu comportamento populista à
ampla participação do capital estrangeiro na economia nacional.

Atingindo a década de 1960, o Brasil alcançou patamares de desenvolvimento econômico expressivos que se
contratavam com os problemas sociais. O desenvolvimentismo era falho, atingia apenas algumas parcelas da
população e desenhava uma concentração de riquezas que não poderia ser mais protelada pelas ações
conciliatórias do populismo. Passado o arroubo do breve governo de Jânio Quadros (1961), o populismo
teve sua última representação no governo de João Goulart.

Antes de assumir o governo, Jango teve de aceitar as exigências dos militares que não admitiam a sua
chegada ao governo. Submetido às limitações do parlamentarismo, ele seria previamente impedido de
reavivar o populismo nacionalista. Entretanto, em 1963, conseguiu a aprovação de um plebiscito que
reestruturou o presidencialismo e, consequentemente, fortaleceu a ação do poder Executivo. Nesse
momento, João Goulart ofereceu ao país um conjunto de mudanças previstas pelas Reformas de Base.

Conquistando o rápido apoio de líderes sindicais, nacionalistas e partidos políticos de esquerda, João Goulart
não teve mais condições de assumir o comportamento dúbio que marcava o populismo. Já nesse instante, os
grupos de tendência conservadora se mostraram desconfiados com os projetos sociais das Reformas de Base.
Com isso, em 31 de março de 1964, os militares se lançaram às armas e golpearam de uma vez só a
democracia e o populismo no Brasil.

PROVA DE HISTÓRIA
Nome:_______________________________________________________ Data:__/__/___
Turma: 3º ano Turno:___________________
Responda as questões abaixo:
1) "O populismo manifesta-se já no fim da ditadura e permanecerá uma constante no processo político até
1964." (Francisco Weffort, O POPULISMO NO BRASIL)
O fenômeno político conhecido sob o nome de "populismo" no Brasil e na América Latina caracteriza-se:

a) como fenômeno político desvinculado do processo de urbanização e industrialização.


b) como um poder político das massas e suas reivindicações.
c) por movimento de massas sem lideranças carismáticas.
d) por grupos políticos identificados exclusivamente com as elites econômicas.
e) como um estilo de governo sempre sensível às pressões populares, principalmente as rurais.

2) Afirmou o economista Luís Carlos Bresser Pereira sobre o período em que Juscelino assumiu a
Presidência do Brasil:
"... as empresas estrangeiras exportadoras de produtos manufaturados (...) em face do surgimento de
empresas nacionais e às barreiras cambiais e tarifárias à entrada de seus produtos no Brasil, viram-se diante
da alternativa de ou realizar grandes investimentos industriais no Brasil ou perder o mercado brasileiro. É
evidente que optaram pela primeira solução".
Nesse período,

a) a entrada maciça de investimento foi dificultada pela Instrução de 113 da SUMOC (Superintendência da
Moeda e do Crédito).
b) a vertiginosa expansão industrial ocorrida entre 1956 e 1961 significava que a chamada Revolução
Industrial Brasileira, iniciada nos anos 30 por Getúlio, consolidava-se e encerrava a primeira fase.
c) pela Instrução 113, as empresas estrangeiras eram prejudicadas em relação às empresas nacionais.
d) visando ao "desenvolvimento", o governo cercou-se de uma equipe de técnicos, notadamente
economistas, ligados à Comissão do Petróleo Brasileiro para a América Latina (CEPAL).
e) diminuíram as diferenças entre as populações dos grandes centros industrializados (como São Paulo e Rio
de Janeiro) e as esfomeadas populações do Norte-Nordeste, concentradas em latifúndios, pois estes também
receberam investimentos externos.

3) “Em primeiro lugar, o populismo é uma política de massas, vale dizer, ele é um fenômeno vinculado à
proletarização dos trabalhadores na sociedade complexa moderna, sendo indicativo de que tais trabalhadores
não adquiriram consciência e sentimento de classe: não estão organizados e participando da política como
classe. As massas, interpeladas pelo populismo, são originárias do proletariado, mas dele se distinguem por
sua inconsciência das relações de espoliação sob as quais vivem.” (GOMES, Ângela de Castro. O populismo
e as ciências sociais no Brasil: notas sobre a trajetória de um conceito. Revista Tempo, Rio de Janeiro, vol.
1, nº. 2, 1996, p.31-58)
Partindo da definição de populismo dada por Ângela de Castro Gomes, é possível afirmar que:
a) o populismo é um fenômeno político no qual as massas de trabalhadores protagonizam a luta contra a
exploração de sua força de trabalho.
b) do populismo nasceu a consciência de classe dos trabalhadores.
c) o populismo indica que os trabalhadores que por ele foram submetidos não tinham consciência de
classe e, portanto, não se organizavam com consciência política.
d) a perspectiva política do populismo não estava ligada necessariamente à classe trabalhadora.
e) o populismo era um tipo de política praticada inicialmente nos Estados Unidos da América, no século
XIX.

4) O último dos presidentes brasileiros do período democrático de 1945 a 1964 foi João Goulart. Entre os
projetos políticos elaborados por João Goulart que foram considerados populistas, pode(m) ser citado(as):

a) As Reformas de Base.
b) As Reformas de Centro.
c) As Ligas Camponesas.
d) O Projeto de privatização da Petrobras.
e) O Projeto de socialização dos meios de produção.

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